Fanfic: O príncipe vagabundo (Vondy) | Tema: Hot + Romance

Ucker narrando.

As gargalhadas de Bárbara ecoavam por toda a casa. Ela tinha acabado de chegar de viagem, e depois de me contar sobre todos os detalhes de como foi maravilhoso passar a semana na casa de praia, só ela e a melhor amiga, tinha colocado um filme do Adam Sandler pra me animar. Tudo bem, o cara era sinistro na comédia. Mas naquela noite, pouquíssimas coisas conseguiriam me arrancar um sorriso sincero.

- Essa cara que ele faz é ótima, pra mim é uma das melhores cenas de comédia que já... – Murmurava Babi, ainda rindo. – Ucker? – Ela se interrompeu bruscamente.

- Hum? – Tentei me concentrar qual parte de “Click” estava passando na TV nesse momento, porém minha prima segurou meu rosto com as duas mãos e me olhou nos olhos seriamente.

- Tudo bem você curtir a fossa de término de namoro e tal, afinal, eu sei o quanto você gostava dela... Mas não acha que durou até demais? – Babi ergueu suas sobrancelhas e eu bufei.

- Babi, acredite. – Tirei suas mãos delicadamente. – Você não é a pessoa mais adequada pra conversar sobre Dulce.

- Sério? – Um traço de irritação tomou seu rosto. – E quem seria? A girafa loira que só vive enfiada aqui agora?

- Eu sempre achei que você tinha um queda por mim, mas não esperava que estivesse a ponto de montar um fã clube, Bárbara. – Murmurou aquela voz divertida atrás de mim e eu segurei a risada, porém senti o cheiro de treta no ar. – Espero que seja só amor de fã, porque eu não curto colar o velcro.

Olhei pra trás para ver Jenny tirando o casaco enorme que vestia e o colocando em cima da mesa com aquele típico sorriso debochado dela.

- Você não tem casa, não? – Rebateu minha prima, mordendo o lábio. – Seria bom você experimentar ficar um tempinho lá, sem toda essa carência de afeto que te faz se enfiar aqui todo santo dia, exatamente como antigamente.

- Claro que tenho casa. – Jennifer se aproximou e sentou no braço do sofá ao meu lado, apoiando o braço em meu ombro. Eu só assistia tudo, sem me pronunciar. – Ou acha que fui expulsa aos 14 anos pela minha mãe porque transei com meu padrasto? Essa história de vida não é a minha, querida.

- Garota... – Agora Babi estava com raiva, então decidi intervir.

- Ou, ou, parem as duas. Não tem graça, coisa de criança. – Fiz cara feia como se fosse um pai brigando com as filhas adolescentes.

Elas duas cerraram os olhos uma para a outra, mas pararam com a guerrinha infantil.

- Eu posso voltar amanhã. – Murmurou Jennifer.

- Não precisa se incomodar. – Babi rebateu quase instantaneamente. – Aqui é sua segunda casa. Aliás, Ucker prefere sua ajuda sobre Dulce.

- Babi, para com isso... – Tentei segurar minha prima pela mão, porém ela puxou o braço e levantou do sofá.

Bárbara foi a passos duros escada à cima e ouvi a porta do seu quarto bater segundos depois.

- É uma pessoa bem difícil de lidar. – Comentou ironicamente Jennifer, ainda olhando para o topo da escada. Avaliei seu rosto, estalando a boca de descrença e rindo e ela gargalhou ao descer seus olhos verdes pra mim. – Que é? Ela é mesmo.

- Você adora provocar, né? – Puxei Jennifer pela cintura a derrubando no sofá, ela riu enquanto contorcia seu corpo devido as minhas mãos lhe provocarem cócegas.

- Para com isso! – Pediu entre seus espasmos e risadas.

Atendi seu pedido e permaneci rindo de sua careta pós-cosquinha. Jennifer ficou me olhando por um longo momento e estendeu sua mão para acariciar meu rosto de leve. De repente, de super descontraído, o momento estava sério.

- Você merece ser feliz. – Sussurrou Jenny, sorrindo de leve.

Desviei o olhar, apertando os lábios. Não estava muito convencido disso.

- Ei, ei. – Jenny sentou-se ao meu lado, chamando minha atenção. – Não faz essa carinha. As coisas vão se resolver, beleza?

- Você falou com ela? – Perguntei num pequeno fio de esperança.

- Ainda não. – A loira suspirou. – Mas vou falar, juro. Juro de dedinho se você quiser.

- Acabou, Jenny. Acabou meu sonho, acabou minha ilusão, Dulce nunca mais vai querer me ver. – Abaixei o olhar e ela levantou meu rosto com o indicador em meu queixo.

- Não fala assim. As coisas não são fáceis mesmo. – Jennifer me olhava nos olhos. – Amar é como andar de ônibus. Sem uns solavancos de vez em quando, você acaba dormindo todo o percurso e perde as partes bonitas da viagem.

- Pode ser. Mas ainda assim, tenho medo. – Assumi num sussurrou e ela perguntou:

- Medo de quê?

- Talvez dela perceber que, na verdade, eu sou um fraco. Eu convivo diariamente com essa sensação de que ela merece alguém melhor. – Funguei o nariz e abaixei o olhar. – Ela jamais ouvirá da minha boca, mas eu não me acho suficiente. Acho que tenho medo mesmo é dela inteira, mais do que de avião ou de altura. O que é estranho, porque ela é tão pequenina e delicada e inofensiva.

Jenny permaneceu calada a me encarar.

- Sabe qual é a verdade? – Assumi. – Tenho medo de perdê-la, mas mais ainda, de nunca tê-la de verdade.

- Tira isso da sua cabeça. Vai dar tudo certo, eu prometo. – Jennifer deu seu melhor sorriso enquanto esticava o corpo na minha direção. Ela depositou beijos molhados em meu rosto e depois me abraçou. A sensação que eu tinha ao sentir seus braços a minha volta, era que tinha ganho uma grande amiga.