Fanfic: A história de um recomeço

NOTA: Na noite anterior, Marina levou Clara para casa depois de trabalharem até tarde no estúdio. Quando se despediam, Clara deu um selinho na fotógrafa (que ficou pasma) e desceu do carro. Clara passou toda a tarde do dia seguinte evitando Marina.

Marina optou por não questionar de pronto o comportamento evasivo de Clara. A princípio ficou um pouco frustrada, entretanto concluiu que a perspectiva da assistente sobre aquela situação poderia ser completamente diferente da sua. Marina nunca se apaixonara por alguém do sexo oposto na vida. Foram as mulheres que sempre lhe fascinaram. Já para Clara era tudo novidade. Isso sem levar em consideração a presença de Van no estúdio que, ela sabia, intimidava.

Clara e Vanessa passaram o dia fazendo ligações numa salinha, onde o barulho era menor. No fim da tarde Flavinha apareceu.

- E ai gente? Tá dando certo?

- Minha orelha já tá queimando de ficar pendurada no telefone! – disparou a ruiva – Mas tá melhor que encomenda! Se continuarem confirmando assim, vamos ter que transferir a exposição pra um lugar maior.

- Que bom, a Marina vai ficar satisfeita – respondeu Flavinha, já emendando – Van, você vai querer mesmo a carona? Já tô indo!

- Vou, vou sim! Só tenho que entregar isso pra ela – disse a ruiva se levantando.

- Ela acabou de subir para o escritório.

- lh! Clara, você pode entregar pra mim, então? Pra não atrasar a Flavinha?

- Eu?! – perguntou aturdida ante os olhares confusos das colegas de trabalho.

Na falta de uma justificativa descente respondeu: “Posso... posso sim!”

***

Quando Clara entrou no escritório suava frio.

- Marina, a Vanessa saiu com a Flavinha e pediu pra eu te entregar essa lista... – disse tentando disfarçar o nervosismo - São os artistas confirmados e as datas de disponibilidade, pra gente poder montar o cronograma.

A fotógrafa, que a observava com um olhar malicioso, caiu na risada.

- Muito bonito isso, viu Clarinha?! Mas agora você não me escapa... – disparou em tom de brincadeira, ao que a assistente corou – Foi só minha impressão ou alguém estava tão determinada a me evitar hoje que grudou nos calcanhares da Vanessa? Golpe baixo, isso aí!

As duas começaram a rir compulsivamente e Clara, sem graça, escondeu o rosto com as mãos.

- Você está certa. Eu estava te evitando, pronto, falei! – disparou desarmada, entrando na brincadeira – Me diz por que eu vou tentar mentir pra você quando nós duas sabemos que não consigo? – dá de ombros - Eu sou uma tragédia mentindo! Já me conformei...

- E eu posso saber por que você estava fugindo? – questionou a fotógrafa com aquele olhar intenso que fazia Clara gelar.

- Você sabe... - respondeu desconsertada, fugindo dos olhos de Marina.

- Ah, lembrei! – recomeçou a fotógrafa numa ironia divertida – Deve ser porque ontem à noite a senhorita me roubou um beijo, além de uma noite de sono, e depois nem deu satisfação: telefonema, mensagem, e-mail... nadica de nada! Que indelicado... Foi-se mesmo o tempo dos românticos... – suspirou fazendo teatro.

Clara riu.

- É, pegou mal né? – concordou a dona de casa relaxando – Tô parecendo um adolescente conquistador... Daqueles que beija a mocinha e depois some porque não sabe o que fazer, sabe? Mas dá um desconto, vai... Você sabe que eu ainda estou aprendendo a lidar com isso...

Marina ficou pensativa.

- Agora sério Clarinha, como você sentiu depois de ontem? Se arrependeu? Pirou? – perguntou preocupada, dando fim ao tom descontraído da conversa.

Para sua surpresa e alívio, Clara abriu um enorme sorriso.

- Eu... eu me senti uma menininha que tinha acabado de dar o primeiro beijo... Parece bobo, mas é verdade – disse envergonhada – Quando entrei no prédio, meu coração parecia que ia sair pela boca... Sabe Marina, eu tô começando a enxergar que isso que eu sinto por você é amor. Isso assusta... – confidenciou aos solavancos.

Marina se levantou em silêncio e ligou o som do escritório:

- Vem aqui – disse baixinho estendendo-lhe a mão.

“Something always brings me back to you/ It never takes too long”

Elas deram um abraço emocionado, ambas com os olhos marejados, e começaram a dançar de olhos fechados.

“No matter what I say or do/I`ll still feel you here/`til the moment I`m gone”

Clara acariciou os cabelos de Marina, que repousou a cabeça em seu ombro.

 “You hold me without touch/ You keep me without chains/”

 A fotógrafa beijou gentilmente o pescoço de Clara que sentiu o corpo inteiro arrepiar.

“I never wanted anything so much /than to drown in your love/ and not feel your rain”

 Se deixando levar pelo momento, a assistente retribuiu o gesto de carinho.

“Set me free, leave me be/ I don`t want to fall another moment into your gravity”

Marina deu uma série de beijinhos suaves em seu ombro, passando por seu pescoço e seu rosto. Finalmente, acariciou os lábios de Clara com os dedos antes de beijar-lhe a boca.

“Here I am and I stand so tall/ just the way I`m supposed to be/ But you`re on to me and all over me”

***

P.S.: se alguem tiver interesse, esse é o link da música http://www.youtube.com/watch?v=wZkP0FqvVOA