Fanfics Brasil - 2 Sobreviventes O Anjo do Apocalipse

Fanfic: O Anjo do Apocalipse | Tema: Apocalipse, Destruição, Romance, Anti-herói, Vidente, Médium


Capítulo: 2 Sobreviventes

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- Acabou? – perguntou Miguel.


Tudo estava calmo há algum tempo, mas Miguel ainda estava agarrado a mim com toda a sua força, os cílios apertados como se ele nunca mais pudesse voltar a ver. De qualquer forma, não havia muito para ver.


Havia focos de fogo e fumaça por todo o lugar, mas as explosões já haviam acabado há muito tempo. O que restou foi um cenário de desolação. Nenhum pedra estava sobre pedra, tudo fora destruído. Ao longe, na colina, os pinheiros haviam sido arrancados ou haviam queimado com o fogo. Para onde eu olhava, só via destruição.


- Meu Deus? O que está acontecendo? – Miguel perguntou quando abriu os olhos.


- Não sei! – respondi. E era verdade. Eu não sabia o que estava acontecendo.


- Meus pais, meu Deus!! – disse Miguel, agarrando o celular do bolso.


- Não tem sinal. – falou Miguel, com os olhos marejados. Ele tinha o aparelho na mão e o levantava como se pudesse alcançar algum sinal. – Eu preciso ver como estão meu pais!


Eu me afastei um pouco, caminhando entre os focos de fogo. Escalei uma montanha de destroços que um dia foi o pavilhão da Biblioteca e olhei para os quatro cantos. Longe, bem ao longe na autoestrada, uma fila de carros se formava. Sobreviventes.


Era possível ver a destruição em todo o lugar, mas a escola foi quem recebeu o mais cruel ataque daquelas bolas de fogo.


- Pai? Pai? – sem que eu percebesse, Miguel me havia seguido e, pelo jeito, havia conseguido sinal no celular. – Estou bem. Sim... Na escola. Não sei... Joana está comigo. Não sei, pai. Não... ninguém mais. A Rita?- Miguel ficou em silêncio por algum tempo, apenas escutando a voz no celular, mas seu rosto revelava surpresa, espanto, terror. - O que? Uma invasão? O que? Onde? Tá, sei, entendi... espera por mim, pai, por favor.


Miguel desligou o celular, tão pálido quanto poderia estar.


- Oh, Deus, Joana. Minha irmã morreu. Meu pai e minha mãe estão apavorados. Vão sair da cidade. É pra gente encontra-los na praça da rua Kardoso. Vamos logo. Eles estão tão transtornados que é capaz de irem embora sem a gente.


- Eu preciso ir pra casa! Preciso pegar umas coisas. – eu disse. De fato, eu precisava ir pra casa, mas somente um objeto me era de valor: o diário de meu pai, escondido em meu quarto.


- Não, Joana. Meu pai não vai nos esperar... Eles estão dizendo que é uma invasão. No mundo inteiro isso está acontecendo. As principais cidades foram invadidas por estranhas criaturas. Precisamos fugir. Meu pai disse que vai pro campo, onde não tem quase ninguém. Os exércitos vão revidar com bombas, inclusive nucleares. Quem ficar nos grandes centros será destruído com o contra-ataque. Precisamos ir embora daqui.


Pisquei os olhos. Eu sabia que Miguel falava a verdade. Eu sabia que era verdade. Mas a verdade é algo difícil de digerir às vezes.


Criaturas invadindo o mundo.


- Como alienígenas? – perguntei, tentando compreender o que ele havia dito.


- Não sei... meu pai falou que passou na TV aquelas criaturas. Elas voam... possuem...


- asas... – completei. Claro. Criaturas que possuem asas. Exatamente como a criatura que vi na Biblioteca. Por isso o ataque foi pior na escola. As criaturas haviam atacado com...  o que mesmo? Bolas de fogo? Como isso é possível? Talvez fossem demônios e não alienígenas. E o ataque foi pior na escola porque... porque era onde eu estava...


Fiquei mole de repente e sentei para desespero de Miguel que alternava entre olhar para mim e para a autoestrada ao longe.


Aquela criatura sabia onde eu estava. Ele sabia. E agora, a escola havia sido destruída.


- Joana... não é hora de descansar. Precisamos correr agora!


Eu não conseguia me mover. Pensei em todas essas pessoas, mortas abaixo de nós. Queimadas, despedaçadas. E de alguma forma, eu sabia que era minha culpa. Ele... a criatura... havia se ligado a mim e ele não sabia o que eu era, mas queria me destruir. Ele sabia exatamente onde eu estava. Talvez ainda saiba. Ou talvez, pense que eu tenha morrido no ataque.


Eu preciso do meu pai. Preciso dele, desesperadamente. Sei que ele ele está morto, mas a vontade de vê-lo é premente. E sei que preciso ir para casa.  Preciso do diário. Preciso do diário de meu pai como quem precisa de ar e tomo a decisão mais difícil do mundo para mim, porque eu sei que se eu me separar de Miguel agora, talvez não o veja mais. Eu conheço o pai de Miguel. Ele não morre de amores pelo filho. Ele não vai aguardar nem um segundo a mais.


- Miguel, vai na frente. – digo e Miguel parece saber o que há em meu olhar.


- Joana...


- Não, Miguel. Eu preciso ir pra casa e você precisa ir para seu pai e sua mãe que ainda estão vivos e precisam de você agora!


- Joana... – Miguel implorava com os olhos marejados e era difícil dizer não àqueles olhos. Miguel era todo o meu mundo e de um jeito diferente, eu sei que eu sou o dele. 


- Eu amo você mais do que tudo no mundo, Miguel, mas há uma coisa que eu preciso fazer e nossos caminhos precisam se separar agora! – eu digo, sem fraquejar, sem marejar os olhos, como se não estivesse me estilhaçando por dentro. Mil pedaços de vidro agora contraem meu coração. Eu me aproximo de Miguel e seguro suas mãos. Concentro-me para ver à frente. Tenho medo do que poderei ver ou sentir, mas preciso saber se este é o último momento que verei meu amigo. Pouco a pouco, eu consigo perceber o que vai acontecer. Nenhuma imagem se forma em minha mente, eu apenas sinto. Nós nos veremos novamente, sim, mas Miguel estará diferente. Embrutecido, amargurado. Algo a ver com sua mãe. Paro de tentar ver o futuro e abro meus olhos. – Vá, Miguel e cuide bem de sua mãe, não saia de seu lado. Nós nos veremos novamente.


  


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Uma nevoa parece passar em minha mente. Não lembro como consegui me despedir de Miguel. Só o que sei é que agora estou correndo em direção à minha casa. A maioria das casas da nossa rua foram destruídas, mas eu consigo ver que parte da minha morada ainda se mantém em pé. Os vizinhos do lado esquerdo - uma família com dois filhos - arruma o porta malas já abarrotado de seu carro. O pai, o Sr. Carlos, um advogado metido que nunca foi muito simpático, parou quando me viu.


- Ah, menina... Joana, né? Sua mãe e o teu padrasto já foram embora. Eles acharam que você havia morrido. A escola foi completamente destruída. Você tem o celular deles?


Mesmo que eu ligasse para que minha mãe voltasse para me pegar, sei que ela não voltaria. Meu padrasto Hamilton não deixaria. E eu sabia que não a veria mais, então, isso não era mais importante. Eu tinha outros planos, embora ainda não soubesse exatamente como proceder.


- Tudo bem, Seu Ramon. Eu já liguei pra minha mãe. Ela vai me buscar – menti. O que eu poderia dizer? Que estar sozinha era melhor do que estar com meus pais?


- Eles não vão voltar, não é? – replicou ele, com um olhar condescendente que nunca vi em seu rosto.


Parece que engoli um tijolo que caiu estrondosamente em meu estomago. Carlos Ramon já havia tirado os piores assassinos, estupradores, assaltantes e traficantes da cadeia. Com certeza, ele sabia identificar uma mentira e me pegou no ato.


- Er... – não consegui inventar uma desculpa. Também não sabia que era necessária. Até o dia de hoje, Ramon nunca havia se interessado em minha vida. A não ser quando defendeu Hamilton no Tribunal, contra mim, momento em que perdi todo o respeito que tinha por ele.


- Olha aqui, Joana. Tem um lugar a mais no carro. Vem com a gente.


Surpreendo-me com aquilo. Que diabos?  O que era aquilo? Carlos Ramon era uma pessoa mesquinha que não pensava em mais nada a não ser na sua conta bancária. Teria aquele ataque de bolas de fogo gigantes o transformado tão rapidamente? Ou seria dor na consciência?


- Não... tenho outros planos! – respondi com o meu atual tom de voz. Deixei ele falando sozinho para entrar em casa. Estava tudo uma bagunça e eu não sabia dizer se aquilo havia sido feito pelos tremores de terra durante o ataque ou se por minha mãe e Hamilton procurando por coisas valiosas para levar consigo.


Corri para o primeiro andar, para o meu quarto que estava intocado. Eu não tinha nada de valor. Pelo menos, não aparentemente. Então levanto o colchão e retiro o pequeno diário de meu pai escondido entre os estrados da cama.


Abro em desespero as páginas já amareladas, parando num desenho que contemplei por muitos anos sem que este me assombrasse como agora. Olhei para a janela em direção à escola e comparei as duas imagens: meu pai havia desenhado essa imagem, meu pai desenhou a destruição da escola, antes de acontecer.


Eu sabia. Eu sempre soube.


Meu pai era um vidente como eu. Ele não era um lunático.


Sentei numa cadeira para recuperar o meu folego. Meu pai terminou os últimos dias no sanatório. Ele havia sido condenado pelo assassinato de seis jovens. Os psiquiatras disseram que ele era esquizofrênico paranoico, pois estava fazendo uma espécie de ritual para evitar o apocalipse.


Por muitos anos, eu havia pensado que era tão maluca quanto ele. Que um dia iria acabar no hospício como ele. Louca como ele. Mas talvez ele não fosse um louco. Ele era como eu sim. Ele era um vidente.


Tentei focar meu pensamento que estava viajando, buscando o semblante de meu pai nos seus últimos dias. Olhei para o diário no qual ele havia colocado suas últimas energias. Seu último presente para mim. No rodapé da página que continha o desenho, havia um escrito:


“Nem estrelas, nem planetas, nenhum outro sacrifício os satisfará. Os anjos da morte enfim dominarão a terra e o mar”.


Eu havia lido aquele escrito muitas vezes, mas nunca entendi o que isso queria dizer.


Enrolei o diário em uma pequena toalha e o joguei dentro da minha mochila. Tirei todo o material da escola para preencher o espaço da mochila com algumas poucas roupas: duas calças jeans, duas camisetas. Embora estivesse quente, vesti uma jaqueta jeans sobre a roupa que estava ocupando. Escolhi calcinhas e tops e coloquei-as numa sacola antes de jogar tudo dentro da mochila. Estava pesada. Se eu tivesse que caminhar, talvez tivesse problemas, principalmente, porque ainda havia coisas a pegar.


Desci para a cozinha, mas não havia muita coisa. Joguei na mochila três latas de conserva, dois sanduiches que fiz às pressas, um abridor, um isqueiro e uma lanterna. Por último, escolhi uma faca pequena e afiada e coloquei-a no bolso da calça, cobrindo-a com a camiseta e a jaqueta.


Quando saia, olhei para trás, mas não havia nenhuma memória daquelas paredes que eu quisesse guardar.


Ramon e sua família já haviam partido. Agora, só me restava tentar chegar à praça da rua Kardoso antes que Miguel tivesse partido. Eu sabia que as chances eram mínimas, mas a praça era perto da estrada e eu talvez conseguisse outra carona para longe dali.


Corri pelas ruas como um rato em um labirinto. Metade da cidade havia sido destruída e as pessoas ou estavas feridas ou corriam. Não havia nenhuma ambulância, nenhum policial, nenhuma altoridade para tentar organizar o caos. O que não estava destruído estava sendo pilhado por algumas pessoas que tentavam ganhar alguma vantagem sobre outras. Havia focos de brigas e conflito onde haviam mais pessoas. Para me afastar de um homem que berrava, armado de uma pistola, tomei uma viela. Parei quando vi uma criança de poucos anos chorando sobre o corpo da mãe cuja cabeça foi completamente esmagada por um bloco de concreto. Olhei para todos os lados, mas ninguém parecia preocupado em resgatar aquela criança.


- Ó Deus! – pensei comigo mesma, sem saber o que poderia fazer.


Tomei a menina no colo e corri para a praça. Não havia sinal de Miguel ou de sua família.


Alguns carros passavam, mas nem pensavam em parar, enquanto eu acenava em desespero, implorando por carona. Vi muitos vizinhos, gente conhecida da cidade. Eles passavam e olhavam para mim e aceleravam ainda mais.


A autoestrada ao longe se apinhava de carros. Talvez a melhor alternativa fosse correr até lá a pé e então pedir carona. Com a mochila pesada e a menina nos braços, a tarefa seria muito mais do que árdua. Eu já estava a beira do desespero quando um motoqueiro parou. Eu não consegui reconhece-lo imediatamente, mas então ele tirou o capacete.


- Sobe aí, Jo!


As lágrimas escorreram involuntariamente de meus olhos quando vi a face de Lucas. Ele tinha escoriações no rosto, mas estava vivo. Como ele havia conseguido, era um mistério, mas ali estava ele, o garoto por quem eu era apaixonada, o garoto que nunca antes teve olhos para mim, montado numa moto, estendendo sua mão para mim, salvando-me.


 



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Autor(a): angelblack

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  Nós já havíamos atingido a autoestrada quando a criança entre mim e Lucas começou a se acalmar. Ela até parecia estar se divertindo, sentindo o vento bater no rosto. Eu, ainda abismada por ter ganhado aquela carona salvadora de Lucas, mantenho-me calada, agarrada na cintura dele. Ele me oferecera o capacete, mas como ele ia ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 3



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  • halcacifer Postado em 09/05/2014 - 11:41:47

    Mt legal a fic. lol

  • LeoRilque Postado em 15/04/2014 - 23:41:13

    Finalmente encontrei alguma historia descente por aqui.. olha quando co mecei a ler o primeiro cap não botei muita fé não, mas quando estava chegando no fim, cara realmente percebi q é uma historia bem promissora, está muito boa, continue assim q eu continuo acompanhando :)

  • jacbellio Postado em 28/03/2014 - 18:07:02

    isso ae continua a escrever .Finalmente alem de mim alguem tem criatividade para escrever historias alem de RBD


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