Fanfics Brasil - Frase:lembrem de mim MUSICAS....

Fanfic: MUSICAS.... | Tema: MUSICAS


Capítulo: Frase:lembrem de mim

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1.


lembrem de mim
como de um
que ouvia a chuva
como quem assiste missa
como quem hesita, mestiça,
entre a pressa e a preguiça


2.


já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo


morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma


morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma


3.


um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante


carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha


ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra


4 e 5.


LÁPIDE 1
epitáfio para o corpo


Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito
são suas obras completas.


LÁPIDE 2
epitáfio para a alma


aqui jaz um artista
mestre em disfarces


viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte


deus tenha pena
dos seus disfarces


6.


Aço e Flor


Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.


7.


a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão


8.


parem
eu confesso
sou poeta


cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face


parem
eu confesso
sou poeta


só meu amor é meu deus


eu sou o seu profeta


9.


desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando


nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando


não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado
[aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando


nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás do outro vindo
você e eu sonhando e dormindo


10.


para a liberdade e luta


me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu


me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão


11.


en la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
moches
poemas


12.


WITH THE MAN


aqui
no oeste
todo homem tem um preço
uma cabeça a prêmio
índio bom é índio morto
sem emprego
referência
ou endereço
tenho toda a liberdade
pra traçar meu enredo


nasci
numa cidade pequena
cheia de buracos de balas
porres de uísque
grandes como o grand cayon
tiroteios noturnos
entre pistoleiros brilhantes
como o ouro da califórnia
me segue uma estrela
no peito do xerife de denver


13.


manchete


CHUTES DE POETA
NÃO LEVAM PERIGO À META


14.


POESIA: “words set to music”(Dante
via Pound), “uma viagem ao
desconhecido” (Maiakóvski), “cernes
e medulas” (Ezra Pound), “a fala do
infalável” (Goethe), “linguagem
voltada para a sua própria
materialidade” (Jakobson),
“permanente hesitação entre som e
sentido” (Paul Valery), “fundação do
ser mediante a palavra” (Heidegger),
“a religião original da humanidade”
(Novalis), “as melhores palavras na
melhor ordem” (Coleridge), “emoção
relembrada na tranqüilidade”
(Wordsworth), “ciência e paixão”
(Alfred de Vigny), “se faz com
palavras, não com idéias” (Mallarmé),
“música que se faz com idéias”
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa), “um
fingimento deveras” (Fernando
Pessoa), “criticismo of life” (Mathew
Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza
selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to
inspire” (Bob Dylan), “design de
linguagem” (Décio Pignatari), “lo
impossible hecho possible” (Garcia
Lorca), “aquilo que se perde na
tradução (Robert Frost), “a liberdade
da minha linguagem” (Paulo
Leminski)...


15.


quero a vitória
do time de várzea


valente
covarde


a derrota
do campeão


5 X 0
em seu próprio chão


circo
dentro
do pão


16.


eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito


eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões


em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois


17.


podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano


eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano


18.


quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência


vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência


vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito


vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito


então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência



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Autor(a): sandrinha10

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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