Fanfic: Cilada!!!!! | Tema: web novela

Rômulo adentrou a sala, receoso por como iria encontrar Bah, mas ao chegar à porta do quarto, viu apenas Rick sentado ali, com os cotovelos apoiados sobre os joelhos, o olhar fixo no chão e as mãos entrelaçadas. Ele estava nervoso e seu pé batia constantemente no chão.
–– cadê ela? –– Rômulo perguntou chamando sua atenção.
–– banho –– Rick se limitou a dizer.
–– tudo bem? –– ele perguntou –– com ela... –– completou a frase, tenso.
–– ela está em choque com tudo, mas acho que é só uma questão de tempo pra vê que tudo isso é passado –– Rick respondeu sério.
–– ok... –– Rômulo assentiu e ao dar alguns passos pelo corredor, rumo ao seu quarto, viu Bah sair do banheiro enrolada em uma toalha –– oi –– disse, fazendo-a ergueu os olhos.
–– oi –– ela disse, sem consegui esconder o rosto abalado pelo choro.
–– precisa de mim? –– ele perguntou em tom de voz baixo.
–– não sei... –– ela murmurou apertando os lábios para conter o choro.
–– vou deixá-los a sós –– Rômulo disse indicando com a cabeça o fato de Rick estar lá dentro –– me chama quando precisar.
–– hurum –– ela concordou e fora até o quarto.

A morena fechou a porta, retirou a toalha e pendurou atrás da porta, trajando apenas sua calcinha, vestido dentro do banheiro. Fora até o guarda-roupa e pegou uma camisola, vestindo sobre o olhar atento de Rick. Naquele momento sabia que não clima para nada. Depois de vestida, estava em frente ao espelho penteando os cabelos. Rick se levantou da cama e caminhou até parar atrás da morena. Suas mãos envolveram a cintura dela e ele fechou os olhos, inalando o perfume da garota.
–– quero um abraço seu –– ele sussurrou.
–– eu quero ficar sozinha, Ri –– Bah falou se desvencilhando dos braços de Rick e indo rumo à porta do quarto.
–– por favor, vida –– Rick pediu em um sussurro, amolecendo os ombros, mas ela se manteve com olhar frio –– posso passar a noite aqui com você? –– perguntou com os olhos esperançosos.

–– ta doido? –– Bah explodiu em uma risada irônica –– minha mãe acabou de descobrir que tivemos alguma coisa, quase surtou e amanhã vai fazer da minha vida um inferno enquanto eu não conseguir fazê-la acreditar o contrario e você quer dormir aqui? –– perguntou incrédula e indignada –– você não ta raciocinando?
–– desculpa... –– ele murmurou abatido –– não pensei nisso... Realmente –– ele estalou os lábios –– amanhã minha mãe vai surtar também.
–– isso se ela já não sabe, né? –– Bah apertou os lábios, com cara de chateação.
–– não sabe, caso contrário tinha me ligado quinze vezes –– ele disse irônico e rolou os olhos.
–– não quero nem imaginar –– ela apertou os olhos e balançou a cabeça negativamente enquanto Rick se aproximou mais dela e pousou a mão em sua face.
–– Rick... –– Bah murmurou, suspirando forte.

–– vida –– ele disse manhoso –– eu achei que tínhamos no acertado, sei lá... –– ele deu de ombros enquanto lhe encarava.
–– eu só preciso um tempo pra associar tanta informação, Rick –– Bah falou preocupada –– não to dizendo que vou sumir da tua vida, é só umas horas ou uns dias pra pensar...
–– uns dias? –– Rick engoliu a seco e ficou tenso de repente –– quantos? –– franziu a testa e se aproximou dela.
–– sinceramente? –– Bah suspirou forte e desviou o olhar para a parede enquanto ele lhe fitava –– não sei...
–– o que eu fiz? –– ele insistiu.
–– Rick... –– ela suspirou –– eu to magoada, confusa, chateada.
–– comigo? –– ele pôs as mãos sobre os peitos e a questionou confuso, mas antes de ela responder, ele se irritou –– o Artur te traia, usava drogas, vendia, comia inúmeras garotas por aí, prostitutas ou o que fosse –– ele disse alterando o tom de voz –– pouco se importando com o fato de ter uma namorada e os outros te conhecerem, aí você descontar sua frustração em cima de mim? –– falou tentando se acalmar quando percebeu os olhos assustados dela –– que droga, Barbara! –– exclamou.
–– também estou decepcionada com ele, merda! –– ela disse irritada, se referindo a Artur –– mas tipo –– ela suspirou e tentou se tranqüilizar –– não é que eu não esperasse isso do Tuti, só que agora não tem valor nenhum pra mim. É você com quem eu queria estar, é você quem eu amo, é com você que eu to preocupada! Contigo foi tudo mais intenso –– ela disse agoniada e quase em desespero, deixando novas lágrimas caírem sobre sua face.

–– Ricardo, deixe a Bah respirar um pouco... –– Rômulo pediu aparecendo na porta que estava semi-aberta.
–– cara, vaza daqui! –– Rick apontou para a cozinha, estressado pelo garoto estar se metendo mais uma vez –– para de se meter onde você não deve –– rosnou.
–– eu preciso descasar –– Bah disse com a respiração cansada, enquanto limpava suas lagrimas.
–– vida, você... –– Rick voltou à atenção para ela enquanto seus olhos piscavam freneticamente, incrédulo –– você disse que me ama?
–– é lógico –– ela amoleceu os ombros e se mexeu inquieta, ficando de costas para ele ao mesmo tempo em que Rômulo lhe olhava inerte –– só que... –– ela bufou e jogou a cabeça pra trás –– eu acho que não sei quem você é... –– falou com a voz fraca, contendo a vontade de chorar novamente.
–– como não sabe? –– perguntou surpreso –– claro que sabe, vida –– ele estalou os lábios e levou uma mão até a testa, preocupado –– porque isso agora?

–– eu achei que soubesse Rick, achei que te conhecesse... –– Bah suspirou forte e se encostou à porta enquanto seu olhar vagava pelo corredor –– nunca poderia imaginar que você pudesse mentir pra mim dessa forma, me enganar e... –– ela fez uma pausa e uma cara nauseada.
–– você está decepcionada comigo... –– Rick soltou todo ar preso em seu peito, mas aquela agonia não havia passado.
–– drogas, Rick?! –– ela afirmou aquilo mais do que perguntou –– nunca podia imaginar isso vindo de você –– fez uma pausa, mas Rick não se manifestou –– nem imaginava isso do Tuti, mas no momento tanto faz pra mim o que faz ou deixa de fazer –– deu de ombros, impaciente.
–– eu faço –– Rick a virou para ele, segurando em seus antebraços e obrigando-a a lhe encarar –– eu faço qualquer coisa por você. Sabe disso, né? –– insistiu.
–– faz? –– ela murmurou apertando os lábios, chorosa e ele assentiu –– então vai pra casa, por favor. Quero pensar, me deixa ter um pouco de paz...

Rick soltou os braços dela e deu um passo pra trás, a fitando, incrédulo. Sua boca abria, mas nenhum som saia dela. Ele olhou de Bah para Rômulo e passou a mão no rosto, totalmente exaurido. Sem dizer mais nada, ele se aproximou dela, colocou uma mão em seu pescoço e beijou-lhe na testa.
–– te amo, minha vida –– ele murmurou.

Passou por Rômulo, pegou seu capacete na sala e desceu pela escadaria do prédio, em desespero. Dirigiu sua moto fora do limite máximo de velocidade permitida, sem se importar com qualquer coisa que fosse. Ao chegar em casa, deixou o capacete pendurado na própria moto e adentrou a sala com a respiração ofegante. A vontade que tinha era de correr, gritar, jogar as coisas no chão com toda a força que pudesse até que todo esse sentimento ruim saísse de dentro de seu peito. Mas não. Não fez nada disso. Entrou no banheiro, tirou apenas sua blusa e colocou a cabeça embaixo da água gelada que caia do chuveiro. O choro desesperador vinha acompanhado por inúmeros soluços, que após uns minutos, lhe deixou enfraquecido. Exausto e ainda chorando bastante, Rick deixou seu corpo esmaecer dentro do Box do banheiro, levando consigo as lagrimas grossas que não tinha previsão de cessar tão cedo. 

Sara levantou-se da bicama de Lara quando ouviu um barulho vindo do banheiro. Abriu apenas uma brecha da porta do quarto e percebeu que era Rick no banheiro. Correu apressada até lá e avistou o garoto sentado no chão, de jeans e completamente encharcado pela água que caia do chuveiro. Abaixou-se em sua frente logo após desligar a água.
–– Rick, o que foi? –– perguntou assustada.
–– eu juro que fiz de tudo, Sara. Eu juro que tentei... –– ele disse em meio o choro –– mas não sou bom o suficiente pra ela.
–– calma, do que você ta falando? –– Sara perguntou confusa.
–– a vida –– ele sussurrou enquanto seu lábio estremecia –– eu a magoei. De novo, cara, de novo –– levou as mãos até a cabeça e abaixou-a apoiando em seus joelhos dobrados.
–– ah, Rick... –– Sara murmurou e estalou os lábios –– não fala assim. Você é sim, bom o suficiente pra ela.
–– eu só faço merda, droga! –– ele esbravejou –– desde quando ela se apaixonou por mim a primeira vez, eu só faço magoá-la. Porque Sara? Por quê?
–– ow meu amigo –– ela apertou os lábios, lamentando –– sai daí. Vem comigo pro quarto –– ela pediu erguendo-se e esticando a mão para o garoto.

Rick segurou em sua mão e se levantou por conta própria, seguindo-a até o quarto. Ela desabotoou a calça dele, enquanto o garoto tinha os olhos fechados, apertados, tentando controlar as lágrimas que insistiam em cair mesmo após meia hora que havia começado. Sara retirou a roupa de Rick, enxugou seu corpo e entregou-lhe um calção de elástico, pedindo que o garoto vestisse enquanto ela deixaria suas roupas na lavanderia da casa. Quando voltou, ele já havia deitado na cama e estava coberto com o edredom. Sara sentou ao seu lado e com toda a paciência do mundo, ouviu cada detalhe que ele contara sobre aquela noite. Sobre Tuti e sobre ele. Desde a notícia que chegou aos ouvidos de Lidia até as ultimas palavras de Bah. Pegaram no sono ali, com ela sentada na cama e ele deitado em seu colo. 

[...]

Assim que Rick saiu como um furacão da casa de Bah, a garota sentiu os braços de Rômulo lhe puxando para si e lhe aconchegando em seu peito. Ela inspirou todo o ar de uma vez, a fim de controlar o choro que insistia em vim, mas fora em vão. Não demorou se quer um minuto para que as lágrimas saíssem e um soluço forte viesse com todo o arque ela prendia no peito. Rômulo suspirou forte e lhe apertou mais ainda em seu colo.
–– vamos deitar, vem –– ele disse com a voz doce, lhe acompanhando até a cama.
–– não to acreditando nisso tudo, Rômulo... Não pode ta acontecendo –– ela balbuciou em meio ao choro.
–– calma, meu amor –– o garoto suspirou forte, lamentando, enquanto a deitava na cama –– vai tudo se resolver, ok?
–– porque ele me enganou? Porque ele mentiu tanto pra mim? –– ela perguntava repetidas vezes, indignada.
–– Bah, ele só queria te proteger –– Rômulo disse de forma sincera –– jamais ele não tinha intenção de te magoar. Não quanto a isso...

–– você me contaria se soubesse disso? –– ela perguntou erguendo o olhar para Rômulo que se preparava para deitar ao seu lado.
–– não sei... –– ele falou apertando os lábios e balançando a cabeça negativamente –– apesar de não suportar o Ricardo e achar essa relação de vocês uma coisa que não te faz bem, eu acho que ele teve os motivos dele. 
–– não foi exatamente culpa dele, sabe? –– ela respondeu fitando o teto enquanto o garoto deitava de lado, ficando de frente para Bah –– eu to tentando colocar isso na minha cabeça, mas ta tudo tão confuso, tão difícil...
–– você ta magoada, Bahzinha –– Rômulo pôs a mão nos cabelos soltos da garota, que se espalhavam pelo colchão –– é compreensivo isso. Não se culpe.
–– ele foi chantageado –– ela disse estalando os lábios e revirando os olhos, chateada.
–– como? –– ele riu, incrédulo e ela suspirou.

–– o Tuti disse ao Rick que caso ele contasse pra mim que vendia drogas, ou que me traia, ele iria contar pra mim e pra tia Alda sobre ele consumir drogas –– Bah explicou entortando os lábios para a direita.
–– esse Artur é pior do que eu pensei, hein?! –– Rômulo riu mais incrédulo ainda –– nossa... 
–– não sei como consegui ficar tanto tempo com alguém assim –– ela estalou os lábios novamente –– como a gente se engana com as pessoas.
–– e muito... –– ele suspirou e após uns segundos de silencio, deixou um sorriso escapar.
–– o que foi? –– Bah perguntou franzindo a testa.
–– se engana e se surpreende, né? –– Rômulo falou ainda sorrindo.
–– é verdade –– ela assentiu ainda confusa –– mas ta falando isso porque? ––questionou.
–– quando a Tereza disse que o Emerson tinha uma filha mais nova que eu, juro que pensei que fosse uma garota chata, mimada, patricinha, nojenta... –– Rômulo falava se divertindo.
–– porque deve ter sido o que a Tereza falou de mim –– ela falou com a voz entediada.

–– não –– o garoto riu –– não é novidade pra mim que vocês não se dão bem, ao contrario de mim e do teu pai que nos damos super bem –– ele estampou um sorriso largo no rosto –– mas ela não comentou nada desse tipo, aliás, nem comentou, só que ele tinha uma filha adolescente e que vocês não se entenderam bem.
–– tua irmã é confusa –– Bah falou entediada –– ela é dez anos mais nova que meu pai, mas age como se tivesse oito.
–– é, a Tereza é bem mimada –– ele falou recordando-se das atitudes da irmã e deu um riso –– mas você não fica atrás não, viu? –– cerrou os olhos para ela.
–– ah, não me compare a ela –– a garota franziu o nariz em uma careta –– se bem que da ultima vez que eu fui lá, ela tava mais simpática, mais legal.
–– ela não tava mais legal, a tua estadia que ficou mais legal porque me conheceu –– Rômulo piscou pra Bah que gargalhou.
–– convencido demais, meu deus! –– ela exclamou se divertindo enquanto ele a analisava sorrir.
–– você é totalmente diferente do que eu pensei, sabia? –– disse sustentando o sorriso e a encarando nos olhos.

–– você também... –– ela admitiu e aos poucos fora cessando o riso ao perceber que ele estava ficando com o semblante sério –– o que foi? –– perguntou confusa e se virou de lado, ficando cara a cara com o garoto.
–– no dia em que eu te conheci, eu realmente só queria te pegar –– ele falou ainda sério e deu um suspiro nostálgico –– queria te agarrar, beijar teu corpo todinho, te levar pra cama e me aproveitar de ti da melhor maneira possível –– disse sem emitir nenhum sorriso enquanto Bah ficava enrubescida.
–– você é um cafajeste, Rômulo! –– ela resmungou de brincadeira, mas ele não mudou sua feição.
–– mas agora –– ele prosseguiu, ignorando a brincadeira dela –– eu tenho outras necessidades, sabe?
–– que tipo de necessidades? –– Bah engoliu a seco aquilo, imaginando que se tratasse de algum tipo de sentimento.
–– uma necessidade de cuidar de ti, de ficar ao teu lado, de ser teu amigo... –– falou sorrindo fraco –– sabe de uma coisa, a primeira vez em que eu te vi, te achei a coisa mais linda –– ele desviou o olhar dos olhos dela e desceu até a boca da garota.

–– e quando conheceu meu lado problemático, a beleza sumiu –– ela falou lhe interrompendo, em tom de brincadeira –– acho que o convívio te fez perceber que eu não sou tão linda assim –– disse entortando os lábios em uma careta.
–– nada disso –– ele ergueu o olhar e franziu a testa lhe encarando –– com o tempo fui percebendo que você é mais linda ainda. Por dentro e por fora.

Bah calou-se e então o clima pesou no ambiente. Ambos se encaravam, sem emitir nenhum tipo de som. Ela não sabia como reagir e nem onde ele estava querendo chegar com aquele papo, só torcia, mentalmente, para que ele não estivesse envolvido com ela. Antes que seu pensamento fosse concluído, a morena sentiu os lábios quentes de Rômulo encostando-se entreabertos nos seus e fechando enquanto sugava seu lábio inferior. Ele fechou os olhos e jogou seu corpo mais para cima dela, que por impulso levou uma mão seu peitoral, o impedindo de continuar.
–– Rômulo... –– ela murmurou com a respiração ofegante.
–– desculpa –– ele pediu e voltou para a posição anterior.
–– eu não acho legal acontecer isso de novo entre a gente –– Bah respondeu sincera e se sentou na cama, de costas para ele.

–– tudo bem, foi impulso, me desculpa –– falou envergonhado.
–– eu não quero confundir as coisas contigo –– ela explicou nervosa –– somos amigos e não quero perder tua amizade, sabe? –– falou atrapalhada.
–– calma, Bah –– ele riu e levou sua mão até as costas dela, acariciando com as pontas dos dedos em toda sua extensão –– não precisa ficar assim, eu juro que entendo que você ainda gosta do Ricardo, mas é que...
–– eu o amo... –– Bah murmurou, o interrompendo e deu um longo suspiro no final, fazendo Rômulo dá um riso cansado. Ela virou o rosto e lhe olhou –– mas o que? –– perguntou referente ao o que ele falaria.
–– ah –– ele deu um leve sorriso –– eu sei que você ainda ama o Ricardo, senão não teria o beijado hoje –– relembrou fazendo uma careta –– mas é que é difícil resistir a você. E como ficamos hoje de manhã, aí pensei que você estaria mais receptiva a um beijo... –– ele falou confuso e depois balançou a cabeça negativamente.
–– você me acha patética por isso, né? –– Bah falou estalando os lábios.
–– pelo o que? –– Rômulo franziu a testa.
–– de ficar nesse impasse, te beijando e depois beijando o Rick e confusa se devo ficar contigo ou não e... –– ela falava atrapalhada.

–– claro que não te acho patética –– ele riu mais enfático –– você não tem culpa do Ricardo ser um idiota e não dá valor a você –– ele deu de ombros e Bah rolou os olhos, se deitando novamente ao seu lado.
–– droga, por que eu gosto tanto dele, hein?! –– Bah murmurou entortando os lábios, como se lamentasse aquilo.
–– por que você ainda não foi pra cama comigo –– Rômulo respondeu prepotente e Bah riu –– sério, poxa. Quando você for, vai se apaixonar –– ele piscou pra ela –– eu faço bem direitinho, sabia? 
–– então melhor eu não ir –– ela piscou pra ele também, que fez uma careta e se silenciou.
–– quem que contou pro Artur sobre você e o Ricardo? –– ele perguntou após uns segundos.
–– não tenho noção... –– ela disse pensativa –– o Tuti não fala e o Rick não sabe... Ele diz que não contou pra ninguém além dos nossos amigos.
–– bom, isso não importa muito agora, né? –– ele apertou os lábios, lamentando –– basta dona Lidia acreditar em você.

–– o que é difícil –– Bah fez uma careta –– vamos dormir, vai. Amanhã tem aula cedo –– disse ela enquanto se acomodava na cama.
–– posso dormir aqui? –– Rômulo perguntou também se acomodando ao seu lado.
–– hum, você vai se comportar? –– ela perguntou receosa com ele agarrando-se em sua cintura por trás enquanto o nariz fungava seu cabelo.
–– claro –– ele disse cínico e Bah riu.
–– até parece –– Bah fez uma careta –– mas pode ficar aqui sim. Não quero dormir sozinha mesmo... 
–– de manhã cedinho eu vou pro quarto, ta? –– ele avisou e ela assentiu com a cabeça.

O garoto fechou os olhos e se aconchegou em seu corpo enquanto Bah estava imóvel, com o pensamento longe. As ultimas quarenta e oito horas havia sido intensa e confusas para ela. Desde a bebedeira na boate, o fora de Rick, o agarro com Rômulo na noite passada e os beijos de hoje em Rick. Mesmo após alguns minutos, Rômulo percebeu que a garota estava acordada devido sua inquietação.
–– o que foi, Bah? –– ele sussurrou em seu ouvido.
–– to me sentindo uma vadia –– Bah falou coma voz tremula.
–– vadia? –– ele franziu a testa, ficando confuso –– do que você ta falando?
–– fiquei contigo e depois com ele –– ela colocou uma mão cobrindo o rosto e suspirando –– meu deus, o que eu to fazendo... –– murmurou.
–– você não é uma vadia, Barbara –– Rômulo estalou os lábios –– para com isso, ta? Vamos dormir e esquece isso...

Bah soltou o ar que enchia seu peito e fechou os olhos para afastar todos aqueles pensamentos. Sabia que mais tarde teria um problema pior pra resolver, que era fazer sua mãe acreditar que não rolava nada entre ela e Rick.

[...]