Fanfic:  A escrava | Tema: vondy

Eu pisco para ele, tentando absorver todas estas longas palavras. Eu sei de tudo isso. Mas Flynn não mencionou a minha principal preocupação.

Dulce: Mas ele é um sádico. Certamente, como tal, ele tem necessidades que não posso cumprir. – Ele realmente revira os olhos, e aperta sua boca em uma linha dura.

Flynn:  Isso não é mais reconhecido como um termo psiquiátrico. Não sei quantas vezes eu já lhe disse isso. Não é nem mesmo classificado como uma parafilia (atitudes sexuais diferentes das normais) mais, não desde os anos noventa. – Ele perde-se de novo. Eu pisco para ele. E ele sorri gentilmente para mim. – Esta é uma implicância minha. – Ele balança a cabeça. – Christopher só pensa o pior de qualquer situação apresentada. É parte de sua auto-aversão. Claro, que existe tal coisa como o sadismo sexual, mas não é uma doença, é uma opção de vida. E se ele é praticado em um relacionamento seguro e sadio entre adultos, então isto não é um problema. Meu entendimento é que Christopher conduziu todos os seus sentimentos BDSM desta maneira. Você é a primeira amante que não consentiu, então ele não está disposto a fazê-lo. – Amante!

Dulce: Mas certamente não é tão simples.

Flynn:  Por que não? – Ele dá os ombros bem-humorado.

Dulce: Bem... as razões porque ele faz isto.

Flynn:  Dulce, este é o ponto. Em termos de solução de terapia focada, isto é simples. Christopher quer ficar com você. Para fazer isso, ele precisa renunciar aos aspectos mais extremos deste tipo de relacionamento. Afinal, o que você está pedindo não é absurdo... é? – Eu coro. Não, isto não é absurdo, é?

Dulce: Eu acho que não. Mas eu me preocupo que ele pense que sim.

Flynn:  Christopher reconhece que agiu adequadamente. Ele não é louco. – Ele suspira. – Em poucas palavras, ele não é um sádico, Dulce. Ele é um brilhante jovem, irritado, assustado, que recebeu uma mão de cartas de merda quando nasceu. Todos nós podemos superar nossos anseios, e analisar o que, como e o porquê da morte, Christopher pode seguir em frente e decidir como quer viver. Ele encontrou algo que funcionou por alguns anos, mais ou menos, mas desde que conheceu você, isto não funciona mais. E, como consequência, ele está mudando seus modus operandi. Você e eu temos que respeitar sua escolha e apoiá-lo nisso. – Eu fico embasbacada com ele.

Dulce: Essa é minha tranquilização?

Flynn:  Melhor impossível, Dulce. Não existem garantias nesta vida. – Ele sorri. – E essa é minha opinião profissional. – Eu sorrio também, fracamente. Piadas de médico... puxa.

Dulce: Mas ele pensa em si mesmo como um alcoólatra em recuperação.

Flynn:  Christopher pensa sempre o pior de si mesmo. Como eu disse, é parte de sua auto-aversão. Está em sua maneira de ser, não importa o quê. Naturalmente, ele está ansioso sobre como fazer essa mudança em sua vida. Ele está expondo-se a todo um mundo de dor emocional, que aliás, teve um gostinho quando você o deixou. Naturalmente ele está apreensivo. – Ele pausa. – Não quero salientar o quão importante o papel que você tem em sua conversão, seu Damasceno em sua estrada para Damasco. Mas você tem. Christopher não estaria neste lugar se não tivesse a conhecido. Pessoalmente não acho que um alcoólatra é uma comparação muito boa, mas se isto funciona para ele por enquanto, então acho que devemos dar-lhe o benefício da dúvida. – Dê a Christopher o benefício da dúvida. Eu fico emburrado com o pensamento. – Emocionalmente, Christopher é um adolescente, Dulce. Ele contornou essa fase em sua vida totalmente. Ele canalizou todas suas energias para ter sucesso no mundo dos negócios, e teve, além de todas as expectativas. Seu mundo emocional tem que jogar esconde-esconde.

Dulce: Então, como posso ajudar? – Ele ri.

Flynn: Basta continuar fazendo o que você está fazendo. – Ele sorri para mim. – Christopher está de pernas para o ar. É uma delícia de se ver. – Eu coro, e minha deusa interior está se abraçando com alegria, mas algo me incomoda. 

Dulce: Posso perguntar mais uma coisa?

Flynn:  Claro. – Eu respiro fundo.

Dulce: Parte de mim acha que se ele não estivesse despedaçado não iria... me querer. – As sobrancelhas  do Dr. Flynn elevam-se com surpresa.

Flynn:  Isso é uma coisa muito negativa de se dizer sobre si mesma, Dulce. E, francamente, isto diz mais sobre você do que sobre Christopher. Isto não é absolutamente nada com sua auto-aversão, mas eu estou surpreso por isto.