Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPITULO XII

O gracioso iate do conde Herrera, Vénus, o deixara numa praia deserta, entre Le Havre e Dieppe. A viagem não tinha sido demorada. Mal conseguira tirar um cochilo.
O lorde caminhara no litoral até Rouen. Pensando no caminho, tinha concluído que Anahí devia ter se dirigido a Paris, que era a cidade mais próxima do Castelo de Morphise.
Contudo, não podia ter certeza de que ela chegara a salvo a Paris e essa dúvida o enlouquecia. Mesmo que acreditasse que ela chegara a Paris, o que estaria fazendo lá? Certamente já teria se metido em alguma confusão.
Por que não me esperou?, perguntou-se com amargura. Mas Anahí não esperava: fazia o que precisava fazer.
Felizmente, sua mãezinha querida estava cuidando do cancelamento do seu casamento com Lavínia. Poderia haver surpresa, mas não escândalo.
Será que conseguiria convencer Anahí a voltar sem John? O que lhe diria quando finalmente a encontrasse?
Como poderei explicar que a amo, que me apaixonei no momento em que nos encontramos pela primeira vez, mas que não queria admitir?, continuou a se perguntar. E como encontrá-la para dizer-lhe tudo isso?
Quando conseguiu chegar em Rouen, de madrugada, lorde Herrera estava cansado, faminto e mal-humorado. Sua aparência era péssima, com a barba por fazer, sem gravata e todo amarrotado. Não seria reconhecido nem por seus amigos de Londres.
Entrou no Café Pierre Corneille, que exalava um delicioso perfume de café e croissant, além de ter cópias do Le Moniteur para os fregueses. Le Moniteur era o jornal oficial da França e poderia fornecer ao conde a versão oficial do que estava acontecendo no país.
Seus olhos caíram imediatamente sobre o relato da fuga em massa do Castelo de Morphise. De acordo com o diretor Ollivier, os prisioneiros tinham agido com rapidez, conduzidos por uma verdadeira guerreira amazona. Deveria ser uma acrobata ou trabalhar em circo, pois tinha derrubado vários dos guardas numa trapalhada sem igual.
O conde tremeu. Anahí! Claro que estava envolvida! Sua preocupação não tinha limites.
Não adiantaria mais ir a Paris, tentar convencê-la a voltar com ele. Ela já se metera em confusão. O que ele poderia fazer agora? Se soubesse onde estavam, poderia ir ao seu encontro e ajudar a salvá-los. Mas nem sequer sabia se ainda se achavam em liberdade.
Terei de esperar, disse a si mesmo, com um suspiro. Terei de esperar que cheguem outras notícias.
Lorde Herrera saiu do Café Pierre Corneille de cabeça baixa e mãos enterradas no bolso. Não sabia onde ficar em Rouen. Caminhou pelas ruas, até encontrar um lugar limpo e simples, com mais de uma saída, para caso de necessidade.
Não conseguia parar de pensar em Anahí e nos trinta prisioneiros que ela ajudara a fugir. Teriam se separado em pequenos grupos? Estariam se dirigindo para o litoral ou para o sul? O exército de Wellington atravessava a Espanha. Será que iriam para lá? Na verdade, poderiam estar em qualquer lugar. Procurá-los seria o mesmo que procurar uma agulha num palheiro.
Ele ficava cada vez mais deprimido. Os habitantes da cidade deduziram que deveria ser um ex-soldado, pois mancava e usava roupas velhas e gastas.
Lorde Alfonso de fato estava mancando, mas não como parte do disfarce. Os sapatos usados que havia comprado provocavam bolhas terríveis. Além de mancar, ficava cada vez mais irritado.
Na manhã seguinte, o conde retornou ao Café Pierre Corneille para tomar café e ler o jornal.
O diretor Ollivier comemorava sua vitória. Oito dos prisioneiros haviam sido recapturados e sabia que os restantes tinham se dividido em três grupos. Imaginava que um dos grupos deveria ter ido para o norte, outro para o sul e o grupo capturado ia para o leste. Seguia-se uma descrição das roupas dos fugitivos.
O conde suspirou. As opiniões do diretor sobre o fato de que, embora bem planejada, a fuga seria um insucesso, deixou-o desnorteado, pois uma coisa ele sabia: tudo tinha acontecido por acaso. Nada havia sido planejado.
Continuou lendo e seu coração parou. "A amazona que planejou esta audaciosa fuga encontra-se com o grupo que se dirigiu para o norte. E eu próprio terei o prazer de prendê-la, declarara o diretor.
Anahí foi para o norte, pensou o conde, mais animado e fazendo uma lista mental de todos os portos de onde ela poderia tomar uma embarcação para a Inglaterra. Mas o medo o dominou, logo após: era claro que faria a mesma coisa que o diretor Ollivier. Assim, tinha de encontrá-la antes dele! O perigo para ela era enorme.
Tenho de encontrá-la logo! Tenho de ser mais esperto! Mas onde ela pode estar?, pensava, angustiado.O diretor Ollivier ainda não tinha ouvido falar da carroça e da mula, fazendo, assim, com que as informações do jornal fossem enganosas.

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