Fanfics Brasil - 2 - Prólogo para grandes mudanças A história de um recomeço

Fanfic: A história de um recomeço


Capítulo: 2 - Prólogo para grandes mudanças

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Passada meia hora de luta constante contra a vontade quase insuportável de ligar para Clara, Marina suspirou e pensou consigo “não vá colocar tudo a perder agora, já aguentou a tarde toda”. Lembrou que não comia nada desde o almoço e decidiu ir para casa, fazer um lanche, tomar um longo banho e dormir.


“O que não tem remédio, remediado está.”


Entretanto, para sua surpresa, quando desceu as escadas do estúdio se deparou com Clara organizando uma pilha de fotos.


- Clarinha, o que você ainda tá fazendo aqui? – perguntou baixinho.


- Estava envolvida com isso e acabei perdendo a hora – respondeu uma Clara abatida apontado para a mesa abarrotada de material. Fez uma pausa.  – Na verdade, acho que estou fugindo... Não quero voltar pra casa – desabafou fitando o chão.


- Não estou entendendo... – disse Marina confusa – Mais cedo pensei que era de mim que você estava fugindo! Mal cheguei perto e você ficou acuada, com o olhar amedrontado que nem um bichinho ferido – disparou a fotógrafa.


Clara levantou o olhar fazendo um tremendo esforço.


- Eu acho que estou fugindo de mim – confidenciou com os olhos marejados – dessa bagunça que virou a minha vida, a minha cabeça...


Marina a observava sem compreender o que estava acontecendo e nenhuma pista de como deveria reagir.


- Acho que o meu casamento acabou – disse Clara num tom firme. As lágrimas correndo em seu rosto.


Marina se aproximou receosa de uma nova rejeição e segurou delicadamente o braço de Clara, ao que a amiga respondeu com um abraço desesperado por conforto.


- Vai ficar tudo bem – sussurrou Marina – Se acalma... Se acalma que a gente vai conversar... Você vai me contar o que está acontecendo...


Depois de alguns minutos abraçadas, o choro silencioso de Clara cessou. Marina se desvencilhou dela devagar e acariciou sua face carinhosamente.


- Clarinha, senta aqui – disse indicando o sofá – Eu vou buscar uma água pra você.


A fotógrafa voltou em questão de segundos, estendeu-lhe o copo e se acomodou no chão, perto dela, abraçando os joelhos.


- Você quer me contar o que aconteceu? – perguntou docilmente, compenetrada como se nada no mundo tivesse mais importância do que aquela conversa.


- Na verdade não tem muita coisa pra ser dita – Clara deu de ombros ainda emotiva – Ontem à noite eu e o Cadu tivemos outra briga pavorosa, com direito à maior gritaria... O Ivan, tadinho, ouviu tudo... ficou assustado, sabe? Começou a chorar... Num estado de dar pena... É muito, muito difícil ver um filho chateado desse jeito Marina! Ele tava tão triste, decepcionado com a gente... Eu fiquei arrasada! – ela secou uma lágrima teimosa – Aí a discussão ficou suspensa, pra acudir o bichinho... O Cadu também acabou péssimo! Fiquei com medo dele ter um troço... – ela fez uma pausa – O Ivan demorou à beça pra dormir, mas isso acabou sendo bom, porque a gente se acalmou um pouco... - ela deu um longo suspiro - Aí eu e o Cadu sentamos na sala e foi a conversa mais difícil da minha vida...


 


***


Clara e Cadu estavam assentados no sofá da sala, distantes um do outro e não arriscavam se olhar.


- Eu não quero que meu filho tenha que passar por isso de novo – disse Cadu quebrando o silêncio, seu olhar perdido no teto.


- Eu também não quero... – respondeu Clara derrotada – Nem ele, nem nós... Eu tô aqui, lembrando o que a gente teve coragem de dizer um pro outro, e quer saber, Cadu? Eu tô envergonhada! Envergonhada por nós dois... Meu Deus, como nós deixamos as coisas chegarem nesse ponto? – disse Clara consternada, às lágrimas - Aquilo foi um tremendo desrespeito e não foi só com o Ivan. Foi entre a gente... – Cadu também estava chorando.


- E agora? Como a gente faz pra resolver isso? – perguntou descrente.


- Agora... - começou a esposa pensativa - Agora tá na hora de tomar a decisão que a gente tá empurrando todo esse tempo... – o tom de amargura impregnado em cada palavra.


- Clara, por favor, não desiste da gente... Eu amo você! – interrompeu Cadu desesperado, com uma sinceridade dolorosa.


Agora olhavam nos olhos um do outro.


- Eu também te amo – respondeu Clara pausadamente, segurando a mão do Marido com carinho – Por isso que é tão difícil... Por isso que nós estamos insistindo tanto, mesmo sabendo que não adianta mais... – ela prosseguiu tentando conter o choro inutilmente.


O marido se levantou e começou a andar agitado pela sala:


- Clara, a gente se ama, não tem porque dar errado. Isso é só uma fase... Você mesma já disse isso! Vamos tentar mais uma vez?


- A troco de quê Cadu? – ela se aproximou dele – Tá na hora de encarar a realidade: amor não é suficiente pra sustentar uma relação! - decretou com firmeza e tomou fôlego - Também é preciso admiração... respeito! Tudo o que aconteceu agora há pouco, só prova que a gente tá perdendo isso... Existe aquele ditado... a palavra dita, não tem retorno, não é isso? A gente pode fingir que esqueceu, mas todas essas ofensas, os gritos, vão ficar marcados pra sempre... Se a gente insistir, pode continuar levando mais um tempo... Só que o preço é muito alto, meu amor! O que tá em jogo é o bem estar do nosso filho... A sua saúde, que tá se desgastando todos os dias com essas brigas intermináveis... Mas, principalmente, o amor; a nossa amizade, o carinho imenso que a gente tem pelo outro... Se não dá pra levar o casamento adiante, paciência... Outra coisa é chegar numa situação de ficar com raiva. O convívio ficar insuportável... Eu não quero isso pra gente! – ela abraçou o marido aos soluços e sussurrou – Cadu, você me fez a mulher mais feliz do mundo por muitos anos... Você me deu um filho, nosso filho, que é um vínculo eterno entre a gente! Eu amo você. Amo! Muito. Te desejo toda a felicidade do mundo! Quero que você realize todos os seus sonhos, e quero estar aqui, torcendo por você... É por isso que a gente tem que se separar.


Por fim, deitaram-se na cama de mãos dadas, compartilhando a dor que sempre vem com o fim de um casamento que um dia foi feliz.


- Clara, você acha que se ela não tivesse aparecido, as coisas poderiam ter sido diferentes? – perguntou Cadu exausto, sem rancor.


- Eu não sei... – respondeu Clara com toda a sinceridade – Mas isso já não importa.


Permaneceram em silêncio pelo resto da noite. Nenhum dos dois conseguiu dormir.


 


***


Marina escutou ao relato incrédula. Um turbilhão de emoções comprometia sua capacidade de pensar.


- Mas e aí, Clarinha? O que aconteceu?


- Hoje de manhã foi tudo muito estranho... Sabe quando parece que você tá assistindo um filme? Que aquilo não tá acontecendo de verdade? – a fotógrafa fez que sim – Acho que ainda não caiu a ficha... A gente não brigou, nem nada, mas o clima estava pesado... Um tratamento frio, cordial que não tem nada a ver com o que foi nossa relação... O Cadu levou o Ivan pra escola e eu liguei pra mãe de um amiguinho dele. Pedi pra ele dormir na casa dela... É melhor... Assim fica distraído até as coisas se acalmarem... Depois nós fomos pra casa da Helena, contar pra todo mundo. Como o Cadu tá doente, ninguém quer que ele saia do prédio por enquanto. Minha família inteira mora lá, enfim, sempre tem alguém pra socorrer ele, se precisar... Hoje vai dormir no flat do Nando, porque eles tinham mesmo que resolver umas coisas do bistrô, mas a partir de amanhã ele vai ficar no nosso apartamento e eu vou subir pra casa da minha mãe.


- E como você está se sentindo? – perguntou Marina deixando sua mão repousar sobre a dela.


- Tão bem quanto qualquer pessoa que foi atropelada por um trem – respondeu Clara com um sorriso triste.


- Eu imagino – respondeu a fotógrafa séria – o fim de um relacionamento é sempre triste, difícil. Principalmente depois de tanto tempo e quando ainda existe amor... Você não precisava vir trabalhar hoje!


- Eu sei... Eu sei... Mas eu quis sair de casa... Ocupar a cabeça com outras coisas. Eu não tô em condições de lidar com aquele clima, com as perguntas da minha família... Com o olhar triste do Cadu.


Silêncio.


- Marina, desculpa pelo jeito como eu te tratei mais cedo...


- Clara, isso tudo acontecendo na sua vida e você preocupada com isso?! – protesta a fotógrafa já de pé com os braços cruzados.


- É sério Marina, me deixa explicar...


- Não precisa!


- Mas eu quero. Por favor? – insiste Clara se levantando.


Marina se vê vencida.


- Fala, flor! – responde achando graça - Depois desse dia difícil quem sou eu pra te contrariar?


- Você sabe que, de alguma maneira, minha separação tem a ver com você, não sabe? – dispara Clara sem rodeios, com medo de perder a coragem.


Marina a encarava perplexa, o coração pulando no peito e as pernas bambas.


 



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Autor(a): fanficclarina

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Comentários do Capítulo:

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  • missweb Postado em 28/04/2014 - 08:39:18

    Dai, não posta mais?..


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