Fanfics Brasil - 2 anos e 2 dias depois...– Por Cláudia Despedida de Solteira - AyA

Fanfic: Despedida de Solteira - AyA | Tema: Ponny- Hot


Capítulo: 2 anos e 2 dias depois...– Por Cláudia

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Xuxi!


É sushi, filha. Coma tudo... murmurei pela milésima vez, sentindo-me cansada. Exausta, na verdade. Havia passado várias camadas de corretivo para ter coragem de sair de casa. Gabriela estava tão agitada que me arrependi de tê-la trazido. Mas enfim, eu nem devia estar naquele lugar.


Foi a ideia mais estúpida de todos os tempos.


Eu gosto de falar xuxi.


Então tá bom, coma seu xuxi todinho.


Mas é estranho!


Quer que eu peça batata-frita?


Não... Quero comer com pauzinhos.


Coma a batata-frita usando os pauzinhos.


Não pode, mamãe!


Claro que pode.


Pode não. Só pode comer com pauzinho se for comida japonesa.


Então coma o sushi.


É xuxi!


Affe, Maria!


Soltei um longo suspiro e sorri. Alisei os cachos da Gabi e indiquei que voltasse a comer. Ela demorou um século para equilibrar a comida no hashi. Quando finalmente conseguiu, soltou um grito e ficou tão empolgada que o sushi caiu no prato de novo. A carinha feia que fez me fez rir.


Não fazia ideia do que queria levando a Gabi para almoçar naquele restaurante. Tudo bem, não vou negar: precisava ver o Henrique. Só não sabia direito quais os motivos para a mudança. Acho que foi porque ele finalmente parou de me ligar. Ou seja, a situação era deprimente. Estava usando a minha filha como desculpa? Pelo amor de Deus, né?


A coitada nem gosta de sushi. Mas até que estava comendo...


Observei enquanto ela mastigava e fazia caretas. Engoliu bem rápido e tomou um gole do suco.


Pensei que desistiria, mas pegou o hashi novamente e partiu para outra guerra. Crianças...


Certo, certo... Voltemos ao que eu estava fazendo ali. Não faço o tipo de mulher que corre atrás. Ok, não faço tipo algum de mulher, pois faz anos que não entro numa paquera nem me lembro mais como é, sinceramente. As coisas mudaram bastante de uns tempos para cá. Estou enferrujada.


Não sei me comportar. Morro de vergonha. Estou acostumada a ser uma mulher casada; aqueles longos nove meses de separação só me fizeram entender que não sirvo para a coisa. Tudo ainda doía muito dentro de mim. As coisas com o Renato foram horríveis, nem sei como ainda estava de pé. Se não fossem as minhas amigas acho que teria desmoronado. Tentei ser forte pela Gabriela, e estava conseguindo. Ela passou um tempo meio tristinha porque o pai deixou de morar lá em casa, mas, depois de ter lhe explicado inúmeras vezes, pareceu aceitar a ideia.


Melhorou quando o Renato alugou um apartamento grande com um quarto só para ela. Encheu-a de brinquedos para tentar conquistá-la, mas graças a Deus não fez questão da guarda. Um alívio para mim, pois me deixar sem a minha filha seria a mesma coisa que me deixar sem oxigênio.


Renato tentou voltar para mim nos primeiros dois meses os mais difíceis. Eu não quis. Depois de negar de todas as formas, confessou que me traiu algumas vezes. Inadmissível. Como prosseguir desse jeito? Fingindo que nada havia acontecido? Com um medo eterno de que aconteça de novo? Como voltar a confiar?


Sou uma mulher complicada e orgulhosa; por mais que o ame, não aceito ser a esposinha cega que mantém um casamento por aparências. Havia sido feliz por todos aqueles anos, mas minha felicidade era uma mentira. Depois que a confiança é quebrada não há como voltar atrás. Não tinha jeito. Sabia muito bem que nossa história havia terminado, só estava tentando digerir.


Ainda tento. Às vezes consigo, mas tem momentos em que quase me desespero. Criar uma filha praticamente sozinha é complicadíssimo, e olha que a Gabi já está bem grandinha. Acho que não é o trabalho o mais exaustivo, é a solidão. Depois de um dia longo é triste demais se deitar sozinha em uma cama tão grande, que outrora dividia com alguém. Aquela sensação de que errei feio na minha vida, de que fiz péssimas escolhas e agora me encontrava desempregada, bem mais velha, bem menos atraente e com muitas responsabilidades, incluindo uma vida. O sentimento de fracasso não me abandonava.


Estava vivendo de pensão, mas até quando? Precisava repaginar a minha vida a faculdade de agronomia estava acabando, porém tranquei o último período , mas tudo o que consegui fazer foi, depois de muito tempo sem quase sair de casa, colocar uma roupa melhorzinha e ir almoçar fora com a minha filha.


Não num lugar comum, mas no restaurante dele. Sabia que o Henrique estava por ali em algum canto; não havia sequer avisado que estaria ali, afinal, o cara desistiu de mim. Não o culpo.


Conversávamos quase todos os dias por telefone. Nunca chegou a passar disso: uma amizade. Meio colorida, admito, pois nas poucas vezes que me permiti sair, nossas trocas de olhares disseram muito mais do que aquilo que acontecia. Neguei muitos beijos. Neguei tudo. Neguei até a mim mesma, fingindo que não me importava. Que queria que ficasse longe.


Tudo balela. Foi só parar de me ligar e a saudade me invadiu em cheio, deixando-me pior do que já estava. Com o Henrique, sentia que existia alguém que pensava em mim de um modo especial.


Isso massageava o meu ego, porém não me deixava parar de ser injusta. Estava o impedindo de viver, de conhecer outras mulheres. O que provavelmente tinha acontecido.


Já comeu, Gabi? perguntei aos sussurros, disposta a sair dali imediatamente. Se Henrique estava com outra mulher, quem era eu para impedi-lo? Mal sabia o que queria da minha vida! Ele não merecia uma louca perturbada feito eu, ainda com uma filha pequena na bagagem.


Falta um... Calma! Gabi ainda tentava equilibrar a comida. Remexeu-se na cadeira e quase enfiou a cara no prato, tentando se concentrar. Sorri nervosamente.


Já tinha perdido a fome há muito tempo. Mastiguei quase sem notar e engoli quase sem mastigar. Só sei que o meu prato estava vazio e o dinheiro da conta já se encontrava em cima da mesa. Era só a Gabi terminar e tchau. Adeus, restaurante japonês. Adeus, Henrique.


Era o certo a ser feito.


Fixei meus olhos no além e os senti marejarem.


Mãe, e a sobremesa? olhei a Gabi, percebendo que já havia comido tudo e bebido o suco até o fim. Credo... Devia ter passado um tempão olhando para o nada.


Precisamos ir, filha.


Ah, mas eu quero sorvete!


Gabriela... Vamos logo, eu... Compro um sorvete para você no parque. Tá?


Oba! Vamos agora?


Sim...


Levantei-me depressa e peguei a minha bolsa. Gabi pulou da cadeira e saiu correndo na direção da saída. Ela era tão danada que sei que seria capaz de sair sem mim.


Gabriela, espere! berrei. Foi o meu maior erro.


Acabei chamando a atenção do restaurante inteiro. Pelo menos as pessoas que estavam na área externa, sem ser nas alas individuais, olharam para a minha cara ao mesmo tempo. Gabriela parou de correr, mas se enroscou em um vaso com umas plantas esquisitas.


Tentei me aproximar dela, mas senti mãos quentes puxando o meu braço. Levei um susto tão grande que me virei às pressas. Claro que só podia ser ele. Minha sorte era uma piada. Pena que eu não conseguia sentir graça dela. Aliás, não conseguia mais sentir graça de nada. Transformei-me num pedacinho de dor, sofrimento e solidão. Uma mulher acabada.


Claudinha? Henrique murmurou, olhando-me com um sorriso amplo no rosto. Puta que pariu, como era lindo! Affe!


Hen... Henrique... minha voz saiu tão baixinha que nem acreditei que era a minha. Não sou considerada muito silenciosa.


O que faz aqui? sua expressão agora era só confusão. Digo... Que bom te ver!


Ah, anjinho! Não faz essa carinha de menino perdido, que aí você me deixa mais perdidinha do que cebola em salada de frutas.


Sorri por educação. A verdade é que estava intimidada pela beleza dele: seus cachinhos dourados, os olhos verdinhos... E aquela boca? Quem criou aquele homem não teve piedade das mulheres.


Só vim almoçar com a Gabri... Olhei ao redor, procurando por ela. A doida ainda estava enroscada na planta. Falava consigo mesma, imersa numa brincadeira de faz-de-conta que só fazia sentido para ela. Gabi!


Ela finalmente nos viu, abrindo um largo sorriso. Saiu em disparada na nossa direção.


Tio Henrique! gritou, atirando-se nele. O coitado a abraçou e puxou para si, segurando-a no colo.


Gabizinha! Olha só como você cresceu! o fofo deu um cheirinho na cabeça dela.


Jesus, Maria, José...


Vamos indo, filha? Foi bom te ver, Henrique. Até mais... despedi-me na velocidade da luz, atropelando os protestos da Gabi.


Ela se agarrou ao pescoço dele. Essa é das minhas. Minha vontade era fazer exatamente a mesma coisa. Cheguei a desejar ser uma criança também.


Tio Henrique, vamos ao parquinho? Mamãe vai me levar agora, prometeu que vai pagar um sorvete. Faço ela pagar um pra tu também. Sabia que lá tem balanço?


Ele rachou de rir e eu morri de vergonha. Senti cada pedacinho do meu corpo ficar vermelho e quente.


Mesmo? Parece legal!


É massa! Vamos com a gente, vamos? Mamãe... virou-se para mim, com os olhinhos pidões que eu já conhecia muito bem. Deixa?


Quis afundar a minha cara no chão, mas o máximo que consegui foi gaguejar de um jeito indefinido. Henrique percebeu o meu desconcerto, pois ficou me olhando como se eu fosse uma humorista muito engraçada.


Vamos lá, vai ser legal falou por fim, e começou a andar na direção da saída sem largar a Gabriela. Marta, segura as pontas aí, ok? falou para uma funcionária que passava por nós. A mulher aquiesceu.


Não, Henrique... Não...


Relaxa, Claudinha.


Foi a coisa mais esquisita do mundo dirigir com o Henrique no banco do carona. Ele fez questão de ir conosco, alegando que depois daria um jeito de voltar. O parque a qual me referia ficava de frente ao nosso prédio, um pouco longe do restaurante. O que não justificava o fato de eu ter escolhido exatamente aquele para almoçar. Claro que o Henrique percebeu a minha falta de justificativa; inventei mil desculpas para deixar claro que estava naquele bairro só de passagem.


Gaguejei pela maior parte do tempo, até a Gabi riu do meu novo jeito fanho de falar.


Pedi a morte quando chegamos ao parquinho e ele fez questão de pagar sorvetes para todos nós. Gabriela estranhamente se dava bem com o sujeito. Algo que nunca soube explicar, pois ela não era uma menina muito fácil com relação a amizades. Apesar de inteligente e bem empolgada, ficava meio tímida na frente de estranhos. Nunca falava nada. Diferente daquela criança que tomava sorvete e tecia milhões comentários sobre todas as coisas da vida. Henrique conversava com ela como se fosse uma adulta. Acho que Gabi gostava disso, sentia-se importante por ser levada a sério. Ou sei lá... Tenho certeza de que enlouqueceria antes de adivinhar o que estava acontecendo.


Depois de ter tomado o seu sorvete, lambuzado a boca e o vestidinho que usava sobraria para mim depois ter que tirar aquela mancha de calda de chocolate , Gabi saiu correndo na direção do parquinho, mal tendo tempo de me pedir permissão. Havia muitas crianças brincando, portanto ela não sentiu necessidade de chamar o Henrique para brincar. Ainda bem. O coitado já tinha aguentado demais por um dia.


Desculpa, Henrique... Ela gosta mesmo de você... falei assim que me vi sozinha com ele, sentada em um dos bancos.


Eu gosto muito dela, Cláudia. É um prazer passar essa tarde aqui com vocês... sorriu, mostrando duas covinhas nas bochechas. Tende piedade de mim, Senhor!


Observei-o descaradamente, até que percebi o quanto estava sendo atirada. Foi sem querer...


Juro que foi. Como disse antes, sou péssima para paqueras. Além do mais, nem era a minha intenção paquerar. Só não consegui tirar os olhos dele. Somente.


Então... Como você está? perguntou-me tranquilamente.


Péssima. Horrorosa. Acabada. Arrasada. Eram tantas opções!


Bem.


Certeza? sorriu um pouco e ergueu a mão na direção do meu rosto. Afastei-me depressa, deixando sua mão no ar. Ele a recolheu.


Uma bosta!


Não sei, Henrique... Não me faça perguntas difíceis.


Você parece bem cansada.


Balancei a cabeça, afirmando.


Estou um caco... torci os lábios.


Não nasci ontem. Quando um cara te diz que você parece cansada, na verdade quis dizer que você está feia até dar uma dor. Infelizmente aquele era o meu caso. Embora tenha passado mais de uma hora escolhendo uma roupa e mais um tanto para esconder as minhas olheiras, ainda me sentia um pedacinho de lixo ambulante.


Precisa relaxar um pouco, Claudinha...


E você, como está? desviei o assunto.


Estou bem, obrigado. O restaurante tem tomado a maior parte do meu tempo. Ando cansado também, mas é gratificante ver que estamos crescendo.


Meus parabéns... Adoro aquele lugar.


Sorrimos um para o outro. Ainda me encontrava desconcertada, mas aquela angústia ia se esvaindo um pouco. Henrique era tão espontâneo que acabava me deixando relaxada.


Obrigado. Quando te vi quase não acreditei... olhou-me fixamente. Resfoleguei.


Pois é... Gosto de comida japon...


O que foi fazer lá, de verdade, Cláudia? foi logo ao ponto. Seu sorriso deu lugar a uma expressão confusa. Aquela que eu adorava. A mesma que me deixava com vontade de lambê-lo, tipo como os cães em desenhos animados, que mostram uma língua imensa e lambem a cara do dono.


Almoçar, oras! Devo ter feito a minha mais bela cara de cínica.


Atravessou a cidade inteira para ir lá... Sei.


Aquiesci com veemência.


Henrique ficou me observando até que, subitamente, apoiou seu braço no meu ombro, puxando-me para si em câmera lenta. Minha mente deu um grito de "HÃ?", mas meu coração acelerou bastante e esperou pelo que viria. Henrique me encarou de muito perto.


Algo me diz que você foi me procurar, Cláudia murmurou. Gostaria de ter certeza absoluta de que foi isso o que aconteceu.


Na... Não, Henri... Eu só queri... Não, Henrique...


Patética.


Por que fica mentindo, se tudo o que eu queria ouvir era você dizendo que sim?


Afastei-me completamente no banco, desvencilhando-me do seu braço. Nossas pernas, que haviam se encostado uma na outra, separaram-se. Henrique pareceu muito chateado, mas apenas ficou me observando.


É loucura. Ignore, Henrique. Apenas ignore... Estou passando por uma fase difícil e...


Sei bem disso. Essa fase já dura nove meses, ando contando. Até quando vai se martirizar por uma coisa que devia superar o mais rápido possível?


Senti vontade de chorar. Uma pressão horrível apertou a minha testa contra o cérebro, provocando-me dor. Enxaqueca. De novo. Ultimamente as crises pelas quais eu passava eram cada vez mais intensas. Não havia remédio que funcionasse.


É muito fácil falar proferi entre dentes. Já estava ficando com raiva. As coisas são um tantinho mais difíceis do que pensa.


Sabe o que não é fácil? sorriu de um jeito triste. Esperar por você.


Ótimo, a vontade de chorar aumentou bastante.


Não te pedi para fazer isso em nenhum momento.


E por que veio me procurar logo quando resolvi desistir? agora Henrique parecia realmente chateado.


Mas a culpa não era minha. Ele se interessou por mim porque quis. Já havia deixado claro que não queria saber de homem na minha vida nem tão cedo. Foi ele quem insistiu e acabou se machucando.


Levantei-me do banco, pronta para ir embora. Ia chamar a Gabriela quando o Henrique simplesmente me puxou pela cintura e fez o meu corpo rodopiar. O resultado foi definitivo: sua boca encontrou a minha com tanta vontade que meus lábios doeram por causa do choque.


Confesso que retribui aquele beijo roubado, mas por pouco tempo. A minha consciência tratou de reclamar da situação; eu não devia estar beijando um cara no meio de um parque, com a minha filha tão perto. Por mais que o meu coração estivesse ansioso por aquele sabor, acabei por ouvir a voz da sensatez. Envergonhada até demais, fiz com que nos afastássemos devagar. Henrique não insistiu, afrouxou seus braços no mesmo instante, permitindo que eu me locomovesse.


Não estou sendo justa, Henrique murmurei de um jeito encabulado.


Ele prendeu os lábios e franziu a testa. Olhou-me como se sentisse verdadeira dor.


Então faça o favor de me deixar em paz, Cláudia. Ao contrário de você, eu quero viver a minha vida.


Estava pronta para rebater tal absurdo quando alguém o empurra lateralmente, fazendo-o quase cair no chão. Levei um susto medonho quando percebi que o Renato estava ali. Ele me encarou com olhos frios.


É isso o que anda fazendo na frente da minha filha?


Por um segundo fiquei cega, surda e muda. Meu último instinto foi o maternal, olhei na direção do parquinho e visualizei a Gabriela brincando nos balanços, totalmente alheia ao que acontecia.


Re... Renato?


Quem é esse cara, Cláudia?


Henrique se recuperou do empurrão e se colocou na minha frente.


O que quer?


Sai daí, ô infeliz, estou falando com a minha mulher.


Ex-mulher, seu otário Henrique espalmou uma mão contra o peito do Renato, fazendo-o dar alguns passos para trás. Segurei seus ombros.


Henrique, não...


Foi por esse mané que você me trocou, Cláudia? consegui ver seus olhos por trás do Henrique. Estava possesso. Puto da vida. Seu olhar se desviou e encarou o Henrique em tom de desafio.


Acabei ficando tão puta da vida quanto. Que ceninha ridícula era aquela?


Me poupe, Renato. O que faz aqui?


Hoje é sexta. Vim pegar a minha filha e o que encontro? Já está colocando um homem na nossa casa, Cláudia? O que a Gabriela acha disso?


Pergunte o que ela acha de você e da sua rapariga! falei mais alto do que o normal.


Henrique desistiu de peitar o Renato e se virou na minha direção, puxando-me para si num meio abraço protetor.


Calma, Claudinha... murmurou no meu ouvido.


Renato ficou incapaz de falar, confirmando o que eu temia: ele estava mesmo com uma vagabunda qualquer. Eca! Senti tanto nojo que comecei a chorar na mesma hora. Abracei o Henrique como apoio para não desabar no chão.


Não quero saber de você com um cara perto da minha filha. Entendeu bem?


Soltei um gemido que reunia dor física e mental.


Ela vai fazer o que quiser, a vida é dela Henrique defendeu. Suma daqui.


Quem pensa que é, imbecil?


Sou o namorado dela e você vai ter que engolir.


Como é que é? Hã? Perdi a capacidade da fala. Apenas encarei o perfil do Henrique, que por sua vez encarava o Renato com firmeza.


Hunft... Renato virou o rosto corado de raiva e cerrou os punhos. Veremos quem vai engolir quem.


Foi andando na direção da Gabriela. Henrique me abraçou forte e tratei de enxugar as lágrimas enxuguei-as na camisa dele, mas foi sem querer. Sabia que a Gabi viria se despedir de mim, portanto teria que estar inteira na velocidade da luz. Recolhi os cacos dentro do meu coração e me afastei.


Mamãe, é pra eu ir com o papai? ela veio correndo e gritando. Pulou em cima de mim, dando-me um abraço.


É sim...


Tchau!


Tchau, filha beijei sua bochecha pequenina. Até domingo.


Papai disse que ia me levar num parque bem grandão, maior do que esse!


Que bom... Divirta-se murmurei meio sem jeito e suspirei.


Tchau, tio Henrique! Gabriela fez questão de abraçar o Henrique bem forte e demoradamente. Renato tinha o rosto fervendo de raiva ao ver a cena.


Tchau, Gabi.


Deu uma dor no fundo do meu coração quando vi a Gabriela se distanciando, saltitando empolgada com as mãos dadas com o pai. Entraram no carro dele e foram embora sem olhar para trás. Sabia que ele cuidaria dela; Renato sempre foi atencioso, apesar de tudo e antes de qualquer coisa, amava muito a filha. Só que o meu coração de mãe não suportava aquela ausência, mesmo acontecendo em apenas dois fins de semana por mês.


Henrique me abraçou com força, percebendo o meu sofrimento. Deixei seu corpo grande envolver o meu sem culpa. O carinho que sentia por mim era tão evidente que me deixou comovida.


De verdade, qual cara seria capaz de enfrentar aquela situação de frente? Qualquer um sairia correndo na primeira oportunidade. Mas não o Henrique... Ele me defendeu e, mais do que isso, encarou tudo com firmeza e coragem, assumindo as responsabilidades sem que elas fossem dele.


Eu não estava procurando um homem. Mas, se estivesse, era com essas qualidades que eu desejaria: corajoso, decidido, que gostasse da minha filha, que fosse agradável e que soubesse amar.


Encontrava tudo aquilo no Henrique.


O que merda eu estava esperando? Por Deus, nenhum raio cai duas vezes no mesmo lugar.


Eu fui mesmo te procurar confessei entre lágrimas, enterrando meu rosto no cantinho perfumado que ficava entre o seu peito e o pescoço.


Ele permaneceu calado, apenas preocupado em me abraçar.


Minha situação é uma merda, como você viu...


Cláudia...


Por favor, me deixe falar tudo.


Tudo bem.


Não acho justo te colocar nessa. Nunca achei, e este é um dos motivos por eu nunca ter te dado espaço. Mas você insistiu e fez com que, neste tempo difícil, eu me sentisse desejada... De alguma forma sentia que existia alguém que se preocupava comigo. Gostava de conversar contigo pelo telefone... De saber mais da sua vida e esquecer um pouco da minha.


Henrique nos afastou um pouquinho, mas só o suficiente para segurar o meu rosto e me olhar de perto. Seus dedos tentaram enxugar algumas lágrimas.


Quando parou de me ligar... Senti que tinha perdido alguém especial. Foi a primeira vez que percebi que não queria te perder. Ou pelo menos perder a sua amizade, seus conselhos... Você me fez rir quando eu só sabia o que era chorar.


Henrique também estava emocionado, sua expressão não negava. O sorriso que abriu depois da minha última frase fez meu coração se agitar bastante. Foi um grito silencioso que implorava para que eu não deixasse a chance passar.


Sei que nos últimos meses fui injusta contigo, mas... -Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas o impedi colocando um dedo indicador nos seus lábios.Acabo de decidir que estou disposta a tentar. Não sei se vai dar certo, não sei o que haverá pela frente... Só sei que estou cansada de ser uma pessoa triste. Não combina comigo.


Ele sorriu.


Ainda bem que percebeu isso.


Sim. Percebi também que eu gosto de você.


Henrique continuou sorrindo. Calei o bico e apenas esperei, porém ele continuou me olhando. Parecia feliz, iluminado. Seus olhos verdes ganharam um brilho especial que me encheu de alegria.


Acabei lhe devolvendo o sorriso.


Não vai falar nada?


Estava esperando você concluir... ele me tomou pela cintura, grudando os nossos corpos.


Já concluí.


Ótimo suas mãos agarraram a minha coluna de um jeito possessivo.


Ótimo o quê?


Não é novidade que eu sou louco por você, Claudinha. Gosto da Gabi também e estou disposto a fazer ambas felizes. Só preciso de uma oportunidade para demonstrar que o que sinto é sério.


Balancei a cabeça afirmativamente e levei meus braços até o seu pescoço, deixando claro que daria a tal oportunidade. Henrique fez nossos lábios se juntarem novamente. Desta vez, fiz questão de sentir o sabor do que sentíamos se misturando. Deixei-me levar, afinal, nunca é tarde para o amor.


Toda árvore antiga e repleta de frutos já foi uma semente bem pequena, que só cresceu por causa da força de vontade e do tempo. Vontade eu tinha. O resto só o tempo poderá nos dizer.


 


 


 


 


 


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Debaya: Tmb achei :/ Vdd fiquei cm pena :/ Jessy é doidaaaaa KKKKKKKKK Postandoooo...


 


 


 


 


 


Mila :3


 



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Autor(a): Nana

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 374



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  • queren_fortunato Postado em 08/05/2016 - 09:02:26

    Não me canso de ler essa fanfic, é a melhor de todas,e esse final que PERFEITO <3

  • jessAyA Postado em 20/02/2016 - 18:57:57

    Melhor fanfic que já li na minha vida. Obrigada Nana.

  • anniepuente Postado em 26/10/2014 - 02:16:59

    Acho que vou... Chorei! Puts, estive sumida e ainda to no capitulo &quot;1 ano, 3 meses e 3 dias depois... -Por Jéssica&quot;, mais tinha que comentar pra não pensar que se livrou de mim kkk, mds, casamento perfeito... <3

  • franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:23:35

    to chorrando aki pq acabou...e agora como vou ficar sem ler essa fic* que eu amooooooooooooooooooooooooo tanto....amei amei amei amei simplesmente tudo tudooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo SAUDADES!!!!!!!!

  • franmarmentini Postado em 22/10/2014 - 10:09:16

    O.o

  • debaya Postado em 22/10/2014 - 06:39:46

    Own q final mais lindoooooo!!!!! Me enrolei, atrasei, mas tinha q comentar o ultimo cap. Perfeeeeeeeito ser uma garotinha de lindos olhos verdes como o do papai babão lindo!!!! Meu sonho baby ponny na vida real...Vou sentir mta falta dessa web, sou xonada nela...nos vemos na sua Mila...bjus Ah! Nana...foi maravilhosa

  • franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:49:02

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk poncho tá pior que a any ta mais ansioso que ela kkkkkkkkkk isso fazem mais um baby :)

  • franmarmentini Postado em 20/10/2014 - 14:40:16

    :)

  • debaya Postado em 17/10/2014 - 02:21:49

    Tô boba aqui imaginando Any com barrigão esperando baby ponny e Poncho todo babão cuidando....ai que sonhooooo!!!!! Tomara q seja a menininha q ele tanto quer...rs Mila, tô lendo a sua fic e já tô na parte q ela espia ele no banho...safadany kkkkk já já vou poder comentar Posta mais

  • franmarmentini Postado em 16/10/2014 - 10:22:15

    ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii poncho é um fofo e any ta taradona kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk bem que podia ser gemeos assim tem um menino e menina kkkkkkkkkkkkkk


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