Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

Ao partir de Calais, o jovem conde caminhou durante todo o dia e parte da noite. Na praia que se estendia à sua frente não havia porto, nem habitações. Havia, porém, uma construção estranha, erigida por um nobre há trezentos anos. Por causa de sua forma, era conhecida como o Hexágono. Estava parcialmente em ruínas. Localizava-se entre o Mar do Norte e as dunas.
Ele tinha absoluta certeza de que Anahí e os fugitivos procurariam refúgio ali. Antes de sair da Inglaterra, havia tido permissão para dar uma olhada nos papéis de lorde Druce e encontrara um mapa com a indicação de vários edifícios abandonados que poderiam servir de esconderijo. O Hexágono estava marcado com três estrelas, como sendo o melhor esconderijo na Bélgica.
Antes de dirigir-se para lá, no entanto, ele foi até a beirada da água, onde um pescador consertava sua rede.
—Gostaria de ganhar um dinheirinho? — indagou.
O pescador olhou-o desconfiado.
—Talvez — respondeu, por fim.
—Poderia ganhá-lo na Inglaterra...
O homem riu, amargo.
—É um fiscal do governo? — perguntou, pensando que sua lealdade ao Imperador estivesse sendo testada.
—De forma alguma. É que a noite está bonita e talvez pudesse atravessar o Canal numa noite assim.
—Talvez. É uma viagem rápida, com bom tempo.
—Poderia ganhar vinte e cinco moedas de ouro para levar alguém...
Com uma expressão gelada, o pescador respondeu:
—Só quero tirar meu irmão de uma prisão inglesa.
—Posso ajudá-lo. Conseguirei que seu irmão seja libertado, se levar a pessoa para lá.
—É perigoso. Meu irmão pode não ser libertado ou eu posso ser preso. Preciso de uma garantia.
—Quanto quer?
—Cinquenta moedas de ouro.
—Combinado. Esteja o mais perto do Hexágono, à meia-noite. Acompanharei o seu passageiro e lhe darei o dinheiro.
Selaram o acordo com um aperto de mãos.
Lorde Herrera pôs-se a caminhar em direção ao edifício. Não havia sinal de guardas. A costa estava deserta.
Dentro do Hexágono, ecoaram as batidas na porta. O grupo de fugitivos ficou tenso. Pegaram os rifles e apontaram para a porta.
—Quem está ai? — perguntou lorde Druce.
—Sou eu. Alfonso. Deixe-me entrar, John.
—Está sozinho?
O conde suspirou, tentado a dizer que tinha trazido o exército francês.
—É claro!
A porta foi destravada e lorde Druce apareceu, abraçando o conde.
—Alfonso, que felicidade vê-lo! Como nos encontrou?
Lorde Alfonso entrou na sala mal iluminada, passando os olhos pelos nove homens ali agrupados. Todos continuavam a segurar suas armas. Finalmente viu Anahí, um pouco distanciada do grupo. Também estava vestida com roupas de camponês, no entanto parecia mais atraente do que ele lembrava. Sua alegria foi tão intensa que não conseguiu dizer nada.
Ela fez uma pequena reverência e perguntou:
—Como vão todos? Sua mãe, Marcella e Lavínia?
—Estão todos bem...
—Preparando o casamento, imagino.
—O casamento foi cancelado.
Anahí sentiu como quando acidentalmente batera num poste perto da Igreja de Santa Etherburga, a Virgem, em Houghton Regina: tonta e sem ar.
—Cancelado?
John Druce estava de boca aberta, ouvindo.
—Lavínia e eu decidimos que seria melhor não casar — explicou o conde.
Lorde Druce teve vontade de pular e gritar, mas, com esforço supremo, se conteve.
—Saberão da história toda quando retornarmos à Inglaterra.
Por que será que cancelaram o casamento?, perguntava-se Anahí. Será que Lavínia havia confessado seu amor por John? Dificilmente ela teria coragem para fazer isso. Então, Alfonso é que deveria ter desmanchado o noivado. Mas por quê?
Nesse momento, lorde Druce repetiu a sua pergunta inicial:
—Como nos encontrou?