Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Me lembrar daquele dia acabava comigo. Era como se tivesse acontecido ontem. E era a única lembrança que eu tinha de minha infância. Naquele dia, eu mal sabia que eram os últimos minutos com meu pai.

Flash Back on

Mamãe prendeu meu cabelo num coque bem ajustado a cabeça e passou a mão da testa até o topo da cabeça, controlando os fios que começavam a se rebelar. Eu pulava em frente ao espelho, ansiosa que ela acabasse com o penteado para correr e mostrar para meu pai. Por fim, ao ver o semblante alegre de mamãe ao suspirar de contentamento, sorri e senti seu tapinha em meu bumbum, então corri para a sala gritando.

- Papai! – Gritava, correndo animadamente, ele estava deitado no sofá e sorriu, me olhando.

- Como está linda a minha bailarina! – Exclamou, estendendo os braços para me pegar no colo. Ele me ergueu do chão, me fazendo balançar as minúsculas perninhas e gargalhar.

Papai permaneceu deitado, porém colocou-me sentada em sua barriga.

- Quem vai arrasar na apresentação? – Ele fez cócegas em minha barriga, enquanto eu mostrava meu sorriso sem alguns dentes.

- Não, papai. A principal é a Lola. Ela que usa a roupinha branca. – Fiz um muxoxo, passando a mão pelo vestidinho de bailarina rosa.

- Pra mim, a principal é você. – Rebateu, beijando minhas mãozinhas. – E eu gosto muito mais de rosa.

- Você não pode, papai, você é menino. – Fiz um biquinho, comentando na inocência de uma menina de seis anos.

- E o que tem isso? – Ele sorriu e eu deitei em seu peito, enquanto ele me abraçava ternamente.

- Fernando, vai bagunçar o cabelo da menina! – Disse a figura de mamãe entrando na sala. Ela estava com os longos cabelos negros soltos, um vestido vermelho soltinho com um pequeno salto, tão meiga. – Eu fiquei vinte minutos para chegar a perfeição que você está vendo!

- Está torto, Blanca. – Papai gargalhou olhando o coque enquanto ela sentava na beira do sofá, fazendo um biquinho. – Vamos combinar, eu levo mais jeito do que você. – Ele revirou os olhos e sorriu, soltando os grampos de meu cabelo.

- E é por isso que eu amo você, cada dia mais. – Mamãe estendeu o corpo para dar um selinho no meu pai e eu os afastei com as pequenas mãozinhas.

- Eca. – Resmunguei, franzindo o nariz. Os dois riram em coro.

- Vou buscar a bolsa dela. – Informou minha mãe, levantando do sofá e indo para a cozinha. Papai penteou meus cabelos negros em um coque perfeito, que deu certo na primeira vez e por fim, soltou um beijo em minha testa.

- Amo você, papai. – Sussurrei, com uma vontade estranha de dizer aquilo naquele momento. Só depois fui entender o porquê daquela intuição.

- Amo você, querida. Você, sua mãe e Henry são meus tesouros. – Ele estendeu seu mais sincero sorriso no rosto e sentou no sofá, me ajeitando em seu colo. – Prometa pra mim que vai ser sempre essa menina maravilhosa, e que nunca, nunca mesmo, vai fazer do contrário ao que eu te pedi.

- Eu vou ser uma boa menina, papai. E nunca vou namorar um menino daqui. Eu já prometi isso. – Uni as sobrancelhas, entediada daquele assunto outra vez.

- Existem certos tipos de pessoas que não são boas pra se conhecer. Você não deve se envolver com esse tipo, querida. Papai não quer isso pra você, Dulce. – Disse ele, olhando em meus olhos, fazendo eu assentir com a cabeça, depois ele me deu um beijo na testa, com muita ternura. – Posso confiar em você?

- Pode. – Sorri e ele acariciou meu rosto, sorrindo de lado.

- Vamos logo, sem atrasos! – Mamãe sorriu ao entrar com minha pequena mochila e entregá-la a papai, que levantou comigo no colo. Ele ajustou a mochilinha no outro ombro e atravessou a porta de casa, antes deu um beijo em minha mãe sem saber que aquela seria a última vez.

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