Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Dulce narrando.

Era a terceira vez que eu trocava de posição na cama nos últimos cinco minutos. Algo estava desconfortável, totalmente fora do lugar. Não era a primeira noite naquela semana que, mesmo exausta pelo dia cansativo, não conseguia pregar o olho e ter uma noite decente. Aquela briga com Ucker estava acabando comigo.

Desbloqueei o celular algumas vezes, pensando em enviar-lhe uma mensagem, mas desistia sempre que pensava ser um momento inoportuno. Não queria forçar a barra, então prometi que deixaria ele dar o primeiro passo. Demoraram apenas cinco minutos para que ele desse. Assim que a mensagem chegou, passei meu roupão de cetim branco pelos braços, amarrando a fita do meio para cobrir o corpo completamente nu por baixo.

A casa estava completamente às escuras, nem sinal de mamãe e Henry. Ucker me esperava na porta, estava só de bermuda, chinelo e boné e minha vontade inicial foi de puxar o mesmo num abraço apertado, para matar aquela imensa saudade que estava sentindo. Ele me olhou de cima a baixo e ao contrário de mim, não se conteve. O braço forte envolveu minha cintura e ele puxou-me pra perto com força, colando nossos corpos e me abraçando de uma forma carinhosa. Suspirei ao me sentir novamente dentro de seu abraço e minha alegria se duplicou ao ouvir seu coração acelerado em meu ouvido.

- Como senti tua falta, pequena. – Murmurou, beijando o topo da minha cabeça. – Me desculpa ter sido um verdadeiro babaca, eu não queria ter falado daquele jeito com você.

Assenti, sentindo o cheiro gostoso que vinha de seu peito nu invadir meu ser de forma inebriante.

- Me desculpa por ter agido daquela forma. Eu só... – Afastei o rosto para lhe encarar. – Eu só não gosto de como você age as vezes. Não precisa ser assim, nem Adam, nem Luca, nem qualquer outro cara do mundo vai ser o que você é pra mim. Não faz mais isso, porque esse tipo de atitude me repele.

Ele assentiu e beijou minhas mãos, sua expressão era de total compreensão e arrependimento.

- Eu juro que não farei. – Prometeu Ucker. – Mesmo que a gente dê errado, mesmo que a gente não seja certo um pro outro, é a minha bagunça que tu curte, são tuas complicações que eu gosto. Não dá pra enteder, mas é isso que a gente é. E é isso que eu tenho de mais importante na minha vida: você.

Seus olhos me traziam a mais sincera verdade. Cada palavra que saía de sua boca tocava meu coração e permanecia guardada lá.

- Eu sou um baita idiota, orgulhoso, brigão, marrento e as vezes pareço um cachorro com raiva espumando pela boca. – Murmurou ele, dando um sorrisinho com a última descrição e me arrancando uma risada. – Mas eu tô tentando ser o cara que você merece.

- Você já é esse cara. Mais do que isso: você supera todas as minhas expectativas. – Eu disse cautelosamente, acariciando de leve sua face. – Está acima de tudo o que eu mereço. Você é a personificação perfeita de todos os meus sonhos.

Antes que todas aquelas declarações continuassem, segurei o rosto de Ucker entre minhas mãos e beijei com volúpia seus lábios bem receptivos. Ele segurou minha nuca e sua língua tocou a minha com avidez, logo depois suas mãos corriam pelo meu corpo, seus dedos navegando com certa facilidade pelo cetim que cobria minha pele.

- Espera, espera. – Murmurei, me afastando dele ofegante. Ucker me encarou com uma sobrancelha erguida, então prossegui. – Há coisas que precisamos resolver antes.

- Concordo. – Rebateu ele, porém suspirou como se não estivesse pronto para aquilo.

Passei os dedos entre o cabelo embolado e cruzei os braços. Não sabia como começar, muito menos como em poucos segundos aquele mal estar já tinha se instalado entre nós. Em um momento, as declarações era dignas de livros românticos. Em outro, o silêncio era frio como bibliotecas empoeiradas.

- Tudo bem, eu começo. – Sussurrei, vendo-o assentir. – Conheci Jennifer.

Ucker navegou seu olhar por mim, provavelmente tentando decifrar minha expressão. Porém, eu ainda não havia decidido qual posição tomar em relação a loira.

- Ela me contou. – Ele murmurou ao mesmo tempo em que coça a nuca, flexionando seu braço másculo e nu pra cima. – Jennifer tem a língua solta.

- Ela... está hospedada na sua casa? – Perguntei calmamente, temendo a resposta. Eu podia aguentar Babi na mesma casa que Ucker, por mais que já tivessem tido certo tipos de intimidades, eram primos e eu não podia mudar seus laços sanguíneos. Mas aguentar Jennifer já estava acima da barrinha de limites. Afinal, eu ainda não sabia quem ela era.

Ucker balançou a cabeça negativamente e meu suspiro de alívio foi audível.

- Você queria saber quem é ela. – Ucker umedeceu os lábios e soltou um pigarro, respondendo aos meus pensamentos. – Pois bem. Jennifer passa as férias aqui desde que tinha nove anos, ela fica na casa do pai, umas três ruas daqui. Eu a conheci no estudio de tatuagem de Christian, ela estava fazendo a primeira e não continha seu nervosismo. Não conseguia calar a boca um segundo sequer, então pediu que eu conversasse com ela enquanto Chris fazia a tatuagem. Jenny nem viu quando ele terminou, muito menos eu. No final, tínhamos o telefone um do outro e uma promessa de sair “qualquer dia desses”.

- Vocês namoraram? – Perguntei, erguendo as sobrancelhas de leve. Ainda não conseguia detestar Jennifer, mesmo depois daquela história, porém me incomodava um pouco pensá-la como ex de Ucker.

- Nunca pedi oficialmente ou cheguei a chamá-la de namorada, mas era tipo isso. – Respondeu, dando de ombros, mas ao perceber minha expressão, sua postura se alterou. – Confia em mim, eu nunca, nunca mesmo senti por ela o que sinto por você.

- Eu confio. – Respondi, colocando uma mão na cintura. – Porém, Ucker, se pretendemos fazer isso aqui funcionar de verdade, há algumas coisas que devem ser mudadas.

- Tudo bem. – Ele inspirou fundo como se estivesse se preparando. – Pode falar.

Fiz o mesmo antes de prosseguir. 

Continuo breve, breve... Obrigada por comentarem, continuem assim, beijos ;)