Fanfic: I still Believe | Tema: Rebelde, Anahi

[Naquela noite Anahí dormiu, entretanto, seu sono parecia mais agitado que o normal, um sono tão leve que ao simples cair de uma folha poderia chegar ao fim (... )  Não foi exatamente uma folha que a despertou, mas sim um sentimento de culpa em seu pequeno coração que a fez pular da cama e correr até o computador pra expor seu sofrimento. Sentada na cabeceira da cama, abraçada a um leve cobertor e apoiada em alguns travesseiros, começou a dedilhar rapidamente sobre o teclado do notebook que segurava junto ao corpo]

“Eu sempre reclamo por não poder dormir e sim, estou com raiva de mim por estar de olhos arregalados em frente a um computador às três da madrugada graças a essa insônia que me atormenta nas únicas horas de descanso que tenho. Mas já que o sono que tanto me incomoda entre 6 e 7 da manhã resolveu ir embora agora, vou continuar o que contava aqui antes de ser atrapalhada pelo dia chato de gravação...

Como dizia, sempre gostei da minha vida, sempre sonhei com o que eu seria capaz de fazer e, definitivamente, sempre ultrapassei minhas expectativas. Porém há alguns dias venho me questionando o porquê minha vida se tornou essa bola de neve. E essa rotina covarde que me persegue sem motivo  porque não encontra alguém menos ocupado pra incomodar? Às vezes só sinto desejo de saber isso, o porquê das coisas.

Durante o dia de hoje, tive uma quase discussão com a minha irmã sobre isso. Ela me perguntou aquilo que venho tentando desvendar nesses últimos tempos: Qual a razão pra eu seguir adiante com isso se era obvio que já estava exaustada dessa vida? Fiquei estressada, na verdade acho que apenas despejei nela a minha dor em forma de uma resposta curta e grosseira. E quem sabe esse seja o motivo pra eu estar escrevendo pela primeira vez um blog falando sobre meus sentimentos, acho que apenas busco me entender...

Sinto-me pressionada por pessoas que nem me conhecem, ninguém sabe o que sinto, talvez nem eu mesma saiba, porém todos, absolutamente todos tentam me mostrar o melhor caminho a seguir e enquanto apontam o dedo pra dizer que isso é bom e aquilo é ruim, utilizam minha fragilidade pra mostrar cada erro e cada defeito que possuo, a começar pelo meu corpo que a julgar pela sociedade hipócrita que me cerca não deveria ser um corpo de uma garota de quase 15 anos... Eles dizem que suas filhas ou sobrinhas de mais de vinte anos não possuem as curvas que meu corpo  revela, que na minha idade, as meninas estavam apenas conhecendo o corpo e que em hipótese alguma se vestiriam ou ousariam sequer experimentar as roupas que uso...”

[Anahí sente o calor chegando a seu rosto, afasta lentamente o notebook de seu colo, desce da cama sem se importar com o frio que vem do chão e que atinge lentamente seus pés chegando a seu peito como uma dolorida angústia. Ela levanta a blusa do pijama azul claro de seda e acaricia a barriga que por menor que fosse aos seus olhos parecia enorme.  Baixa a blusa e segue com o olhar fixo em sua imagem, ela simplesmente não aceita o que vê a sua frente. Tira a blusa em uma tentativa de entender o que acontece consigo.]

- Eu não sei, não sou igual às minhas primas, nem mesmo me pareço às filhas das amigas de minha mãe, mas não sou tão feia, ou será que sou? E essa barriga? Nossa é tão grande, ainda mais quando contrasta com meus seios, esses sim já deveriam estar em um tamanho normal. Que diabos eu tenho? Sempre cuido o que como, às vezes nem como as três vezes ideais pra manter o peso e, no entanto, sigo assim, sigo igual. Sigo gorda e feia!

[Anahí atira a camisa do pijama, que até então segurava com a ponta dos dedos, longe com uma raiva excessiva do que sente e sabendo que tudo o que via no espelho era exatamente o que o mundo enxergava, ou seja, todos a consideravam feia e, infelizmente, extremamente gorda. Como ela definia “Uma gorda despeitada!”]

“...Pois bem, sim eu sou gorda! Obviamente ninguém, sem importar a idade que tenha, deseja ser gorda, a não ser que a pessoa seja louca ou que tenha um corpo perfeito de natureza, essas normalmente falam, ainda que da boca pra fora, que tem o sonho de engordar. Mas eu, eu sempre ouvi os dramas que essas mulheres, vulgo amigas da minha mãe, possuem em casa. Acreditam que os maridos possuem amantes, que os filhos sentem vergonha de sair com elas e tantos outros traumas que no final chegam sempre ao mesmo ponto: o fato de ter descoberto uma dieta nova, uma nova chance de ser a mulher perfeita que é desejada e amada por todos, dietas que prometem em poucas semanas que a mulher consiga chegar a um manequim tamanho 36, e que as ajude a comer delicadamente pratos caros e minúsculos sem sentir fome por menor que seja a quantidade de comida ingerida. ”

[Anahí percebe aonde seu desabafo chegou e ainda que não estivesse contando aquilo pra alguém especificamente sentiu seu corpo doer, mudando o assunto do texto antes que aparentemente chegasse ao núcleo de seus problemas. ]

“Todos temos defeitos! É isso que as pessoas dizem, mesmo apontando o tempo todo pra assinalar o defeito dos outros. Não me ligo nisso, acho que não pelo menos. E... Nossa! [olha para o canto direito do computador, e grunhi ao ver o que o relógio mostra]”

-Já é mais de 5 da manhã em pouco menos de duas horas vou ter que sair de casa, o que fiz pra merecer isso. Aff’ essa noite toda escrevendo e nem sei o porquê, acho que tenho que ler isso que escrevo, talvez escreva dormindo e nem perceba o que digito.

[Sem perceber, Anahí cai exausta, deixando de lado o computador e seus problemas por apenas alguns instantes a mais de sono.]