Fanfic:  A escrava | Tema: vondy

     Quando acordo, ainda está escuro. Não tenho idéia de quanto tempo dormi. Tiro minhas pernas de debaixo do edredom e me sinto dolorida, deliciosamente dolorida. Não vejo Christopher em nenhum lugar. Sento na cama e contemplo a cidade a minha frente. O amanhecer já se insinua. Ouço música, as notas do piano. Um doce e triste lamento. Jogo o edredom de lado e me dirijo sem fazer barulho pelo corredor que leva ao grande salão. Christopher está sentado ao piano, totalmente atento a melodia que está tocando. Sua expressão é triste e desamparada, como a música. Toca maravilhosamente bem, me apoio na parede da entrada e escuto encantada. Avanço até ele em silêncio, atraída pela melancólica música. Observo seus compridos e hábeis dedos percorrendo e pressionando suavemente as teclas, e penso que esses mesmos dedos percorreram e acariciaram com destreza meu corpo. Coro ao pensar, sufoco um grito e aperto as coxas. Christopher levanta seus insondáveis olhos castanhos com a expressão indecifrável.

Dulce: Desculpe. Não queria incomodar você. – Ele franze ligeiramente o cenho.

Uckermann: Certamente, eu deveria estar dizendo isso para você. – Deixa de tocar e apoia as mãos nas pernas. Me dou conta de que estava vestiando uma calça de pijama. Ele passa os dedos pelo cabelo e se levanta. As calças lhe caem de maneira tão sexy, minha boca está seca quando rodeia o piano tranquilamente e se aproxima de mim. – Devia estar na cama. – Me adverte.

Dulce: É precioso, embora muito triste, uma música muito melancólica. – Ele esboça um meio sorriso.

Uckermann: Para cama. Pela manhã você estará esgotada.

Dulce: Eu acordei e você não estava.

Uckermann: Tenho dificuldade para dormir. Não estou acostumado a dormir com alguém. – Ele murmura. Não consigo discernir qual é seu estado de ânimo. Parece um pouco desanimado, mas é difícil de saber, por causa da escuridão. Talvez se deva ao tom do tema que estava tocando. Me rodeia com um braço e me leva carinhosamente para o quarto.

Dulce: Quando começou a tocar? Toca muito bem.

Uckermann: Aos seis anos.

Dulce: Oh. – Christopher aos seis anos... tento imaginar a imagem de um pequeno menino de cabelos e olhos castanhos, e meu coração se derrete... Um menino de cabelos alvoroçados, que gosta de música incrivelmente triste.

Uckermann: Como se sente? – Liga um abajur.

Dulce: Estou bem. – Nós dois olhamos para a cama ao mesmo tempo. Os lençóis estão manchados de sangue, como uma prova de minha virgindade perdida. Coro, embaraçada e jogo o edredom por cima.

Uckermann: Bem, a senhora Jones terá algo no que pensar. – Christopher resmunga na minha frente. Coloca a mão debaixo do meu queixo, levanta-me o rosto e me olha fixamente com olhos intensos. Me dou conta de que é a primeira vez que o vejo com o peito nu. Instintivamente, eu estico a mão de forma que meus dedos passem pelo seu peito. Imediatamente dá um passo para trás. – Vá para cama. – Diz bruscamente, e logo suaviza um pouco o tom. – Deitarei um pouco contigo. – Retiro minha mão e franzo levemente o cenho. Eu penso que nunca toquei seu tronco. Ele abre a gaveta, saca uma camiseta e a veste rapidamente. – Para a cama. – Ele volta a ordenar. Eu subo na cama tentando não pensar no sangue. Ele se deita também e me rodeia com os braços por trás, de maneira que não veja seu rosto. Me beija os cabelos com suavidade e respira profundamente. – Durma, doce Dulce. – Ele murmuro e eu fecho os olhos, mas não posso evitar sentir certa melancolia, não sei se é pela música ou pela conduta. Christopher Uckermann tem um lado triste.