Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Foi a maior luta pra levantar daquela cama. Tinha passado praticamente a noite toda em claro, olhando para a janela na esperança inútil que Ucker a qualquer momento fosse aparecer ali. Eu deixei a janela aberta pra que ele entrasse, mas esperei à toa.

Corri os olhos pelas ruas enquanto ia até o ponto, despedi-me de Henry e de mamãe, que já tinham perguntando mais de três vezes se eu estava bem. Sorri e menti, como faria pelo restante do dia.

Parei no ponto cheio, todas as pessoas esperavam o mesmo ônibus para irem trabalhar e eram as mesmas pessoas que eu via todos os dias de manhã. Quando o busão chegou, corri pra ser uma das primeiras da fila e me sentei no último banco, apoiando a cabeça na janela.

Fiquei lembrando de alguns momentos com Ucker e só voltei minha atenção para dentro do ônibus, que já tinha dado partida, quando senti um perfume adocicado e gostoso tomar conta do meu nariz. Olhei para o lado e vi uma loira futucando numa bolsa, evidentemente procurando alguma coisa e embolada com a bagunça. Acidentalmente, caiu um vidro branco que parecia protetor solar, então educadamente me abaixei para pegar. Porém, ao entregar o vidro em suas mãos, percebi que aquilo era óleo lubrificante.

- Ah, obrigada. – Ela pegou, ficando vermelha.

Foi quando reparei em seu rosto e vi como a garota era bonita. O cabelo, apesar de embolado, tinha aquele ar bagunçando e espontâneo, era loiro desbotado e caía por cima dos seios. Seus olhos eram de um verde aceso, sobrancelhas bem desenhadas, piercing no nariz, lábios finos e um rosto com traços bem retos. Parecia mais uma modelo e seus braços descobertos eram repletos de tatuagens.

- Isso não é meu, só pra constar. – Murmurou ela, rindo abertamente e jogando o vidro dentro da bolsa novamente. – Quer um chiclete? – Me ofereceu e eu recusei, balançando a cabeça. Ela enfiou a comprida tira rosa na boca e começou a mastigar. – Ah, a quem estou enganando? É meu, sim. Nem todas as mulheres tem facilidade em ficarem lubrificadas naturalmente. É um saco, sério.

Abaixei o rosto e ergui as sobrancelhas, espantada com a liberdade daquela desconhecida. Ela se daria muito bem com Annie.

- Meu Deus, as vezes eu esqueço que eu não estou conversando com pessoas íntimas. – A loira levou a mão até a boca. – Desculpa, eu devo ter te assustado.

- Tudo bem. – Foi a primeira coisa que eu disse naquele diálogo.

- Você mora aqui? – Perguntou ela e eu virei o rosto para lhe encarar. – Quero dizer, no Compton.

- Moro sim. – Assenti e ela navegou o olhar até a janela.

- Eu adoro esse lugar, pena que só passo minhas férias aqui. – A garota fez uma cara de quem estava sendo sincera.

Mas que tipo de pessoa adora Compton?

- Tenho a impressão que esse é o bairro com mais gatos da Califórnia inteira. – Murmurou ela, com um sorrisinho de lado.

Agora sim entendi.

- A impressão não, tenho a certeza. – Concluiu, gargalhando. – Ei, por que isso aqui é um monólogo? Você é a... – Murmurou, me esperando completar.

- Dulce. Eu sou a Dulce. – Respondi, dando-lhe um agradável sorriso. Até que a loira espevitada parecia boa gente.

- Dulce Maria, claro. – Exclamou, batendo a mão uma na outra. – Claro que é você. Quando me disseram “a ruiva mais gostosa, mais gata, mais perfeita desse Compton inteiro” eu devia ter ligado a descrição à pessoa.

- Quem foi tão mentiroso a ponto de me descrever assim? – Brinquei, erguendo as sobrancelhas.

A loira abriu a boca pra falar, porém revirou os olhos pensando se deveria e se calou, com um sorrisnho de lado.

- Não posso falar. – Respondeu. – Mas te garanto que não mentiu em nada.

- Obrigada. – Vindo daquela garota, era um elogio e tanto.

- Olha, eu não sou sapatão não, mas você é muito gata, cara! – A loira exclamou e riu.

- Então, estamos quites. – Murmurei educadamente, fazendo nós duas rir.

- Sabe o que isso quer dizer? Precisamos sair juntas um dia desses. Eu não tenho muitas amigas por aqui, na verdade, do lado feminino eu não conheço ninguém, então seria ótimo ter uma companhia que use vestido. – Ela passou a alça da bolsa no ombro e levantou-se, sorridente.

- Tudo bem. – Vendo que ela já ia descer do ônibus, perguntei. – Qual o seu nome mesmo?

- Ah, meu nome, claro. – A loira bateu na própria testa. – Jennifer, me chamo Jennifer. Mas pode me chamar de Jenny.

Paralisei, quase sem acreditar. Não podia ser a mesma pessoa, não podia.

- Foi um prazer, Dulce. Até qualquer dia. – Jennifer se afastou acenando assim que o ônibus parou e logo depois, ela desceu.

Fiquei olhando pela janela a loira de jeans surrado e regata preta acenando pra mim e acenei de volta. Aquela era Jennifer? O certo era não gostar dela, né? E por que eu tinha gostado?

Ninja aqui, hein. Obrigada por terem comentado, amores ;*

Ainda odeiam a Jennifer?