Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DulcePOV

Talvez fosse a pior ideia que eu podia ter. Não, ela foi a pior ideia que eu podia ter. Não porquê me arrependi, porque eu não me arrependi, mas porque desencadeou reações que eu queria, e muito, evitar.

Bom, meus pais e amigos apenas falaram que eu era corajosa e tinham orgulho de mim por fazer aquilo e bláblá. Christian deve ter comentado algo sobre “vadia, nem pra ajudar todos aqueles anos atrás, teve que esperar até hoje”, mas eu não estava realmente prestando atenção.

Sua mensagem foi a primeira a chegar. E eu sei que deve ser meio idiota dar essa ênfase, mas, poxa, significou algo para mim.

“Ouvi dizer que o Líbano é um lugar legal. Fico feliz por você.”

Ok, pode ter sido meio sem graça, mas foi incrível para mim. Eu não pude responder, infelizmente, porque Christian passou a monopolizar meu tempo falando sobre coisas que eu não estava escutando, porque eu queria apenas desligar e falar com outra pessoa.

Acho que devo explicar.

Ontem a noite eu tive a ideia brilhante de deixar meu empresário irritado e fazer algo que eu queria fazer a muito tempo. E eu decidi irritá-lo porque ele estava mexendo no meu notbook sem a minha permissão e vendo meu histórico de pesquisa para tentar achar “meu amante misterioso”. Tivemos uma discussão e eu passei a planejar como irritá-lo. Foi quando surgiu minha incrível ideia. Dois coelhos em uma cajadada só.

Enfim, acordei cedo essa manhã, coloquei uma calça jeans rasgada no joelho, um tênis desbotado, minha camiseta adquirida na Espanha e uma jaqueta fina por cima, e fui para a Starbucks mais próxima. Comprei um latte e um muffin, então decidi começar a ação.

Antes de sair da Starbucks, fingi que estava ficando com calor e tirei a jaqueta. Acho que ninguém havia me reconhecido ainda, mas os olhares que eu ganhei foram a primeira indicação de que aquilo poderia acabar por ser um erro. Mas eu já havia começado e não ia parar.

Comi em silêncio em uma mesa meu muffin, então decidi tomar meu latte a caminho do hotel de volta, o que apenas tornaria meu plano mais perfeito. Assim que saí da loja vi que havia alguns paparazzi escondidos em uma moita (honestamente, eles realmente acham que passam despercebidos?). Com um sorriso confiante e fingindo mexer no celular, comecei a andar como se nada tivesse acontecendo, como se eu não estivesse usando a camiseta do “Lebanese”.

Consegui fazer meu curto caminho até o hotel sem ser interrompida por ninguém, o que foi uma grande vitória. Eu mal tinha entrado no meu quarto quando vi uma atualização no meu Twitter. Menos de cinco minutos e o mundo já sabia. Isso deveria ser considerado um recorde, meus amigos.

E eram muitas pessoas mandando perguntas, mensagens ou coisas do tipo. Em menos de trinta segundos já eram trinta mensagens e o número continuava subindo rapidamente. Caramba, como as pessoas sabem das coisas tão rápido? Elas ficam acordadas a noite inteira só pra descobrir novas fofocas antes de todo mundo?

Mas antes que qualquer dos meus amigos pudesse falar comigo, a mensagem de Demi chegou. Acho que fiquei sorrindo por uns dois minutos antes de o meu celular tocar e Christian começar o discurso.

Meu agente batia na porta e ameaçava arrombá-la, mas eu não estava nem aí. Eu só queria curtir o momento de não ter que me esconder mais. A coisa ficaria mais legal se eu agarrasse uma garota na rua e beijasse, mas eu não tinha ninguém para fazer isso, então a camiseta foi a melhor ideia.

Eu mal havia desligado a ligação de Christian quando meu celular tocou de novo. Dessa vez era uma mensagem de Anahi.

“É melhor você começar a se explicar, mocinha. Eu disse que queria estar com você quando você decidisse contar. VOCÊ PROMETEU!”

Apenas sorri. Anahi podia ser meio maluca, mas era minha melhor amiga e podia proteger qualquer um com unhas e dentes. E deixe-me dizer que suas unhas podiam fazer um estrago danado se ela quisesse.

Decidi ignorar meu agente só por mais alguns minutos, apenas para irritá-lo mais, e decidi ver até onde minha saída do armário havia chego. Eram muitas pessoas comentando. Uma das hashtags mais usadas agora era Lebanese, e tudo isso em 40 minutos. Resolvi deixar para dar uma declaração oficial mais tarde. Tipo em dois ou três minutos.

Vi que alguns famosos já haviam comentado o fato. Ellen Degeneres. Cara, ela foi engraçada. Eu amo aquela mulher, ela deveria ter um país só dela, sério mesmo. Jodie Foster, que eu nem sabia que tinha uma conta no Twitter. Adam Lambert. E por aí vai.

Mas o que mais me chamou a atenção foi a de Naya Rivera (a sortuda que fez par romântico com Demi Lovato, lembra?).

“That’s Santana girl, tottaly. #Lebanese” (N/A creio que a maioria pode deduzir o que é, porque em português perde a graça).

Ok, pensando em uma boa resposta... Antes que eu pudesse responder, no entanto, vi que alguém respondeu primeiro. Sem muita surpresa, era Demi.

“No, is Dani girl ;)”

Estou derretendo.

Derretendo.

Derretendo.

Derreti.

Merda. O inevitável está acontecendo, mas eu vou impedir isso com todas as forças que puder reunir, porque me apaixonar, principalmente por alguém hétero, é a última coisa na minha lista agora.

A dúvida ainda continuava viva, pude perceber depois de alguns minutos. Aparentemente, eu podia estar declarando que nasci no Líbano, segundo um blog alemão. Ou só estava tentando chamar atenção, ou não tinha outra coisa para usar, ou nem sabia ler. E por aí vai.

Bom, se é a certeza que eles querem, é a certeza que vão ter.

Depois de trancar a porta do quarto com uma das poltronas do canto porque meu agente ameaçava derrubar a porta a qualquer segundo, vasculhei minha mala, encontrei a camiseta “Like Girls”, coloquei-a rapidamente e fui para a frente do espelho.

Ok, vamos começar o show... Ou continuar. Que seja.

Uma foto e uma legenda depois (Yep, really like then. Finally out...), eu, finalmente, abri a porta, depois de postar a foto no meu Twitter, Instagram, Facebook e qualquer outra coisa que eu podia fazer. Dizer que Sandro estava irritado seria amaciar os fatos. Ele estava puto da cara.

Depois de terminar todo seu discurso de uma hora e meia, eu suspirei e olhei para ele com toda a seriedade que podia reunir. “Pode me dar o telefone da sua filha?” Dez minutos depois e mais um sermão, decidi falar: “Ok, já que está tão irritado e tão certo que joguei minha carreira por essa janela, não tem porque estar aqui.”

“Está me demitindo?”

“Você está se demitindo? Parece furioso comigo e eu não quero que alguém furioso comigo cuide da minha agenda. Eu daria a chance de você se demitir, sabe.”

Ele respirou fundo, tentando não me bater, acho. “Vou tentar concertar a cagada que você fez. Até lá, você vai ficar sem celular, computador ou qualquer coisa do gênero e é bom me dar essa camiseta agora mesmo.”

Fingi pensar por alguns segundos. “Você estava certo. Eu estava te demitindo.”

“O que?” Ele arquejou.

“Não se preocupe, vou pagar um ano de salário ainda. E você pode manter seu carro, que era para ser meu, tecnicamente. De qualquer forma, eu vou pagar sua viagem de volta para o México. Mas lembre-se de passar o número da sua filha quando chegar lá.”

“Você... Você é... Vai se foder.”

“Isso pode ser considerado agressão verbal.” Avisei. “Faça boa viagem.”

“Não pode me demitir.”

“Você é meu empregado, meu nome consta na sua carteira de trabalho, então, sim, eu posso te demitir. E estou fazendo isso. Posso cuidar da minha vida, obrigada.”

“Você mal sabe organizar sua agenda.”

“Bom saber que está preocupado com isso.” Revirei os olhos. “A vida é minha, Sandro, e eu faço o que eu quiser com ela. Estou cansada de esconder quem eu sou só porque você acha que eu vou arruinar minha carreira. Eu não me importo com ela mais do que me importo com minha felicidade. Se eu tiver que perder todos os meus contratos, mas poder ser feliz não tendo que esconder quem eu sou... Bom, você já sabe o que eu escolhi. Eu não me importo com o que as pessoas vão pensar, elas podem achar o que quiserem. Eu sei quem eu sou e eu gosto de quem eu sou. E é isso que importa. A felicidade importa.”

“E você está feliz agora?” Ele questionou depois de alguns segundos de silêncio.

“Podia estar melhor. Eu podia estar em casa assistindo Harry Potter, mas, sim, estou feliz.”

Ele suspirou. “Vou passar o telefone de um amigo meu, você pode falar com ele e, se gostar, contratá-lo. Espero que ainda possamos ser amigos.”

“Eu estava blefando. Não vou te demitir.” Sorri. “A menos que você continue com o sermão, aí sim você está no olho da rua.”

Sandro conseguiu me dar um pequeno sorriso. “Tudo bem. Quer dar uma entrevista, escrever uma carta, continuar com a camiseta...?”

“Vou escrever uma mensagem bonita sobre aceitação no Instragram.” Acenei despreocupadamente com a mão e peguei meu celular, que estava em cima da cama. “Acha que vão perceber se eu usar a letra de Libertad?”

Ele levantou uma sobrancelha. “Vou preparar sua carta.”

“Eu faço isso, só cuide da minha agenda. Eu estava brincando... Só um pouco, mas vou pensar em algo melhor para escrever.”

“Eu espero que você não se arrependa. Seria um desperdício esse ato de coragem.” Ele comentou antes de sair.

Quando ele fechou a porta, suspirei. “Eu também espero.”