Fanfics Brasil - Capitulo - 21 Por um encontro de amor - AyA - Adaptada - Finalizada

Fanfic: Por um encontro de amor - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA


Capítulo: Capitulo - 21

438 visualizações Denunciar


Os dias que se seguiram foram corridos, cheios de compromissos tanto para Anahi, quanto para Alfonso. Os dois se encontravam muito pouco, mas os momentos passados juntos foram agradáveis e gratificantes.
Na terça-feira, Alfonso entrou em seu escritório e, após dar uma rápida olhada na correspondência, perguntou a Margaret, sua secretária, se Bernie Halloran já tinha chegado.
— Ele não virá hoje, Sr. Herrera. O Sr. Halloran foi visitar os terminais com os agentes.
"Muito estranho", pensou Alfonso.
— Obrigado, Margaret.
Mas que diabo Bernie Halloran estaria planejando? O que pretendia, visitando os terminais e conversando com os motoristas filiados ao sindicato?
Alfonso, mais uma vez, teve a forte intuição de que seu companheiro Halloran iria lhe causar problemas. Tentou imaginar se ele estava pretendendo derrubá-lo. Seria possível?
Naquele momento, Alfonso sentiu-se desamparado. E inseguro. Somente uma coisa poderia levantar seu ânimo: falar com Anahi. Discou o número dela rapidamente.
— Alô, baby. Como é que vão as coisas?
— Tudo em paz, amor. Está nervoso com a viagem, amanhã?
Ele sorriu.
— Vou dobrar o velho presidente na hora, vai ver. Posso ver você hoje à noite?
— É claro que pode.
— Ótimo. Estou morrendo de saudade.
Conversaram por mais uns minutos e, quando desligaram, Alfonso já se sentia mais animado. Quando a secretária entrou em sua sala para lhe dar uns papéis, ele pediu para que fosse avisado imediatamente quando Bernie Halloran voltasse.
Às três horas da tarde, Margaret informou Alfonso de que o Sr. Halloran tinha acabado de chegar.
— Mande-o vir até aqui agora mesmo.
Pouco depois, o velho líder sindical entrou em sua sala.
— Você queria me ver, Alfonso?
— Isso mesmo. Sente-se — ele se esforçou para manter o tom neutro na voz.
Bernie Halloran se sentou.
— O que você foi fazer nos terminais, homem? O que está acontecendo?
Alfonso Herrera sempre fora um grande intérprete de expressões. Agora, ele olhava para o rosto do companheiro. O velho Bernie estava tenso.
— Ora, não está acontecendo nada! Só fui anunciar aos nossos homens o resultado das negociações. E devo dizer que ninguém ficou muito contente com ele...
— Você sabe muito bem que eu lutei até o fim para o bom andamento das negociações. Não queira me acusar agora!
Halloran sorriu. Mas não era um sorriso agradável.
— Não me venha com histórias, Alfonso. Todo mundo está desconfiado que você andou se envolvendo com aquela... com aquela loira, dona da Puente.
Alfonso sentiu o sangue ferver nas veias.
— O que você disse, homem?
— O que você ouviu. Quem nos garante que ela não comprou você?
Ele nem podia acreditar no que ouvia. Alfonso olhou para o companheiro, tomado pelo ódio. Sentiu vontade de dar um soco nele. Se o fizesse, iria machucá-lo muito. Halloran tinha vinte e tantos anos a mais do que ele, e estava completamente fora de forma. Alfonso respirou fundo e procurou se controlar.
— Vou fingir que não ouvi o que você me disse, Bernie. Mas o que eu estou mesmo com vontade de fazer é de lhe quebrar a cara!
Halloran ficou vermelho na hora.
— Foi você que avisou Detroit sobre aquela fofoca de jornal, não foi? Seu canalha...
— Não, Alfonso. Não fui eu. Todos os caminhoneiros do país já sabem que você se vendeu. E Detroit não vai deixar passar isso. O velho presidente sabe ler, homem. Ele lê jornais. E deve estar querendo a sua cabeça!
— Vá embora daqui, Bernie! Vá embora!
Se Halloran não tivesse se levantado e saído da sala imediatamente, Alfonso teria perdido a cabeça.
— Vou mostrar a todos esses bastardos que eles estão errados a meu respeito! — disse Alfonso alto, para quem quisesse ouvir.


 


CAPITULO IX


Aplaudindo freneticamente, Anahi e os demais membros da platéia que lotavam o Town Hall levantaram-se. Entre as lágrimas que caíam sem parar de seus olhos, ela viu seu irmão no palco, curvando-se para agradecer os aplausos calorosos que agora recebia.
— Bravo! — gritou entusiasmado um homem perto dela. — Bravo!
As palmas continuavam. Anahi olhou para Dolores, de pé a seu lado. Sua cunhada tinha os olhos vermelhos e sorria com orgulho para Greg. As crianças não estavam entendendo muito bem o que se passava, mas era maravilhoso para eles ver o pai tocando no palco.
Anahi também sorriu e enxugou as lágrimas. Estava hipersensível por várias razões: falta de sono, pois acompanhara Alfonso até o aeroporto, às seis horas da manhã, quando ele pegara o avião para Detroit; uma saudade enorme dele, apesar de estarem separados há menos de vinte e quatro horas, e um desejo alucinante de que seu pai estivesse ali com eles. Como ficaria orgulhoso em ver o sucesso do filho!
Greg terminara a audição com o mesmo concerto de Mozart que Anahi e Alfonso haviam ouvido naquela primeira noite em que estiveram juntos. Ela ficou se recordando o tempo todo de como Alfonso tinha comparado o som da flauta com os pássaros, lembrando de tudo o que ele havia dito a ela, e a saudade aumentou ainda mais.
Anahi também estava preocupada, pois Alfonso havia ligado de Detroit, informando-a de que o presidente nacional do sindicato tivera um problema inesperado e só poderia vê-lo no dia seguinte. O suspense iria durar um pouco mais.
Com tudo isso na mente, não era de se admirar que ela estivesse chorando. Porém, procurou se conter ao notar que Dolores a olhava.
Quando as duas se dirigiram para o camarim, para abraçar Greg, ouviram os comentários entusiasmados dos espectadores.
— Glorioso! — dizia um.
— Magnífico! — falava outro.
Do teatro, a família Puente foi comemorar num restaurante famoso da cidade. Anahi, durante o tempo todo, ficou pensando em como seria bom se Alfonso estivesse ali a seu lado. Era impossível deixar de pensar nele.
Enquanto Greg ia de mesa em mesa cumprimentando os conhecidos, Dolores mantinha um olho nas crianças e outro na cunhada. E acabou percebendo seu ar de preocupação.
— Você não me engana... — comentou ela, sorrindo. — Sei que alguma coisa está acontecendo e que a está deixando abatida e preocupada. Aliás, acho que você emagreceu um pouco...
E era verdade. Anahi havia perdido peso mesmo e até escolhera um vestido franzido e largo aquela noite para arredondar suas formas agora tão modestas.
Ela deu graças a Deus quando viu Greg voltar à mesa. Estava salva de responder às perguntas da cunhada. Não que não quisesse lhe contar o que vinha se passando, mas aquela não era a hora mais apropriada.
A conversa voltou a girar em torno do concerto. Só no momento em que as crianças começaram quase a dormir cm cima da mesa é que Dolores achou que já era melhor voltar para casa.
— Venha conosco, por favor — disse ela a Anahi. — Queria tanto falar com você...
Anahi hesitou. Estava muito cansada e o que mais queria da vida naquela hora era cair na cama e dormir o sono dos justos. Mas, por outro lado, recusar o convite da cunhada poderia parecer pouco-caso... Resolveu aceitar.
Mais tarde, recostada no sofá da ampla sala do apartamento perto do Lincoln Center, Anahi suspirou enquanto esperava Dolores sair do quarto das crianças.
Ela apareceu na sala momentos depois, de pés descalços.
— Estão dormindo como anjos — comentou, sorrindo.
— Aliás, Greg também caiu na cama e, ao que parece, só vai sair dela amanhã. Você toma alguma coisa, Anahi?
— Não, obrigada. Se puser um gole de bebida na boca, quem vai cair de sono neste sofá e só acordar amanhã serei eu...
— Um café, então.
— Não, Dolores. Não se incomode. Você deve estar exausta também, não é? Agora, sente-se aqui comigo e vamos conversar.
Dolores recostou-se no sofá ao lado dela e tomou sua mão.
— Por favor, Anahi, confie em mim... Sei que alguma coisa está acontecendo e gostaria que você me contasse.
Anahi deu um suspiro fundo e resolveu se abrir.
— Bem, em primeiro lugar, quero lhe falar algo muito desagradável sobre a empresa.
E, cuidadosamente, contou à cunhada sobre os problemas com James Noble e Jonathan Court.
— Meu Deus!
Os olhos de Dolores ficaram arregalados de tanta surpresa. Nunca, em toda a sua vida, ela podia esperar por aquilo.
— Mas fique sossegada — Anahi tranqüilizou-a. — Tudo já está em ordem.
— Eu só posso agradecer a você por não ter levado o problema para Greg, nas vésperas do concerto. Só que deve ter sido horrível carregar essa carga sozinha!
— Foi muito duro, sim, Dolores. Mas como seria bom se os meus problemas se resumissem somente a Jonathan Court e James Noble...
— Eu tinha certeza de que havia outra coisa atrapalhando a sua vida, cunhada querida.
— Pode apostar nisso.
E Anahi contou tudo a respeito de Poncho Herrera, desde o começo.
— E você o ama de verdade?
— Muito, Dolores.
— Tem certeza?
— Certeza absoluta... Mas tenho certeza de outra coisa também. Se eu me casar com Alfonso, vou arruinar a vida dele.
— Bobagem. Você vai arruinar a vida dele se vocês não se casarem, isso sim... Olhe para esse anel no seu dedo. Ele jamais teria lhe dado um presente desses se não a amasse de verdade.
— Eu sei que ele me ama. Disso, não tenho a menor dúvida. Mas ficarmos juntos vai ser tão difícil...
— Nada é difícil quando existe amor, Anahi.
Ela deu um suspiro e recostou a cabeça no sofá.
— Gostaria tanto de ter a sua segurança, Dolores!
Voltando para a sua casa, Anahi caiu na cama e dormiu tão profundamente que só chegou ao escritório às onze horas da manhã seguinte.
— Já não era sem tempo — comentou Ruth Wiley, ao vê-la entrar na sala.
— Já não era sem tempo de quê? — perguntou Anahi, cujo bom humor havia sido refeito pelo sono. — De eu ter chegado?
— Não. Já não era sem tempo de você ter dormido até mais tarde, pelo menos uma vez na vida.
Anahi olhou para sua leal secretária, pensando: "Eu a coloquei para fora da minha vida, ignorei-a como nunca, e, mesmo assim, ela continua a se preocupar comigo e a me querer bem...
— Eu sou uma mulher muito sortuda por ter você aqui comigo, Ruth, isso sim. E trate de parar com esse regime, porque daqui a pouco vai sair voando pela janela.
Já na sua sala, Anahi olhou para o relógio. Era cedo e Alfonso ainda não deveria ter conversado com o presidente. A ansiedade era grande e ela resolveu trabalhar a todo vapor para tirar aquilo da cabeça. Mergulhou nos problemas da empresa com tanta intensidade que, quando se deu conta, já era uma hora da tarde.
Almoçou rapidamente numa lanchonete e, quando voltou, Ruth estava colocando a correspondência em cima da mesa.
— Humm... Devo dizer que estamos fazendo progressos — comentou a secretária.
— Progressos? Em que sentido?
— O muito distinto Howard Bartley parou de lhe mandar cartas e bilhetes.
Anahi sorriu.
— É mesmo. E, já que ele é parente de Jonathan Court, acho que vai sumir da minha vida para sempre mesmo. Graças a Deus!
Pouco depois, Ruth interfonou para a sua sala.
— O Sr. Halloran, do sindicato, está aqui e gostaria de vê-la, srta. Puente.
Anahi gelou. O que aquele homem estaria querendo com ela?
— Mande-o entrar.
Ela estava mesmo surpresa e intrigada. Mas, quando Halloran entrou, procurou parecer calma e sorriu cordialmente.
— Como vai, Sr. Halloran? Sente-se, por favor.
Ele tinha uma expressão maléfica no rosto e Anahi não gostou nada daquilo.
— Não, obrigada, senhorita. Prefiro ficar de pé.
Ela achou aquele gesto meio estranho, mas continuou a agir da forma mais natural possível.
— Como quiser. O que deseja, senhor? Alguma coisa sobre o acordo?
— Não. O que me trouxe aqui não foram as negociações.
Anahi estava ficando cada vez mais intrigada.
— Então, em que posso ajudá-lo? Tem certeza de que não quer mesmo se sentar?
— Não, obrigado. O assunto que me traz aqui hoje é muito breve. E pessoal.
— Pessoal? — Ela não estava gostando nem um pouco do que ouvia. — Acho que não estou entendendo, Sr. Halloran...
— Pois então serei mais claro. Vim aqui para falar da senhorita... e de Alfonso Herrera.
O rosto de Anahi ficou vermelho como fogo.
— Continuo não entendendo, senhor...
Ele balançou a cabeça com desdém. E seus olhos tinham um traço de ironia.
— Ora, vamos, srta. Puente. Todo mundo lê jornais, não é? Não é novidade para ninguém que vocês dois foram vistos juntos várias vezes... E a senhorita sabe o que o pessoal está comentando!
— Pois não sei! E nem quero saber! — A voz dela estava carregada de raiva.
— Mas vou dizer assim mesmo. Todo mundo está comentando que Alfonso se vendeu... Que a senhorita o comprou!
Anahi ficou tão chocada que nem conseguiu responder.
— É isso mesmo — continuou Halloran. — Acredite, isso me dói muito. Alfonso é como um filho para mim. Devo dizer que esse relacionamento entre vocês vai arruiná-lo. Arruiná-lo, senhorita!
Ela ficou uns instantes parada, sem nada dizer. Depois, bateu com firmeza os punhos fechados na mesa.
— O senhor está sendo muito inconveniente! Não se meta na minha vida particular! Ela não é da sua conta!
— Aí é que a senhorita se engana. É da minha conta, sim, quando o sindicato é afetado. — A voz dele agora era cortante. — Por isso, vou lhe pedir para deixar Alfonso. Saia da vida dele. Para o bem de todos. Se gosta dele de verdade, não vai querer arruiná-lo, não é?
A voz de Anahi estava trêmula. Não havia jeito de controlá-la.
— Acho melhor o senhor sair daqui. Agora mesmo!
"Se esse homem não for embora", pensou ela, "vou começar a chorar na frente dele".
Para seu grande alívio, Halloran disse:
— Tudo bem, já estou indo. Mas vou pedir mais uma vez: saia da vida de Alfonso Herrera.
E caminhou resoluto para fora do escritório.
Muito depois de ele ter ido embora, Anahi continuava parada, sentada em sua poltrona, sem conseguir acreditar.
As palavras de Halloran ainda ecoavam em sua mente: "A senhorita vai arruiná-lo... arruiná-lo..."
Quando, mais tarde, Alfonso telefonou de Detroit, ela ainda não havia se recuperado daquela visita inesperada.
— Como foram as coisas? — perguntou, ansiosa. — Por favor, fale logo...
A ligação não estava muito boa, mas Anahi pôde ouvir claramente a resposta.
— Não muito bem...
O coração dela começou a bater mais depressa, invadido por uma terrível onda de desespero.
— Anahi? — soou a voz dele do outro lado da linha. — Você ainda está aí?
— Estou, Alfonso...
— Está me parecendo estranha, baby. Aconteceu alguma coisa?
Ela teve vontade de gritar, de dizer bem alto que Bernie Halloran fora aborrecê-la no escritório, mas sabia muito bem que não poderia fazer aquilo. Pelo menos, não por telefone.
— Não aconteceu nada, não. É que eu estou com saudades...
— Também estou, baby. Pretendo chegar a Nova York hoje à noite e não vou desgrudar de você por nem um minuto sequer.
Após as despedidas, desligaram e Anahi não conseguiu se concentrar no trabalho pelo resto da tarde. Alfonso dissera que as coisas não iam bem em Detroit. O presidente nacional do sindicato não estava contente com a atuação dele. E as palavras de Bernie Halloran continuavam a soar em seus ouvidos. Ela precisava tomar uma decisão. Urgentemente.
Naquela noite, Anahi foi esperar Alfonso no aeroporto. E sua decisão já estava tomada. Mas ao vê-lo despontar no corredor, tão cansado e abatido, ela decidiu que aquela não era a melhor hora para lhe comunicar decisão alguma.
Alfonso largou a mala no chão e correu para abraçá-la. Na frente das outras pessoas, trocaram muitos beijos apaixonados e, quando perceberam que as carícias já estavam passando dos limites, resolveram sair dali e ir para a casa de Anahi.
Mas, assim que entraram no carro, os carinhos começaram de novo. Foi preciso muita força de vontade de ambos para se controlarem e chegarem até a casa dela.
Durante o percurso, Alfonso lhe contou que o presidente em Detroit estava descontente com os boatos sobre o relacionamento entre eles e que pretendia ficar de olho nele. E, mais uma vez, Anahi percebeu que a decisão que tomara era a coisa mais lógica a ser feita. Precisava se afastar dele. Mas não agora. Não naquela noite.
Assim que entraram na casa dela, Alfonso esqueceu seu cansaço e, tomando-lhe a mão, levou-a para o quarto. Lá, sem poder se conterem, ambos tiraram a roupa rapidamente e caíram juntos na cama. Alfonso começou a beijar o pescoço e os ombros dela, mordiscou seus seios, acariciou seu ventre e tocou levemente seu sexo. Massageando-o com os dedos, foi aumentando a pressão, até fazer com que ela gritasse, implorando para ser amada.
Ele então a penetrou e se amaram com loucura, atingindo o clímax ao mesmo tempo e depois ficaram um longo tempo abraçados, sem nada falarem, apenas curtindo a companhia um do outro.
Mas nenhum dos dois ainda estava satisfeito. O desejo ardia em seus corpos e dessa vez foi Anahi quem tomou a iniciativa, montando em cima dele e amando-o com paixão e intensidade.
Mais tarde, caíram num sono profundo, só acordando com a luz do sol no dia seguinte.
Tomaram banho juntos e estavam se vestindo no quarto quando Alfonso disse abruptamente:
— Você quer se casar comigo, Anahi?
Foi como se o mundo tivesse desabado na cabeça dela. A voz aguda e penetrante de Bernie Halloran começou a soar em seus ouvidos novamente e ela teve vontade de chorar. O homem que amava acabara de pedi-la em casamento. Mas, se aceitasse, iria arruiná-lo. Iria destruir a vida profissional de Alfonso Herrera. E aquilo não era justo.
Alfonso percebeu a hesitação de Anahi e chegou mais perto dela.
— Você não me respondeu, baby...
Ela virou as costas para ele, a fim de esconder as emoções estampadas em seu rosto. Mas Alfonso colocou as mãos em sua cintura e virou-a novamente.
— O que está acontecendo com você, amor?
Anahi suspirou profundamente e, com grande esforço, conseguiu olhar nos olhos dele.
— Alfonso... Eu não vejo jeito para nós dois...
Ele começou a rir.
— Ora, você só pode estar brincando! Como assim, não vê jeito para nós? É claro que há jeito, sim, baby.
Ela tomou a mão dele e, juntos, sentaram na cama.
— Por favor, Alfonso, você precisa me entender. Amo você como nunca amei ninguém na vida e só Deus sabe como isso é verdade... Mas, se nós nos casarmos, eu vou destruí-lo... vou destruir tudo o que você construiu com tanto sacrifício. Não posso fazer isso, não posso...
Ela parou de falar porque os soluços já começavam a brotar de sua garganta.
— Arruinar-me? — Alfonso nem acreditava no que ouvia. — Mas que absurdo! Como pode dizer uma bobagem dessas? Você está parecendo Bernie Halloran!
Parecendo Bernie Halloran. Ao ouvir aquele nome, Anahi involuntariamente contraiu o rosto. Alfonso, que a olhava tão de perto, percebeu aquele gesto.
— O que houve, baby? Por que você ficou assim quando eu mencionei Bernie?
Era inútil esconder aquilo. Mais cedo ou mais tarde, Alfonso iria mesmo descobrir. E, entre lágrimas e soluços, ela lhe contou sobre a desagradável visita de Bernie Halloran.
Anahi pôde notar o brilho de ódio nos olhos dele, enquanto falava.
— Quero lhe pedir um favor — disse ela, acabando a história. — Não brigue com Halloran... Ele é um homem velho e você poderia derrubá-lo em um minuto.
Foi como se Alfonso nem tivesse ouvido o pedido de Anahi.
— Maldito! Então aquele maldito procurou você... — O rosto dele estava tomado pelo ódio. — E você deu ouvidos a um homem que está louco para se livrar de mim... Isso não tem sentido!
— Eu sei que Halloran não é um homem confiável, Alfonso. Mas pelo menos nisso ele está certo. Não sou a mulher ideal para você, não percebe?
Ele se levantou e olhou bem para ela.
— Não posso acreditar nisso! Seus argumentos são tão absurdos que... Olhe, tenho certeza de que existe outra razão. Sabe de uma coisa? Você deve estar cansada de mim, Anahi. E não deve estar querendo se amarrar com um homem simples como eu, não é? Por que não fala a verdade? Pelo menos seria mais honesto de sua parte!
— Pare, Alfonso! Como é que você tem coragem de falar assim comigo? — Anahi estava trêmula e não conseguia parar de chorar. — Não vê que eu te amo?
— Ama coisa nenhuma! Se amasse, não daria ouvidos àquele idiota do Bernie Halloran! Se você gostasse de mim de verdade, nada mais neste mundo importaria!
— Mas eu juro que te amo!
— Acontece que eu não entendo esse tipo de amor. E estou farto disso tudo! Adeus, Anahi Puente!
Alfonso olhou-a com desdém, de cima a baixo, e saiu do quarto batendo a porta. Em poucos segundos, seus passos ecoavam no jardim.
Anahi teve vontade de correr atrás de Alfonso, de gritar que o amava, de implorar para que ele voltasse. Mas não teve forças. Deixou-se ficar ali, em sua cama, enquanto as lágrimas corriam livremente por seu rosto.


A noite foi muito longa e Anahi mal conseguiu pregar o olho. A manhã seguinte conseguiu ser pior ainda, pois trouxe a lembrança de outras manhãs passadas ao lado de Alfonso.
O fim de semana todo foi péssimo e Anahi não teve vontade nem de se arrumar. Passou o domingo todo de robe, no quarto, curtindo sua dolorida solidão e olhando para o telefone que teimava em não tocar.
No dia seguinte, já no escritório, pensou em ligar para ele e desculpar-se. Mas desculpar-se pelo quê? Pelo fato de não ter aceitado um pedido de casamento? Não, aquilo ela não poderia fazer de jeito nenhum.
Foi na terça-feira que, ao abrir o jornal, deparou com uma notícia que a fez tremer. Em destaque, com letras grandes, estava escrito:
"O irrequieto líder sindical Alfonso Herrera fez mais uma das suas: afastou da diretoria do sindicato seu companheiro de muitos anos Bernard X. Halloran, a apenas quatro meses de sua aposentadoria. O que será que deu nele?"
Anahi leu a notícia várias vezes e não pôde deixar de sentir um pouco de pena de Halloran. Ainda bem que pelo menos Alfonso não o agredira fisicamente, acabando na prisão por causa disso.
Anahi deu graças a Deus pelo grande volume de trabalho daquela semana, na empresa. Atirou-se freneticamente aos negócios, passou a ocupar a mente com outros problemas que não Alfonso Herrera e, quando convocou a diretoria para uma reunião na sexta-feira, percebeu com satisfação que as coisas na Puente estavam começando a se reorganizar. E exultou quando o auditor lhe disse que, se tudo continuasse a correr bem, as finanças iriam permitir que se fizesse um novo acordo com o sindicato.
"Nem tudo está perdido", pensou ela, quando a sala de reuniões ficou vazia. Olhou para o retrato de Mike Puente na parede. Pelo menos tinha essa alegria, essa satisfação que a consolava, não importava o que tivesse perdido. Estava mantendo a Puente de pé, exatamente como seu pai faria se estivesse vivo.


Greg Puente e Anahi estavam sentados a uma mesa no Windows on the World, o restaurante espetacular no 107.° andar do World Trade Center.
O lugar oferecia uma vista incomparável da cidade e, como a mesa deles dava para a face norte, o panorama podia ser admirado do melhor lugar do restaurante.
— Você está fazendo milagres na empresa, irmãzinha. Tenho tanto orgulho de ser seu irmão...
— Eu é que tenho orgulho em ser sua irmã, Greg. Quanto aos milagres, eles simplesmente aconteceram.
"Milagre é eu ter sobrevivido, isso sim", pensou ela. "Agora, preciso aprender a viver sem Alfonso Herrera..."
— Por que não tira umas férias? — sugeriu Greg. — Você está me parecendo tão cansada...
Anahi sabia que sua aparência não era das melhores. Tinha olheiras, estava magra demais e seu rosto possuía uma coloração meio amarelada que nem a maquiagem conseguia esconder.
— E sei também o que está acontecendo com você, irmãzinha...
Anahi gelou na hora. Não esperava que Greg estivesse sabendo de alguma coisa a respeito de Alfonso.
— Dolores me contou, Anahi. Você deve ter imaginado que ela iria me contar, mais cedo ou mais tarde. Nós dois não escondemos nada um do outro.
É claro. Como fora ingênua em pensar que Dolores ficaria quieta! Os dois tinham o relacionamento franco, aberto, que Anahi sonhara um dia ter com Alfonso. Bem, fora tudo um sonho bonito e mágico. Mas o mundo era real e de mágico não tinha nada. E, quanto mais rápido ela aceitasse o fato, mais fácil seria esquecer e prosseguir a vida.
— O que foi, Anahi? — perguntou Greg, vendo que ela ficara quieta. — Você não quer falar sobre isso?
Anahi tomou um gole de vinho antes de responder:
— Não tenho nada a dizer sobre o que aconteceu. Simplesmente não deu certo, só isso...
Greg tomou sua mão.
— E por que não deu certo?
— Porque um líder sindical e a dona da empresa são antagonistas naturais... Como é que um relacionamento entre ambos pode dar certo?
— Pois eu não penso assim. Antes de serem um líder sindical e uma dona de empresa, vocês dois são um homem e uma mulher!
— Um homem que deve satisfações ao seu sindicato e uma mulher que deve satisfações à sua empresa. O panorama não é muito animador, não acha?
— Agora eu entendo como conseguiu atravessar a crise da Puente com tanta determinação. Você é teimosa como uma mula!
— Se eu sou teimosa, você nem imagina como é Alfonso Herrera...
Alfonso Herrera... Anahi desejou não ter falado aquele nome. De um modo ou de outro, tocar no nome dele trazia-lhe à frente a sua imagem. E isso era muito dolorido...
— Então, já que vocês dois são tão teimosos assim, uma das partes vai ter que ceder. É incrível, mas eu nunca vi você tão infeliz na vida, Anahi...
Ela não respondeu e ele continuou:
— Olhe para o seu prato. Você nem tocou nele!
— é que não estou com fome, Greg...
— Aliás, você emagreceu bastante, não é?
— É, um pouco.
— Você não tem jeito, irmãzinha. Está triste, insatisfeita, com olheiras no rosto... E por quê? Porque é muito teimosa!
— Por favor, Greg, entenda! As coisas não são tão simples assim!
— É claro que não são simples. Mas pelo menos você poderia lutar pela sua felicidade!
Anahi não respondeu e ficou olhando para a paisagem, pensativa.
— Pelo menos você aceita uma sobremesa, para adoçar a sua vida?
Ela sorriu.
— Não, obrigada. Não estou com fome mesmo.
— Então, se me dá licença, quem vai pedir um doce sou eu.
Momentos depois, deliciando-se com sua torta de chocolate, Greg continuou a falar:
— Você se lembra do pai de Dolores?
Anahi olhou para ele, surpresa com a pergunta que lhe pareceu irrelevante àquela hora.
— Vagamente. Por quê?
— Era um espanhol tradicional, de família nobre. Não sei se você se lembra, mas ele foi completamente contra o meu casamento. Queria que Dolores se casasse com um primo dela, essas uniões arranjadas pela família, você sabe...
— É, eu me lembro. Mas por que você está me falando disso agora? Não entendo aonde quer chegar.
Greg a encarou com seus olhos azuis muito sérios, que eram tão iguais aos de Anahi.
— O que eu quero que você entenda, irmãzinha, é que eu também tive dificuldades pela frente. Mas lutei. Lutei muito e consegui. Tenho Dolores ao meu lado e, se não fosse ela, a minha vida não valeria um centavo... Eu lutei porque valia a pena lutar. Você não acha que deve fazer a mesma coisa?
Anahi balançou a cabeça, mais confusa do que nunca.
— Eu já não sei de mais nada...
Greg tomou a mão dela com carinho.
— Olhe, Anahi, não quero lhe causar mais dor de cabeça ainda, mas tenho a impressão de que você está cometendo um erro muito grande, talvez o maior da sua vida. Gostaria que se olhasse num espelho agora. Você está abatida, triste... tão diferente de antes!
— De antes quando?
— Da época em que tudo estava indo bem com o tal do Alfonso Herrera.
Anahi abaixou a cabeça, pensativa.
— Não jogue tudo fora, irmãzinha. Olhe, o que eu quero lhe dizer agora é o seguinte: você sabe o que a música significa para mim. Ela é a minha vida... Mas, se tivesse que fazer uma escolha entre a música e Dolores, eu escolheria Dolores, mesmo que isso significasse que jamais tocaria uma nota durante o resto da minha existência.
Anahi levantou os olhos e encarou o irmão mais velho. Nunca, em toda a sua vida, ele tinha falado mais sério.
E tentou imaginar se realmente cometera o maior erro de sua vida ao se afastar do homem que lhe abrira os olhos para o mundo do amor.


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): ayaremember

Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

CAPITULO X Mas o erro já fora cometido e agora não havia mais jeito. A única coisa que Anahi podia fazer era esquecer Alfonso Herrera e começar a se interessar por outros homens. Por isso, quando uma amiga a convidou para ir a uma festa no dia seguinte, ela não só aceitou, como dançou a noite toda. Foi uma das últimas ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 19



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • franmarmentini Postado em 18/05/2014 - 20:58:02

    essa história foi muito linda!!! amei ;)

  • franmarmentini Postado em 18/05/2014 - 20:03:53

    to super emocionada :( anda any vai atraz do poncho!!!!!!

  • franmarmentini Postado em 09/05/2014 - 06:49:23

    ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

  • steph_maria Postado em 07/05/2014 - 22:19:33

    Owwwww o Alfonso é tão romântico é quase um homem perfeito, adorando a web é tão linda, espero que Alfonso não mude pela pressão do sindicato =/

  • franmarmentini Postado em 05/05/2014 - 19:39:26

    mas pq any ta tão irredutível assim meu deus...ele não fez nada pra ela poxa!!!

  • steph_maria Postado em 02/05/2014 - 22:56:18

    Anahi se afastando dele poxa e eu pensei que ele que ia acabar magoando ela =/ quero mais posts!!

  • franmarmentini Postado em 29/04/2014 - 07:03:11

    ;( poxa não quero eles separados.

  • franmarmentini Postado em 24/04/2014 - 21:31:15

    continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • belle_doll Postado em 24/04/2014 - 20:29:24

    UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP.............

  • franmarmentini Postado em 23/04/2014 - 16:20:29

    to amando a fic*


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais