Fanfic: Uma Lady Perigosa - AyA (FINALIZADA) | Tema: AyA

CAPITULO XX

Miss Quince revia as avaliações das alunas feitas pelos professores. Miss Foxall estava a seu lado, fazendo comentários interessantes.
Era junho e o dia, agradável. Vez por outra, ouvia-se uma voz de menina vinda do jardim, o canto de um pássaro, o latido de um cachorro.
De repente, a quietude foi quebrada por uma orquestra de gritos de prazer. Um grupo de meninas estava em grande estado de excitação.
—Que barulho é esse? — perguntou miss Quince.
Miss Foxall levantou-se e chegou até a janela:
—Oh... burros... — disse, abafada.
—Burros?
—As meninas estão ao redor de um par de quadrúpedes de orelhas compridas, conhecidos como asinus em latim. Em português, creio que são chamados burros.
Miss Quince caminhou até a janela. No gramado podia-se ver metade das alunas da Academia e dois burros.
Um deles tinha um chapéu na cabeça e o outro, uma guirlanda de flores ao redor do pescoço. Um homem forte, certamente não um cavalheiro, segurava as rédeas dos animais.
As moças estavam muito alegres.
—Não são lindos?!
—Posso dar-lhes uma cenoura?
—Vamos poder montar neles?
Miss Foxall olhou para miss Quince:
—Anahí!
—Oh, não! Anahí não transformaria a Academia em um parque de diversões! — opôs-se a outra.
—Falarei muito severamente com ela — ameaçou miss Foxall.
—Bem, Artemísia, pode não ter sido ela...
Nesse momento, os portões da Academia foram abertos para dar passagem a uma carruagem preta, com o brasão do conde pintado na porta.
—Acho, Artemísia, que você está certa. O conde de Herrera está chegando. Não deve ser coincidência.
Lorde Alfonso entrou na saleta, onde encontrou a dupla de diretoras, que o recebeu com reserva.
—Estamos muito felizes em ver que retornou da França são e salvo — começou miss Foxall.
—Mas há um assunto que precisamos discutir. Os burros — completou miss Quince.
—A mula se chama Clytemnestra e o burro, Nobs. O tratador é um homem muito bom e saberá ser discreto — explicou o conde.
Miss Foxall e miss Quince sentaram-se nas cadeiras de espaldar reto e indicaram uma outra para o conde.
—Devemos entender que os burros...
—São um presente meu e de miss Portilla.
—Sabia que Anahí estava metida nisso! — exclamou Miss Foxall.
—É muito generoso de sua parte, mas...
—Entendo. Estão causando uma certa comoção. Mas com o tempo as moças se acostumarão — o conde era persuasivo. — Os burros são muitos úteis para as mocinhas frágeis, que não podem andar a cavalo.
Minha irmã andava de burro na praia quando teve pneumonia.
—Devemos entender que os burros trarão benefícios para a saúde de nossas alunas? — perguntou miss Foxall.
—É o que os médicos dizem...
O caso mudava de figura e os burros passavam a ser dignos de respeito. Mas havia um problema.
—Bem, há o tratador...
—Sim, mr. Noonan Unwin. É casado, tem oito filhos. E nós, é claro, pagaremos seu salário como parte do presente.
— Esperemos que as crianças sejam educadas...
—Tenho certeza de que os pais cuidam para que sejam — afirmou o conde.
Miss Foxall inclinou a cabeça.
— Nesse caso — disse miss Quince — ficamos muito felizes em aceitar o generoso presente, milorde.
Lorde Herrera sorriu.
Nesse meio tempo, o barulho lá fora tinha se tornado ensurdecedor.
—Se não se incomodar, deixá-lo-emos sozinho enquanto vamos cuidar das meninas, antes que elas percam a cabeça por causa dos burros.
O cavalheiro levantou-se e se inclinou para as duas diretoras.
Menos de trinta segundos após, as portas foram novamente abertas e Anahí entrou na saleta. Tinha as mãos cruzadas à sua frente e os olhos baixos.
— Gostaria de agradecer por ter trazido Clytemnestra até aqui e por ter-lhe dado um companheiro.
Não teve oportunidade de dizer mais nada. Ele a tomou nos braços e quando seus lábios se encontraram tudo mais perdeu a importância.