Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

O Castelo de Morphise não era a prisão mais conhecida da França.
Ficava escondido no meio da floresta de Vincennes e parecia ter sido uma casa de campo. Torres circulares marcavam os quatro cantos e uma escadaria em forma de ferradura levava à entrada. As sentinelas tinham armas.
Anahí percebeu imediatamente que, embora o lugar fosse aprazível, tinha sido escolhido pela dificuldade de fuga. Não seria fácil tirar lorde Druce de lá.
Dando a volta no Castelo, divisou algumas janelas do andar superior, com grossas barras de ferro, e os muros de três metros de altura.
Terei de fazer um plano, levando em consideração todos estes obstácu¬los, decidiu ela. Nesse meio tempo, faria bem em comprar alguns itens que poderiam ser úteis.
Anahí passou os dias seguintes fazendo compras e quando conseguiu reunir tudo o que poderia precisar, decidiu juntar a coragem e ir visitar lorde Druce.
Ainda não fizera o plano-para a fuga, mas não tinha importância, porque não iria ainda discutir isso. Queria somente fazer contato com ele. Talvez depois, com a ajuda de algum intermediário, pudessem trocar bilhetes. Ele contaria sobre as condições dentro do presídio e ela lhe diria o que iria encontrar do lado de fora.
Juntos pensaremos num plano seguro, pensava, sempre otimista. Mas, primeiro, precisava transportar suas provisões para fora de Paris, pois a cidade era cercada por muros, como uma prisão, e ao primeiro sinal de confusão os portões eram fechados. Não era o caso de trocar uma prisão por outra.
Entre outras coisas, Anahí comprara uma carroça e uma mula, Clytemnestra. Não conseguira resistir aos tristes olhos castanhos e às orelhas cinzas; os antigos proprietários aproveitaram a situação e pediram um preço altíssimo.
O problema agora era o tempo. Não sabendo que lorde Herrera e Lavínia tinham desfeito o noivado, pensava que teria até o sábado, 30 de maio, para retornar a Londres com John. Tinha, portanto, duas semanas e meia para fazer o que precisava.
Parecia que seria o suficiente, mas seu pai sempre dizia que não se devia ignorar os imprevistos.
Seria péssimo se chegassem à igreja na hora em que o casamento estivesse se realizando. Lavínia não lhe agradeceria e a reação de lorde Herrera era previsível.
Assim pensando, resolveu combinar a procura por um esconderijo com uma visita ao prisioneiro.
Colocou tudo que tinha na carroça e conduziu Clytemnestra através dos portões da cidade, em direção à floresta de Vincennes.
Clytemnestra era um animal dócil e não se opôs a ser amarrada a uma árvore. Depois de conversar com John, Anahí procuraria o esconderijo.
O sol brilhava e uma leve brisa soprava quando chegou ao portão do Castelo de Morphise e declarou que queria visitar um dos prisioneiros, um inglês chamado Druce.
Os guardas pediram seus papéis.
—Tem permissão do diretor para ver esse Druce?
—Não — respondeu Anahí.
Os guardas encaminharam-na a uma outra patrulha mais adiante, que, depois de olhar seus papéis, sacudiu a cabeça e declarou que precisaria informar o diretor.
Anahí tremeu. E se o diretor resolver me revistar?, perguntou-se. Seu pai lhe contara que as revistas nas prisões francesas eram bastante completas.
Mas a sorte estava do seu lado. O diretor tinha um aviário e acabara de receber um casal de pássaros exóticos do Cáucaso. Querendo sossego, não ordenou a revista e permitiu que fizesse a visita.
Anahí foi levada à parte de trás do Castelo, onde, no gramado, grupos de prisioneiros conversavam, jogavam ou fumavam.
Logo viu lorde Druce limpando o cachimbo. Levantou a cabeça, quando percebeu que alguém se aproximava. Seu rosto registrou surpresa, choque e horror.

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