Fanfic: WEB`S Portiñón | Tema: Portiñón
Descrição: Talvez cada um de nós só precisa mexer um pouco na rotina e reparar mais
nas pessoas a nossa volta. Deixe os acasos te levarem pra pessoa certa.
Gênero: Romance
Classificação: Livre
Adaptada para AyD
ANAHÍ
Pela primeira vez naquela semana acordara cedo, estava feliz com o feito. Ainda incrédula, olhou o relógio digital na cabeceira da cama e este marcava 06h15min. Seguiu em direção ao banheiro e tomou um banho demorado, vestiu sua habitual roupa de trabalho e comeu a primeira fruta que achou na sua frente. Deu risada sozinha do costume que tinha de fazer tudo muito rápido, por estar sempre atrasada.
Resolveu sair de casa assim que se julgou totalmente pronta. Vestia uma calça
social preta e a camisa branca com o emblema da empresa que trabalhava.
Seria um dia cansativo e, mesmo estando alegre
por ter a certeza – ou quase – de que chegaria e não teria que ouvir sermão de
ninguém de seu setor, abateu sobre Anahí uma tristeza repentina por não ver mais sentido naquilo tudo.
Queria sentir a mesma calma de antes, quando sentia o vento bagunçar seus
cabelos soltos ou mesmo sentir o sol em seus braços e sorrir a toa. Como
queria que tudo voltasse a ser como antes...
Assim que chegou à empresa, viu seus colegas e
amigos reunidos em uma roda que foi desfeita com a recém chegada do chefe de
seção. Olhou desconfiada para todos eles, mas seguiu para sua mesa.
Tanto quanto havia imaginado, ou mais que isso,
o dia havia lhe cansado. Não pareciam ter sido seis horas naquela sala, mas sim
dezesseis. Despediu-se dos amigos e, em menos de cinco minutos, estava no
ônibus que a levaria para seu lar; mais uma vez naquele dia, sentiu-se estranha
por estar sozinha, como se já não fosse habitual. Balançou a cabeça e colocou
os fones no ouvido para afastar pensamentos sem importância. Notou um garoto
alto a olhando com o sorriso debochado nos lábios, imaginou ser pela enorme
mancha laranja em sua camisa – que estava ali por culpa de sua aptidão para
desastres. Rolou os olhos e não se incomodou quando o viu comentar com os
amigos algo que provavelmente dizia respeito a ela.
Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos,
chegou em casa no horário costumeiro.
Lavou as mãos e foi preparar algo pra comer.
Enquanto o fogo aquecia sua comida, que naquela noite fora apenas um macarrão
instantâneo, foi trocar de roupa. Vestiu o mesmo pijama de sempre: azul claro
com pontinhos brancos. Revirou os olhos pro estado daquela roupa, um buraco bem
feio na altura do cotovelo. Andava
tão desleixada...
Depois de comer o que, com carinho, chamava de
gororoba, foi tomar um banho. A água quente batia no corpo com delicadeza,
talvez o chuveiro fosse a única coisa que funcionasse decentemente no cenário
deplorável que era seu apartamento.
Ainda com muita dó, girou a válvula depois de
cinquenta minutos debaixo do chuveiro. Saiu enrolada em uma toalha e voltou a
colocar o pijama rasgado. Deitou-se, ou jogou-se, na cama e puxou as cobertas
para cima de si. Foi realmente naquela noite sua única preocupação, já que se
esqueceu até de colocar comida para o gato de estimação e deixou-o olhando para
o pote vermelho e vazio a sua frente.
Dormiu e, diferentemente dos outros dias,
relaxou na cama, talvez fosse o cansaço, talvez o frio, mas realmente dormiu
bem.
Por algum tipo de magia, e provavelmente magia negra, havia acordado tarde naquele dia. Pela quinquagésima vez, estava olhando no relógio. Não acreditava que era mais de 07h00min. Tinha que estar na faculdade em exatos quinze minutos e, sabia que, naquela altura, o feito era totalmente impossível.
Não estava acostumado a fazer tudo tão rápido,
mas conseguiu, em questão de poucos minutos, fazer a higiene matinal, escolher
uma roupa decente e comer a primeira fruta que encontrou.
Saiu de casa quase se esquecendo do essencial: o
material para as aulas. O vestuário era uma camisa azul com algum escrito em
branco, a calça era um jeans de lavagem escura e nos pés havia um all star preto.
Por sorte, o ônibus não demorou a chegar e em
alguns longos minutos, a mulher estava entrando na sala sob o olhar revoltado
do professor de história da arte. Ao contrário do que cada pessoa disposta em
fileiras exatamente iguais na sala de aula queria, o horário pareceu se
arrastar e as horas dentro do centro acadêmico pareceram dias. Após o abençoado
intervalo, vieram mais algumas horas e lá estavam os jovens e adultos saindo
apressados para suas casas, ou seus empregos, como era o caso de Dul que se despedia dos amigos com certa pressa.
O tempo no trabalho, apesar de lento, fluiu bem
e sem as confusões que ultimamente eram frequentes.
A noite mal dormida lhe causou um sono anormal
durante o período em que esteve fora de casa; e já no ponto de ônibus, estava
dando graças a Deus por estar sozinha e rezando para que a condução que a
levaria para seu lar, estivesse vazia. Precisava de um tempo, sozinha... Sozinha
e sentada.
Sorriu ao ver, mesmo que longe, o veículo que
esperava. Mas, aos poucos, de acordo com sua aproximação, viu chegar ao seu
lado um grupo de amigos do serviço.
“Saiu correndo”, “Não custava esperar”. Essas e outras frases entravam em seus ouvidos, fazendo com que rolasse os olhos com descaso. Seus planos de ficar sozinha rolaram ladeira abaixo, só restava continuar a torcer para que ao menos conseguisse se sentar. Mais uma desilusão...
Após se sentar por duas vezes e ter que levantar para dar o lugar a um idoso, resolveu desistir de descansar as pernas e permaneceu em pé, apenas puxando os fones de ouvido da mochila e colocando no ouvido. Não deu atenção e nem se importou quando os amigos reclamaram da falta de consideração.
Mais tarde, ao longo da viagem do trabalho para a casa, deu-se conta de um dos garotos ao seu lado lhe falar algo referente a uma garota que estava toda suja no ônibus. Mais uma vez ignorou. Aquilo sequer a dizia respeito. Minutos depois, sentiu algo cutucando sua barriga e percebeu ser o braço de um dos amigos, olhou para ele irritada e seguiu a direção que este olhava, só podia ser a tal garota, mas não deu a importância que o outro esperava e voltou a se concentrar na música.
Parecendo que dali para frente era uma outra cidade, lá estava Dulce olhando o enorme engarrafamento que se formava. O que lhe causou um cansaço ainda maior; chegou ao apartamento bem mais tarde que o costume. O porteiro do prédio já havia trocado seu turno e quem estava lá era o velho rabugento (palavras de Dul), que lhe encarava com ódio por algum motivo desconhecido.
Subiu para seu andar e, assim que entrou em seu tão esperado lar, jogou-se no sofá, se preocupando apenas em colocar a comida do cachorro e em tomar um banho rápido. Não viu as horas passarem, só notou que os programas da madrugada iam ficando mais e mais chatos e logo se deixou levar pelo sono.
ANAHÍ
Enfim tinha voltado ao normal, estava atrasada. Como
de costume, pegou a primeira fruta que viu e saiu comendo assim que terminara
de tomar o habitual banho ultra sônico (palavras de Anahí). O dia no serviço foi a mesma coisa, apenas pareceu, mais uma
vez, mais longo que o normal. A condução estava o mesmo caos e hoje o trânsito
também não colaborava. Perguntou-se, em silêncio, o porquê daquela quantidade
exagerada de carros na rua e chegou a conclusão de que era esse o resultado de
morar na maior metrópole do país e estar a véspera de um feriado prolongado.
Rolou os olhos e, pela primeira vez, reparou nas pessoas que estavam no ônibus;
na catraca, passava uma mulher segurando a mão de uma criança, que deduziu ser
sua filha. Mais atrás, um jovem alto de cabelos desgrenhados e aparência
cansada. Percebendo que suas observações não tinham fundamento, colocou os
fones de ouvido e deu atenção apenas à voz de seu cantor preferido.
DULCE
Como nos outros dias
de sua agitada vida, tinha acordado na hora certa, nem tarde, nem cedo. Era o horário
perfeito. Deu tempo de demorar o quanto pode embaixo do chuveiro e, ainda
assim, tomar um café da manhã reforçado.
Não pelo fato de estar adiantada, mas pareceu
ficar horas na sala de aula. E o serviço? Fora horrível, os segundos se
arrastaram e pareceram minutos, enquanto os minutos e as horas seguiram a mesma lógica. Como era de se esperar, estava rodeada de amigos no momento em que subiu para o ônibus, mas ao contrário dos outros dias, havia lugar para se
sentar, não muitos, mas havia. A mulher com uma criança sentou-se no banco
próximo à porta, colocando o filho ao seu lado. Ainda restava um lugar no fim
do ônibus e ignorando a presença dos amigos, seguiu pra lá e puxando o celular
do bolso sentou-se ali. A garota a sua direita estava entretida demais com os
fones de ouvido e com a paisagem poluída do lado de fora, que sequer notou a presença da moça. Dul olhou o aparelho em sua mão e
notou que estava sem bateria, o que acabou, subitamente, com seu desejo de
ouvir música. Rolou os olhos e acabou bufando alto, assustando a menina ao seu
lado. Esta a olhou e, quando ia virar, ouviu a voz cansada da jovem.
- Desculpe... – E um sorriso sem graça.
Tudo bem – sorriu em resposta.
- Vai viajar também? – Dulce tentou puxar
assunto, enquanto “admirava” a janela do ônibus.
Depois de poucos segundos, a menina pareceu
entender o porquê da pergunta e respondeu mostrando seu descaso em sair de
casa.
- Definitivamente não, e você? – imitou a pergunta
apenas por educação e viu a menina balançar a cabeça negativamente.
Sem um motivo aparente, elas continuaram a
conversa desinteressante, e logo estavam rindo juntas, sem
se importar com os olhares que lhes eram lançados.
...
De repente, como uma espécie de milagre, a
rotina tinha mudado. Todos os dias, depois do trabalho, lá estavam as duas em
um telefonema extenso que, por vezes, chegava às 03h00min da madrugada, falando o quão cansativo fora o dia e a saudade que sentiam um do outro.
Alguns acreditam em Deus, outros em amor à
primeira vista, poucos nas duas opções simultaneamente. Nem elas mesmos podiam
explicar o que lhes havia acontecido, só tinham a certeza de que de repente
tudo havia mudado, e para melhor, com certeza.
Epílogo
Ambas estavam cansados, mas aproveitavam uma a
outra como podiam. Dul não aguentava mais pensar no TCC da faculdade, Any não
via a hora de ser, oficialmente, promovida na empresa.
Em um canto do apartamento, estavam um gato e um
cachorro se encarando com curiosidade. Mais a frente, um pote vermelho cheio de
ração para gatos e ao lado, um azul com ração canina.
No centro da sala uma TV com programas chatos de
uma madrugada fria, quase não tinha som. E naquele cenário de inverno ainda era
possível ver um casal no sofá, Any com um pijama branco com desenhos de
travesseirinhos – presente da noiva – Dul com uma calça de moletom preta e
camisa branca. Ambas, apesar do cansaço, estavam rindo a toa, afinal, naquele
dia quem tinha preparado o café reforçado fora Any, que acordara mais cedo que
o normal e quem mal havia comido as panquecas feitas com carinho, era Dul que
acordara bem mais tarde que o habitual.
E, assim, mais dias se seguiram. Vez ou outra,
elas revezavam quem dormiria na casa de quem e, desta vez, os sorrisos bobos,
telefonemas e noites acordadas eram mais frequentes, tudo pelo fato de em um
determinado dia terem reparado nas pessoas a sua volta.
FIM
Autor(a): MahSmith
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-Eu te odeio any. -Eu te odeio dul! -Some da minha vida! -O que aconteceu? -Sinto muito senhora... ela não resistiu. -C-como assim? -Um caminhão bateu no carro com tudo... não pudemos fazer nada. -Não... -Ela morreu pouco antes de você chegar.... -Não!... -Eu posso não voltar dul... -NÃO! -Dul! Dul! Acorda! -acordei ofe ...
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