Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

As melhores coisas da vida são fugazes demais. Já as ruins... Só Deus sabe como foi passar aquelas duas semanas sem ver Ucker. Era como se ele já fizesse parte de uma rotina minha, uma espécie de costume. Como se antes, meus dias fossem comuns demais, resumidos a trabalhar, estudar e me enfurnar em casa. Com ele, tinha um toque de mistério, de diversão, um nervoso na barriga e uma ansiedade gostosa. Tinha um algo a mais que eu não sabia explicar, mesmo que quisesse. E agora, quando passava na rua, eu procurava pelo canto do olho sua figura, mas só encontrava decepção. Ele nunca estava lá, como sempre esteve pra me ver passar.

E aquilo estava me afundando cada vez mais.

- Acho que você engordou uns quilinhos essa semana. – Murmurou Luca assim que voltou ao sofá, jogando-se do meu lado com o prato de brigadeiro na mão.

- Com certeza isso é culpa sua. – Observei, ele me entregou uma colher e riu, puxando o grosso edredom pra cobrir as pernas.

Estava frio lá fora e era mais uma sexta-feira que eu não saía, prendendo meu melhor amigo comigo, de meias, com chocolate e TV a nossa disposição. Na verdade, Luca adorava porque era a pessoa mais caseira que eu conhecia na vida. Já Annie, me encheu de mensagens desde cedo.

- Não acredito que você tá vendo isso. – Luca apontou pra televisão com a colher cheia de brigadeiro. – Me diz, quantas vezes você já viu “Titanic”?

- Incontáveis. – Suspirei, colocando uma colher de brigadeiro na boca, sentindo o doce se espalhar ao assistir Leonardo DiCaprio na tela.

- Não existe Jack no mundo real, Dul. – Ele riu, cruzando as pernas e apoiando o prato no joelho.

- É por isso que não gosto do mundo real. – Eu bufei, ajeitando os pés pra cima. – Tudo sempre acaba em uma grande merda decepcionante, que nos torna pessoas mais frustradas do que já somos naturalmente!

- Experiência empírica? – Luca ergueu a sobrancelha, revirei os olhos. – O bad boy magoou você?

Fiquei calada, colocando mais um colher na boca e olhando para o chão.

- Qual é, Dulce. – Ele insistiu. – Tô te perguntando isso há dias. Nunca tivemos segredos, lembra?

Assenti, suspirando.

- Você mesma disse que gosta de relacionamento a base de confiança e sinceridade. – Ele segurou minha mão, sua pele estava fria, porém não soltei. – Então, seja sincera comigo, o que sentia por ele?

- Eu não sei, Luca. – Suspirei mais profundamente. – É aí que está o problema.

- É claro que sabe. Pode estar confuso em sua cabeça, mas sabe se é importante ou não. – O moreno colocou o prato sobre a mesa em que apoiávamos os pés  e me encarou. – Parece que se acostumou com ele e sente falta agora.

- Não faz diferença. – Revirei os olhos, bufando. – O que mudaria? Ele se afastou de mim, não podemos... – Me calei, desenrolando o cobertor das pernas e me levantando. – Tá na hora de esquecer isso, Luca.

- Você é apaixonada pelo bad boy? – Perguntou, e ainda bem que eu estava de costas para ele, pois assim não era possível ver minha expressão.

- Ele não é bad boy. – Gargalhei, pegando as canecas sujas de chocolate quente em cima da mesa.

- Mais um clássico drible de Dulce Maria pra evitar respostas! Bravo, morango, desenvolva isso para as provas de anatomia. – Brincou Luca enquanto eu caminhava até a pequena cozinha de seu apartamento.

- A gente não deve se precipitar... – Falei mais alto, enquanto colocava as porcelanas na pia. – O amor é um precipício. Quando a pessoa acha que tá voando, talvez já esteja caindo.

Luca assentiu com a garganta, abaixando a TV.

- Profundo pensamento. – Murmurou ele. – Mas eu tenho uma teoria. Jack não precisava ter morrido se Rose não tivesse desistido dele. Eles podiam ter encontrado um jeito, um navio tinha se espatifado ali, deviam haver mais madeiras como aquela pela água. Era só procurar. – A voz de Luca foi se aproximando da cozinha junto a ele. – Mas ela prefiriu ficar de mãos dadas, parada, olhando pro céu enquanto o grande amor da sua vida estava tendo hipotermia. Não faz sentido.

Virei-me pra ele, secando as mãos num pano de prato.

- Essa é a sua teoria? – Franzi o cenho.

- Não. – Luca disse. – Apenas acho que se é o amor da sua vida, você dá um jeito. Você tenta até o último segundo. E se não conseguir, morre junto. Pra mim, isso é amor. Ser altruísta, corajoso e não desistir na primeira merda.

Abaixei o olhar, pensando na definição de Luca e imediatamente a imagem de Ucker veio a minha cabeça.

- Quer prometer uma coisa? Prometa pra si mesma. – Ele sorriu, colocando uma mecha fina de cabelo atrás de minha orelha. – Honre a palavra que tem com você.

- Você devia ter feito filosofia. – Observei e ele me puxou num abraço apertado, rindo espontaneamente como era de seu costume.