Fanfic:  A escrava | Tema: vondy

   Dulce: Faz com as pessoas ou fazem com você? – Franziu a boca, não sabia se divertido ou aliviado.

  Uckermann: Pessoas? – Piscou um par de vezes, como se estivesse pensando no que responder. – Faço com mulheres que querem que eu faça.

   Dulce: Se tem voluntárias dispostas a aceitar, o que eu faço aqui?

  Uckermann:  Porque quero fazer com você, desejo. – Fiquei com a boca aberta. Fui para o outro canto do quarto, passei a mão pelo banco acolchoado, até a cintura e deslizei os dedos pelo couro. Gosta de machucar as mulheres, a ideia me deprimia.

   Dulce: É um sádico?

  Uckermann:  Sou um Amo. – Seus olhos castanhos eram intensos.

   Dulce: O que significa isso? – Sussurrei.

  Uckermann:  Significa que quero que se renda a mim, em tudo, voluntariamente. – Olhei com o cenho franzido, tentando assimilar a ideia. 

   Dulce: Por que faria algo assim?

  Uckermann:  Para me satisfazer. – Murmura inclinando a cabeça. Vejo que esboçou um sorriso. E nesse momento percebo que sim, que é exatamente o que quero fazer. Quero que ele desfrute comigo. – Digamos, que quero que queira me satisfazer. – Disse em voz baixa e hipnótica.

   Dulce: Como tenho que fazer? – Senti minha boca seca, queria que tivesse mais vinho. Certo, entendo o de satisfazê-lo, mas o quarto de tortura me deixou desconcertada.

  Uckermann:  Tenho normas e quero que as aceite. São normas que te beneficiam e me proporcionam prazer. Se cumprir essas normas para me satisfazer, te recompensarei. Se não, te castigarei para que aprenda. – Sussurra, e enquanto fala comigo olho para a estante de varas.

   Dulce: E em que momento entra em jogo tudo isso? – Pergunto apontando com a mão ao redor do quarto.

  Uckermann:  É parte do pacote de incentivos. Tanto da recompensa como do castigo. 

   Dulce: Então desfrutará exercendo sua vontade sobre mim.

  Uckermann:  Se trata de ganhar sua confiança e seu respeito para que me permita exercer minha vontade sobre ti. Obterei um grande prazer e uma grande alegria, caso você se submeta. Quanto mais se submeter, maior será minha alegria. A equação é muito simples. 

   Dulce: Certo, e o que eu ganho de tudo isso? – Encolheu os ombros no que pareceu um gesto de desculpa. 

  Uckermann:  A mim. – Limitou-se a responder. Ele me observa passar a mão pela vara. – Dulce, não tem como eu saber o que você pensa. – Murmurou nervoso. – Vamos voltar para baixo, assim poderei me concentrar melhor. Me desconcentro muito contigo aqui. – Estendeu uma mão, mas não sabia se agora queria segurá-la. Anahi disse que era perigoso e tinha muita razão. Era perigoso para minha saúde, porque sabia que iria dizer sim. E uma parte de mim quer gritar e sair correndo do quarto. Estou desorientada. – Não vou te machucar, Dulce. – Sabia que não estava mentindo e segurei sua mão. – Quero mostrar algo, se por acaso aceitar. – Avançamos pelo corredor, do outro lado havia um dormitório com uma cama de casal, tudo era branco. – Este será seu quarto. Pode decorá-lo a seu gosto e ter aqui o que quiser.

   Dulce: Meu quarto? Espera que venha viver aqui? – Pergunto sem poder esconder meu tom horrorizado.

  Uckermann:  Viver não. Apenas, digamos, de sexta à noite até a noite de domingo. Temos que conversar sobre o tema e negociar. – Acrescentou  em voz baixa e duvidosa.

   Dulce: Dormirei aqui? Não contigo.

  Uckermann: Sim. Não, já disse. Eu não durmo com ninguém. Apenas contigo quando se embebedou até perder o sentido. – reprimiu. Aperto meus lábios, há algo que não se encaixa. O amável e cuidadoso Christopher, que me resgata quando estou bêbada e me segura amavelmente enquanto vômito e o monstro que tem quarto especial cheio de chicotes e algemas é o mesmo? – Vamos, deve sentir fome.

   Dulce: É estranho, mas acho que perdi a fome. – Murmurei sem vontade. 

  Uckermann:  Tem que comer Dulce. – Chamou minha atenção. Segurou minha mão e voltamos para baixo. De volta para o salão incrivevelmente grande, me senti inquieta. Estou à beira de um precipício e tenho que decidir se quero saltar ou não. – Sou totalmente consciente de que estou indo por um caminho escuro Dulce, e por isso quero de verdade que pense bem. Com certeza tem coisas para me perguntar e como assinou um acordo de confidencialidade, assim pode me perguntar o que quiser e responderei. – Estou junto à bancada da cozinha e observo que tira da geladeira um prato de queijo com dois enormes cachos de uva brancas e vermelhas. Deixa o prato sobre a mesa e começa a cortar o pão. – Sente-se. – Disse apontando um banco junto à bancada e obedeço a sua ordem. Se vou aceitar, terei que me acostumar. Percebo que se mostrou dominante desde que o conheci. 

   Dulce: Falou sobre papéis. A que se refere?

  Uckermann:  Bom, além do acordo de confidencialidade, há um contrato que especifica o que faremos e o que não faremos. Tenho que saber quais são seus limites, e você tem que saber quais são os meus. Trata-se de um consenso, Dulce.

  Dulce: Mas não teremos nenhuma relação?

  Uckermann: Não.

  Dulce: Por quê?

  Uckermann: É esse o único tipo de relação que me interessa.

  Dulce: Por quê? – Encolheu os ombros.

  Uckermann: Sou assim.

  Dulce: E como chegou a ser assim?

  Uckermann: Por que cada um é como é? É muito dificil saber. Porque uns gostam de queijo e outros odeiam? Você gosta de queijo? A senhora Jones, minha governanta deixou queijo para o jantar. – Tirou dois grandes pratos brancos de um armário e colocou diante de mim. Ótimo, agora estamos falando de queijo.