Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

Amo ler os comentarios de vcs minhas queridas leitoras 

Lorde Herrera colocou a vela sobre uma mesa quebrada e Anahí se preparou para mais um sermão.
Mas o conde não disse uma palavra. Segurou seu rosto entre as mãos, com uma doçura que a deixou sem poder respirar.
—Anahí... — disse afinal, em tom terno. — Eu a amo.
Ela prendeu a respiração. Esperança e descrença lutavam dentro de seu coração, até que ele tocou-lhe os lábios de leve, com uma delicadeza que ela não conhecia.
—Amo-a desde o primeiro momento em que a vi. Quando desceu pelo corrimão da Academia, veio parar dentro do meu coração.
Os olhos dela se arregalaram de surpresa:
—Mas... você... ficou tão bravo...
—Eu sei. Sinto muito. Perdoe-me.
Sua última, defesa caiu por terra.
—Alfonso... — murmurou estendendo os braços para ele.
Lorde Herrera puxou-a para si, abraçando-a forte:
—Eu... eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Queria apertá-la, sufocá-la com os meus beijos. Queria derramar o meu amor sobre você, como as águas de uma cascata...
Anahí escondeu o rosto no peito dele, enquanto lágrimas de alegria escorriam de seus olhos e ele prosseguia:
—Tentei... tentei negar meus sentimentos. Sabe, meu pai... a morte dele me afetou profundamente. Não queria amar alguém, outra vez, e me arriscar a perdê-lo. Eu não suportaria a agonia!
Ela abraçou-o mais apertado, a voz dele enrouqueceu:
—Por isso fiquei noivo de Lavínia. Precisava de alguém que não me emocionasse. Pensei que, assim, estaria seguro, não seria ferido. Mas não consegui suportar...
—É por isso que não vai se casar com ela?
—É. Não poderia. Eu amo tanto você...
Num gesto instintivo, ela ergueu o rosto para ser beijada. Quando o profundo beijo terminou, quis saber:
—Lavínia está muito perturbada?
Não. Pensei que fosse ficar, mas parece que está apaixonada por John.
—Eu sei.
—Sabe? —perguntou ele, surpreso.
—Já faz algum tempo que sei.
A emoção na voz dela fez com que ele interpretasse mal seus sentimentos. Pensou que, apesar de se ter derretido em seus braços, estivesse magoada com a descoberta. Decidiu mudar de assunto.
—Aluguei o barco para tirá-la daqui, Anahí. Ollivier fará de você o bode expiatório. Sua situação é mais perigosa que a dos outros. Os homens terão a oportunidade de escolher entre as galés e o exército francês. Você será a única a ser punida severamente.
E se alguma coisa lhe acontecer, eu também estarei destruído.
Então, ela viu uma profunda angústia nos olhos dele. Separou os lábios num convite ao beijo. Ele curvou a cabeça, encontrou os lábios úmidos e beijaram-se durante um longo tempo; depois disse, ofegante:
—Prometa-me, prometa-me que retornará à Inglaterra nesse barco.
—Há um problema... — murmurou ela.
—John? — E o coração dele quase parou.
—Não... Desmanchamos o noivado antes de ele vir para o Continente.
—Desmancharam? E por que não me contou quando...
—Era segredo. Lembre-se que eu disse que tínhamos resolvido tudo e que não poderia mais mudar as coisas.
Lorde Herrera teve vontade de arrancar os cabelos. Daquela vez, também, não tinha conseguido entender o que ela dizia.
—Eu sei que não devia ter aceitado o pedido de John porque não o amava, mas pensei que, assim, pudesse ajudar Lavínia a entender que devia se casar com ele.
O conde apertou-a mais e beijou-a inúmeras vezes. Quando parou, sorria. Quanto ciúme desperdiçado!
—Amo você, Alfonso — confessou ela, feliz.
—Agora entendo. Mas se o problema não é John, qual é, então?
—Clytemnestra...
Lorde Herrera não tinha a menor ideia do que ela estava falando.
—A mula — explicou Anahí, vendo o espanto dele.
—A mula?...
—Sim. É uma mula dócil e paciente. Trouxe-nos do Castelo de Morphise sem nenhuma reclamação — explicou ela, ansiosa.
Ele sabia que algo estranho estava por vir.
—Sem Clytemnestra — continuou Anahí — não teríamos conseguido chegar aqui. Por isso, quero levá-la para a Inglaterra conosco. É o mínimo que posso fazer.
—Anahí, sua vida está em perigo. Nossas vidas estão em perigo. Se formos capturados, podemos ser mortos. E você está preocupada com uma... mula?
A obstinação aparecia em todos os traços do rosto de Anahí.
—Não vou abandonar Clytemnestra!
—Já considerou as dificuldades para transportá-la até a Inglaterra?
—Não podemos levá-la no barco?
—É muito pequeno.
—Talvez possamos mandá-la primeiro e depois eu vou.
—Não! — explodiu o conde.
Anahí dirigiu-lhe um olhar gelado.
Lorde Herrera, que ainda estava com as mãos nos ombros dela, sentiu-se tentado a sacudi-la até que os seus dentes batessem como castanholas, mas controlou-se.
—O barco não foi feito para carregar mulas. É um pequeno barco de pescaria.
Ela levantou a cabeça, desafiadora.
—Não posso deixar Clytemnestra! Sentir-me-ei culpada o resto da vida só de lembrar aqueles olhos tristes!
—Você não tem escolha!
—Não vou sem Clytemnestra!