Fanfics Brasil - 32º Capítulo À espera de um milagre Despedida de Solteira. Ver. Alfonso

Fanfic: Despedida de Solteira. Ver. Alfonso | Tema: Ponny - Hot


Capítulo: 32º Capítulo À espera de um milagre

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Fui ao supermercado e, sem que
percebesse, acabei levando mais coisas do
que o necessário. Também analisei cada
produto com interesse – isso inclui a data de
validade e demais frescuras que ninguém
tem paciência de verificar –, só para não ter
que voltar para casa rápido. Ignorei os
olhares maliciosos de algumas mulheres na
minha direção. Teve uma que tentou puxar
papo usando um pacote de macarrão como
desculpa. Confesso que fui meio indelicado,
nem dei bola.
Tentava deixar meus pensamentos
trancafiados em algum lugar seguro, mas foi
quase impossível quando uma prateleira de
leite condensado se materializou bem na
minha frente. Passei longos minutos a
observando – os lábios presos, os punhos
cerrados –, acho que as pessoas acharam
que eu era um louco. Não deu para não
recordar a textura dos lábios da Anahí
enquanto sugava a minha pele. A sensação
era muito real.
O momento foi doloroso, e pensei
que não conseguiria dar um basta naquilo.
Criando forças não sei de onde, acabei
levando duas caixinhas de leite Moça. Não
pense nem por um segundo que eu as
comprei porque queria me empanturrar de
doce, sentado no sofá, assistindo a novelas
e com lágrimas nos olhos – isso não faz o
meu estilo, apesar de estar estranhamente
sensível. Só queria fazer alguma sobremesa
para Júlia no dia seguinte.
Assim que cheguei à minha casa, fui
logo me arrumando para ir à academia,
localizada no fim da rua. Comi algumas
frutas que havia comprado – não estava
com muita fome –, e em menos de meia
hora já circulava entre algumas máquinas.
Subi na esteira como sempre faço; preciso
de muita agilidade para realizar o meu
trabalho, portanto eu corro, no mínimo, meia
hora por dia. Apesar de me sentir cansado,
acabei fechando uma hora. Só então
comecei a levantar ferro para lá e para cá,
novamente ignorando os olhares femininos.
Estava saindo da academia depois
de – pasme – três horas de exercício
intensivo, quando a mesma mulher loira da
padaria apareceu do nada.
– Oi, Alfonso – falou, tocando no meu
braço de propósito. – Já está saindo?
– Já.
– Chegou mais cedo desta vez.
– Foi.
Ela balançou a cabeça, um pouco
envergonhada. Percebi que era bem
bonitinha, apesar de parecer um pouco
artificial com aquele cabelo platinado e um
quilo de maquiagem no rosto. Aliás, não
entendo para quê algumas mulheres põem
maquiagem para malhar. Não faz sentido.
– Lembra-se de mim? – ela
perguntou, constrangida.
– A garota da padaria – murmurei,
louco para sair dali. – É... Ana.
– Isso! – Sorriu de orelha a orelha,
achando o máximo o fato de eu lembrar seu
nome. Não sabia ela que eu era acostumado
a decorar nomes femininos, meu trabalho
exigia isso. Mesmo assim, achei aquilo
hilário, não conseguindo conter um riso. Era
engraçado o modo como as mulheres se
portavam diante de mim.
– A gente se vê por aí, Ana – falei,
aproximando-me um pouco. Encarei seus
olhos e me demorei de propósito. O efeito foi
instantâneo: ela entreabriu os lábios e ficou
com as bochechas vermelhas.
Sorri torto, gargalhando por dentro.
Ana permaneceu plantada na entrada da
academia enquanto eu me desviava e ia
embora o mais depressa possível. Meu bom
humor repentino acabou se esvaindo quando
me vi sozinho no apartamento. Entretanto,
estava disposto a não deixar meu cérebro
ser invadido por reflexões indevidas. Preparei
um jantar rápido, composto por arroz integral,
fatias de carne grelhada e salada. Abri uma
das garrafas de vinho que havia comprado.
Foi o meu maior erro.
Lembro-me de ter sentado no sofá e
assistido a alguns documentários na TV, mas
o resto da memória simplesmente se
apagou. Já era dia quando acordei; estava
deitado de qualquer jeito no sofá, e duas
garrafas de vinho jaziam vazias em cima da
mesa de centro, ao lado de uma taça
também vazia.
Minha cabeça latejava, o mundo
parecia estar girando mais rápido do que o
normal. A TV ainda estava ligada, embora o
volume estivesse bem baixinho. Demorei um
pouco para levantar, arrependendo-me de
quando resolvi fazê-lo. Minha cabeça quase
explodiu durante o processo – ressaca de
vinho é a pior de todas. Tomei uma bateria
de remédios e me deitei na cama, achando
que não dormiria mais. Estava enganado;
apaguei em menos de cinco minutos.
Não sei que tipo de vida era aquela
que eu estava levando. Nada fazia sentido;
as coisas tinham perdido o valor, e outras
mudaram de prioridade. Fazia anos que eu
não descontava minha infelicidade na bebida.
Havia parado de fazer aquilo quando percebi
que estava perdendo o controle. Júlia me
ajudou muito, alertando-me de que estava
bebendo demais. Não que tivesse sido
alcoólatra – não tive problema algum para
dar um basta –, mas ela estava certa; houve
um período na minha história em que
chegava a beber todos os dias.
Mais uma vez, tentei não pensar
muito quando acordei. Eram duas horas da
tarde, mais da metade do dia tinha passado
sem que eu percebesse. Havia duas ligações
da Júlia no meu celular e outros números
desconhecidos que provavelmente eram de
clientes. Resolvi retornar a ligação da minha
irmã – que era a única que me interessava –,
e ela confirmou que poderia vir jantar
comigo, chegaria perto das oito horas da
noite.
Coloquei comida para os meus gatos
e limpei a caixa de areia, que ficava na
varanda, perto da sala. Mantive-me ocupado
durante todo o tempo, enquanto preparava o
jantar com muita dedicação. Resolvi não ir à
academia, estava dolorido e a ressaca não
tinha passado totalmente. Bebi uns vinte
copos de água com gelo, mas minha
garganta continuava seca como se eu
estivesse no meio do Saara.
O jantar ficou pronto às seis horas,
muito cedo para o meu gosto. Não podia
parar, portanto comecei a fazer uma faxina.
Varri o chão, limpei os móveis – cheguei até
a trocar alguns de lugar – e fui organizando a
casa como podia. Deixei a mesa pronta para
receber a minha irmã, com direito a louça
nova, talheres de prata, taças de cristal e
velas aromáticas.
Na sala havia uma parede
completamente coberta por fotos minhas
amplificadas, do chão ao teto. Na verdade
era um tipo especial de papel de parede. Eu
o tinha visto na casa de uma cliente e acabei
perguntando como havia feito. Descobri que
ela mesma trabalhava com aquilo;
confeccionava tudo, da arte até o próprio
material. Para minha surpresa, uma semana
depois ela já me mostrava o projeto, que
concretizou sem custo algum. Pensei em
não aceitar, afinal, cobrava muito bem pelo
sexo que fazíamos, mas ela se manteve
irredutível.
Sempre gostei daquela parede,
mostrava fotos de diversas etapas da minha
vida, desde a adolescência até o ano
passado, que foi quando a cliente a
confeccionou. No entanto, confesso que
fiquei extremamente irritado quando a
observei durante longos minutos. A
insatisfação que sentia por mim mesmo
estava atingindo um limite elevado demais.
Pela primeira vez na minha vida, senti
vergonha do que era.
Tantas coisas vividas, tantas
experiências... As escolhas que fiz, os
caminhos que tomei. Nada daquilo havia sido
suficiente. Eu continuava sendo um cara
fracassado. Por mais dinheiro que tivesse,
ele não comprava a dignidade da qual eu
precisava naquele momento.
Os olhos da Anahí invadiram a
minha mente quase de imediato. Como eu
queria ser digno para ela... Como queria que
as coisas fossem diferentes! Meu maior
desejo era procurá-la, mas aquilo não fazia
sentido dentro de mim. O que ia dizer? O
que ia propor? Que ficasse comigo? Que
largasse o casamento? Era loucura... Apesar
de estar completamente apaixonado, ainda
tinha o mínimo de noção. Ninguém largaria
um casamento iminente para ficar com um
garoto de programa, muito menos a
Anahí, uma mulher consciente e
extremamente correta.
Aquela luta já estava perdida, cabia a
mim aceitar a derrota. Ou... esperar por um
milagre. Se fosse contar com a minha sorte,
era melhor que esperasse sentado. Anahí
seria uma mulher casada no sábado, viveria
feliz, teria filhos... E eu nada poderia querer
mais do que sua felicidade. Só que... Se ela
não for feliz com aquele idiota? Se estivesse
pensando em nós, agora? Se o fim de
semana tivesse lhe significado tanto quanto
significou para mim? Se seu maior desejo
fosse que eu a procurasse? Se. Se. Se. Meu
mundo estava reduzido a uma maldita
interrogação.
Estava terminando de me trocar
quando ouvi a campainha. Eram oito e
dezessete da noite, e o clima estava bem
agradável. Tinha aberto a porta da varanda
até o fim, por isso uma brisa fresca percorria
o apartamento, espalhando o cheiro delicioso
das velas.
Abri a porta com animação,
vislumbrando minha amada irmã. Ela sorriu
quando me viu, mas depois fez uma careta
e passou longos segundos me observando
como se eu fosse um maluco.
– Desembucha, Alfonso! Quem é
essazinha que está fazendo você ficar com a
barba desse tamanho? – ela praticamente
gritou, atirando-se em cima de mim. Deu-me
um abraço gigantesco, tão apertado que tirou
o meu fôlego. Depois, ela se afastou um
pouquinho e olhou nos meus olhos. verdes com
verdes. Encostou seus lábios nos meus num
selinho rápido. – Estava com tanta saudade,
Ponchito!
– Eu também, Ju – tomei coragem
para dizer, sentindo meu coração
amolecendo. Amava demais aquela garota,
era a única pessoa do planeta capaz de me
compreender.
Júlia sorriu amplamente. Estava linda
como de costume, trajando um vestidinho
florido e sandálias rasteiras. Bem à vontade,
assim como eu, que tinha escolhido um
visual “estou na minha casa”, composto por
bermuda cinza, camiseta regata preta e
chinelos.
– Que cheiro bom! Caprichou, não foi?
Você sempre capricha! Estou com uma
fome tão grande! Aquele estúdio não tem
nada para comer além de mato e iogurte. –
Sorri, achando graça por Júlia nunca ter feito
uma dieta na vida inteira. Era magra de ruim,
como costumava dizer.
Puxei-a para dentro do apartamento,
abraçando-a lateralmente. Fiz ela se sentar à
mesa de jantar.
– O que vai ser hoje? – perguntei.
– Vinho? – disse, e eu fiz uma careta.
– Não brinca, ontem tomei duas
garrafas sozinho. Apaguei no sofá.
Ela balançou a cabeça, repreendendome.
– Não vai começar de novo, por favor.
Conte-me logo o que está havendo. E
porque raios está com a barba tão grande?
Toquei no meu próprio rosto,
percebendo que Júlia estava com a razão.
Tinha me esquecido completamente de fazer
a barba, e o pior é que sequer havia notado.
– Acho que as mulheres gostam de
homens barbados. Pelo menos isso não me
atrapalhou em nada – brinquei.
Júlia gargalhou.
– Isso é porque você fica lindo de todo
jeito. Mas para de me enrolar, Poncho, conta
logo!
– Primeiro vou trazer o jantar. Gostou?
– Apontei para a mesa divinamente posta.
– Você arrasou! Está perfeita. Fico
orgulhosa de ter sido o motivo para tanta
dedicação.
– Você merece, mana. – Sorri torto.
Júlia se levantou da cadeira e me deu
outro abraço, desta vez, bem mais
demorado.
– É melhor eu ir pegar o jantar, vamos
acabar chorando no meio da sala. A cena vai
ser bem deprimente, digna de novela
mexicana – comentei, gargalhando. Era tão
bom estar com a minha irmã!
– Você está diferente. Traga logo, não
aguento mais esperar, quero saber de tudo.
Afastamo-nos e, antes de entrar na
cozinha, virei-me na direção da Ju.
– Cerveja? – perguntei.
– Manda ver!
Começamos a comer em silêncio.
Júlia nem respirava direito, devorava a
comida com empolgação, mal mastigando
antes de engolir. Admito, o creme de frango
que fiz estava uma delícia. Preparei também
bolinhos de arroz – os favoritos da Ju – e
salada de abóbora, completando com batata
palha. O vinho cairia melhor com o jantar,
mas a cerveja gelada não estava nada mal.
– E então? – perguntei quando minha
irmãzinha comilona terminava o segundo
prato.
– Já pode casar! – respondeu, como
de praxe. Ela sempre dizia aquilo, mas
daquela vez suas palavras me tocaram de
um modo diferente. Senti-me desconcertado,
e Júlia notou a mudança. – Alfonso... Pelo
amor de Deus, você está me preocupando.
Nunca te vi tão introspectivo.
– Bom... – comecei, percebendo que
não fazia ideia de como dizer aquilo. Resolvi
ser o mais sucinto possível. – Estou
apaixonado.
Ju largou os talheres ao lado do prato.
Encarou-me durante longos segundos, o
rosto tomado por uma expressão estupefata
digna de uma fotografia. Logo em seguida,
sua admiração se transformou em um largo
sorriso.
– Mentira! Não acredito! Quem é a
dita-cuja? Uma cliente? Você se apaixonou
por uma cliente? Depois de tantos anos,
Ponchito... Ah, meu Deus, sabia que isso ia
acontecer! Estava torcendo, pedi aos céus
para isso acontecer! Finalmente!
Finalmenteeee! Ai, eu preciso conhecê-la!
Urgentíssimo! – Ju começou a soltar um
monte de coisa ininteligível. Meu cérebro não
conseguiu assimilar tudo, ela parecia uma
doida.
Franzi o cenho, observando-a com um
olhar sério.
– Não se anime tanto assim –
murmurei.
Ela parou de ditar o seu longo discurso
muito bruscamente.
– Como não? Claro que me animo!
Você demorou dez anos para se apaixonar,
Poncho. Temos que comemorar isso!
– Ela vai se casar, Júlia.
Aquela frase teve efeito sobre a minha
irmã. Ela finalmente deixou seu lindo sorriso
morrer. Encarou-me com um ar sério de
partir o coração.
– Oh... Não. Sério?
– No sábado. Lembra-se de quando te
falei sobre o empreendimento especial para
despedidas de solteira?
– Le... Lembro.
– Começou neste fim de semana. Foi
lá que a conheci e... ela é a noiva. Vai se
casar no sábado. Eu me apaixonei pela
Anahí com uma facilidade tão grande!
– Anahí?
– É o nome dela. Nunca vi mulher
igual, Ju. Foi instantâneo, uma coisa louca,
meio que à primeira vista. Estou ferrado,
simplesmente... Ontem não consegui fazer
um programa, estava pensando nela.
Anahí não sai da minha cabeça, por mais
que eu tente.
Júlia respirou profundamente,
tomando um longo gole de cerveja.
– Olha, eu... diria para esquecê-la,
mas só se você não fosse você.
– Como assim? – perguntei, confuso.
– Alfonso, eu te conheço. Se fosse
qualquer outro cara, diria que isso aí era uma
paixão idiota que ia passar muito depressa.
Mas a situação não é normal, isso não é
paixão.
– Como sabe disso?
– Você nunca larga um programa,
nunquinha. Principalmente por causa de
outra mulher, isso jamais ocorreu. E essa
barba enorme? Isso não me passa pela
garganta, você se esqueceu de si mesmo. O
cara mais vaidoso que conheço não se olhou
no espelho. Está visivelmente mudado e...
chegou a ligar para a mamãe!
– Ela te contou?
Droga. Mamãe e sua boca enorme.
Claro, tinha que sair correndo para contar a
Júlia!
– Claro, Alfonso. Ela ficou preocupada,
disse que sua voz estava meio chorosa ao
t e l e f o n e . – Balancei a cabeça,
envergonhado. – Essa mulher fez alguma
coisa contigo. Preciso saber de tudo o que
aconteceu, tim-tim por tim-tim.
– É uma longa história... –
murmurei, ainda desconcertado. Minha
situação era mais deprimente do que eu
imaginava.
– Só saio daqui quando me contar –
Ju foi taxativa.
Suspirei fundo, dando um gole na
minha cerveja. Comecei a narrar todo o fim
de semana. Cada momento que passei com
a Anahí foi detalhado – claro, exceto as
partes picantes –, todos os diálogos, as
minhas expectativas, minhas confusões e o
instante em que percebi que estava
apaixonado. Falei sobre a nossa despedida e
a maneira como ela chorava. Contei
também sobre o e-mail que me passou no
dia anterior. Desabafei o fracasso do meu
programa com a Isabelle e o fato de não
conseguir ficar em casa sozinho desde
então.
– E é isso. Não consigo parar de
pensar nela e nesse tal casamento. Não sei
se ela vai ser feliz com o otário que não sabe
lhe dar prazer. Minhas mãos estão atadas,
nada posso fazer além de esquecer –
concluí, olhando para baixo. Estava me
sentindo envergonhado por ter caído naquela
situação.
Júlia me observou durante muito
tempo. Parecia ponderar todos os fatos
antes de, enfim, dizer alguma coisa. Eu já
me sentia melhor só por ter desabafado.
Dividir o problema com ela de certa forma
aliviou o meu fardo. Pelo menos não estava
mais me sentindo sozinho.
– Alfonso... Escute o que vou te dizer.
Parece loucura, mas você tem que procurála.
– Pra quê, Júlia? Não quero me
machucar. O casamento é no sábado, hoje é
terça-feira! Não estava brincando quando
falei que a Anahí é extremamente correta.
Ela jamais sairia dos planos, acha que
largaria o casamento para ficar comigo? Eu
não passo de um garoto de programa! Além
do mais, mal sei o que estou sentindo!
– Você se subestima tanto, Ponchito.
Está tão acostumado a se vender que acha
que tudo na vida pode ser calculado.
– Do que está falando?
– Argh... Resumindo, ouça a si
mesmo. Foi você quem disse a ela para
fazer o que sentia e queria. Pense um
pouco, o que você quer, Alfonso? Quer lutar
por ela ou deixá-la ir, fingindo que nada
aconteceu? Esse é o seu “maior desejo”? –
ela perguntou, gesticulando duas aspas.
– Não posso arriscar a felicidade
dela, Júlia. Mesmo se Anahí sentir algo
por mim, não seria feliz comigo. Não estou à
sua altura.
– Claro que está, Alfonso. Continua
sem ouvir a si mesmo. Importa-se com ela a
ponto de ficar se reduzindo à toa e ainda a
coloca em primeiro lugar. Uma mulher só
precisa disso, de um homem que se importe,
que deseje seu bem acima de tudo. Você é
o cara certo. Se esse tal noivo fosse o ideal,
faria pelo menos ela ter um orgasmo, não
acha?
– Não é questão de sexo – falei.
– Não, mas diz muita coisa sobre
esse casamento. É óbvio que não vai dar
certo. Se ela o amasse, em primeiro lugar,
nem teria dormido contigo. E as coisas que
falou, então... E o e-mail? Poncho, você queria
tanto uma loja no Centro! Vai refazer a sua
vida... Vai atrás dela. Não deixe que se case!
Apoiei minha cabeça nas mãos,
passando os dedos pelo cabelo.
– Não quero machucar ninguém.
Tenho medo de decepcioná-la – admiti. – É
complicado, Júlia.
– Você está pensando demais.
Apenas faça o que sente e quer. Escute
seus próprios conselhos e, acima de tudo,
acredite em si. Poxa, Alfonso, você tem valores.
Tem qualidades que nem imagina que
possui. Pare de sentir pena de si mesmo,
isso não combina contigo. Em todos esses
anos, nunca te vi deixando de ir atrás do que
queria. Por que vai fazer isso agora? Logo
agora que as coisas podem mudar de vez?
Pensei um pouco no que Júlia disse.
Permanecemos em silêncio durante alguns
minutos, até que ela soltou:
– Amanhã quero você de barba
feita, bem vestido, gatíssimo... Pronto para
procurá-la. Ah, e também para fechar
negócio com a loja de sapatos.
– Ju, eu...
– Sem pensar, Poncho. É sério, vá sem
pensar em nada. Apenas faça. Promete?
Fiquei em silêncio, sentindo meu
estômago revirar. Um frio repentino tomou
conta do meu corpo; era o medo me dando
boas-vindas.
– Não posso... – falei, soltando mais
um suspiro.
– Quer perdê-la para o otário?
– Não.
– Apenas vá. Você tem três dias
para provar que é o cara para ela. Sei que
consegue, pois não vai precisar fingir. É só
ser você. Promete? – Júlia tornou a
perguntar.
– Isso é loucura...
– E daí? Tudo é louco mesmo;
você, ela, eu... Não se arrependa do que não
fez. Desistir antes de tentar é o pior de todos
os fracassos.
– Você tem razão – murmurei,
encontrando sentido no que Ju queria me
dizer. Eu estava sendo um estúpido naquele
tempo todo, colocando-me para baixo e
pensando demais. Quero dizer, pensei em
tudo, menos na minha própria felicidade. Dei
a guerra como perdida e estava assistindo o
noivo da Anahí ganhar porW.O..
Júlia sorriu para mim, e acho que
nunca me senti tão grato em toda a minha
vida.
– Promete? – sussurrou.
– Prometo. – Ergui o meu copo, e
fizemos um pequeno brinde. Um brinde à
esperança.



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Autor(a): Nana

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Eram dez horas da manhã e lá estavaeu, provando que a lógica poderia ser tãoilógica quanto um papo entre bêbados. Oreflexo da vitrine da sapataria mostrava umcara de barba feita, trajando roupas demarca e com o cabelo bem penteado. Nadamal.Podia ver a loja de cosméticos daAnahí bem ao lado, mas a ignorei. Bom,não ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 77



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • brunaponny Postado em 20/05/2014 - 13:27:52

    acabou? voce sumiu :(

  • pradonaty Postado em 09/05/2014 - 04:15:35

    Aiiiiiiiiiiii que lindooo, amei, adorei, me emocioneiii, confesso q me emocionei mais cm versão, sofri junto cm o poncho..ansiosa para a parte 3

  • franmarmentini Postado em 08/05/2014 - 13:27:34

    tive que ler de novo :) de tão feliz que eu to kkkkkkkkkk

  • dessita Postado em 08/05/2014 - 13:08:59

    aaai... que lindo o final... Posta logo a proxina Nana... Aguardando anciosamente

  • franmarmentini Postado em 08/05/2014 - 07:24:18

    foi muito emocionante :)

  • franmarmentini Postado em 08/05/2014 - 07:02:49

    *-*

  • edlacamila Postado em 07/05/2014 - 23:46:29

    Ate q fimmmmmmm ponchito feliz

  • acarol Postado em 07/05/2014 - 02:49:22

    Aaain Naninha que triste! To sem palavras, chorei, li outra vez, mas fiquei sem palavras! Continua!

  • micheleponny Postado em 06/05/2014 - 18:03:43

    chorei amiga :( poxa to muito trise coitado..ponchinho amor vem pra mim que nao te faço sofrer asim nao :(,mas ainda tenho esperança que nao casa,nao casa e pronto to com o coração na mão espero de vdd q ela nao case bj posta logo

  • edlacamila Postado em 06/05/2014 - 00:26:04

    Ain gnt ele sofre dms por ela poxa :/ .. Poncho esquece ela e fica cmg U.u kkkkk


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