Fanfic: Por um encontro de amor - AyA - Adaptada - Finalizada | Tema: AyA
CAPITULO III
Anahi acordou às oito horas da manhã do dia seguinte e constatou que, mais uma vez, seu pai acertara. As coisas pareciam mesmo diferentes à luz do dia. O sol de primavera entrava em cheio pela janela, fazendo com que as cortinas amarelas parecessem corolas de narcisos.
O dia prometia ser uma beleza. Por um breve instante, ela achou que a noite da véspera não passara de um belo sonho. E, agora, a realidade a esperava naquela manhã ensoralada.
Um pouco cansada pelo sono agitado, mas com muito mais disposição do que esperava ter, Anahi pulou da cama e foi direto para a cozinha fazer café. Enquanto a água esquentava, tomou um banho rapidíssimo e fez a cama. Ao voltar para a cozinha, a água fervia e ela preparou um bule de café forte e fresco.
Olhou em volta: a cozinha e a copa mais pareciam uma continuação do jardim, com vasos de plantas espalhados por todos os cantos. Há poucas semanas, para comemorar a chegada da primavera, ela colocara um enorme arranjo de flores em cima da mesa e tudo por ali tinha um ar alegre e festivo. Seu ânimo começou a se levantar. Sentindo-se ansiosa demais para tomar um bom desjejum, contentou-se com uma xícara de café preto e decidiu só comer alguma coisa um pouco antes da reunião do sindicato.
Olhando no relógio, Anahi foi para o seu quarto e começou a se vestir. Pretendia se fazer passar por uma executiva séria, e a roupa que escolhera dava essa perfeita impressão. Era um conjunto de blazer e saia cinza, com uma blusa de laço cor-de-rosa, bem clarinha. Resolveu prender os cabelos num coque na altura da nuca e maquiou-se muito de leve. Só usou um pouco mais de sombra nos olhos, porque pretendia usar seus óculos para parecer mais velha e mais séria.
Foi somente no momento em que entrou no carro, e viu que o motor estava funcionando muito bem, que Alfonso voltou-lhe à mente. E um inesperado friozinho na barriga veio-lhe tirar o sossego. A noite anterior não fora um sonho: os braços e a boca daquele gigante haviam sido muito reais.
Mas aquela não era a hora de pensar naquilo. O trânsito perigoso de Nova York estava à sua frente e ela tinha uma reunião importante com que se preocupar.
— Bom dia. Hum... essa blusa cor-de-rosa com laço na frente está tão bonita que me dá até vontade de comer...
O comentário partiu de Ruth Wiley, a secretária. Havia um sorriso agradável em seu rosto sereno de meia-idade e ela irradiava simpatia e confiança.
— Vontade de comer? Não me diga, Ruth... Aposto que você está fazendo regime de novo e por isso sente vontade de devorar tudo o que vê pela frente. Como está se sentindo esta manhã, querida?
— Muito bem... e você acertou. Estou de dieta mesmo!
Desde que Anahi se dava por gente, Ruth Wiley travava uma incansável batalha contra as calorias. A secretária começara a trabalhar com Mike Puente quando a empresa fora fundada e agora sentia-se feliz por estar ao lado da caçulinha dele, a quem praticamente ajudara a criar. Ela sempre dizia que pai e filha tinham o mesmo gênio: eram inteligentes, esforçados e teimosos como uma mula.
— Então, boa sorte no seu novo regime! — Anahi sorriu abertamente. — Quais são as novidades esta manhã?
— Hum... Deixe-me ver. O distinto Howard Bartley ligou duas vezes e pediu para que você ligue. Dolores também ligou. Vamos ver o que mais... Ah, Tio Patinhas já esteve aqui e disse que queria falar com você a respeito da reunião com o sindicato.
Tio Patinhas era o apelido secreto que ambas haviam dado a Jonathan Court, o tesoureiro da companhia, um pão-duro que costumava se comportar exatamente como o inesquecível personagem de Walt Disney.
"Vai ser engraçado", pensou Anahi. Tinha certeza de que Court e os demais membros da diretoria esperavam que ela fizesse exatamente o que eles ordenassem. Bem, todos teriam uma grande surpresa, pois ela pretendia conduzir as negociações da mesma maneira que seu pai.
— Não quero falar com Tio Patinhas agora, Ruth. Já conversei muito com ele sobre a reunião e o assunto já se esgotou. Quero estar bem descansada para quando os homens do sindicato chegarem, sabe? Ai, meu Deus, que friozinho na barriga! Ruth sorriu.
— Posso imaginar, Anahi! Olhe, eu deixei uma pasta em cima da sua mesa contendo anotações sobre o tipo físico de cada um dos homens que você vai ter que enfrentar.
— Tipo físico? — Anahi começou a rir. — Meu Deus, promete ser interessante! Mal posso esperar para botar os olhos nisso!
E antes de entrar na sua sala, seu santuário, ainda comentou:
— Veja se não perde muito peso, minha amiga. Lembre-se de que cada grama vale ouro!
Anahi fechou a porta atrás de si e sentou-se confortavelmente em sua poltrona favorita. Em cima da mesa, a pasta de Ruth com os comentários a respeito dos homens do sindicato prometia momentos de diversão amena. Ela sorriu antecipadamente e começou a ler as anotações.
Porém seu riso desapareceu no momento em que leu o nome do presidente: Donato Herrera. Ao lado, Ruth havia escrito: um gigante maravilhoso.
Um gigante chamado Donato... Seria possível? Não, é claro que não. Apenas uma simples coincidência. Alfonso Bardolino era motorista de caminhão e ela não deveria pensar em bobagens. Começou a ler a descrição dos outros homens.
Aaron Weinfeld, o vice-presidente: uma verdadeira águia, com bico e tudo, segundo a implacável Ruth. Bernie Halloran, secretário e tesoureiro: um Papai Noel de aparência, mas um grande Tio Patinhas interiormente. Os outros membros não haviam merecido muitos comentários e Ruth descrevera todos eles como "um pedaço de bolo".
Mas aquilo não consolava Anahi. Os três primeiros homens eram os líderes e era com eles que deveria se preocupar. Olhou para o relógio. Dez e meia. Ainda tinha meia hora até o início da reunião. Resolveu deixar o telefonema de Howard Bartley de lado e discou para Dolores. Falar com a cunhada foi bom e relaxante e elas combinaram um jantar para aquela noite. Depois, Anahi fez algumas anotações a respeito da correspondência que chegara e, quando percebeu, já eram cinco para às onze. Uma nova onda de ansiedade passou-lhe pelo corpo e ela leu o nome do presidente mais uma vez: Donato Herrera. Um gigante maravilhoso, escrevera Ruth.
Minutos depois, a voz da secretária anunciava, pelo interfone:
— Os membros do sindicato já chegaram, srta. Puente.
— Ótimo. Mande-os entrar.
Ela se levantou para esperá-los e deu uma olhada em volta: tudo estava em ordem. Agora, era só pedir a Deus que tudo corresse bem.
Ruth Wiley abriu a porta, dando passagem para os homens. O primeiro que entrou foi o presidente, um homem muito alto, de terno cinza, que sorriu misteriosamente para ela. Um gigante moreno maravilhoso... E Anahi teve que se controlar para que um grito não escapasse de sua garganta. Lá estava ele, o homem que lhe despertara tantas emoções, parado à sua frente. Ela bem que desconfiara. Alfonso Bardolino nunca existira...
Os outros homens entraram em seguida e Anahi reconheceu-os um a um, pelos comentários bem-humorados da secretária. Cumprimentou todos eles com um aperto de mão e, na vez de Alfonso, teve que fazer força para que sua fala não saísse trêmula.
— Como vai, Sr. Herrera? — foi a única coisa que conseguiu dizer.
Ele respondeu ao cumprimento e Anahi estava pensando em alguma coisa inteligente para falar, quando, de repente, o advogado da empresa, James Noble, e o temido tesoureiro Jonathan Court, o Tio Patinhas, entraram na sala. Ela não sabia que ambos iriam estar presentes e ficou aborrecida por não ter sido avisada antes. Não seria fácil ter Noble a seu lado. Suas opiniões radicalmente contra as leis trabalhistas haviam aborrecido muito Mike Puente e Anahi pretendia ficar de olho nele.
A reunião finalmente foi iniciada e, como era esperado, os ânimos de ambas as partes começaram a esquentar. Os membros do sindicato exigiam aumentos de salário, mas Court e Noble refutavam a idéia, alegando que a companhia estava em regime de contenção de despesas.
Weinfeld rebateu, referindo-se às recentes negociações da Wall Street. E na hora em que Noble foi longe demais, aparentemente falando por toda a companhia, Anahi o interrompeu de maneira brusca:
— Espere um pouco — disse ela. — Somente Anahi Puente fala por Anahi Puente.
Logo arrependeu-se de ter falado daquela maneira, pois o sindicato, percebendo uma certa desarmonia entre os membros da companhia, poderia tirar partido dessa situação. Porém, o que ela notou foi um brilho de admiração nos olhos escuros de Alfonso.
— Parece Mike Puente falando — comentou Halloran, olhando para o grande quadro a óleo na parede.
— Ele foi o adversário mais justo que o nosso sindicato já teve — acrescentou Alfonso. — Meu próprio pai disse um dia que um homem deve ser muito cuidadoso na escolha dos seus inimigos... Mike era um grande sujeito e tenho a impressão de que vocês dois eram muito parecidos. Será um prazer negociar com a senhorita, estou certo.
Anahi sentiu que Alfonso estava se referindo a algo mais do que simples negociações de trabalho e preferiu não dizer nada. As conversas prosseguiram e uma hora depois, ao dar a reunião por encerrada, ela se sentia esgotada.
Quando o grupo deixava a sala, Alfonso aproximou-se dela e perguntou, em voz baixa:
— Será que posso convidá-la para almoçar? Tenho algumas coisas para lhe dizer...
— Sinto muito, mas não posso — respondeu Anahi, de maneira fria. — Fale com a minha secretária, a Sra. Wiley. Pode ser que ela encontre na minha agenda uma hora livre para nos encontrarmos.
Alfonso não conseguiu esconder seu desapontamento, mas respondeu com muita educação:
— Obrigado. Farei isso.
E olhou para ela mais uma vez, como se implorasse um pouco de compreensão. Anahi, porém, ignorou tal olhar e, após ele ter, saído, fechou a porta da sala e foi sentar-se à mesa.
Sabia muito bem que sua agenda estava lotada e que Ruth Wiley não iria marcar encontro nenhum com Alfonso. Alfonso Bardolino... Seria mesmo possível que o homem que a fizera gritar de desejo e paixão na noite anterior fosse o líder do sindicato?
Ela apoiou a cabeça nas mãos e deixou-se ficar assim por um longo tempo. Será que aquele sem-vergonha fizera tudo aquilo de propósito, para tê-la em suas mãos? Não, não fazia sentido. Ele não podia adivinhar quem ela era quando a vira no restaurante. E Anahi também lembrou-se de como ele ficara espantado no Fedora`s, ao ouvi-la se apresentar a Enrico. Alfonso não sabia quem ela era. E, quando descobrira, não quisera complicar as coisas ainda mais. Afinal, como é que duas pessoas lutando em lados diferentes poderiam se tornar amantes?
Então aquilo explicava tudo. Por um lado, ela se sentiu aliviada. Ele não a rejeitara por causa de outra mulher, nem por falta de interesse. Mas, por outro lado, as coisas ficavam ainda piores. Como é que ambos poderiam se acertar, uma vez que estavam destinados a se oporem um ao outro durante todo o caminho?
Era um dilema que ela não conseguia resolver. Dessa vez, estava mesmo perdida.
Ruth Wiley devia estar sozinha em sua sala, pois somente o ruído da máquina de escrever podia ser ouvido. Anahi sentiu uma vontade louca de ir até lá e perguntar se Alfonso tinha tentado marcar o encontro, mas não teve coragem sequer de se levantar da cadeira. E passou a tarde inteira ali, procurando se concentrar no trabalho, enquanto pensamentos confusos povoavam sua mente.
Eram seis horas quando resolveu deixar o escritório. Ruth, como de costume, fora embora às cinco e Anahi já estava fechando a porta de sua sala quando apareceu um entregador de floricultura carregando um enorme vaso de lírios brancos.
Intrigada, Anahi deu uma gorjeta ao rapaz e se apressou em abrir o cartão, que dizia: "Abril é um mês cruel, quando seu nome é Alfonso Herrera".
Ela ficou sem fala. Primeiro, Mozart; agora, uma referência à poesia de T. S. Eliot. Não deixava de ser um paradoxo: um líder sindical, de origem humilde, enviando-lhe lírios que simbolizavam a doce cor da primavera.
Anahi sentiu o aroma delicioso das flores e sentou-se novamente à escrivaninha, olhando admirada para elas. Não conseguia se lembrar exatamente das palavras de Eliot, mas havia algo sobre lírios e lembranças... lembrança e desejo. E a chuva de abril inundando o mundo. Ontem, seu desejo por Alfonso havia se misturado às lembranças de Don McKendrick. Agora, só faltava a chuva.
Mas aquela não era a hora de devaneios. Anahi tinha marcado um jantar com Greg e Dolores e, se ficasse ali perdendo tempo, pegaria um trânsito infernal. Suspirando, levantou-se e fez o que lhe pareceu mais acertado: atirou flores e cartão dentro da lata de lixo.
Mas, antes de apagar as luzes e deixar o escritório, resolveu tirar o cartão do lixo e o guardou dentro da bolsa.
— Você está ótima, Anahi — disse Dolores Puente, observando a cunhada.
"Provavelmente, isso se deve ao jantar maravilhoso, ao vinho e a este lugar", pensou Anahi.
Autor(a): ayaremember
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 19
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franmarmentini Postado em 18/05/2014 - 20:58:02
essa história foi muito linda!!! amei ;)
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franmarmentini Postado em 18/05/2014 - 20:03:53
to super emocionada :( anda any vai atraz do poncho!!!!!!
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franmarmentini Postado em 09/05/2014 - 06:49:23
ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
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steph_maria Postado em 07/05/2014 - 22:19:33
Owwwww o Alfonso é tão romântico é quase um homem perfeito, adorando a web é tão linda, espero que Alfonso não mude pela pressão do sindicato =/
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franmarmentini Postado em 05/05/2014 - 19:39:26
mas pq any ta tão irredutível assim meu deus...ele não fez nada pra ela poxa!!!
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steph_maria Postado em 02/05/2014 - 22:56:18
Anahi se afastando dele poxa e eu pensei que ele que ia acabar magoando ela =/ quero mais posts!!
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franmarmentini Postado em 29/04/2014 - 07:03:11
;( poxa não quero eles separados.
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franmarmentini Postado em 24/04/2014 - 21:31:15
continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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belle_doll Postado em 24/04/2014 - 20:29:24
UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP............. UP.............
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franmarmentini Postado em 23/04/2014 - 16:20:29
to amando a fic*