Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Passei a manhã toda na faculdade com a cabeça nas nuvens. Não foi diferente no trabalho. Maite, Luca, minhas colegas do shopping, o gerente, todos me perguntaram se eu estava bem e porque estava tão calada. Mas eu só queria continuar deixando que minha imaginação férti viajasse, sonhando com aquele homem perfeito me fazendo ser sua por mais umas vinte vezes, de umas mil formas diferentes. Sorte que eu não era homem e não tinha nada que entregasse minha vontade, ou estaria andando por aí com um volume na bermuda.

- Está frio no mundo da lua? – Perguntou uma amiga de trabalho, fazendo-me sorrir. Eu já estava indo embora e dando graças a Deus por ter vencido aquele dia de jornada, independente da má noite de sono.

Passei para tomar um milk-shake e imediatamente lembrei de Adam, foi inevitável não sorrir. Na metade do copo, enquanto eu caminhava até o ponto do ônibus, o frio tomava conta de mim ao sentir o líquido de morango escorregar pra dentro do meu corpo. Abracei-me e puxei o zíper do casaco até o pescoço.

O caminho foi todo silencioso e até pensei em ligar pra Ucker, mas desisti e preferi deixar para vê-lo mais tarde. Dois pontos antes de descer do ônibus, Bruno Mars começou a cantar a música que tinha marcado minha amizade com Adam e eu já sabia que era ele.

- Dul? – Sua voz estava alterada. – Dul, eu preciso da sua ajuda! – Exclamou, antes mesmo de ouvir minha resposta.

 - Calma, o que aconteceu? – Perguntei, sentindo um aperto estranho na garganta.

- Meu primo, meu primo... – Gaguejou Adam e sua voz estava completamente desesperada. – Ele vai morrer, Dul! Ele vai morrer.

- Como assim? Adam, respira e me conta isso. – Murmurei, algumas pessoas já me olhavam dentro do ônibus.

- Meu primo, Dulce. Ele é do Blues. – Senti um desespero tomar conta de mim ao ouvir sua voz chorosa. – Os Hunters pegaram ele! Eles vão matá-lo! O Ucker vai matar meu primo! SÓ VOCÊ PODE AJUDAR ELE!

Meu coração teve de ser engolido novamente, pois chegou na boca. Imediatamente, levantei do banco e apertei o botão, fazendo o motorista parar num ponto que nem era o meu. Desci do ônibus correndo enquanto meus olhos caçavam alguma coisa que eu não sabia o que era, ou se queria ver.

- Dul, ainda está aí? – Perguntou a voz assustada do outro lado da linha.

 - Adam, você sabe onde eles estão? – Eu já corria, sem sequer esperar suas coordenadas.

- Lembra do lugar onde me salvou? – Murmurou ele e eu assenti com a garganta. – Por favor, ajuda ele! Salva ele, Dulce, eu te imploro!

Desliguei a chamada e joguei o celular dentro da bolsa, correndo com os pés embolados até o lugar indicado. Não conseguia me lembrar do caminho, estava indo mais por instinto. Eu não sabia se queria salvar a vida de um desconhecido ou salvar a vida de quem eu conhecia: Ucker.

Quando virei a esquina, vi Poncho parado na entrada de braços cruzados e seus olhos se arregalaram quando me viu. Corri até ele, sabendo que o moreno estava ali de guarda e isso fez uma raiva imensa crescer dentro de mim.

- Dulce, você não pode... – Começou.

- Não tenta me impedir! – Respondi, tentando passar por ele, mas Alfonso me prendeu em seus braços.

- É melhor não ver isso. – Pediu cautelosamente, porém eu me debatia, presa a ele.

- Me solta! – Gritei, assim que me livrei e corri até o fim do pequeno beco, meus olhos focaram na visão a minha frente: haviam apenas quatro homens lá, dois seguravam um jovem, que estava de joelhos diante de Ucker. Nenhum deles pareceu perceber minha presença, muito menos meu namorado, que segurava uma pistola, apontando-a na direção do garoto ajoelhado. Olhei em sua face e tive certeza que era primo de Adam, porque eles se pareciam bastante.

O dedo de Ucker dançou no gatilho enquanto meu cérebro tentava mandar comandos que me fizessem gritar, fazer algo para que aquela vida fosse salva. Não me interessava o que ele tinha feito, eu não queria deixá-lo morrer. Não podia ver uma vida se perder diante dos meus olhos e não fazer nada para impedir, ou sequer tentar. Mas meu corpo tinha simplesmente parado de funcionar.

- Não deixa ela ver isso, cara! – Ouvi a voz de Christian atrás de mim, então senti seus braços me envolverem enquanto ele girava meu corpo para o outro lado.

Fechei os olhos no exato momento em que o som do tiro ecoou pelo Compton inteiro. Levei a mão até a boca e senti as lágrimas caírem de meus olhos arregalados.

- Calma, tá tudo bem. – Murmurou Chris ainda abraçado a mim, tentando me consolar. – UCKER!

Quase fui capaz de ouvir o som de surpresa de Ucker ao me ver no ambiente em que ele tinha acabado de assassinar alguém. Ele prendeu a respiração e seus passos apressados vieram em minha direção.

- Pu/ta que pa/riu. – Xingou ele. – Eu não tô acreditando nisso, merda. Amor. – Me chamou, agora ele estava bem próximo a mim. – Amor, você tá bem?

- Sai de perto de mim. – Solucei pausadamente e entredentes, ainda sem coragem de olhar em seu rosto. Suas mãos tocaram em minhas costas e eu me esquivei, saindo de perto dele. – SAI DE PERTO DE MIM! – Gritei, olhando para sua face assustada com minha reação.

Olhei para trás e me arrependi amargamente ao ver o corpo sem vida do garoto. Mais lágrimas caíram e eu solucei, levando a mão até a boca. O sangue já escorria e aquele homem atirado ao chão me levou para o dia em que meu pai tinha morrido. 

Nossa, essa história é uma montanha russa, que isso!

Obrigada por comentarem. Já sabem o esquema: mais comentários renderão mais capítulos ;)