Fanfic: Despedida de Solteira - AyA | Tema: Ponny- Hot
Ele estava bem na minha frente e eu não podia acreditar. Não dava. O fato de estar tão
diferente da última vez que o vi me deixava tão perturbada que foi inevitável dar uma de imbecil:
fiquei parada o encarando enquanto sentia meu rosto ferver de vergonha. Eu devia ter me vestido
melhor. E me maquiado melhor. E emagrecido. Mas não... Lá estava eu, usando calça jeans escuras,
que me incomodavam na cintura porque minha barriga tinha ganhado vida própria depois que comi
uns sete canapés, e uma blusa que me deixava parecendo um balão de gás.
Gorda, gorda, gorda. Ridícula até dizer basta. Vai pra academia, Lara! Ou morre logo de uma
vez, é o melhor que você faz. Aliás, tudo era melhor do que encarar aqueles lindos olhos verdes,
sabendo que jamais – nunquinha mesmo – seria dona deles. Eles tinham muitas, muitas donas. Cada
uma pagava uma quantia grotesca por aqueles olhos, acho que meu salário podia tê-los por umas duas
ou três horas.
Deprimente. Senti toda aquela depressão invadir o meu corpo quando Alfonso sugeriu que eu lhe
mostrasse as fotografias da inauguração. Dava pra ser menos sutil, por favor? A vergonha que senti
só não foi maior do que minha vontade de matar o Alfonso bem devagarzinho, observando seu sangue
escorrer como pingos de chuva em janela de vidro.
Quando me vi sozinha, sem nem um apoio moral – todas as garotas sumiram no meio da
multidão -, achei que minha vida poderia ter um basta ali mesmo. Seria um ótimo momento, o ideal.
Mas, como nada para mim nunca dá certo, fiquei apenas encarando o Fernando como se ele fosse o
Matt Bomer ou sei lá, o Henry Cavill. Qualquer cara muito gostoso, tesudo e que incitasse nas
mulheres uma vontade de dar até a morte.
Ele sorriu. E foi como se o sol sorrisse para mim, visto que o Fernando era, basicamente,
dourado. Sua pele muito bronzeada estava do mesmo jeito de que me lembrava, combinando com os
cabelos castanho-claros – tristemente maiores e melhores do que o meu, mas já me vinguei quando os
puxei com vontade na despedida da Anahí – e os olhos verde-mel. Naquele instante, estavam
verdes. Bem verdinhos.
Podia ver o comecinho da tatuagem que tinha nas costas – e que eu conhecia muito bem –
aparecer em seu pescoço grosso, másculo. Fernando estava vestido socialmente; uma camisa azulclara
dobrada na altura do seu cotovelo – eita, dava para ver mais resquícios de tattoo ali –, calça
social e sapatos sociais pretos. Dei mesmo uma olhada geral no sujeito, e daí? Me prendam por isso.
– É bom te ver, Lara... – ele murmurou, parecendo meio constrangido. Ainda bem que era só
meio, porque já bastava eu estar totalmente.
– É... B-bom te v-ver ta... também – gaguejei idiotamente. Feia, gorda e tapada. Combinação
perfeita para espantar qualquer homem com um pinguinho de amor-próprio. Por isso que não havia
ligado para ele. Ficar gaguejando ao telefone? Fala sério, eu ainda não tinha perdido totalmente a
noção do ridículo.
O que a minha gloriosa pessoa ainda estava fazendo ali? Devia ter saído correndo, mas minhas
pernas nem se moveram quando tentei. Uma lembrança fez meu corpo esquentar ainda mais: as
palavras do Alfonso no dia da nossa tomada de fotografias. Ele havia me dito que o Fernando tinha
gostado de mim. Uma coisa inimaginável, rara e até sem sentido, visto que minhas amigas eram pelo
menos uns quinze quilos mais magras do que eu. Eu disse pelo menos. Isso me deixa em óbvia
desvantagem, pois o mundo atual é delas. Não me resta nada além de me conformar e me matricular
em uma academia nova a cada mês, tentar gostar de puxar peso e aguentar a monotonia que é ficar
correndo sem sair do lugar em cima de uma esteira.
Mas isso até dá pra fazer. O que não dá é fingir que doces não existem. Como a coisa mais
deliciosa do mundo pode ser ignorada? Só que eu trocava facinho uma barra de chocolate por mais
uma noite com o Fernando. Ele é mais gostoso do que qualquer doce que possa existir. Sei disso
porque provei de todas as formas que me foi permitida. Ainda podia sentir suas mãos me segurando
com firmeza.
– Lara? Você está bem?
Quando menos percebi, ele estava me sacudindo pelos ombros. Tomei um susto tão grande que
precisei dar alguns passos para trás, protegendo-me de seu toque. Feia, gorda, tapada e avoada.
– Ahn?
– Você ficou... Esquisita. – Fez uma careta engraçada.
Feia, gorda, tapada, avoada e esquisita. Ótimo.
– Er... Vou... mo-mostrar o... o... as fotografias. – Virei as costas e apontei para o primeiro
quadro que vi pendurado na parede. Uma paisagem maravilhosa foi fotografada pelo Alfonso de uma
expectativa interessantíssima. Mas é claro que eu não estava prestando atenção em nada, só queria
acabar com aquele sacrifício.
– Muito bonita. Não é que o filho da mãe é bom nisso? – Fernando murmurou baixinho, e então
percebi que estava logo atrás de mim. Ele era horrendamente maior do que eu, devia ter um e oitenta
e tantos de altura, contrastando com meus um e sessenta e dois. Isso não era de todo ruim. Meu
tamanho horizontal era todo encoberto pelo seu vertical, fazendo com que não ficássemos destoantes.
Ou não, sei lá.
– É.
Alguém me mate.
– Lara...
– Hum?
Senti suas mãos tocarem meus ombros. Elas estavam quentes até demais, por isso foi inevitável
deixar a minha pele arrepiar até me prender em um estado catatônico de paralisia.
As mesmas mãos foram escorrendo pelos meus braços de um jeito sensual. Continuei
observando a foto do Alfonso na minha frente, incapaz de me mover.
– Você está mesmo bem? – perguntou de um jeito sussurrante. Olhei para os lados, procurando
por uma corda ou qualquer outro objeto que me ajudasse a fugir. Só encontrei pessoas andando para
lá e para cá, falando sobre fotografias e rindo entre si.
– Estou – respondi baixinho.
Fernando se pôs na frente da paisagem. Tanto faz, aquela também era boa. Alfonso podia
fotografá-lo, certeza de sucesso absoluto. Senti-me uma idiota, uma estúpida. E essa sensação me fez
ter raiva. Queria chorar, mas sabia que me sentiria pior se o fizesse, principalmente na frente dele.
– Tem certeza? – Ele se inclinou para frente a fim de me encarar de perto. Seu rosto
maravilhoso de menino travesso me fez prender a respiração. Fernando tinha uma pele espetacular,
lisinha feito bunda de bebê. Na verdade, ele era mesmo um bebê. Só tinha vinte e quatro anos.
E eu, quase vinte e oito.
Feia, gorda, tapada, avoada, esquisita e velha.
Dei alguns passos para trás, começando a achar que eu podia fazer dança de salão. Tango, sei
lá. Passos para frente, passos para trás, pro lado, pro outro. Enfim, todo lugar estava seguro desde
que ficasse longe das mãos dele.
– Aquela também é legal – apontei para cima, no canto esquerdo. Mais uma paisagem
encantadora foi apreciada pelo Alfonso. Andei até ela, tendo a consciência de que Fernando havia me
seguido. Sem querer perder tempo, comecei a andar vagarosamente pelo salão, desvencilhando-me
das pessoas e apontando para os quadros e banners expostos.
As mesmas mãos quentes me obrigaram a parar depois que tinha percorrido grande parte do
local.
– Espera. Quero ver aquelas ali. – Encarei o Fernando e depois mirei na direção em que
apontava. Havia uma espécie de painel gigantesco expondo a seleção de algumas das fotos que as
meninas e eu tiramos.
Sem esperar respostas, Fernando me puxou até lá. Obviamente, encontrou minhas fotos
individuais e passou longos minutos as encarando como se eu não estivesse ali. Poxa, ele podia
encarar a original, para quê estava encarando a porcaria de uma foto? Ah, mas eu não queria ser
encarada. Tinha me esquecido desse detalhe. Pensando bem, melhor que olhasse as fotos. Pelo menos
eu estava bem vestida e maquiada nelas.
– Gostei dessa daqui. – Fernando apontou para uma fotografia em que eu estava de perfil.
Alfonso tinha batido de supetão enquanto conversávamos. – Parece pensativa.
– Pois é. Também gostei, ficou espontânea – completei, mas a verdade é que eu tinha gostado
porque não dava para ver o meu corpo, apenas o rosto. E ele não tinha ficado tão redondo quanto era.
– Estou curioso, no quê estava pensando?
– Em você – soltei. Claro que me arrependi.
Fernando deixou seus olhos lindos quase saírem das órbitas, virando-se para me encarar. Ele
ficou tão espantado que minha única reação foi permitir que meu rosto pegasse fogo de tanta
vergonha.
Feia, gorda, tapada, avoada, esquisita, velha e estúpida.
– Digo... Alfonso estava falando sobre você – falei cara-de-paumente.
– Sobre mim?
Aquiesci, sacudindo a cabeça.
– O que ele estava falando?
Pensei um pouco na resposta, mas obviamente de nada adiantou.
– Que você tinha gostado de mim... naquele fim de semana.
Alguém precisava me tirar dali. Seria um ótimo momento para um sequestro relâmpago, mas
eu não tinha dinheiro para o resgate, portanto nenhum bandido barra-pesada estaria disposto a fazêlo.
Fernando continuou me olhando. Ficou sério demais. Nunca o tinha visto tão sério, na
verdade. Um segundo se passou e, contra toda a lógica possível, ele se aproximou até seu corpo
saradão – o mais malhado que eu já tinha desfrutado na vida – me encobrir totalmente. Tive que virar
minha cabeça quase toda para cima a fim de continuar observando seus olhos.
– É verdade? – sussurrei a pergunta.
Ele apenas balançou a cabeça, confirmando. Aproximou-se até nossos corpos ficarem quase
colados. Apoiou as mãos na minha pseudo-cintura. Depois de eternos segundos de silêncio mortal,
tornou a balançar a cabeça, só que, desta vez, negando. Largou-me depressa. Fez uma careta
intraduzível e soltou a frase que eu estava mais do que acostumada a ouvir:
– Desculpe, Lara... Eu não sou bom o bastante para você.
E voltamos ao tango... Passos para trás. Muitos passos para trás. A decepção já não me
surpreendia, mas me sentia muito mais do que decepcionada. Sentia-me humilhada. De um jeito cruel
que foi capaz de tirar o meu fôlego.
Fernando não desviou os olhos nem se mexeu, mas suas expressões pesarosas não
combinavam com seu rosto. Realmente não conseguia entender como, depois de levar tantos foras,
podia ter feito papel de otária mais uma vez.
Uma lágrima escorreu, foi inevitável.
– Não é nada contigo, Lara – ele disse baixinho, mas aquilo era só mais uma frase feita que
me deixava exausta. – Só não quero te machucar.
– Já machucou.
Ele deu de ombros, apertando os lábios.
– Melhor agora do que depois – disse. – É o mais justo.
– Não precisa arranjar mil justificativas bonitinhas só para tentar me fazer entender que não
valho a pena para você – proferi baixinho, colocando toda a minha raiva na voz embargada.
– Não é nada disso. Apenas sei qual é o meu lugar. – Senti tristeza em sua voz, mas não me
deixei enganar.
– Também sei o meu – respondi, sentindo mais lágrimas escorrendo. Minha cara de pavor
devia estar totalmente deformada. – Bem longe de você.
Virei as costas e caminhei com pressa até o sanitário. Não fui seguida.
Feia, gorda, tapada, avoada, esquisita, velha, estúpida e... Ah, vai pro inferno.
Volto já
Autor(a): Nana
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
– Mãe... – murmurei tão baixo que, pela distância que nos separava, com certeza não me escutou. Se é que o que via era mesmo real. Ainda pensava que estava vendo coisas quando, de repente, percebi alguém passando um braço ao redor dos ombros dela. Era o meu pai. Eu acho. Ele estava diferente. Aliás, ambos ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 374
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queren_fortunato Postado em 08/05/2016 - 09:02:26
Não me canso de ler essa fanfic, é a melhor de todas,e esse final que PERFEITO <3
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jessAyA Postado em 20/02/2016 - 18:57:57
Melhor fanfic que já li na minha vida. Obrigada Nana.
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anniepuente Postado em 26/10/2014 - 02:16:59
Acho que vou... Chorei! Puts, estive sumida e ainda to no capitulo "1 ano, 3 meses e 3 dias depois... -Por Jéssica", mais tinha que comentar pra não pensar que se livrou de mim kkk, mds, casamento perfeito... <3
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franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:23:35
to chorrando aki pq acabou...e agora como vou ficar sem ler essa fic* que eu amooooooooooooooooooooooooo tanto....amei amei amei amei simplesmente tudo tudooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo SAUDADES!!!!!!!!
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franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:09:16
O.o
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debaya Postado em 22/10/2014 - 06:39:46
Own q final mais lindoooooo!!!!! Me enrolei, atrasei, mas tinha q comentar o ultimo cap. Perfeeeeeeeito ser uma garotinha de lindos olhos verdes como o do papai babão lindo!!!! Meu sonho baby ponny na vida real...Vou sentir mta falta dessa web, sou xonada nela...nos vemos na sua Mila...bjus Ah! Nana...foi maravilhosa
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franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:49:02
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk poncho tá pior que a any ta mais ansioso que ela kkkkkkkkkk isso fazem mais um baby :)
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franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:40:16
:)
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debaya Postado em 17/10/2014 - 02:21:49
Tô boba aqui imaginando Any com barrigão esperando baby ponny e Poncho todo babão cuidando....ai que sonhooooo!!!!! Tomara q seja a menininha q ele tanto quer...rs Mila, tô lendo a sua fic e já tô na parte q ela espia ele no banho...safadany kkkkk já já vou poder comentar Posta mais
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franmarmentini Postado em 16/10/2014 - 10:22:15
ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii poncho é um fofo e any ta taradona kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk bem que podia ser gemeos assim tem um menino e menina kkkkkkkkkkkkkk