Fanfic: A Dama Solitária | Tema: A Dama Solitária
Ela andava pela rua de sua casa entediada e triste. Sempre guardava esperanças para o Natal, mas no fim era sempre a mesma coisa: sua família brigava, tias e tios chatos e conversas toscas. Isso bastava para que ela não quisesse ficar ali.
A chuva não dava trégua durante o mês de dezembro. Ela olhou pela sacada da casa e decidiu sair mesmo assim.
Gabriela desceu as escadas de fininho, aproveitando a conversa alta dos outros para sair despercebida. Assim que chegou á rua, olhou para o céu escuro. As estrelas que brilhavam pareciam estar sendo costuradas pela linha do destino, bem no alto, inalcançáveis.
Ela fechou os olhos, respirou fundo e saiu pela rua, molhada pela chuva. Pequenos chuviscos ainda caíam, mas o frio parecia bem melhor do que qualquer coisa naquele lugar. Gabriela andou, meio sem rumo, até que se permitiu pensar em voz alta:
– Ah... - ela suspirou, dando um sorriso melancólico em seguida. - Hoje é só mais um natal como os outros... Não é nada pessoal, Deus - ela disse - eu sei que deveria ser um dia feliz e tudo mais, mas sinceramente, não vejo a graça disso tudo. No fim sempre acaba em brigas, mesmo. - ela deu de ombros. - Eu deveria me acostumar a me sentir assim,só. E o mais irônico é que quanto mais gente tem por perto, mais me sinto sozinha. "Que garota esquisita". - Gabriela ironizou, imitando a frase que mais ouvia das pessoas.
Gabriela subia a rua, olhando para o conjunto de casas iluminadas.
– Dentro de cada casa, tem uma família feliz se divertindo. Comida farta, música e gente conversando. - ela pensava. - Será que eu sou a única que me sinto totalmente deslocada? Ha-ha, - Gabriela riu, lembrando de quando tinha dez anos de idade e amigos á vontade - se eu pudesse voltar... Ah, esqueça. - ela disse a si mesma.
Gabriela era apenas mais uma adolescente nostálgica, irônica e devoradora de livros e séries. Mas havia algo nela que era, ao mesmo tempo, diferente e igual aos outros: ela desejava vorazmente uma aventura, um amor que a consumisse, uma coisa louca que acontecesse em sua vida.
Pensando nas coisas surreais que pudessem acontecer no próximo ano, Gabriela acidentalmente caiu num buraco no meio da rua.
– Droga. - ela xingou. Se levantou e remexeu o vestido para ver se havia sujado. Ela estava vestida com um vestido até os joelhos, de tule na saia, rodado e com detalhes de pedras no busto. E os saltos? Bem, seria uma pena se eles arruinassem.
Quando deu um passo á frente, ainda remexendo o vestido, Gabriela bateu num pedaço de árvore.O que não deveria estar ali, óbvio, já que era uma rua no centro da cidade.
– Mas o que... - ela se perguntou, elevando os olhos. - Meu Deus. - ela disse, de queixo caído e assustada.
O lugar que ela estava não era, definitivamente, a mesma rua de sua casa na qual estava andando sem rumo.
Era uma floresta. Uma floresta escura, sem céu.Sem estrelas, sem luz nenhuma.
– Como eu posso ver? - ela se perguntou, piscando os olhos.
O lugar onde ela caíra era o lugar mais sinistro que ela já vira na vida. Uma floresta completamente esquisita, com árvores de cores...vermelhas e cinzas?
– Caramba... - ela disse. - Que buraco era esse... Isso aqui é o inferno ou o País das Maravilhas? - Gabriela perguntou, sem abrir mão de seu tom irônico mas apreensivo.
Ora, ora...Uma voz metálica sussurrou.Se não é a garota entendiada e resmungona...
–Quem está aí? - Gabriela perguntou. O mais incrível era que, mesmo surpresa, ela tinha um tom corajoso e desafiante.
Hahaha...A voz riu.Pensei que você nunca fosse chegar até aqui, Gabriela...A voz frizou seu nome, como se fosse um desafio falá-lo.
– Dá pra falar quem é ou vai ficar de showzinho? - Gabriela disse, por fim, e quando disse, se assustou ela mesma com o que dissera. "Mas o que diabos estou fazendo?" ela se perguntou.
Caham. A voz pigarreou, agora meio irritada.Eu deveria saber, ele sempre escolhe pessoas como você, corajosa ao ponto de ser tola! Bem, talvez eu devesse me apresentar, então... Mas eu não quero, hahaha!A voz riu com gosto.
Gabriela se irritou, mas resolveu seguir seu caminho. Tudo o que ela não sabia era que a tal voz não era bem um amigo.
Um galho de árvore se abriu sob seus pés e a puxou subitamente.
– Ahhh! - ela gritou assustada. - Mas que diabos é isso?! SOCORRO!
Hum, pensei que você era mesmo durona...A voz disse com ironia, enquanto Gabriela tentava se desvencilhar dos galhos. Os galhos começaram a puxá-la para baixo da terra, e quando ela pensou que morreria, uma espada afiada de ouro cortou os galhos e a voz de repente se calou. A presença que Gabriela sentira, a sombriedade que vinha acompanhada daquela voz, de repente também sumiu.
Gabriela caiu na terra de supetão, mas logo se levantou e tratou de bater a terra do vestido. Ao olhar para a frente, porém, ela avistou uma silhueta se formando na escuridão daquela floresta estranha.
Era um garoto.
Ele estava vestido com uma capa de ouro que reluzia no escuro, de forma que quando se aproximou mais de Gabriela, sua aparência ficou clara e nítida. Seus cabelos eram loiros, assemelhados ao ouro, e seus olhos eram dourados. O garoto era alto e forte, suas feições expressavam coragem. Algo nele, porém, era diferente e único, era como uma aura, ao seu redor uma luz se expandia, como se ele próprio fosse a luz. Definitivamente, ou aquilo era uma alucinação de Gabriela ou aquele garoto tinha algum tipo de poder.
– Eu sou Angelo. - foi tudo o que ele disse.
– Ga-Gabriela. - ela gaguejou ao se apresentar, ainda perplexa pela beleza de Angelo. - Você poderia me dizer por favor aonde estou?
– Eu te explico, se você vir comigo. - Angelo falou, tentando negociar. Sua expressão estava séria, seus olhos brilhavam e a luz ainda estava ao seu redor.
"Bem, eu não tenho muitas escolhas "ela pensou " Não faço a mínima ideia de onde estou, e mal sei o que diabos está acontecendo. Mas ele parece mais amigável que aquela voz..." Gabriela ponderou. Porém uma voz em sua cabeça dizia que ela não deveria confiar em estranhos. "Ele me salvou. E numa terra de estranhos, quem te salva é um amigo."
Gabriela assentiu, e Angelo lhe estendeu a mão, o que ela não entendeu já que poderia andar muito bem sem ficar de mãos dadas. Mas no momento em que Gabriela deu á mão a Angelo, compreendeu o motivo do gesto.
Ele se teletransportou.
Autor(a): Alice Zahyr
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