Fanfic: Sussurro - vondy {adaptada} | Tema: Vondy suspense
“Isso não é engraçado,” eu disse, segurando seus olhos, grata por não ter gaguejado.
“Não, mas fez você corar.”
Eu me empurrei para o lado da mesa, tentando parecer apática enquanto fazia isso. Eu cruzei minhas pernas, usando meu joelho como uma tábua para escrever. “Você trabalha?”
“Eu sirvo mesas no Borderline. O melhor restaurante mexicano da cidade.”
“Religião?”
Ele não pareceu surpreso pela pergunta, mas ele não pareceu radiante com ela tampouco. “Eu pensei que você tivesse dito algumas rápidas perguntas. Você já está na número quatro.”
“Religião?” eu perguntei mais firmemente.
Christopher arrastou uma mão pensativamente pela linha de sua mandíbula. “Religião não... culto.”
“Você pertence a um culto?” Eu percebi tarde demais que, embora eu soasse surpresa, eu não deveria ter.
“Acontece que eu estou precisando de um sacrifício feminino saudável. Eu planejava seduzi-la para que confiasse em mim primeiro, mas se você está pronta agora...”
Qualquer sorriso restante no meu rosto desapareceu. “Você não está me impressionando.”
“Eu não comecei a tentar ainda.”
Eu me debrucei da mesa e fiquei de pé encarando-o. Ele era uma cabeça inteira mais alto. “Any me disse que você é um veterano. Quantas vezes você reprovou em biologia do segundo ano? Uma vez? Duas vezes?”
“Anahi não é minha porta-voz.”
“Está negando ter reprovado?”
“Estou te dizendo que eu não fui para a escola ano passado.” Seus olhos me zombaram... Isso só me deixou mais determinada.
“Você é uma cabulador?”
Christopher deitou seu taco de sinuca no topo da mesa e curvou um dedo para mim chegar mais perto. Eu não cheguei. “Um segredo?” ele disse em tons confidenciais. “Eu nunca fui pra escola antes. Outro segredo? Não é tão chato quando eu esperava.”
Ele estava mentindo. Todos iam para a escola. Havia leis. Ele estava mentindo para tirar alguma resposta de mim.
“Você acha que eu estou mentindo,” ele disse em volta de um sorriso.
“Você nunca foi para a escola, nunca? Se isso for verdade – e você está certo, eu não acho que seja – o que fez você decidir vir esse ano?”
“Você.”
O impulso de me sentir assustada golpeou-me, mas eu disse a mim mesma que era exatamente isso que Christopher queria. Marcando meu território, eu tentei agir irritada, ao invés. Ainda assim, levei um momento para achar minha voz. “Essa não é uma resposta de verdade.”
Ele deve ter dado um passo para mais perto, porque de repente nossos corpos estavam separados por nada mais do que uma superficial margem de ar. “Seus olhos, Dulce. Esses olhos cinzas frios e pálidos são surpreendentemente irresistíveis.” Ele curvou sua cabeça de lado, como se para me estudar de um novo ângulo. “E essa boca curvilínea assassina.”
Espantada não tanto pelo comentário dele, mas pela parte de mim que respondeu positivamente a ele, eu recuei. “Já chega. Vou cair fora daqui.”
Mas assim que as palavras saíram da minha boca, eu sabia que elas não eram verdadeiras. Eu senti o desejo de dizer algo mais. Selecionando os pensamentos emaranhados na minha cabeça, eu tentei achar o que era que eu
sentia que devia dizer. Por que ele era tão irrisório, e por que ele agia como se eu tivesse feito algo para merecer isso?
“Você parece saber muito sobre mim,” eu disse, fazendo a atenuação do ano. “Mais do que você deveria. Você parece saber exatamente o que dizer para me deixar desconfortável.”
“Você facilita.”
Uma faísca de raiva disparou por mim. “Você admite que está fazendo isso de propósito?”
“Isso?”
“Isso – me provocando.”
“Diga ‘provocando’ novamente. Sua boca fica provocativa quando você faz isso.”
“Acabamos aqui. Termine seu jogo de sinuca.” Eu agarrei seu taco de sinuca da mesa e empurrei para ele. Ele não pegou-o.
“Eu não gosto de sentar do seu lado,” eu disse. “Eu não gosto de ser sua parceira. Eu não gosto do seu sorriso condescente.” Minha mandíbula tremeu – algo que tipicamente acontecia quando eu mentia. Eu me perguntei se eu estava mentindo agora. Se eu estivesse, eu queria me chutar. “Eu não gosto de você,” eu disse o mais convincentemente que consegui, e enfiei o taco contra seu peito.
“Estou feliz pelo Treinador nos ter colocado juntos,” ele disse. Eu detectei uma leve ironia na palavra “Treinador”, mas eu não consegui descobrir nenhum significado escondido. Dessa vez ele pegou o taco de sinuca.
“Estou trabalhando para mudar isso,” eu reagi.
Christopher achou que isso era tão engraçado que seus dentes apareceram em seu sorriso. Ele se esticou até mim, e antes que eu pudesse me afastar, ele desembaraçou algo do meu cabelo.
“Pedaço de papel,” ele explicou, jogando-o no chão. Enquanto ele esticava sua mão, eu notei uma marca na parte interna do seu pulso. De primeira eu presumi que fosse uma tatuagem, mas um segundo olhar revelou um marrom rubicundo, uma marca de nascença ligeiramente levantada. Era da forma de um pingo de tinta esparramado.
“Que lugar infeliz para uma marca de nascença,” eu disse, mais do que um pouco enervada por estar tão similarmente posicionada à minha própria cicatriz.
Christopher casual e notavelmente deslizou sua manga sobre seu pulso. “Você preferiria em algum lugar mais privado?”
“Eu não a preferiria em qualquer outro lugar.” Eu não estava certa de como isso soava e tentei novamente. “Eu não ligaria se você nem ao menos a tivesse.” Eu tentei uma terceira vez. “Eu não ligo para a sua marca de nascença, ponto.”
“Mais perguntas?” ele perguntou. “Comentários?”
“Não.”
“Então te vejo na aula de biologia.”
Eu pensei em dizer a ele que ele nunca me veria novamente. Mas eu não ia comer minhas palavras duas vezes em um dia.
Mais tarde naquela noite um crack! me puxou do sono. Com meu rosto esmagado contra meu travesseiro, eu fiquei imóvel, todos os meus sentidos em alerta total. Minha mãe ficava fora da cidade pelo menos uma vez por mês por causa do trabalho, então eu estava acostumada a dormir sozinha, e fazia meses desde que eu tinha imaginado o som de passos rastejando pelo corredor na direção do meu quarto. A verdade era que eu nunca me sentia completamente sozinha. Logo depois do meu pai ter sido atirado até a morte em Portland enquanto comprava um presente de aniversário para a minha mãe, uma presença estranha entrou na minha vida. Como se alguém estivesse orbitando meu mundo, observando de longe. De primeira a presença fantasmagórica tinha me apavorado, mas quando nada de ruim sucedeu disso, minha ansiedade perdeu sua animação. Eu comecei a me perguntar se havia um propósito cósmico para a maneira como eu estava me sentindo. Talvez o espírito do meu pai estivesse por perto. O pensamento era geralmente confortante, mas hoje a noite era diferente. A presença parecia gelo na pele.
Virando a minha cabeça uma fração, eu vi uma forma sombreada se esticando pelo meu chão. Eu girei para ver um rosto na janela, o raio de luz transparente do luar a única luz no quarto capaz de jogar sombras. Mas nada estava lá. Eu apertei meu travesseiro contra mim e disse a mim mesma que era uma nuvem passando sobre a lua. Ou um pedaço de lixo soprando no vento. Ainda assim, eu passei os próximos minutos esperando minha pulsação se acalmar.
Na hora que eu reuni coragem para sair da cama, o jardim abaixo da minha janela estava silencioso e imóvel. O único barulho vinha dos gravetos de árvore arranhando a casa, e do meu próprio coração batendo debaixo da minha pele.
Autor(a): julevondy
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