Fanfics Brasil - Chapter I Drunk In Love

Fanfic: Drunk In Love | Tema: Harry Potter; Marauders Age; Sirius Black;


Capítulo: Chapter I

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“Turn it off”


Decepções. Estava cansada demais pra se importar. Esgotada demais pra sentir. Exausta. A batida frequente chacoalhava as curvas de seus pensamentos enquanto ela fechava os olhos. A escuridão da boate em conjunto com as fortes luzes piscando descontroladamente a faziam se sentir sozinha, livre. Se lembrava de estar com mais duas amigas, mas elas não estavam “lá” exatamente, sabiam que tudo que ela precisava era scotch e nenhum rosto conhecido por perto. Só por esta noite já era suficiente, tinha noção de que no dia seguinte voltaria ao trabalho e a suas responsabilidades cotidianas, a única coisa que precisava esquecer era sua eterna necessidade de reafirmar um único pensamento: “alguém ainda pode realmente se apaixonar por mim.”


 - Pro inferno com essa merda. – Falou pra si quando notara seu copo vazio. Pediu uma dose tripla e voltou pra pista.


Chega de homens, por um bom tempo. Era incrível como tudo que ela tentava, insistia, terminava sempre da mesma forma: suportanto aquilo que devia e o que não devia, buscando uma aceitação e a resposta de um sentimento tão simples, tão leve. Completamente desacreditada. Alucinada. Embriagada. Fria.


 - Ei, Nora. – Paloma puxara a amiga pelo braço, mais não houve resposta alguma - Nora, eu preciso falar com você.


 - Por Merlin, me deixe em paz, Paloma.


Certeiros em direção a ela. Vidrados em seus próprios olhos, lá estavam eles, o par de olhos mais cinzentos daquele lugar, encarando fixamente os olhos caramelos de Nora Carter. Mal conseguiu prestar atenção na morena a sua frente, que parecia não ter mais nada a dizer, ao ver a expressão de Nora endurecer, Paloma tinha certeza de que não teria muito mais a dizer.


 - Eu quero aquele.


Estava escorado no bar, um copo de whisky em uma das mãos, a outra dentro do bolso dianteiro de sua calça. A frequência das luzes a impedia de ter certeza de todos os detalhes de seu corpo e roupas, mas os olhos... Só vira tal intensidade em um único olhar durante todos os seus 23 anos de vida, e aquele, definitivamente não poderia ser o dono “daquele” olhar. Se fosse, suas amigas já a teriam puxado pelo braço e aparatado com ela pra longe dali, mesmo sendo uma boate trouxa famosa da região norte da Inglaterra. Não desviou o olhar nem por um segundo sequer. No fim das contas é sempre disso que se tratava: sexo. Esse desejo carnal que emanava dos poros de sua pele parecia fixá-la no estado de eterna libido de todo e qualquer homem que ousasse pensar que poderia dominá-la.


Nora era uma Dama, e por mais que as outras tivessem optado por afrouxar um pouco as rédeas, como Paloma, por exemplo, ela permanecia fria, calculista, e agora, mais do que nunca, cética. Não iria se privar de fantasia ou desejo algum, somente de toda a ladainha que vinha junto com isso. Era por isso que a desejavam tanto, não era?


 - Olha Nora, eu acho melhor a gente ir embora, você não está em cond...


 - Eu também acho. Vejo vocês no café da manhã.


Ergueu seu copo vazio até a altura dos olhos, de forma que de longe ele pudesse ver, e inclinou a cabeça em direção a porta de saída nos fundos da boate. Se a usavam pra isso, nada lhe impedia de usar os outros pra obter o mesmo resultado. Era disso que a acusara sempre, de ser uma megera sem-coração. Que fosse pro inferno o coração de qualquer um, ela não se importava. Se suas mãos entregassem tudo que seus olhos prometiam, assim como aqueles de outrora prometeram momentos insanos, ela estava satisfeita.


 ***


  - Aonde você pensa que vai, morena?


A escuridão da boate não fizera jus a metade da beleza do homem que se encontrava deitado naquela cama. Saíram de lá as duas horas da manhã, e sem trocar muitas palavras, terminaram a noite no hotel em que ele estava hospedado. Um tanto luxuoso, pelo menos a suíte em que estavam era com certeza a mais cara do local. A pele extremamente branca em conjunto com os cabelos negros emaranhos nos lençóis lhe fazia um convite irresistível de voltar pra lá. Ainda nu, com os braços cruzados atrás da cabeça, ele a observava com um certo divertimento.


 - Não vim aqui pra acordar do teu lado e te dar bom dia. Se é isso que esperava... Não, não me sinto nem um pouco mal em desapontá-lo.


Usava apenas sua calcinha de renda azul marinho, ele a pegara de surpresa, jurava que estava completamente adormecido quando se levantara para ir embora. Eram cinco e meia da manhã, o sol não nasceria tão cedo em uma manhã de inverno, e ela preferia que fosse assim. Sabia que ele a estava desejando, esperando tê-la mais uma vez antes que a misteriosa mulher a sua frente desaparecesse pra sempre de sua vida. Vestiu o resto de suas roupas bem devagar e distraídamente, tendo perfeita noção de que ele não era capaz de tirar os olhos dela.


Ele não se movera muito, só ajeitara os lençóis enquanto ela terminava de se arrumar. Não pretendia impedi-la de ir. Sabia que não conseguiria. Os movimentos dela eram tão suaves, tão venenosos, tão... Perigosos. Seu abdomem estava repleto de listras profundas, vermelhas, deixadas pelas garras dela, e ele não sabia seu nome, seu endereço, nada. Não fazia a minima ideia de quem ela era, e tinha certeza que não descobriria.


 - Não vou mesmo ganhar nem o nome de quem me deu a melhor noite da minha vida?


 - Me bajular com idiotices não é o melhor caminho pra conseguir alguma coisa, Paul. – Ela recolocava seus brincos, e já calçava as sandálias de salto que estavam jogadas ao lado da cama.


 - Coloquei meu cartão na sua bolsa, e pode deixar, eu não trapaciei, não olhei seus documentos nem sua varinha. Se quiser, vai saber onde me encontrar. – Um sorriso sincero estava estampado em seus lábios. Então ele realmente acreditava que uma boa noite de amor seria o suficiente pra fazê-la procurá-lo de novo?


 - Você não vai me ver de novo, Paul. – A expressão de Nora era delicadamente irônica. Não acreditava que ele estava sendo realmente esperançoso a respeito dela.


 - Sendo assim... – Se sentou na cama, dobrando uma das pernas e apoiando o cotuvelo nela, bagunçando os cabelos – Você é monstruosamente infernal na cama, senhorita. Invejo o miserável que tiver você nela todos os dias.  – Os lençóis recaíram sobre seu quadril, deixando os rastros que ela fizera em seu corpo, todos à vista. A visão era deslumbrante, com certeza.


 - Tenha um bom resto de vida sonhando comigo, Paul.


E assim, fitando aqueles olhos com uma sensação de vitória correndo em suas veias, ela aparatou daquele quarto pra bem, bem longe dali. Maldito, por que tinha que lhe lembrar tanto daquele miserável?


***


 Ao passo que chegara na casa de Olivia Morgan, a outra metade de toda a ideologia de vida que Nora carregava consigo, a neve já estava caindo de novo. Fevereiro em Newcastle, sem neve, era quase impossível de se imaginar. Por baixo do pesado casaco de pele, Nora usava apenas um vestido pérola de paetês que usara na noite anterior, e que estava impregnado com o forte cheiro do perfume dele, que por sinal, era extremamente atraente. Adorava homens cheirosos, com atitude, e ele acabara cumprindo todas as espectativas que tivera só de observar aqueles olhos.


Tinha certeza que não encontraria apenas um cartão dentro de sua bolsa, não era como se desconfiasse do que ele dissera sobre não ter olhado seus documentos e varinha, mais algo lhe dizia que iria se surpreender com aquele homem ainda. Eram todos os traços concentrados em um único corpo. Cafageste, atencioso, verdadeiro amante, e além de tudo, sincero até na hora de morder-lhe a pele. Não, nisso não se parecia em nada com Sirius Black, e ela agradecia internamente por este pequeno detalhe a parte.


Observou com curiosidade o fecho de sua pequena bolsa preta por alguns minutos. Provavelmente o sol não lhes faria companhia naquele domingo, quanto mais próximo das oito horas o relógio se posicionava, mais aumentava o peso dos flocos que cobriam o jardim. Encontrou um pergaminho dobrado, escrito em tinta preta, que não dizia muito:


Você fala dormindo, sabia? Na verdade, até responde perguntas. E do pouco que conversamos em 40 minutos, só tenho uma coisa a repetir, quero que você saiba que já ouviu isso antes: Eu também acabei de sair de um relacionamento do qual eu não faço ideia de como superar. Acho que, eu e você, podemos fazer ‘isso’ funcionar. Paul Elthenburg.”


Ela falava dormindo? Desde quando Nora Carter balbuciava seus problemas de cara enfiada no travesseiro?! Sirius nunca nem sequer notara esse rídiculo defeito. A verdade é que era muito mais fácil que ele nunca tivesse sequer prestado atenção em Nora dormindo. Revirou os olhos, sem conseguir distinguir se seus nervos ferviam por Sirius nunca ter notado tamanha babaquice, ou por se sentir realmente tentada a procurar por Paul mais uma vez.


Conjurou uma carteira de Malboro em cima da mesa, acendendo um cigarro com o estalar dos dedos. Pequenos truques que aprendera há muitos anos atrás, ainda no colégio. Apoiou suas pernas descobertas na mesa de metal da varanda e incliou-se pra trás na cadeira, abrindo o casaco e deixando que o vento gélido percorresse sua pele. Tragava com muita calma, de olhos fechados, tentando se desconectar de todo o resto, em busca de uma resposta espontanea de inteligente de si mesma para tudo isso.


 - Só pela sua cara já sei que vamos precisar de uma garrafa de vinho pra conversar. – Olivia estava esculturalmente recostada na porta de madeira de carvalho de sua casa, trajando um baby-doll preto que contrastava de forma elegantíssima com a pele branco-gelo da mulher. – Sua sorte é que você é uma leoa e eu sou uma cobra, tenho certeza que a última coisa que acontecerá a nós duas é congelar aqui fora.


Nora entreabrira a boca deixando que a fumaça escapasse por entre seus lábios bem vagarosamente. Um pequeno sorriso se instalou e ainda sem abrir os olhos, disse:


 - Traz duas logo, temos todo o tempo do mundo. Vinho verde, por favor.



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Autor(a): Lily

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