Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

Os olhos dela estavam tão assustados ao me encarar que eu podia sentir o medo que tomava conta de mim. Eu nunca tinha sentido nada parecido antes, era uma espécie de temor e de aceitação. Como se eu soubesse o que viria depois.

- Amor. – Tentei cautelosamente e ela voltou seus olhos pra mim. Dul correu as costas das mãos pelo rosto, secando as lágrimas que ali estavam, porém segundos depois, mais lágrimas tomaram o lugar das antecessoras.

- Eu não quero ouvir. – Sussurrou, os olhos ainda em choque. – Eu... eu só quero ir pra casa.

- Dul, por favor.

- Não, Ucker. – Rebateu, abaixando o olhar. – Eu não quero falar com você. – Disse pausadamente. – Eu só quero ir pra minha casa. Eu... tô me sentindo mal, eu...

- Eu levo você. – Murmurou Christian e ela assentiu, encarando ele rapidamente. Depois seus olhos focaram meu rosto e ela manteve-se inerte. Nenhuma expressão foi esboçada.

- Dul, eu tô te implorando. Não faz isso, conversa comigo, amor. – Pedi pela última vez, lutando fortemente para que minha voz mantesse-se firme.

- Deixa ela, cara. – Poncho tocou em meu ombro. – Ela precisa de um tempo. Você tem que aceitar isso.

Assenti a contragosto, dando razão a meu melhor amigo.

Christian passou os braços ao longo dos ombros da minha ruiva e eles passaram ao meu lado. Ela cruzou os braços na defensiva e abaixou o rosto obviamente para não me ver.

Quando a vi sumir na esquina na companhia de Christian, minha vontade foi de desabar e começar a chorar ali mesmo. Me senti um verdadeiro monstro, como se estivesse sujo, sentia-me pesado e com raiva de ser aquela pessoa que agora tanto odiava. Eu queria morrer e matar ao mesmo tempo. Eram vontades contraditórias, ao mesmo tempo eu sentia raiva de mim e sentia raiva do mundo. Pensando bem, nem pareciam tão contraditórias assim. Tudo se resumia aquela raiva do interior e do exterior, uma raiva generalizada.

- Vou pra casa. – Murmurei e os ouvi assentir. – Já sabem o que fazer com o corpo. – Completei, já de costas, caminhando em passos arrastados, querendo ir embora dali o mais rápido possível.

Fui o caminho todo ainda me sentindo um miserável, meus pés raspavam no chão e eu mantinha o olhar preso no par de tênis surrado. Estava pensando seriamente em pegar aquela arma na minha cintura e dar um fim a minha existência inútil, quando senti pernas compridas se envolverem em meu quadril, pulando nas minhas costas.

- Oi, delícia! – Exclamou Jennifer, rindo como sempre. Dei um sorriso amarelo e ela desceu ao perceber que eu não estava bem. – Qual foi, problemas no paraíso?

- Isso aqui não é o paraíso. – Revirei os olhos, continuando a caminhar e a deixando pra trás, porém Jenny correu e parou na minha frente com as mãos na cintura.

- Ei, tô falando com você! – Protestou. A loira estava com o cabelo preso em um coque frouxo e com um vestido preto justinho e sneaker prata.

- Agora não, Jenny. – Pedi, revirando os olhos e bufando.

- Então quando? Quando você estiver afundado na maconha ou na bebida? Por que se eu te conheço bem, é exatamente assim que você reage as perdas. – Jennifer cruzou os braços. – Foi assim da vez que eu...

Ela até começou, mas ao perceber meu olhar,  Jennifer calou-se imediatamente.

- Ops. Assunto proibido.

- Jenny, por favor. – Passei a mão pelos cabelos e ela mordeu o lábio.

- Quer pelo menos me contar o que aconteceu? Eu juro que não me meto, apenas na curiosidade. – Jenny levantou as mãos, como se jurasse.

- Tudo bem. – Suspirei, me rendendo. Eu conhecia Jenny muito bem e sabia que ela não ia desistir até saber o que tinha ocorrido. – Dulce me viu executando um Blue.

Ela levou a mão até a boca, fazendo um som de surpresa.

- Isso é péssimo. – Constatou o que eu já sabia.

- Jura? – Perguntei irônico. – Me conta uma novidade.

- Quer uma novidade? Daquelas bem fo/das de se ouvir? – Um pequeno sorriso foi surgindo no canto de seus lábios pintados de vermelho, então Jennifer bateu as mãos, soltando uma palma alta. – Eu vou te ajudar.

- Você disse que não ia se meter, cara. – Levei a mão até a testa, já arrependido de ter aberto a boca pra ela.

- Relaxa, queridinho, vou só conversar com a Dulce. Vou ajudar as coisas pro seu lado. – Ela piscou. – Não precisa me agradecer.

Bufei e comecei a falar, porém antes de abrir a boca, Jenny já estava se afastando rapidamente.