Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Se tinha uma coisa que eu tinha aprendido com a literatura do ensino médio, era que a vida é totalmente passageira e que se deve aproveitar cada instante sem negar qualquer oportunidade pra si mesmo. Pode ser a única chance que você vai ter.

Eu sei que não era o melhor tipo de aproximação esbarrar numa pessoa, mas pelo menos ela agora olhava pra mim, coisa que nunca tinha feito em toda a sua vida. Tudo bem, era um olhar de fúria, mas era um olhar. Melhor do que olhar nenhum. E eu juro que tinha sido sem querer, não foi intencional derrubar Dulce. Eu só murmurei seu nome, enquanto ainda pensava no que dizer pra ela, mas a garota virou-se tão rapidamente pra mim que não consegui parar o skate.

- Você não olha por onde anda? – Acusou Dulce, pegando o celular que estava caído ao seu lado.

- Eu olho por onde ando. – Rebati. – Você que não olha por onde vira.

Ela bufou, passando os dedos pelo cabelo. Estendi minha mão para ajudá-la a levantar.

- Vem, eu te ajudo. – Tentei parecer mais gentil do que tinha soado, torcendo pra que aquele velho ditado sobre a primeira impressão permanecer abrir uma exceção pra mim.

Dulce ignorou minha oferta de ajuda e levantou-se sozinha, batendo as mãos pequenas pela roupa. Eu observava com o canto da boca curvado pra cima, um leve sorrisinho de lado, ela bateu as mãos na parte de trás da calça jeans, fazendo um barulho alto com aquelas palmadas. Como eu queria fazer aquilo pra ela... Soltei um risinho incontrolável e ela me encarou, erguendo suas sobrancelhas.

- Qual é a graça? – Perguntou, franzindo a testa.

- Ahn, nada. Continua. – Mordi o lábio pra conter mais uma risadinha e dei de ombros, ela soltou o ar do fundo de seus pulmões, contendo a irritação evidente.

Dulce olhou para trás, vendo Anahí se aproximando fumando um cigarro e deu o primeiro passo na direção da amiga.

- Eu já esperava. – Murmurei entredentes pra mim mesmo. Só que não fui o único a ouvir.

- O que? – Ela havia virado-se novamente pra mim. Ao encontrar minha expressão atônita, formulou sua pergunta. – O que você já esperava?

- Você ser tão educada. – Respondi sarcasticamente, umedecendo os lábios. – Eu não sei se você chegou a aprender isso, mas me ensinaram que quando a gente esbarra numa pessoa, pede desculpas.

- Você falando isso? Nossa, que irônico, pois foi você quem me derrubou. – Dulce cruzou os braços, Annie já estava tão próxima a ponto de franzir o cenho, provavelmente estranhando aquele diálogo.

- É, você tem razão. – Eu disse, abaixando para pegar o skate e mais uma coisa presa a ele. – E como eu sou educado... – Sorri, irônico, me aproximando dela. – Me desculpa. – Sussurrei, a dez centímetros de seu ouvido.

Pisquei com um sorriso maldoso de lado, ela suspirou e manteve a pose de marrenta, olhando pra trás enquanto eu saía.

- E aí, Annie. – Sorri, chocando a mão com a garota mais simpática daquele lugar. Annie sorriu e uniu as sobrancelhas, fazendo um gesto com a cabeça na direção da prima enquanto tragava seu cigarro. Dei de ombros e ri, ajeitando o skate embaixo do braço.

Quando que um moleque de quase vinte anos, de regata branca, touca preta na cabeça, bermudão e tênis, skate embaixo do braço e sorriso de vagabundo iria ter uma princesa daquelas? Talvez em um filme, em um livro, em um universo paralelo. Mas não aqui, não na minha realidade.

Só que sobre aquela parada de oportunidades... Bom, aquela pulseira rosa fluorescente agarrada no meu skate devia ser uma delas. E como eu disse, eu não perco oportunidades.