Fanfic: Despedida de Solteira - AyA | Tema: Ponny- Hot
– Na sua casa ou na minha? – Manuel Velasco murmurou entre os meus lábios pintados de vermelho.
O cara devia estar com a boca toda escarlate, mas quem liga? Já estava louca para que a próxima etapa chegasse logo. Ainda bem que ele perguntou onde seria, caso contrário transaríamos ali mesmo, na mesa do meu bar favorito.
Humm, a ideia era até interessante! Pena que não seria bem vista pelos clientes, mas não ser bem vista é algo com o qual me acostumei há muitos anos. Eu realmente não me importo com uma coisa tão idiota chamada reputação. Não há nada que defina melhor a hipocrisia do ser humano, pois qualquer besteirinha é capaz de enaltecê-la ou jogar na lama, como se um simples erro pudesse acabar com todo um caráter. Isso mesmo, a reputação nada mais é do que aquilo que as pessoas acham de você, sem importar o que você realmente é – aliás, quem quer saber a verdade, não é mesmo?
As pessoas deixam de fazer o que querem por causa da opinião dos outros; deixam de rir, de chorar, de realizar sonhos, de ser feliz... Tudo para agradar. Não me parece nada justo, portanto não me dou o trabalho de sair agradando ninguém. Faço o que eu gosto e o que quero, e tenho certeza de que todo mundo queria fazer igual. Podem me invejar por ser assim.
Não posso dizer que é fácil – você precisa ser forte para encarar as consequências de frente –, mas nada na minha vida é fácil mesmo! Sou taxada de louca, pirada, perturbada, vadia, puta, inconsequente, maníaca... E por aí vai. Tanto faz. No fim, a vida mais empolgante é a minha.
– Vamos ao meu apê – sussurrei sem parar de beijá-lo. Que beijo era aquele? Minha filha... Estava louquinha para provar daqueles lábios, só que em outro lugar. Se na boca já estava bom daquele jeito...
Infelizmente tivemos que encerrar o nosso amasso em público – alguns clientes já nos olhavam como voyeurs. Fomos à minha casa em carros separados; Velasco tinha dado fim à lata velha dele e agora andava pela cidade num Tucson muito lindo. Uma evolução e tanto!
Como meu apartamento era bem pertinho, vinte minutos depois já subíamos pelo elevador espelhado. Não nego que fiz questão de comprar um apartamento num prédio de luxo. Adoro lugares chiques, e meu dinheiro pode pagar para morar como uma rainha, então por que não fazê-lo? Moro sozinha – óbvio, quem quereria morar comigo? – e me sinto uma popstar quando entro no meu castelo. Tem tudo do bom e do melhor; equipamentos, móveis, artigos decorativos e eletrodomésticos de última geração. É o que há de mais moderno no mercado reunido em um só lugar!
Velasco começou a me beijar ainda na sala. Nem esperou que eu lhe servisse um pouco de conhaque no bar, tomou-me pela cintura e me fez sentar em cima de uma mesinha de perna alta.
Cruzei minhas pernas no seu quadril. Como estava de vestido curto, ele acabou subindo com o movimento, deixando minha calcinha preta da playboy aparecendo.
– Sempre te achei muito gostosa... – ele falou baixinho no meu ouvido, enquanto tentava encontrar o zíper que prendia o meu vestido atrás. Minha pele sofreu uma sessão de arrepios que fez o coelhinho da playboy estampado na frente da calcinha tomar um banho. Ai, que tesão!
Mãos firmes começaram a me deixar despida. Fiquei concentrada em apalpar seu corpo másculo por debaixo da camisa e lhe beijar o pescoço. Que cheiro bom ele tinha! Gente do céu, adoro homem cheiroso! Não tem nada mais excitante que um cara sarado e perfumado; para mim, só faltava o Velasco ser bem dotado para ser perfeito. Mas isso eu descobriria logo logo.
Ele conseguiu tirar o vestido por cima dos meus braços. Estava usando um modelo tomara-que-caia, por isso estava sem sutiã. Meus seios grandes – viva o silicone! – pularam para frente; já estavam durinhos e ficaram ainda mais quando o ex-noivo da minha melhor amiga começou a sugá-los.
Eita, peraí... Pera, pera!! Ex-noivo da minha melhor amiga? Eu devia mesmo estar fazendo aquilo? Affe! Odeio quando a dúvida aparece na minha cabeça. Detesto ter que discernir o certo e o errado, não tem nada que me deixe mais irritada.
Afastei a boca deliciosa do Velasco dos meus seios. Ele me olhou sem entender – seus olhos castanho-claros eram lindos. Era estranho o fato de conhecê-lo a minha vida inteira, sua imagem sempre atrelada à Anahí. Impossível não associá-lo a ela. Ai, gente, se ela ficar chateada comigo?
Ferrou! Não queria criar mais motivos de decepção.
Velasco não percebeu a dúvida que pairava a minha mente; começou a tirar os sapatos, as meias e, logo em seguida, sua calça. Acho que não queria perder mais tempo, pois até a cueca sumiu com o movimento. Ficou completamente exposto para mim, exibindo um corpo atlético com direito a coxas malhadas, abdome definido e um pênis muito bonitinho – não era tão grande a nível de estrago, mas dava pro gasto.
Ótimo; eu estava só de calcinha, ele nu da Silva e minha cabeça em dúvida. Era só o que me faltava!
Velasco olhou para mim de um jeito extremamente sensual. Seu olhar firme indicava certeza no que estava fazendo, além de uma safadeza explícita e uma carinha de menino mau que só podia significar que sabia muito bem o que fazer. Ah...
Sinto muitíssimo, mas eu nunca passo vontade. E a minha vontade real era de dar. Dar muito para aquele homão na minha frente. E foda-se o resto. Ex é ex, ok? Anahí estava feliz com o Alfonso.
Não é como se eu estivesse traindo a minha própria amiga. É isso aí, não estou traindo ninguém!
Sorri.
– Meu amor, gostoso é você! Que delicinha, hein? – falei de uma vez e desci da mesa. Beijei-lhe a boca com um pouco mais de calma, deixando minhas mãos trabalharem no seu pau durinho pra mim. Ai, como eu adoro! É um vício delicioso de ser mantido.
Velasco segurou a minha bunda – tem um pouquinho de silicone aí também, mas é bem pouco mesmo, juro! – e acompanhou com os dedos o percurso do meu fio-dental. Depois puxou minhas nádegas, afastando-as. Acho que perdi a capacidade de respirar com o seu movimento preciso.
Fui beijando o seu pescoço, descendo pelos ombros. Usei a mão livre para lhe apertar os cabelos castanhos acima da nuca. Ele me afastou um pouco de repente, curvando-se para retirar a minha calcinha. Assim que ela chegou até os joelhos, escorreu para o chão super depressa. Levantei meus pés para sair dela totalmente.
Velasco me olhou da cabeça aos pés, passando suas mãos pelos pontos mais eróticos que encontrava. Parou bem na minha... – ui, ali mesmo –, começando a me estimular. Eu já estava tão molhada que seu dedo escorregou. Claro que gemi alto. O som que emiti meio que despertou o Velasco, ou sei lá o que aconteceu, pois ele me agarrou com força e me atirou no sofá vermelho e super confortável da minha sala.
Pensei que começaríamos pelo sexo oral, mas Velasco, assim que se prostrou em cima de mim, abriu um pacotinho de preservativo com os dentes – quando foi que ele pegou aquilo que eu nem vi? – e se protegeu em dois segundos. Logo em seguida, simplesmente me penetrou sem pedir licença.
Gritei loucamente quando seu pênis ficou todo dentro de mim. Ai, que delícia! Muito bom mesmo!
Ele já começou rápido. Sua pressa e urgência me deixaram maluca, pois cada estocada veio repleta de um prazer absurdo. Seu movimento era leve e intenso ao mesmo tempo, fazendo da entrega algo tão natural e simples que até me surpreendeu. Minha mente girou com facilidade, e meu corpo respondeu muito depressa; o primeiro orgasmo chegou em menos de cinco minutos. Gozei muito gostoso!
Velasco se assustou com a rapidez e facilidade com que eu atingi o êxtase. Sua empolgação só fez se intensificar, de modo que ele se sentou no sofá e me puxou por cima, obrigando-me a investir contra ele. Apoiei meus pés no sofá e me ergui, começando a pular com velocidade. Suas mãos apertaram a minha cintura enquanto sua boca buscava os meus seios. Uma maravilha!
Nossa noite foi bem longa, principalmente depois que seguimos para o meu quarto. Velasco é incrível e muito habilidoso; alguma coisa me dizia que ele não era daquele jeito quando estava com a Anahí. Até porque ela nos confessou que nunca havia tido um orgasmo com ele – para quem gozou quatro vezes feito eu, só a ideia parece muito absurda. Aliás, toda a ideia de nunca gozar é absurda. Só acreditei naquilo porque não duvido de nada vindo da Anahí. Depois eu que sou a doida!
Mas bem, cada um é cada um. Talvez o jogo de cintura do Velasco tenha vindo no pacote "Olhe pra mim agora! Sou gato e sei te pegar de jeito". Se bem que, conhecendo a Anahí como a conheço, tenho certeza de que a grande parte da culpa foi dela. Afinal, cada mulher é responsável pelo seu próprio prazer. Cabe a ela lutar por ele. Não que eu esteja protegendo o Velasco, pois ele devia ter percebido que ela fingia orgasmo. Também cabe ao homem perceber esse tipo de coisa.
Seja como for – e ainda bem que para mim foi super prazeroso –, caímos exaustos quando nossos corpos pediram uma pausa. Quero dizer, para mim era uma pausa, não sei para o Velasco. Acho que ele deu por encerrado, pois mal a sua respiração voltou ao normal, já estava de pé. Nós havíamos trazido nossas roupas para o quarto, por isso começou a vestir sua cueca. Não fazia uma cara tão boa assim.
Acho que era fome.
– Quer tomar alguma coisa? Tenho o que você quiser e...
– Não, obrigado – continuou se vestindo. A calça jeans meio que se enroscou, oferecendo-lhe alguma dificuldade.
– Está com fome? Tem comida na...
– Estou bem, Jéssica, relaxa. Só preciso acordar cedo amanhã. Tenho que ir.
Poxa! Então era assim? Velasco queria fazer como os meus clientes; vem, come e vai embora? Estou mais do que acostumada com isso, mas pensei que pudéssemos passar algum tempo juntos. Sei lá... A gente se conhece há tanto tempo. Por que não conversar um pouco?
Levantei-me devagar e caminhei até o meu closet. Peguei uma camisola longa de seda preta e a vesti. Quando retornei ao quarto Velasco já calçava os sapatos.
– Não quer mesmo beber alguma coisa? – insisti. Minha voz saiu mais melosa do que calculei.
Velasco soltou um longo suspiro e me encarou com seriedade. Passou alguns segundos eternos olhando para mim como se eu fosse um erro. Também estava acostumada com aquele tipo de olhar.
Recebo-o com mais frequência do que gostaria.
– Desculpa, Jéssica, mas isso aqui não pode se repetir.
Apertei os lábios e continuei o observando. Apoiei minhas mãos na cintura. É fácil demais dizer que não se pode fazer uma coisa depois que já estava feito. Na verdade é uma espécie de covardia, uma atitude que serve como desculpa para gente de mente pequena. Naquele instante, quem quis que ele fosse embora de uma vez fui eu.
– Sem problemas... – murmurei, embora estivesse desejando apertar sua garganta até que parasse de respirar. Pensamento muito psicopata, triste e doloroso, que me fez ter vontade de chorar.
Engoli um nó na minha garganta, como sempre faço.
Velasco se levantou. Olhou para todos os lados, menos para mim. Estava envergonhado e arrependido, fazendo-me ficar do mesmo modo. Argh! Odeio me arrepender. Não combina comigo.
Homens são foda, viu? O cara não parecia nada arrependido enquanto me fodia de todas as maneiras possíveis, e agora estava ali com aquela cara de retardado, lembrando-me demais o antigo Manuel. Aquele idiotinha que nada mais era do que um capacho da minha amiga.
– Eu não sou assim, Jéssica. Desculpa, de verdade. Não queria te usar.
Sorri.
– Mas usou.
Seu rosto ficou todo vermelho. Fala sério, hein? Mas ok... A culpa foi minha. Devia ter impedido tudo aquilo. Ai, que ódio daquele infeliz por me trazer arrependimento!
– O que queria com isso, Velasco? Espera, deixa-me dizer... Queria atingir a Anahí de alguma forma. Estou enganada?
Ele permaneceu calado. Balançou a cabeça de leve e mostrou um meio sorriso triste. Desta vez tive verdadeira pena. Coitado!
– Não quero nada que tenha a ver com ela, acredite. É por isso que estou indo embora e não quero que o que fizemos hoje se repita.
– Certo, eu te levo até a porta.
Que opção eu tinha? Só queria que aquele idiota saísse da minha casa.
Caminhamos silenciosamente até a saída. Velasco fazia uma expressão tão sofrida que minha raiva acabou indo embora. Por mais ódio que estivesse sentindo, sei que não era maior do que a vergonha e o arrependimento dele. Precisava ser mais compreensiva, afinal, o cara foi abandonado no altar.
Ninguém fica normal depois de um trauma desses. Além de tudo, dar para um a mais ou um a menos não faria diferença para mim.
Abri a porta e tentei sorrir. Velasco me abraçou meio sem jeito.
– Fique bem... – murmurei, sendo sincera. Realmente queria que ficasse bem e esquecesse todas as merdas que lhe aconteceram.
– Vou tentar.
– Velasco... – afastamo-nos. – Você ainda sofre, não é?
Ele não respondeu, apenas deu de ombros.
– Esqueça tudo o que te disse, Jéssica. Não estava sendo eu durante toda essa noite. A verdade é que, por mais coisas que tenha conquistado na minha vida, não consigo esquecer toda a humilhação pela qual passei. Sei que um dia isso vai ser esquecido... Estou esperando esse dia chegar.
– Você vai encontrar alguém especial, que terá o poder de te fazer esquecer toda essa droga.
Velasco aquiesceu.
– Um dia... um dia.
– Boa sorte.
– Pra você também. Desculpa, Jéssica... Sério, me desculpa.
– Tudo bem, deixa quieto. Fizemos o que estávamos a fim no momento.
Ele sorriu de um jeito bem bonitinho e me deu um beijo doce nos lábios. Depois foi embora sem olhar para trás, e eu fechei a porta sem esperar que olhasse.
Apoiei o meu corpo na porta e soltei todo o ar dos meus pulmões. Merda! A noite não terminou como eu previra, e isso significava que ficaria de mau-humor e não conseguiria dormir nem a pau.
Fui até o bar, localizado na minha sala – confesso que era o lugar mais bacana do meu apartamento. Peguei um copo sofisticado e a garrafa de conhaque. Tomei a primeira dose. Estava me sentindo suja e muito suada, por isso fui ao sanitário e liguei a torneira da minha banheira de mármore.
Nada como dar uma relaxada; precisava estar nova em folha no dia seguinte, pois tinha alguns clientes marcados. Despejei óleos e sais de banho na água, separei algumas pomadas que uso todos os dias para não me sentir dolorida e fui me despindo lentamente, como se alguém estivesse ali me assistindo.
A água estava quente demais, porém não me importei. Enrolei meu cabelo para o alto e deixei meu corpo relaxar aos poucos, buscando uma posição perfeita para permanecer durante o máximo de tempo que a minha paciência permitisse. Soltei meu milésimo suspiro.
Era comum eu me sentir usada, mas ficava pior quando a minha intenção não era usar. Não estava trabalhando com o Velasco, estava me entregando porque queria e pensei que fosse uma relação de troca mais intensa do que um mero programa. Não que depois eu quisesse ter algo com ele; apesar de ser só sexo, não precisava ser daquele modo tão... Sei lá, frio.
Passei as mãos pelo meu corpo, tentando em vão tirar todas as marcas que ele carrega. Nunca funcionava, mas eu jamais deixei de tentar. Odeio me sentir suja estando limpa. Odeio me arrepender. Pensando melhor, odeio tantas coisas que não sei como ainda estou de pé. É ódio demais para carregar em um só coração, durante tanto tempo...
Não. Chega de sentimentalismo. Eu sou uma mulher forte. Faço a minha vida do jeito que quero e sou feliz assim. Estou no comando do meu destino. Acordo arrependida, mas não durmo com vontade. Essa sou eu: alegre, animada, sempre alto-astral... Nada de tristeza! A dor passa longe!
Contra todos os meus pensamentos diários de autoajuda, meus olhos foram ficando cada vez mais marejados, até que tudo dentro do banheiro virou um borrão embaçado. Peguei uma toalhinha, que estava disposta no batente da banheira, e enxuguei os meus olhos. Respirei fundo umas dez vezes.
Na décima, meus olhos voltaram a marejar.
– Não... Não, por favor... – implorei para o nada.
Fechei os olhos e senti lágrimas quentes escorrerem. Droga! Não devia chorar... Não posso chorar...
Eu estava em casa – mais propriamente no meu quarto –, porém nenhum lugar era seguro quando ele estava por perto. Mamãe havia saído para trabalhar logo cedo, e o meu colégio estava de recesso por causa de uma atividade extracurricular que o maldito não quis pagar para que eu participasse.
Ele sabia que eu estaria em casa naquele dia. Tentei ir à casa de alguma amiga ou vizinha, mas mamãe saiu deixando ordens para que ficasse e limpasse a sala, bem como preparasse o almoço e o jantar do infeliz. Não havia saídas: ela me bateria se descobrisse que não havia feito nada daquilo. Realmente preferia apanhar a noite inteira a ficar ali, mas o medo me fazia criar raízes profundas.
O monstro mal esperou a minha mãe sair e já me olhou daquele jeito estranho. Lambeu os próprios lábios, causando-me repulsa. Estava cansada. Sentia que meu coração não aguentaria mais a situação, porém, quando fechava os olhos e prometia que aquilo tudo um dia iria acabar, as forças me eram renovadas. E então sabia que era só uma questão de tempo. Enquanto isso, permaneceria bem longe da minha consciência, em um estado de felicidade só meu.
Fiquei pronta para encará-lo. Construí meu castelo interior e apenas esperei, sabendo que não demoraria muito.
Dito e feito.
O maldito invadiu o meu quarto, segurando um remedinho redondo, que me causava repulsa, e um copo de água.
– Tome.
Peguei o remédio, pois sabia que não tomá-lo seria pior. Não queria engravidar pela terceira vez e sangrar durante dias depois de tomar um chá intragável que ele me forçava a beber.
Entornei todo o conteúdo. Meu coração batia tão forte e eu sentia um medo tão grande que, assim que lhe devolvi o copo, já tinha começado a chorar. Não... Eu não podia chorar.
– Não chore... – ele disse de um jeito suave, quase como se quisesse meu bem. Passou suas mãos peludas e bizarras pelo meu cabelo. - Vai ser pior se chorar, Jéssica, meu amor...
Engoli o choro, pois sabia que, quanto mais eu chorasse, mais ele...
– Não, por favor! – gritei alto, voltando ao meu banheiro.
Fechei os olhos com força e me obriguei a dar adeus àquelas lembranças que só ressurgiam nas horas erradas. Entretanto, não adiantou muito.
Havia acabado de chegar em casa. Estava comemorando o meu aniversário de dezessete anos numa lanchonete, onde todos os meus amigos e amigas estavam presentes. Fábio, um rapaz de quem eu estava a fim decidiu ficar comigo. Estava muito contente! Ele me chamou para ir à sua casa, quase vizinha a minha, e, para minha surpresa, seus pais não estavam lá.
Eu gostava muito dele. Fábio parecia gostar de mim também. Aquela foi a minha primeira vez, de verdade. Primeira vez que fiz amor porque quis, sem ser abusada. Cheguei a atingir o orgasmo uma vez, o que me deixou tão feliz que sequer me importei com a bronca que levaria por chegar tarde em casa.
Porém, assim que cruzei a sala, o monstro estava lá, mais acordado do que nunca. Meu sangue gelou quando chamou o meu nome baixinho.
– Cadê a mamãe? – perguntei ofegante. O medo já me consumia.
– Dormindo.
– Paulinho e Edgar? – perguntei pelos meus irmãos mais novos. Filhos dele com a minha mãe. Eu sempre os amei, mesmo tendo um pai tão odioso.
– Também. Venha aqui – mandou. Estava meio deitado no sofá, olhando-me daquele jeito nojento. Sua mão foi ao encontro do seu pênis, acariciando-o.
– Não... Por favor, não – supliquei. O meu desespero aumentou drasticamente porque eu não queria tirar de mim o sabor do amor que acabara de provar com tanta doçura. Não queria dar adeus ao carinho e pôr a violência em seu lugar.
– Venha agora, Jéssica – sua voz sussurrada de desejo me fez quase gritar. Mas sei que não adiantaria. Ninguém acreditava em mim.
Estava sozinha. O medo e eu.
– Por favor... – choraminguei. – Hoje é o meu aniversário... Por favor...
– Não chore, Jéssica... Venha já. – Ele abaixou a bermuda que vestia, deixando seu membro firme à mostra.
Minha visão escureceu e pensei que fosse desmaiar.
– Por favor...
– Vou te dar o seu presente de aniversário.
Balancei a cabeça, negando tudo a mim mesma. Na verdade a chacoalhei bastante. Meu corpo inteiro tremia, e nem a água agora morna da banheira conseguia fazer o efeito de relaxamento que eu buscava. Enchi o copo de conhaque e bebi tudo como se fosse refrigerante.
Resfoleguei quase sem ar e tossi, engasgada pela bebida e pelas lágrimas.
Não... Não posso chorar. Chorar é pior. Chorar não adianta.
Forcei um sorriso e me levantei da banheira. Liguei o pequeno som, disposto em cima de um armário. Amy Winehouse e sua inconfundível voz cantavam "Back to Black" em volume baixo. Amy e conhaque era a combinação certa para me fazer esquecer.
Entrei no box e liguei o chuveiro para tirar a espuma que havia se grudado no meu corpo.
O infeliz invadiu o meu quarto e apareceu no meu banheiro. Eu estava tomando banho tranquilamente. Tentei gritar, mas ele apertou suas mãos no meu rosto, impedindo-me até de respirar...
Gritei alto. Desliguei o chuveiro de imediato, saí do box às pressas e peguei o meu celular. Por Deus, precisava me distrair. Estava numa daquelas noites. Elas eram horríveis.
Procurei por algum número na minha agenda – a maioria pertencia a clientes. Pensei em ligar para o meu analista, mas desisti. Ninguém merece ser acordado por uma cliente àquela hora da madrugada.
Entrei na sessão de amigos. Pulei a Cláudia – a coitada ainda não estava bem –, a Fabiana – ela me julgaria demais pelo que fiz –, a Lara – muito empolgada com o casamento para o meu gosto – e parei na Paloma.
Sorri.
Paloma estava me ignorando desde o casamento da Anahí. Não importa. Se ela me ignora significa que ainda sente algo por mim. Eu só ficaria preocupada quando voltasse a falar comigo como se nada tivesse acontecido. Enfim, Paloma ainda me amava. Ou não?
Cliquei no seu nome e esperei a ligação ser completada. Ela atendeu no segundo toque:
– Jéssica?
Sua voz urgente e preocupada me trouxe arrependimento imediato. Não devia ter ligado para ela. Não era justo procurá-la.
Desliguei. Paloma retornou mil vezes – ignorei todas – até que decidi mandar uma mensagem.
"Desculpa, Lomita. Liguei errado. Não queria te acordar. Beijos, nos vemos quinta."
Recebi sua resposta imediatamente.
"Ok. Você está bem?"
Meu Deus, ela ainda se preocupa comigo? Como pode algo assim?
"Estou ÓTIMA!! E você?"
"Bem... Vou lá."
"Beijos!! J"
Soltei um suspiro imenso e decidi ligar para a Anahí. Ao contrário da Paloma, ela demorou pacas a atender.
– Jess? O que houve? – voz sonolenta.
– Preciso te contar um babado! – ri de leve.
– Não pode ser pela manhã?
– Acho que não, amiga...
– Desembucha!
– Hum... – Não sabia como dizer aquilo, portanto fui logo ao ponto. – Acabei de transar com o seu ex-noivo.
Silêncio. Anahí passou tanto tempo calada que pensei que havia desligado. Achei melhor me redimir de uma vez.
– Desculpa, amiga... Eu não queria te decepcionar. Estou arrependida, por isso que te liguei.
Não queria que soubesse de outro modo.
Anahí ficou um pouco em silêncio, mas finalmente decidiu quebrá-lo:
– Finalmente você se arrependeu de ter dormido com alguém.
Desta vez fui eu quem perdeu a fala. Ferrou! Anahí estava puta da vida comigo. Que merda imensa!
– Olha, Jéssica... – prosseguiu. – Relaxa. Não quero saber. Você pode transar com quem quiser desde que não seja com o meu marido.
Ai. Poxa vida...
– Credo, Anahí... Jamais faria isso! Desculpa... Por favor, me perdoa.
– Não há o que ser perdoado. Agora vá dormir. Amanhã você me conta melhor essa história.
– Tudo bem... Tudo bem. Boa noite! – tentei soar divertida.
– Boa noite. Beijo, amiga.
Ai... Ai! Eu tenho as melhores amigas do Universo!
– Beijo...
Desliguei o telefone e tomei mais uma dose de conhaque. Vencida, digitei o número do meu analista. Faria qualquer coisa para nunca mais dar asas às minhas lembranças novamente.
Podia até ligar pro Papa.
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Debaya: AAAAAAAAH Consegui postar hj :3 Sim foi lindo o casamento :3 Vdd o fer é um fofo mas o poncho é top u.u Tmb acho q a claudia devia dar uma chance pra ele.. Vamos ver ne se rola mais um casal .... Vdd Q Deus ilumine akeles dois :/ Bjoooooooos :3
Mila :3
Autor(a): Nana
Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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– Xuxi! – É sushi, filha. Coma tudo... – murmurei pela milésima vez, sentindo-me cansada. Exausta, na verdade. Havia passado várias camadas de corretivo para ter coragem de sair de casa. Gabriela estava tão agitada que me arrependi de tê-la trazido. Mas enfim, eu nem devia estar naquele lugar. Foi a ideia mais estú ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 374
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queren_fortunato Postado em 08/05/2016 - 09:02:26
Não me canso de ler essa fanfic, é a melhor de todas,e esse final que PERFEITO <3
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jessAyA Postado em 20/02/2016 - 18:57:57
Melhor fanfic que já li na minha vida. Obrigada Nana.
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anniepuente Postado em 26/10/2014 - 02:16:59
Acho que vou... Chorei! Puts, estive sumida e ainda to no capitulo "1 ano, 3 meses e 3 dias depois... -Por Jéssica", mais tinha que comentar pra não pensar que se livrou de mim kkk, mds, casamento perfeito... <3
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franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:23:35
to chorrando aki pq acabou...e agora como vou ficar sem ler essa fic* que eu amooooooooooooooooooooooooo tanto....amei amei amei amei simplesmente tudo tudooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo SAUDADES!!!!!!!!
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franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:09:16
O.o
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debaya Postado em 22/10/2014 - 06:39:46
Own q final mais lindoooooo!!!!! Me enrolei, atrasei, mas tinha q comentar o ultimo cap. Perfeeeeeeeito ser uma garotinha de lindos olhos verdes como o do papai babão lindo!!!! Meu sonho baby ponny na vida real...Vou sentir mta falta dessa web, sou xonada nela...nos vemos na sua Mila...bjus Ah! Nana...foi maravilhosa
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franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:49:02
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk poncho tá pior que a any ta mais ansioso que ela kkkkkkkkkk isso fazem mais um baby :)
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franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:40:16
:)
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debaya Postado em 17/10/2014 - 02:21:49
Tô boba aqui imaginando Any com barrigão esperando baby ponny e Poncho todo babão cuidando....ai que sonhooooo!!!!! Tomara q seja a menininha q ele tanto quer...rs Mila, tô lendo a sua fic e já tô na parte q ela espia ele no banho...safadany kkkkk já já vou poder comentar Posta mais
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franmarmentini Postado em 16/10/2014 - 10:22:15
ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii poncho é um fofo e any ta taradona kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk bem que podia ser gemeos assim tem um menino e menina kkkkkkkkkkkkkk