Fanfic: **Candidato a Marido** - AyA

Droga! Aquela sensação combinava com as palavras da mãe, que afirmara ter encontrado o homem perfeito para ela!

Precisava gritar. Mesmo que aquilo lhe custasse uma ocorrência policial, precisava gritar. Imploraria aos vizinhos que não chamasse o FBI, mas gritaria até se sentir leve como antes.

E assim ela fez. Gritou:

- Mamãeeeeeeeee!!!

Mais calma do que nunca, Marichelo Portillo se aproximou e ajeitou uma mecha que soltara do seu rabo-de-cavalo.

- Seu cabelo está muito comprido, querida, seria bom que cortasse um pouco. Gosto da cor, mas sempre quis que meus netos tivessem o cabelo como os de seu pai. Lembra?

- Maitê e Christopher têm os mesmos cabelos de papai. Os dois são morenos como ele. Nasci parecida com a senhora.

- Sim seus cabelos são castanhos claros, quase loiros, como os meus, apesar de mais volumosos e brilhantes. Sua avó tinha olhos azuis como os seus. As sardas são seu maior charme, mas você não sabe mostrá-las.

- E porque eu deveria mostrá-las? Mamãe, eu não estou a procura de um marido. Na verdade, nunca estive. Você ainda não percebeu que os tempos mudaram e que as mulheres têm outro tipo de vida, que vai alem de casamento e da família. Hoje temos nosso trabalho...

- E você não vai se casar?

- Talvez, quem sabe? Isso pode acontecer, mas não é meu objetivo, entende? Sei que você está querendo que eu me case porque já tenho 27 anos, mas...

- Não tente me enganar, docinho – Marichelo desafiou – Quando uma mulher quer se casar costuma olhar para os homens e você não faz isso. Então, que chances eu tenho de ser avó?

- Tudo que quer é ser avó?

- Quero que encontre alguém que ame e cuide de você. Não quero morrer e deixá-la desamparada.

- Não preciso de um homem para me amparar. Sei tomar conta de mim desde os meus dezesseis anos de idade. Além disso, você é muito jovem para pensar em morte.

- Mas isso vai acontecer algum dia e... e eu não gostaria de partir e deixá-la sozinha.

- Tenho meu trabalho e minha carreira. Isso me basta.

- Mulheres independentes... Homens não gostam de mulheres independentes.

- Gostam sim. A maioria dos homens não gosta de segurança total, dona Marichelo. Uma mulher independente é um risco que eles adoram correr.

- Se for falar dessas coisas comigo, juro que vou embora e não volto tão cedo – protestou a velha senhora. – Essa juventude tem cada idéia! – consultou o relógio de pulso. – Seu pai vai chegar dentro de meia hora. Preciso ir embora. Bem, eu lhe trouxe um bom homem, e nem mesmo “obrigada” você me disse.

Annie abraçou a mãe com carinho.

- Entenda não lhe pedi um marido. Você já me pôs no mundo. Agradeço por isso. Alfonso foi o quarto candidato que me trouxe este mês. É agente federal do FBI. Não se surpreenda se ele voltar para levá-la presa. Ou se vasculharem seu imposto de renda nos próximos cinco anos.

- Não me importo com isso. Mas você não achou interessante?

- Sim, achei. Muito interessante. Mas isso não é tudo, mamãe.

- É um bom começo – Marichelo entusiasmou-se – É a primeira vez que você acha um pretendente interessante.

- Lembra-se d ultimo que você trouxe?

- O livreiro?

- Sim, o livreiro.

- Desculpe-me, minha querida, mas eu me enganei com o livreiro. Por isso comecei a anotar tudo.

- O estado civil do pretendente é importante.

- Alfonso é solteiro.

- Divorciado, talvez.

- Não tem importância – determinou Marichelo – O fato é que é perfeito e você gostou dele.

- Não comece com suas fantasias mamãe.

- Seria bom que o banco fosse assaltado. Já imaginou? Ele resolveria tudo em um minuto. Não seria excitante?

- Seria excitante um assalto no banco em que eu trabalho? Tem certeza do que está dizendo, mamãe?

- Você não tem imaginação. Nem parece que é minha filha. Seria excitante que Alfonso a salvasse das mãos dos bandidos perigosos. Vê-lo outra vez seria maravilhoso.

- Você não iria tão longe, não é?

- Como?

- Você não produziria um assalto só para que Alfonso me salvasse, não é?

Marichelo mordeu o lábio. A idéia não era de todo má.

- Melhor não mexer com isso. São muitos detalhes.

- Tudo bem, mamãe, você venceu. Juro que vou deixar o trabalho em segundo plano e cuidarei da minha vida pessoal, satisfeita?

- O que quer dizer com cuidar da sua vida pessoal?

- Vou arrumar um marido, ora!

- Arrumar um marido? – Marichelo estranhou – O que há de errado com aquele que eu trouxe?

- Nada. Nada de errado. Aquele homem é sensual, maravilhoso, educado e, principalmente, paciente.

- Você o acha maravilhoso e sensual? Desta vez acertei na mosca, não foi? Eu sempre lhe disse que conseguiria um príncipe encantado.

- Está decidido. Vou me casar com ele. Está feliz? Vai parar de me trazer candidatos a qualquer hora do dia ou da noite?

- Eu lhe trouxe homens horrorosos, não foi? – assumiu Marichelo, encabulada – O melhor de todos foi o advogado. Pena que ele tinha cinco filhos e um pastor alemão.

- Esqueça mamãe. – Annie não conteve o riso. – Teve noticias de Maite?

- Tive. Eu lhe trouxe a carta que recebi ontem. Ela está grávida outra vez. Só você não engravida querida.

Maridos e netos, aquele era o mundo de sua mãe, e Annie sabia que se a afastasse daquilo, ela morreria de tédio.

- Não sei o que fazer com você mamãe.

- Tudo o que quero é vê-la feliz. Ucker e Maite são felizes. Estão casados, tem seus filhos e suas casas. Porque você resiste tanto? – deixou a carta sobre a mesa.

- Ucker mora em Maryland, e Mai na Califórnia. Porque eles fugiram da Florida?

- Eles não fugiram. Você sabe muito bem que Ucker foi transferido para Baltimore e que Guido, marido da sua Irma, leciona numa universidade em são Francisco. Eles não tinham escolha.

- Não sei, não...

Se chegar cedo eu posto mais tarde!!! Vou sair...

bjos