Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Abri os olhos sentindo mãos na minha testa e corpo, como se cinco enfermeiras desesperadas me examinassem, todas ao mesmo tempo.

- Ela precisa de espaço! Espaço pra respirar! – Ouvi a voz do meu irmão, ficando cada vez mais alta.

- Sai daqui, você tá sangrando! – Agora parecia meu pai.

- Por sua causa. – Victor rebateu, rosnando.

- Filha? – Mamãe perguntou baixinho, segurando minha mão.

- Amor, tá tudo bem? Fala comigo, por favor.

Quando ouvi a voz desesperada de Ucker, abri os olhos, fazendo o máximo de força. Apertei a mão de mamãe, espantada com Ucker pressionando uma camisa toda suja contra seu nariz.

- Oi, linda. – Ele sorriu, tirando o pano que cobria seu rosto, todo manchado do sangue que escorreu de seu nariz depois dos socos desnecessários que meu pai deu. Abri os olhos completamente, vendo todos a minha volta enquanto eu estava deitada no sofá da sala de Ucker.

- Oi. – Sussurrei, tentando sentar.

- Você teve uma queda de pressão. Quer ir no médico? Sente alguma coisa? – Questionou Ucker.

- Não, eu tô bem. Só fiquei nervosa. – Suspirei, olhando de relance para meu pai. – Mas já tô bem.

- Sim, graças a Deus. – Mamãe murmurou.

- Quer alguma coisa? – Henry prontificou-se.

Neguei com a cabeça, vendo todas as cinco pessoas a minha volta, querendo me paparicar. Se eu soubesse que isso teria resolvido essa briga, havia desmaiado bem antes.

- O médico disse que isso podia acontecer, que é relativamente normal no primeiro trimestre... – Engoli em seco.

- O que, você já foi no médico? – Ucker me olhou surpreso.

- Hoje. – Assenti com a cabeça. – Com a Annie.

"Foi por isso que a gente não podia transar ontem", pensei, querendo que ele entendesse meu olhar.

- Anahí também sabia disso e estava te acobertando? – Papai bufou.

- Eu também sabia. – Henry respondeu, rígido. – Mas "acobertei" a Dulce porque tinha certeza que você ia reagir dessa forma, sendo incompreensível pra cacete.

- Sua irmã está grávida, Henry! Ela é muito nova pra tudo isso.

- Como se tivesse sido diferente com você e a mamãe, não é? – Murmurou meu irmão mais velho e Fernando se calou.

Sentei no sofá, vendo minha mãe agachada a minha frente. Ela me olhou nos olhos, meio contente, meio temerosa, dividida naquela situação.

- Filha, as coisas estão acontecendo muito rápido na sua vida. – Murmurou ela, acariciando minha mão.

- Eu sei, mamãe. Do mesmo jeito que aconteceu com você.

- Mas eu sofri muito com isso. Eu também fui mãe cedo, também me casei com seu pai bem cedo por conta da gravidez.

- Mãe, me casar foi uma decisão que tomamos antes mesmo de eu saber que estava grávida. – Interrompi.

- Sim, meu amor, mas ainda assim, eu tive que abrir mãos dos meus estudos pra cuidar do seu irmão. E não me arrependo disso. – Ela deu um meio sorriso. – Só que o mundo lá fora é cruel. Você e Christopher vão perceber como a responsabilidade de ter um filho é bem maior do que pensamos quando somos jovens.

- Eu sei disso. Nós sabemos. – Olhei para Ucker. – Mas você já esteve na mesma posição que eu, você e meu pai.

Senti o olhar de Fernando em mim, mas continuei a encarar os olhos claros e emocionados de mamãe.

- Vocês sabem como é. Planejar uma vida e de repente, surgir uma pessoinha que muda tudo de forma radical, que vira as coisas de pernas pro ar. Mas que você não se arrepende por ter acontecido, mesmo mudando todos os planos que tinha. Eu aprendi com a vida que nem sempre as coisas são como planejamos, na verdade, na maioria das vezes, nossas vontades são diferentes do que precisamos de verdade. E o destino vai ensinando isso. Mesmo que eu tenha cometido erros, mesmo que eu e Christopher sejamos novos demais pra tudo isso, eu não consigo enxergar esse bebê como um erro, porque ele não é. Ele não tem culpa de absolutamente nada, ele só merece o amor da família. É só isso que eu tô pedindo, vocês podem ter raiva de mim, raiva do Ucker, mas não façam isso com o nosso filho.

Mamãe já estava chorando e sentou ao meu lado no sofá, me abraçando apertado. O abraço que eu precisava desde sempre, que fez meu coração se acalentar. Mas quando ela se afastou, me olhou nos olhos e segurou meu rosto entre as mãos, enchendo de beijos.

- Minha menininha vai ser mãe. – Ela suspirou, sorrindo. – Eu nem consigo acreditar.

- Nem eu. – Dei uma risada, fungando o nariz.

- Vou te ensinar tudo o que sua avó me ensinou. Vamos cuidar da sua alimentação pra que esse bebezinho venha bem saudável.

Mamãe acariciou minha barriga, caindo no feitiço do nosso neném, se apaixonando rapidamente.

- É uma menina! – Disse Ucker, atrás de mim.

- Uma menina? – Ouvi a voz de Victor finalmente se aproximando. – Como vocês sabem?

- Seu filho se acha vidente. – Respondi com um sorriso e ele me encarou.

No fundo, parecia feliz, apesar de surpreso.

- De quanto tempo você está? – Questionou minha mãe.

- Cinco semanas. – Respondi.

- Cinco semanas? Uau, eu pensei em menos. – Ela escancarou a boca. – Pro dia do parto é um pulo.

- Mãe, não exagera. – Henry riu, revirando os olhos.

- Fernando, conte para eles. – Ela se virou para papai. – Conte para eles como passou rápido.

Mas ficou falando sozinha. Papai apenas virou-se de costas, abrindo a porta e batendo com força atrás de si quando saiu. Todos ficamos olhando sem reação e eu senti o carinho de mamãe tentando me confortar.

- Dê um tempo para ele, filha. Seu avô também reagiu assim. – Sussurrou. – Ele só precisa de um tempo.

Assenti com a cabeça, mas eu sabia que não daria tempo nenhum. E nunca o perdoria por isso.