Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

No dia seguinte, passei o sábado todo jogando videogame e assistindo TV com Luca. Quando a noite começou a cair, arrumei minha bolsa e peguei o metrô para voltar pra Compton. Estava com muitas saudades de mamãe e chegaria quase junto com ela.

As ruas escuras estavam mais vazias do que o costume, então eu notei que Henry estava certo sobre o medo da vizinhança naquele fim de semana. Por telefone, meu irmão havia me contado algo sobre os Hunters “fazerem uma limpa” no bairro e isso significava que a maioria das pessoas não colocavam as caras na rua. Virei o beco para pegar um atalho até em casa, evitando passar pela rua que eles geralmente estavam, mas me surpreendi ao ver um grupo de homens cercando um garoto, então, dei meia volta sem que eles me vissem.

- Eu juro, eu não falei nada para eles. – Pediu uma voz masculina tremida, provavelmente a do cara cercado. – É sério, eu nunca entregaria o Victor.

Parei com esse nome e percebi vagamente que aqueles eram os Hunters ameaçando alguém que estava obviamente com medo. Corri e colei minhas costas a parede, temendo ser vista.

Meu corpo estremeceu ao ouvir o barulho de um soco, seguido de mais dois, todos dados de membros diferentes da gangue no mesmo garoto. Ele gemeu de dor e quando tentou proteger-se, seus braços foram segurados, um por cada homem e os outros começaram a encher sua barriga de socos. Ele tossia e pedia “por favor”, mas só recebia mais golpes pelo corpo.

Apertei os olhos para não continuar assistindo tamanha crueldade as sombras, sentindo um aperto na garganta com os sons que chegavam aos meus ouvidos. Eu tinha que correr e fugir dali, fingir que nunca tinha visto aquela cena. Mas imaginava que não saberia lidar com a culpa quando o corpo do garoto fosse encontrado.

Então, respirei e fundo e saí de meu pequeno esconderijo, caminhando em passos duros até eles. Eram quatro homens fortes contra apenas um cara magro.

- Parem! – Gritei, e graças a Deus os socos cessaram. Todos eles me olharam silenciosos, até mesmo o garoto machucado, que levantou o rosto ensaguentado e me encarou, gemendo de dor. – Por favor, não machuquem ele! – Pedi e o mais alto do grupo, um moreno, me olhou com um sorrisinho de canto, estendendo as mãos como se estivesse na paz.

- Você conhece esse traidor? – Perguntou e eu assenti, mas ele pareceu não acreditar. Com apenas uma balançada de cabeça do mais alto, os homens que seguravam o garoto o soltaram e o mesmo caiu de joelhos no chão. Corri até ele, entrando no meio do grupo e segurei seu rosto, fazendo-o olhar pra mim.

- Você tá bem? – Perguntei e ele forçou a garganta com um “aham”, tossindo um pouco de sangue.

Levantei e virei para o que parecia ser o líder do grupo e meu coração acelerou quando ele estava a poucos centímetros de distância de mim.

- Quanta coragem por um desconhecido. – Suspirou, debochado. – Eu queria que me defendesse desse jeito, princesa. Senti inveja.

- Não o machuque mais, por favor. – Pedi, meu instinto protetor vencendo minha razão e sanidade. – Independente do que ele tenha feito...

- Nada disso, ordens são ordens. – O homem balançou a cabeça e estalou a boca. – Vai ter que assistir se não sair daqui, meu amor.

Meus olhos arregalaram-se em dois enormes círculos quando ele puxou uma pistola da cintura e ela brilhou na luz fraca do poste.

- Agora, saia da frente. – Ele sorriu e eu sabia que devia obedecer a ordem de um homem armado. Eu sabia, mas não ia deixar ele assassinar aquele garoto desprotegido.

- Não. – Rebati, tentando manter a voz firme.

- Princesa, não me obrigue a fazer isso. – O moreno piscou sério e seu sorriso sumiu. – Agora, saia da minha frente.

- Não. – Eu repeti e ele bufou de raiva. Um dos outros caras que estavam ao seu lado fizeram menção de puxar meu braço, porém ele foi mais rápido, segurando meu rosto com a mão livre e me arremessando contra a parede próxima do beco.

Bati com as costas com força e caí no chão, derrubando minha bolsa e gemendo de dor. Meus batimentos subiram quando cegamente, vi uma sombra surgir na esquina e mesmo por meio dos meus olhos cheios de lágrimas, vi Ucker aparecer e jogar com muito mais força o moreno na parede, segurando-o pelo pescoço. Ele sequer estava armado, mas todos os restantes que ali estavam não fizeram nada com ele.

- Nunca mais encoste nela, está ouvindo? NUNCA MAIS! – Ucker gritou para o mais alto, que mal conseguia respirar diante da violência dele. – SE FIZER ISSO MAIS UMA VEZ NA SUA VIDA, DAVID, EU MATO VOCÊ! TÁ ME ESCUTANDO, CARA/LHO?

O homem assentiu sem ar e de repente, não parecia mais tão corajoso e debochado como foi comigo. Fechei os olhos ao sentir minhas costas doerem enquanto me ajeitava no chão, envolvendo a alça da bolsa novamente no ombro.

- Termina o serviço. – Ucker ordenou para outro homem e veio caminhando em minha direção, sem nem olhar para o menino machucado no chão. – Tá tudo bem? – Perguntou, estendendo os braços pra me ajudar a levantar. Mas eu não estava focada ali, não estava mesmo.