Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPITULO VII

Do seu esconderijo involuntário, Anahí viu Lavínia Smythe com o rosto distorcido por uma mistura de dor e alegria. Em segundos, porém, voltou ao seu habitual controle e frieza.
Será que Alfonso sabia do amor de Lavínia por lorde Druce? Seria por isso que não queria que ele frequentasse a mansão? Será? Dentro do seu coração, uma vozinha lhe dizia que estava sendo tonta.
—Não! — disse Lavínia. — Deixe-me ir, John. Não vê que é tarde demais para nós?
E ela saiu da saleta, em direção ao salão de baile, sendo seguida de perto pelo lorde.
O problema de Anahí, agora, era descobrir como sair da passagem secreta. Levou quase uma hora procurando e, finalmente, encontrou onde devia apertar, para abrir o painel secreto. Estava toda empoeirada e descabelada. Precisava dar um jeito na sua aparência, antes de procurar os amigos.
Por sorte, encontrou uma das criadas que a olhou, surpresa, mas ajudou-a a arrumar-se, com boa vontade.
Assim que Anahí voltou ao salão de baile, lorde Druce aproximou-se dela.
—Onde esteve, Anahí? Faz quase uma hora que a procuro!
A moça sorriu e levantou os ombros:
—Tive um probleminha, mas uma das criadas escovou o meu vestido e ajudou-me a pentear o cabelo. Dá para notar alguma coisa?
— Está perfeita! — respondeu ele, tomando-lhe a mão. — Preciso falar-lhe em particular. Vamos até a biblioteca...
A biblioteca ficava do outro lado da mansão, longe do burburinho dos convidados. Através das janelas, Anahí podia ver o terraço iluminado e os jardins, onde alguns pares passeavam, tentando escapar do calor do salão.
O lorde pousou o candelabro sobre a escrivaninha de nogueira e fechou as cortinas. Ela sentou-se em uma poltrona listrada de branco e vermelho.
—Anahí, já faz algum tempo que a admiro e...
Ela percebeu, antes mesmo que ele se ajoelhasse, que seria pedida em casamento. Gostava de lorde Druce, mas não estava apaixonada por ele, nem ele por ela.
—Sei que também me estima e, ahn, bem, quer casar comigo? — prosseguiu ele.
Dúzias de respostas passaram pela cabeça da moça. Podia dizer que se sentia honrada, mas devia recusar. Ou ganhar tempo dizendo que precisava pensar. Ou, ainda, contar que estava apaixonada por outro.
Por outro lado, se aceitasse, talvez Lavínia ficasse enciumada e terminasse o noivado com Alfonso para ficar com John. E se Alfonso ficasse magoado? Não ficaria mais magoado se casasse com alguém que não o amava?
Sorriu e, antes que pudesse impedir, dizia:
—Sim e sinto-me honrada" com seu pedido!
Lorde Druce tomou-lhe as mãos e beijou-as:
—Você me fez o homem mais feliz do mundo!
Colocou um anel de rubi no anular da mão esquerda de Anahí, porém ele era grande demais. A moça recordou-se que as mãos de Lavínia eram mais gordinhas.
—Mandarei diminuir — falou lorde Druce, embaraçado.
—Não se preocupe — dizia Anahí, quando a porta foi aberta com violência.
—Alfonso... — começou o anfitrião.
—Vi-os do terraço, antes que as cortinas fossem fechadas — adiantou lorde Herrera, olhando fixamente para John, que continuava ajoelhado. — Que diabo está acontecendo?
—Oh, Alfonso, John me pediu em casamento e eu aceitei. Vamos nos casar em, bem, em junho, não é,"querido?
Lorde Druce concordou, sem muita convicção. O conde Herrera fechou os punhos. Olhou para Anahí com expressão tão estranha, que ela sentiu arrepios percorrendo-lhe o corpo.
—Não vai nos dar os parabéns, Alfonso? — perguntou lorde Druce.
—Certamente, John.
Foi a primeira vez que Anahí ouviu-o usar o primeiro nome do lorde. Os dois homens apertaram as mãos.
—Parabéns, John. Parabéns, Anahí — disse, com voz sem expressão alguma, curvou-se e beijou a mão da moça.
Ela tremeu e teve vontade de atirar-se nos braços dele.
—O anel é muito bonito, mas está um pouco grande — comentou o conde, erguendo as sobrancelhas.
—Sim, vamos mandar diminuí-lo, mas há muito tempo — respondeu Anahí, levantando-se; segurou a mão do noivo: — Precisamos contar aos outros.
—Você não está pensando em fazer um anúncio público, está? — indagou o lorde, pálido.