Fanfic: A história de um recomeço
- Aqui Flavinha, acho que essa vai ficar ótima pra campanha! – sentencia Marina concentrada – O que você acha?
- Com certeza essa é a melhor... Eu posso fechar o material então e enviar?
- Pode! Pode sim! – responde satisfeita, com uma piscadela. Marina estava mais bem humorada do que o habitual.
- Essa foi fácil em?
- Acho que eu tava inspirada!
- Oi gente, tudo bem? Vamos fechar o material então, Flavinha? Eu te ajudo – dispara Clara ao chegar agitadíssima, já se sentando na mesa.
- Boa tarde pra você também! – brinca Marina enquanto desliza os dedos carinhosamente nos cabelos dela.
Mas Clara se esquiva bruscamente. Por um segundo, encontra o olhar ferido e confuso da fotógrafa, antes de enterrar o rosto nas mãos e pedir desculpas sem maiores explicações.
- Vou buscar uma pasta pra fazer isso aqui – diz em seguida, antes de fugir pela porta.
Marina e Flavinha se entreolham.
- Tá tudo errado – diz Marina preocupada – O que foi isso meu Deus?
- Aconteceu alguma coisa pra ela ficar assim? – pergunta a assistente, com uma pontinha de desconfiança.
- Não! Não... Quer dizer, pelo menos não que eu me lembre... Não sei o que pode ter deixado ela assim – responde Marina afobada, andando de um lado pro outro no estúdio – Ontem ela estava super bem comigo e agora trava desse jeito, como se tivesse medo de chegar perto. E agora? O que eu faço? – questiona perdida.
- Só pode ter acontecido alguma coisa na casa dela... – diz Flavinha, paciente e sensata - Só que pelo jeito não adianta pressionar agora. Tem que esperar ela se acalmar. Quando estiver mais tranquila vai te procurar pra conversar – aconselha, pousando a mão no ombro da fotógrafa em sinal de solidariedade.
Marina fica pensativa por alguns instantes.
- Você tem razão... Eu acho que vou ficar no escritório hoje. Ligar pros fornecedores. Dar um pouco de espaço pra ela... – Marina lança um olhar inseguro para Flavinha, que responde com um aceno positivo de cabeça - Eu ODEIO isso! - resmunga.
- Ué,isso o que Marina?
- Essa insegurança que só ela me faz sentir - responde para, em seguida, sobir as escadas que vão para o escritório do estúdio contrariada.
***
Marina mal se sentou na poltrona do escritório e se apressou em inventar algum serviço que mantivesse Vanessa ocupada na rua com Gisele o dia todo. Não queria a amiga por perto, questionando acidamente o que havia acontecido com Clara quando ela mesma não tinha essa resposta.
Passou o dia trancada ali, o que acabou sendo bastante produtivo. Na tentativa de não enlouquecer criando hipóteses malucas sobre o que se passava na complicada cabeça de Clara, decidiu investir num velho projeto - que por qualquer razão estava engavetado. Entrou em contato com alguns patrocinadores habituais e teve respostas mais promissoras do que esperava. Chegou a ficar empolgada – na medida do possível.
Todavia, com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais complicado ignorar o comportamento arredio de Clara. Principalmente quando lhe vinha repetitivamente à memória a lembrança do dia anterior: as duas sentadas no sofá descontraídas, sorrindo e conversando trivialidades de mãos dadas. A verdade é que, involuntariamente, estavam ficando a cada dia mais próximas e já não era possível disfarçar a afinidade, nem a forte ligação que existia entre elas.
Se perguntava por que Clara rejeitara seu toque, tão rotineiro na relação das duas. Essas pequenas demonstrações de afeto sempre aconteceram com tanta frequência e naturalidade... Isso não entrava em sua cabeça.
No fim da tarde, Vanessa ligou perguntando a Marina se precisava de mais alguma coisa. Queria aproveitar o resto do dia no shopping com Gisele, talvez ir ao cinema. Convidou a chefe para acompanhá-las. A fotógrafa agradeceu o convite, mas concordou prontamente com o passeio. Quanto mais tarde Van chegasse, mais fácil escapar dela – que certamente notaria sua inquietude.
Pouco depois, Flavinha abriu a porta.
- Eu já estou indo embora, mas achei que devia passar aqui para checar se está tudo bem com você. Não pensei que ia conseguir se segurar tanto tempo, sem descer.
- Ah, Flavinha... Eu tô afogando as mágoas em trabalho – respondeu Marina com um sorriso triste.
- E você conseguiu resolver alguma coisa hoje? – perguntou a assistente curiosa.
- Surpreendentemente sim. Tenho boas notícias e tô muito otimista... Mas conto direitinho pra vocês amanhã. Hoje foi um dia difícil – disse cansada se esparramando na poltrona – E a Clara? Como tá? Ela disse alguma coisa?
- Tenho certeza que aconteceu alguma coisa pra deixar ela assim. Ela está distante, triste... Tensa, sabe? E ela perguntou por você.
- O que você disse?
- Que tirou o dia para resolver uns problemas burocráticos. Mas ela não é boba, né Marina?
- E ela já foi embora?
- Ainda não. Deve ir agora, comigo... Vai tentar conversar com ela?
Marina respirou fundo.
- Não - disse para a sua própria surpresa - Vou fazer um esforço sobre humano e dar mais um tempinho aqui... Segurar a vontade louca de descer e perguntar o que está acontecendo... Tô tentando controlar essa minha veia impulsiva... Eu sei que quando sigo o instinto sem pensar acabo fazendo besteira... Ai, Flavinha... foi tão difícil construir essa cumplicidade com ela... Não quero jogar tudo pro alto, assustar a Clara e dar motivo pra ela fugir de mim. Tá difícil esperar, mas vamos ver como vai ser amanhã... Acho que é melhor...
- Acredito que você está tomando a decisão certa, Marina. Deixa ela esfriar a cabeça... Nunca vi a Clara desse jeito...
A fotógrafa concordou com a cabeça. Flavinha se despediu com um beijinho em sua testa – “se cuida” – e saiu pela porta.
Autor(a): fanficclarina
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