Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPITULO XVIII

Lorde Herrera consultou o relógio: eram quatro e meia. Se estivesse na Inglaterra, estaria na hora do chá. O sol estava quente e eles tinham andado aproximadamente doze quilómetros desde a cruz de pedra. Todos estavam cansados, mas sabiam que não podiam parar. Se Ollivier tivesse cavaleiros e os mandasse na direção certa, ainda poderiam ser alcançados. O medo dava forças para que continuassem a caminhar.
Louis de Troyes, no convés do Vénus, olhava os penhascos brancos da costa da Inglaterra se afastando. Seus olhos estavam fixos em lady Marcella, que acenava com um lenço vermelho. Um sorriso surgiu em seus lábios. Quando voltar, minha querida, poderemos nos casar! E o meu sonho desta manhã se tornará realidade, pensou, feliz.
As águas estavam calmas e o mar parecia um espelho. Todas as velas estavam içadas para aproveitar a menor brisa.
Não demorou muito para que o vento aumentasse de intensidade, o sol se escondesse atrás de nuvens carregadas e a chuva chegasse.
O mesmo vento levantava a areia de praia na Bélgica e açoitava os cavalos do grupo de rastreadores. A areia fina machucava animais e soldados.
Para se proteger, tiveram de mudar de rota, desviando da costa e seguindo pelo interior. Isto faria com que levassem um pouco mais de tempo, mas não estavam muito preocupados, pois até então haviam sido muito rápidos. Além disso, os fugitivos estavam a pé.
A areia cortava a pele de todos. Lorde Herrera, como os demais, tentava proteger o rosto com o braço.
Não sabia que uma tempestade de areia podia causar tanta dor!, refletia ele, desejando poder parar em algum abrigo até que o vento acalmasse. Sabia, entretanto, que não podiam parar. Com vento ou sem ele, teriam de continuar andando.
Clytemnestra começou a protestar. O conde murmurou palavras de consolo, deu-lhe um outro doce e puxou-a pela rédea. Com muitas dúvidas, ela o seguiu.
A tempestade de areia passou, de repente, e uma chuva pesada começou a cair.
Os rastreadores chegaram a uma fazenda, onde foram bem recebidos. Tomaram sopa de cebola, vinho tinto e comeram pão fresco. A lareira foi acesa para que secassem as roupas.
A noite chegara. A tempestade tinha acabado e as estrelas voltaram a brilhar no céu. A lua cheia iluminava a praia.
Louis de Troyes, no convés, varria a costa francesa com os olhos. Finalmente encontrou o que procurava.
—Lá está ela! Pode jogar a âncora, Mr. Kedge, e aprontar o barco a remo.
A estátua branca de Santa Marguerite lá estava, com os braços estendidos em direção ao mar e os pés cobertos de flores.
Lorde Alfonso caminhava com dificuldade pela praia, puxando Clytemnestra pela rédea. Os outros arrastavam os pés, exaustos. Um súbito reflexo branco fê-los parar.
—Santa Marguerite! — exclamaram vários deles.
—O nosso ponto de encontro! Conseguimos! Podemos descansar um pouco. É exatamente meia-noite.
Todos sentaram na areia molhada. Suas pernas não aguentavam dar nem mais um passo.
O conde observava o mar ao luar; viu, com grande alívio, a silhueta de um iate e gritou:
—O Vénus já chegou! Deve ter pegado um bom vento.
—Ainda bem! murmurou lorde Druce. — Não gostaria de pensar em quais seriam nossas chances se tivéssemos de ficar aqui esperando.
A praia era plana e eles estavam vulneráveis. Calais ficava muito perto, mas, até aquele momento, não havia sinal dos franceses.