Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Fui o caminho até em casa carregando Annie, que parecia mais preocupada em falar as obscenidades que tinha feito com Poncho durante a noite do que andar em linha reta. Preferi dormir na casa de minha amiga, assim não teria que ouvir o sermão de Henry logo cedo. Não estava com tanto sono, na verdade, fiquei revirando na cama durante um bom tempo lembrando dos momentos que tivera com Ucker. Achava estranho o modo como ele agia comigo e como fazia parecer que era só comigo que agia dessa forma. Era estranhamente perfeito pensar assim e isso me fez adormecer com um sorriso no rosto.

Quando acordei, Annie estava sentada na beira da cama com um coxa de frango na mão, os lábios rosados repletos do óleo que a carne liberava e me olhando atentamente.

- São que horas? – Perguntei, bocejando ao olhar a minha volta.

- Uma da tarde. – Suspirou e atracou o dente mais uma vez na parte branca do frango. – Você quer? – Ofereceu, levando a coxa até o meu rosto e eu franzi o nariz, fazendo uma careta.

- Não. Eca, que cheio de gordura. – Resmunguei, entredentes. – Vou vomitar assim.

- Que foi? – Annie estreitou o olhar pra mim. – Está grávida, por acaso?

- O quê? – Arregalei os olhos, me assustando com sua suposição. – Não! Não. Por que...? Por que a pergunta?

- Por que o desespero? – Rebateu ela, lambendo o dedo e me encarando.

Fechei os olhos e levei o indicador e o polegar até a base do nariz, temendo pelo que meus atos irracionais rendessem.

- Não me diga que... – A voz assustada de Annie tomou conta do quarto inteiro enquanto ela derrubava a coxinha no chão. – Pu/ta merda, Dul! Você não deu sem camisinha não né, amiga?

- Annie, eu não pensei direito... Eu sei, fui inconsequente, mas... – Tentei explicar, gaguejando, mas sabia que estava sem nenhum pingo de razão. – Vai me dizer que você pensou nisso com Poncho?

- Eu tomo anticoncepcional, querida. Você perdeu a virgindade semana passada. – Lembrou, revirando os olhos e suspirando.

- Não foi culpa minha. – Fiz um muxoxo, suspirando também. – Eu... Annie, foi mais gostoso desse jeito. – Assumi, sentindo as bochechas queimarem.

- Tudo bem, na pele é mais gostoso. Ótimo, disso todo mundo sabe. – Ela levantou, ainda lambendo os dedos. – Mas imagina ter um bebê agora, no primeiro ano de faculdade? Um bebê de Ucker? É isso mesmo que você quer?

Ela saiu do quarto deixando a pergunta no ar, enquanto eu afundava o rosto no travesseiro, choramingando alto.

- Ai meu Deus, Annie! Henry vai me matar! Eu vou ser uma mãe solteira e... – O pânico começou a se instalar em mim, enquanto eu sentia as lágrimas se acumularem em meus olhos.

- Calma, calma. – Ela entrou no quarto, segurando uma caixa de comprimidos. – Não se preocupa, eu também já cometi deslizes, você sabe bem.

- Annie, eu vou... – Solucei, a primeira lágrima escorreu por minha bochecha e eu tratei de secá-la. – Não posso ser mãe agora, não tenho estrutura pra ter um filho.

- Cala a boca, Dul. Me escuta. – A loira abraçou-me de lado e mostrou a caixinha, onde havia apenas um único comprimido numa embalagem. – Hoje é o dia seguinte. Não se desespere, ok?

Peguei a caixinha de suas mãos, assentindo de leve enquanto passava a mão livre pelo rosto, secando os últimos vestígios de lágrimas. Me senti boba por ser estudante de enfermagem e agir com tamanha ignorância, sem cogitar por um segundo sequer aquela alternativa.

Tomei um banho longo, ainda xingando Annie por ela não ter me deixado desfrutar daquele momento com Ucker. Ela chamou a si mesma de “empata-foda”, enquanto penteava o cabelo loiro pós-banho e ria de tudo que contava e que ouvia de mim. Nunca tinha visto ela falar tão bem de um cara como falava de Poncho, muito menos aquele brilho no olhar ao contar cada detalhe do que tinha acontecido entre eles. Porém, isso me enchia de medo, já que eu sabia muito bem que ele era um grande candidato a magoar minha loira.

Cheguei em casa ainda cheirando a sabonete e abri a porta evitando fazer qualquer ruído. Rezava mentalmente, pedindo a Deus que Henry não estivesse em casa.

Respirei de alívio ao entrar e encontrar a sala vazia, então encostei a porta e atravessei a mesma nas pontas dos pés, com o vestido no ombro, o salto nas mãos, junto com a bolsa, celular e a pílula do dia seguinte que Annie tinha me dado. Quando pisei no corredor que dava para os quartos, ouvi passos atrás de mim e apertei os olhos ao ouvir a voz grossa soar pela casa inteira:

- Bonito, Dulce! Muito bonito.