Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

Olá queridas leitoras, vou postar mais alguns capítulos.

CAPITULO XVII

Apesar dos docinhos, Clytemnestra não gostou do túnel. Era escuro, úmido e cheirava mal. Protestou, zurrando parte do caminho.
—Se essa maldita mula não calar a boca, vou dar-lhe um tiro! — falou lorde Zellinge, entre dentes.
Sentindo a hostilidade do visconde, Clytemnestra fez a única coisa que uma mula poderia fazer: deu-lhe um coice. O cavalheiro, indignado, perdeu o equilíbrio e caiu no chão limoso.
—Espero que aprenda! — disse Ivor Jones, rindo.
—Nunca insulte uma senhora! — exclamou Dick Moss.
—Deixe-me ajudá-lo — ofereceu lorde Herrera.
Viu que o visconde não tinha nenhum osso quebrado, que sofrera apenas escoriações; daí por diante, passou a manter uma certa distância de Clytemnestra.
Saíram do túnel, fora das vistas das tropas francesas. Imediatamente lorde Herrera viu a enorme e antiga cruz de pedra que tinha no alto uma espécie de halo, também de pedra.
Madame Roos e Piet estavam atrás da cruz e o conde entendeu o porquê da preocupação de Xavier Roos: O rapaz era alto e forte para sua idade, parecia um adulto.
—Cavalheiros, minha esposa e meu filho — apresentou o belga e os homens tiraram o chapéu, cumprimentando-os.
—Precisamos nos apressar. Ainda temos um longo percurso à nossa frente e se os franceses nos pegarem, estaremos perdidos — avisou o conde Herrera.
—Temos que apagar as pegadas — disse lord Druce. — Madame Roos, gostaria de montar na mula?
Todos os olhos se dirigiram para Clytemnestra, que, tendo deparado com quilómetros e quilómetros de areia, resolvera deitar e rolar na praia.
Lorde Herrera precisou convencê-la a se levantar, mas daí em diante voltou a ser dócil, deixando-se montar e levar em direção a Calais.
Os homens cuidaram de ir apagando as pegadas. Quando chegaram à beirada do mar, caminharam na areia molhada, deixando que as ondas se encarregassem de esconder as marcas de seus pés.
—Já quase passa das duas. Ollivier e seus homens devem estar entrando no Hexágono agora. Quando descobrir que não estamos lá, voltará a luneta para a praia.
Temos de estar fora do seu raio de visão.
O diretor Ollivier consultou o relógio e viu que eram duas horas em ponto. Olhando pela luneta, não conseguiu ver nenhuma bandeira branca no Hexágono. Chamando um dos subordinados, disse:
—Peça aos ingleses para se renderem.
O oficial, que tinha voz potente, deu um passo adiante e gritou:
—Rendam-se! Mas não houve resposta. — Rendam-se ou preparem-se para morrer! — reforçou.
Silêncio total.
—Avançar! — ordenou, então, o diretor.
Ao som dos tambores, os franceses avançaram, sem encontrar nenhuma resistência. O diretor não conseguia entender. Suspeitou de uma armadilha.
—Atirem na fechadura e, depois, derrubem a porta — mandou. — Mas tenham cuidado. Nunca se sabe o que esses ingleses podem estar preparando.
A porta cedeu com facilidade. Os franceses tomaram o Hexágono de assalto.
—Não tem ninguém aqui! O lugar está vazio!
—Bobagem! Estava tudo cercado. Não podiam escapar!
—Então, desapareceram no ar.
—Talvez estejam se escondendo no andar de cima. Façam uma busca! — ordenou o diretor, irritado.
Os franceses entraram em todos os compartimentos. De repente, houve uma série de explosões.
—Traição! — gritaram os soldados, atirando para todos os lados.
Passaram-se alguns minutos até que cessassem as explosões e a fumaça sumisse. Meia dúzia de franceses estavam caídos ao solo, com a boca suja de vermelho. Parte do vinho não estava avinagrada e eles não o haviam desperdiçado.
—Os ingleses devem estar por aqui! Façam tudo em pedaços, mas encontrem-nos! — foi a ordem dada pelo diretor, que já estava impaciente.
Mais quinze minutos se passaram até que um dos soldados, tendo olhado dentro do armário, sem encontrar ninguém, bateu descuidadamente a porta, fazendo o móvel deslocar-se um pouquinho, revelando o buraco na parede. O diretor foi chamado imediatamente:
—Foi assim que fugiram! Devia ter desconfiado de que usariam algum truque. Quero que descubram até onde vai o túnel. Um grupo deve ir à praia, procurar sinais dos fugitivos.
E o melhor cavalheiro deve ir à cidade mais próxima e pedir que chamem os rastreadores.
Os homens apressaram-se a cumprir as ordens.
—Ensinarei a esses ingleses desprezíveis a não tentarem me enganar!
Às quatro horas, o diretor tinha todas as informações que queria. Sabia que o túnel ia até a cruz de pedra, mas não havia sinal dos fugitivos.
Os rastreadores tinham chegado. Eram o melhor regimento do exército: encontravam qualquer pista e seguiám-na sem descanso. Infundiam terror em todos os desertores e prisioneiros que tentavam fugir. Os ingleses não teriam nenhuma chance.
—Dividam-se em quatro grupos. Dois irão pela estrada e outros dois pela praia. Assim, não poderão escapar.
Como tinha cavalos, esse regimento se locomovia a uma velocidade de doze a quinze quilómetros por hora. Estando a pé, os fugitivos faziam no máximo seis ou sete quilómetros por hora.
—Teremos notícias dos ingleses antes do pôr-do-sol — calculou Ollivier. — E estarão sob custódia antes do amanhecer.