Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Eu esperei e esperei por muito tempo. E enquanto esperava, fiz outras coisas. Comi, vi TV, ouvi música, andei de skate, fiz diversas atividades na espera da resposta de Dulce. Mas ela não chegou. E eu fiquei parecendo um idiota arrumando desculpas, como, sei lá, o celular dela deve estar desligado ou ela ainda não acordou. Mas po/rra, foram oito horas! Eu mandei a mensagem as 9:30 da manhã e agora já eram quase seis horas da tarde. Não era possível que ela não tivesse visto meu sms, a não ser que estivesse morta! Nem pra responder qualquer coisa, um “oi”, uma risadinha, um emoticon, apenas pra eu ter certeza que ela viu, que se importou. Não que eu quisesse namorar ou algo do tipo, mas não podíamos ignorar a manhã que tivemos no dia anterior... E agora, nem uma merda de resposta eu conseguia.

- Relaxa aí, cara. – Poncho riu, sentado no sofá de casa, disputando uma partida de futebol com Chris no videogame. – Passou o domingo todo nesse celular. Nunca te vi assim.

- Tô amargamente arrependido de ter mandado essa mensagem. – Bufei, lendo pela vigésima vez a mensagem na pasta enviados, que dizia assim: “Já quero te ver de novo. Qual substância ilícita tem na sua composição, garota? ;)”.

Chequei mais uma vez se ela realmente tinha sido enviada, obtendo a mesma resposta.

- Velho, fica de boa. – Chris riu. – A garota tem outras coisas pra fazer.              

- Tô parecendo uma mulherzinha. – Passei a mão pelo rosto, pegando a chave de casa em cima da mesinha. – Vou sair, já volto.

- Se for atrás dela, eu vou te dar um soco hein, Ucker! – Ameaçou Poncho, mas eu já batia a porta com força. Era exatamente isso que eu ia fazer.

Subi no skate e fui rapidamente até a casa dela, o sol já começava a sumir no céu enquanto o dia escurecia tranquilamente. Na rua tinha alguns moleques jogando futebol naquela tardezinha, exatamente como eu fazia há alguns anos nos meus domingos despreocupados.

Quando parei na frente da casa de Dul, pensei em fazer o caminho de volta e aceitar que tinha sido mais rápido do que eu imaginava o fato dela decidir me ignorar como antes. Mas po/rra, eu queria ouvir isso da boca dela. Era a única forma de aceitar, sei lá. E de qualquer forma, Dul já tinha me visto, ela estava deitada numa toalha estendida na grama na entrada de sua casa.

- Oi. – Sorri, tentando soar naturalmente, porém o sorriso dela como resposta foi fraco demais. – Tá ocupada? – Perguntei, vendo os livros e cadernos abertos em seu colo e a sua volta.

- Não, eu realmente precisava falar com você. – Dul coçou a testa , depois ajeitou uma mecha atrás da orelha, desmanchando a pernas cruzadas pra se levantar.

Ela caminhou até mim, prendendo os fios vermelhos num alto coque, que se desmanchou antes que ela terminasse de cruzar os braços.

- Ucker, eu tô numa semana difícil na faculdade e também...

- Olha, pelo menos da pra ser sincera? – Pedi, já sabendo o que viria depois. – Se quer que eu me afaste de você, beleza, mas fala a verdade.

- Ucker, eu quero que se afaste de mim. – Disse, sem pestanejar, ainda de braços cruzados e com feição séria.

- Deixa eu adivinhar. – Coloquei as duas mãos nas grades baixas, sorrindo ironicamente. – Foi o via/dinho do teu amigo que colocou isso na tua cabeça, certo?

Dul suspirou, descruzando os braços e passando a mão pelo rosto antes de responder.

- Não foi ele, Ucker. Não é ele. – Ela umedeceu os lábios, encarando-me seriamente. – É você. O problema é você.

Veio como um choque, porém de realidade. Ela só estava dizendo o que eu já sabia.

- Sério que a sua ficha só caiu agora? -  Coloquei o skate novamente no chão, apoiando o pé nele. – Podia ter percebido isso antes. Só pra facilitar as coisas. Desculpa ter achado que nós éramos alguma coisa. O erro foi meu, sempre é meu.

Coloquei um dos pés no skate e deu impulso com o outro, virando de costas para Dulce, disposto a voltar pelo caminho que tinha feito. Ela nem me chamou, com certeza convicta do que tinha feito e isso me deu a certeza de algo que eu já desconfiava: não era pra ser, não era pra mim.