Fanfic: Até que a morte nos separe ... (AyA)

A cada dia que passa esse emprego vai ficando cada vez mais chato, quando nós não conversamos e assim não brigamos; e ao mesmo tempo divertido, essa parte é quando sai as brigas, o que é mais comum. Não posso negar que ela tira sorrisos de mim a cada briga. É sempre muito bom vê-la nervosa. Ela fica toda emburradinha e isso a deixa parecendo uma criança. Não temos saído muito, mas quando saímos vamos sempre para algum barzinho com Dulce, Christopher, Maite e Guido. Acho que eles gostam de mim e dão gargalhadas quando nós dois brigamos. Depois que começamos a morar juntos, descobri algumas das suas manias, como por exemplo, que ela se empanturra de sorvete quando está com insônia, que ela só consegue dormir se for abraçada com um urso que ganhou quando criança de sua mãe. Odeia qualquer tipo de verdura e adora comer porcarias e mesmo assim não engorda. Não posso deixar de frisar o quanto é desastrada e parece que adora cair no meio da rua pra passar vergonha na frente dos outros. E que ela morre de raiva da vizinha de cima porque às vezes liga o rádio no último volume de madrugada e a acorda.
Um dia desses a louca pegou uma faca para me apunhalar por causa da vizinha de cima. Por um segundo acreditei que ela iria mesmo me esfaquear e se eu não morresse por ela, com certeza morreria por meus patrões, já que a tarefa de matar aqui é minha e não dela.

Acordei de repente. Olhei no relógio do celular e vi que ainda eram 3 da manhã. Levantei e fui até a cozinha beber água. Cheguei lá e me deparei com Anahí quase engolindo um pote de sorvete, sentada na mesa da cozinha.

Alfonso: Que diabos faz aqui? – perguntei sonolento.

Ela me olhou e deu um grito, colocando as mãos sobre a boca.

Anahí: Seu idiota! – ela disse virando de costas.
Alfonso: Vem cá, o que eu fiz agora? – perguntei me aproximando. Acho que ela ficou louca de vez.
Anahí: Você ainda pergunta? – ela disse nervosa.
Alfonso: Anahí, a cada dia que passa você fica mais surtada, sabia?
Anahí: Dá para colocar alguma coisa pra cobrir essa cuequinha branca, querido? – ela disse com as mãos na cintura, ainda de costas.

E só assim pude perceber que estava só de cueca na frente dela. Corri para meu quarto meio envergonhado, vesti uma bermuda preta, e então voltei para cozinha.
Quando pisei lá, levei um puta susto com um barulho vindo do apartamento de cima.

Anahí: Ah, só era o que me faltava! – ela reclamou.
Alfonso: Vem cá, o que é isso hein? – perguntei sem entender.
Anahí: Isso é a doida do apartamento de cima, que faz as festinhas dela quando fica bêbada e liga o rádio de madrugada! – ela disse indo até ao interfone que ficava na sala.
Alfonso: O que vai fazer? – perguntei sem entender.
Anahí: Como o que eu vou fazer? – ela disse pegando o interfone – Vou interfonar no apartamento da mal comida da síndica para avisar a baixaria que esse prédio ta virando!
Alfonso: Então não é a primeira vez que isso acontece? – pelo jeito essa vizinha consegue ser mais chata que a própria Anahí.
Anahí: Não! É só ela ficar bêbada lá em cima que ela coloca essas músicas doidas pra acordar todo mundo.
Alfonso: E ninguém reclama?
Anahí: Todo mundo já cansou de reclamar e a síndica nunca faz nada, até porque a idiota de cima, é sobrinha dela.

Não pude deixar de rir da cara que a Anahí fazia a cada toque do interfone.

Anahí: Vem cá, dona Arlete, a senhora não tem ouvidos não? Porque pelo amor de Deus, sua sobrinha um dia ainda vai deixar alguém desse prédio surdo! Que merda! Faz favor de ir lá no apartamento dela, porque com toda certeza deve estar num porre só e... – ela parou para ouvir o que a síndica dizia – O que? – ela gritou mais alto que a música – Não vai fazer nada? Puta que pario, vou deixar claro que na próxima eleição de síndico do condomínio ninguém vai votar na senhora e eu mesma vou fazer campanha para isso [...] Ah é? Então se a senhora não resolve, eu mesma vou resolver!

Ela colocou o interfone no gancho e... Meu Deus, o que essa doida vai fazer? Ela abriu a porta e saiu. Chamou o elevador, mas não esperou. Foi até as escadas e começou a subir. E claro, eu fui atrás.

Alfonso: Anahí... – eu dizia subindo as escadas atrás dela – Anahí você não vai na casa da mulher para... – ela nem dava bola para mim e continuava subindo – Anahí...

Ela chegou no andar e começou a socar a porta da vizinha. Como ela não atendeu, começou a chutá-la e eu me divertia e ao mesmo tempo já estava ficando surdo com o barulho. De repente abriram a porta e de dentro do apartamento saiu uma loira baixa, com coxas grossas, seios fartos e completamente nua.

- O que quer? – ela disse se enrolando na própria frase.
Anahí: Eu sabia que você estava bêbada, Fuzz! – ela disse nervosa.
Fuzz: Não estou bêbada! – a garota que devia ter um pouco mais de 20 anos, ria sem motivo.
Anahí: Que caramba garota! Dá pra desligar essa porcaria e deixar agente dormir?
Fuzz: Hum Annie, quem é esse seu amiguinho? – ela disse olhando para mim e vindo na minha direção.
Anahí: Ah não, só era o que me faltava! – ela resmungou.

Fuzz, que estava totalmente sem roupa, enrolou seus braços na minha cintura e veio para cima de mim, me beijar. Bêbada e gostosa, era tudo o que eu estava precisando. Não consegui não retribuir o beijo, e logo senti o gosto de álcool.

Fuzz: Vem gatinho, vem aproveitar minha festinha comigo. – ela disse me puxando em direção ao apartamento.

Espera um pouco! Cadê a Anahí? Caramba, ela não está mais aqui. Entrei com Fuzz em seu apartamento, ela me puxou para o sofá, mas lá deixei ela e corri para o apartamento de baixo, pedindo a Deus que Anahí estivesse lá, se não perderia meu emprego.

[Mulher de fases – Raimundos – http://www.youtube.com/watch?v=9mIwlGmc-wg&feature=related (seria a música que começou a tocar no apartamento de Fuzz, ou seja, a música da cena a seguir)]

Cheguei no apartamento e vi Anahí mais louca que a vizinha de cima. Se não fosse trágico, seria cômico. Ela simplesmente estava tirando todas minhas roupas do guarda roupa e jogando no chão da sala.

Alfonso: O que pensa que está fazendo? Vou ter que chamar o sanatório? – perguntei nervoso, enquanto ela continuava a jogar minhas roupas no chão.
Anahí: A partir de hoje você não mora mais aqui! – ela gritava e eu ria quando escutei as primeiras frases da música – Ta rindo de que idiota? Eu não sou palhaça pra você rir de mim!
Alfonso: “Ela é "pró" na arte de pentelhar, e aziar é campeã do mundo”. – eu cantava junto com a música, me referindo à ela.

Anahí ficou mais nervosa ainda comigo, por estar cantando para ela e começou a jogar todas minhas coisas no chão. Eram roupas, edredom, lençol, abajur, telefone, relógio. Tudo ela ia tacando no chão sem dó nenhuma. Azar o dela, pois tirando as roupas, todo o resto pertencia à casa dela. A boba mesma estava jogando o seu dinheiro no chão, quer dizer, o dinheiro do pai. E continuei a cantar com a música, outra parte que se encaixa perfeitamente à ela.

Alfonso: “Complicada e perfeitinha, você me apareceu. Era tudo que eu queria...”. – eu dava gargalhadas da cara que ela fazia e completei com o final do refrão, gritando e pulando, olhando para ela – “Mulher de fases!”.

Ela parou de jogar todas aquelas coisas no chão e veio para cima de mim. Corri dela em volta da poltrona da sala e ela parou na minha frente.

Anahí: Você... vai... se arrepender... – ela falava pausando enquanto apontava o dedo indicador na minha direção – de ter... CRUZADO O MEU CAMINHO!!!

Ela veio em minha direção correndo feito uma criança e eu gritei rindo, conforme a música.

Alfonso: “...se agüente, que lá vem chumbo quente!”

Ela pulou em cima das minhas costas, enlaçou as pernas na minha cintura e fincou a unha no meu pescoço. Eu dei um grito, mas a seguir dava gargalhadas com ela em cima de mim, não sabendo se segurava nos meus ombros ou se me batia.
Ela desceu e foi até a cozinha e voltou correndo com uma faca na mão. Primeiramente eu ri, mas depois vi que ela estava mesmo com a intenção de me machucar. Peguei uma almofada do sofá e coloquei na frente de meu rosto. Ela esfaqueava a almofada, tirando as espumas.

Anahí: Se eu tivesse o mínimo de coragem, eu juro que te matava! – ela disse com a faca na mão, respirando fundo.
Alfonso: Me dá isso aqui o – comecei a cantar novamente com o final da música que era de um ritmo mais lento, enquanto tirava devagar a faca da sua mão – “complicada e perfeitinha, você me apareceu, era tudo que eu queria, estrela da sorte...”

Pra minha surpresa ela deu um sorriso e começou a chorar em seguida, caindo sentada no chão.

Alfonso: Anahí, vou falar pro seu pai que você precisa de um psicólogo urgente. – eu ri.
Anahí: Idiota! – ela resmungou.
Alfonso: Agora posso saber o porque dessa zona toda? – perguntei sentando ao seu lado.
Anahí: Por que você tinha que beijar aquela imbecil? – ah, agora que eu entendi o porque dessa loucura toda.
Alfonso: Você está com ciúmes? – dessa vez perguntei sério, não foi para zoar. Ta vai, foi pra zoar um pouquinho.
Anahí: Ciúmes? – ela limpava as lágrimas – Me poupe! Só fiquei com raiva, porque ela sempre me tira do sério e quando eu vi que você estava beijando ela, ao invés de dar razão para mim, que era a certa na historia, eu...
Alfonso: Ta, já entendi! Eu desconfiei mesmo que fosse isso. Mas pelo menos ela desligou a música.

Ela sorriu para mim e se levantou do chão.

Alfonso: E por que está chorando? – levantei ficando do seu lado.
Anahí: Eu choro quando fico nervosa. – ela riu, ficando vermelha – É, realmente, eu surtei. – ela olhava o apartamento cheio de coisas no chão.
Alfonso: Pode deixar que eu arrumo. – eu disse sorrindo – Pra me desculpar do beijo que te deixou com ciúmes!
Anahí: Eu deveria ter usado essa faca em você! – ela disse escondendo o sorriso e indo em direção ao seu quarto.

Fui arrumar a bagunça que estava no apartamento, afinal, com essa loucura toda, perdi o sono de vez.