Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPITULO XV

Lorde Herrera tinha as mãos geladas. Tremia todo, não de raiva, mas de medo. Se Anahí não partir... se for pega pelo diretor Ollivier... se for condenada... Só de pensar nessas possibilidades ficava arrasado.
Não conseguia pensar. Começou a andar de um lado para o outro, até que finalmente desenrugou a testa.
—Tenho um plano! — anunciou: — Você vai para Dover sozinha, localizará o meu iate, o Vénus, que está com Louis. Ele atravessará o Canal novamente...
—Qual o tamanho do Vénus!
—Suficientemente grande para transportar a mula.
—E os outros?
—Haverá lugar para todos. Partiremos juntos para a Inglaterra.
—E se eles não concordarem?
—Partirei sozinho com Clytemnestra.
—Está bem. Mas, promete que não deixará que nada aconteça a Clytemnestra? Que a levará com você?
—Tem a minha palavra de honra.
—Obrigada! — agradeceu Anahí, sorrindo. — Só há mais um problema. Onde o Vénus os encontrará? Não poderá ser aqui, pois Ollivier estará por perto...
Ele tinha esquecido esse detalhe. Pensou, rápido. Por fim:
—O diretor pensará que tentaremos chegar mais adiante na costa belga ou, talvez até na costa da Holanda. Sabe que poderíamos contar com a simpatia tanto dos belgas quanto dos holandeses. Jamais imaginará que estaremos esperando um iate da Inglaterra. Portanto, voltaremos para a costa francesa. Esperaremos o Vénus em Calais.
—Mas é muito perigoso! — ela sentia-se aflita.
—Se Ollivier desconfiar de nosso plano, sim... O ponto mais estreito do Canal da Mancha está entre Dover e Calais. Assim, a travessia será mais rápida e não ficaremos expostos por muito tempo. Não estamos mais na época das tempestades e o mar deverá estar calmo. Tenho certeza de que conseguiremos!
—Oh, espero mesmo que sim!
—Tanto o pesqueiro de Yves Gouleau quanto o meu iate farão a viagem à noite. Não serão vistos. Vamos deslizar por entre os dedos do diretor Ollivier.
Anahí explicou toda a situação para Clytemnestra, que zurrou mansamente e ganhou um doce.
Lorde Herrera assistiu à cena com impaciência. Então entregou-lhe as cartas que tinha escrito sobre a situação de Yves Gouleau, de seu irmão e sobre os homens que levaria consigo.
Já era quase meia-noite quando finalmente acompanhou Anahí até a beirada onde o pescador o esperava em seu barco.
—O senhor não disse que o passageiro era uma mulher!
—Você também não me perguntou — respondeu o conde, ajudando Anahí a entrar na embarcação; beijou-lhe a mão com paixão e acrescentou: — Não se esqueça de tudo que lhe disse. Este homem a levará até a Inglaterra para salvar o irmão dele. Está tudo nas cartas que lhe dei.
Dizendo isso, o conde entregou as cinquenta moedas de ouro ao pescador.
Não houve tempo para mais nada. Gouleau tinha pressa em partir. Soprava uma ligeira brisa do nordeste que inflou as velas e o lorde deixou-se ficar na praia vendo a proa do barco cortar as ondas em direção a Dover.
Lord Druce o esperava.
—Tudo bem, Alfonso?
—Perfeito. Correu tudo muito bem.
—Ótimo! — comentou o visconde Zellinge. — Agora que ela partiu, podemos nos livrar daquela mula pulguenta!
Pegou o rifle e dirigiu-se para Clytemnestra. Lorde Druce apontou a pistola para a cabeça do visconde:
—Miss Portilla quer a mula e enquanto eu estiver aqui, garantirei
que a terá.
Lord Zellinge, furioso, começou a xingá-lo. Lord Herrera, que também apontava a arma para ele, disse:
—Vocês devem isso a ela. Se não quiserem tomar parte no meu plano, não são obrigados. Podem partir agora para onde desejarem. Eu e a mula iremos para a Inglaterra.
Eu também! — ajuntou John Druce. — Vocês podem ir conosco ou para o inferno!
Depois de declarar que odiava a todos, lorde Zellinge traçou um outro plano, de irem para o sul, atravessando a Áustria até chegar a Trieste, onde tinha amigos.
—Se é que eles vão ajudá-lo! — ironizou Ivor Jones, fazendo com que todos os fugitivos resolvessem discutir o caso.
Lorde Herrera ajeitou-se confortavelmente em uma das cadeiras. Sabia que ia ser uma noite longa e aborrecida.