Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DemiPOV

Desde que voltamos de nossa viagem, um assunto vem rondando nossas cabeças. Na verdade, na da Dulce mais do que na minha. Mas não era difícil perceber do que se tratava. Ela estava olhando as crianças de uma forma diferente. Não do tipo nojento e pedófilo – graças a Deus por isso - , mas de um jeito admirado e pensativo. Acontecia quando saíamos para comer fora, quando íamos para a praia, quando estávamos paradas no semáforo, quando falávamos com pessoas que tinham a foto dos filhos na carteira e faziam questão de mostrar.

Ela não era bem sutil naquele assunto.

Por isso eu sabia o que estava acontecendo. E por isso comecei a pensar também.

Se Dulce queria ter um filho – e era óbvio que queria – o que eu diria? Eu tinha 23 anos, um pouco nova para ter filhos, mas Dulce já tinha 29 e, claramente, seu relógio biológico estava começando a apitar. Essa foi a única vez que nossas idades foram um problema. Nunca antes ela foi uma questão importante, mas acabou se tornando. E estava começando a me assustar.

Se ela quisesse filhos e eu não, o que iria acontecer? Ela iria me deixar e ir atrás de alguém que quisesse? Ela iria ficar comigo, mas ficar triste por não poder ter filhos? Ela iria entrar em depressão ou tentar sequestrar uma criança? Muitas dúvidas e possibilidades.

Mas e se ela quisesse filhos e eu também? Como disse, 23 anos não é bem uma idade boa para se ter filhos e iria acabar ficando no caminho de alguma coisa. E minha mãe iria pirar. Eu teria muito mais responsabilidades do que naquele momento. Elas iriam triplicar e eu não tinha certeza se estava pronta para toda aquela responsabilidade. E se não tivesse e me tornasse uma péssima esposa e mãe? E se eu quisesse sair de casa depois e abandonar minha família?

Aquilo estava me preocupando a semanas e tenho certeza que Dulce também tinha diversos pensamentos rondando sua cabeça, mas nenhuma das duas trouxe o assunto para tema de conversa. Acho que ambas estávamos com muito medo das respostas que teríamos.

Mas no Halloween alguma coisa mudou. Maite queria dar uma verdadeira experiência de Halloween para Alejandro e, por isso, havia decidido passar o dia em Los Angeles. Ele ainda era muito pequeno para entender o que estava acontecendo e não podia sair pedindo doces com a maioria das crianças, mas Maite tinha um plano.

Que não deu certo.

Era 16:30 da tarde quando meu celular tocou. Eu estava em estúdio, terminando de gravar minha participação na música “Up” de Olly Murs, mas consegui atender ao toque insistente.

“Onde você está?”

Franzi a testa. “Maite?”

“Eu preciso de ajuda. Eu não consigo falar com Dulce.”

“Ela está nas gravações hoje.” Dulce havia retornado ao trabalho algumas semanas antes, depois de tirar uma folga para tratamento médico. Ou era o que a declaração médica dizia.

“E onde você está?”

“No estúdio.”

Quinze minutos depois, Maite estava na minha frente, segurando um Alejandro muito fofo, usando uma fantasia mini de leão, com os bigodinhos balançando quando ele sorria. “Eu preciso que você fique com ele.”

Levantei uma sobrancelha. “Wow, vamos parar por um momento e analisar a situação.”

“Eu realmente preciso disso, Demi.” Maite implorou. “É o primeiro Halloween dele. Anahi está trabalhando, Dulce está trabalhando, eu não conheço ninguém nesta cidade...”

“Christian.” Interrompi rapidamente. “Christian mora aqui, eu posso te mostrar onde é.”

Ela suspirou. “Eu jamais confiaria uma criança para Christian. É como deixar um drogado ficar de olho na maconha. Sem ofensas.”

Acenei. “Essa lógica só faz sentido se Christian for um pedófilo.”

“Ele vai deixar meu filho rosa. Não estou brincando.”

Balancei a cabeça. “Eu não posso cuidar de um bebê. A única criança que eu já cuidei foi de Maddie e nem isso saiu direito.”

“Mas você já cuidou de uma criança e é isso que importa.” Maite estava implorando. “Por favor. Eu estou com uma emergência e não quero que Alejandro perca a viagem.”

“É uma emergência contornável ou não? Porque se for...”

“Por favor.” No mesmo momento, Alejandro sorriu e jogou os bracinhos na minha direção. Não tem como resistir àquela criaturinha com a fantasia mínima de leão.

Foi assim que acabei no trailer de Dulce, segurando Alejandro e parecendo muito desesperada.

“Ah, graças a Deus.” Suspirei aliviada. “Você está aqui, graças a Deus.”

Dulce levantou uma sobrancelha para mim. “Hey, Dems, o que você está fazendo com Alejandro?”

“Maite pediu para eu ficar com ele no Halloween porque Anahi está trabalhando, e Christian vai deixá-lo rosa, e Christopher não está se importando. Oh, Deus, estou tão feliz que te encontrei, Dulce, assim você pode cuidar dele.”

“Oh, wow, wow, wow.” Dulce ergueu as mãos para me impedir de colocar o pequeno leão em seus braços. “Primeiro de tudo, eu sinto muito que Maite teve que recorrer a você tão em cima da hora. Em segundo lugar, olha como ele está fofo! Oi, amigão.” Ela balbuciou para Alejandro, antes de voltar a me olhar. “Eu gostaria de poder cuidar dele, mas eu não posso. Estou trabalhando agora. Se eu faltar mais um dia de trabalho, vão começar a me odiar por aqui.”

“Mas você não está gravando nada agora.” O pânico estava voltando. “Dulce, eu não posso fazer isso! Eu não sou boa com bebês! Eu nunca tive que cuidar de Maddie sozinha nessa idade! E Alejandro pode comer doces agora? E se ele se engasgar? Eu não posso fazer isso. Você pode, pelo menos, vir comigo?”

Dulce sorriu. “Eu sinto muito, de verdade. Mas todos os atores que não tem filhos estão gravando cenas extras hoje, enquanto os pais estão levando os filhos para o doces ou travessuras.”

“Por favor.” Implorei, trocando Alejandro de lado. Ele estava começando a ficar impaciente. Vamos lá! Ele nem conseguia andar direito e ficava desconfortável muito rápido, como aquilo iria funcionar?

“Vai ficar tudo bem, Dems. Eu tenho total confiança em você. O traje está perfeito, ele é um lindo leãozinho com bigodinhos e tudo. E você...” Ela fez uma pausa para olhar as roupas que eu estava usando. Não era um dos meus melhores momentos, mas ela sorriu. “Está linda como sempre. Ele nem pode comer chocolate ainda, Maite só quer que ele sinta a magia deste dia. É só levá-lo em duas ou três casas e ele já vai estar entediado.”

Balancei minha cabeça um pouco hesitante. “Ok.”

“Você vai se sair bem, eu prometo. Eu vou vê-los mais tarde. Tchau, Ale, seja legal com Demi, ok?” Alejandro tentou pronunciar algumas palavras, que saíram enroladas e parecia uma negação para mim, mas Dulce sorriu e beijou minha bochecha. “Boa sorte.” Ela murmurou.

DD-DD-DD

Tive que me certificar três vezes que a cadeirinha que havia pego do banco de trás do carro de Maite estava segura, mas, finalmente, cheguei ao meu prédio. Meu plano original era passar nos apartamentos do andar de baixo quando chegasse a hora.

Alejandro ficou engatinhando pelo apartamento, tentando usar as coisas mais altas para se equilibrar e ficar em pé sozinho, mas não estava dando certo. Era óbvio que ele queria andar, mas seu corpo ainda não estava pronto. E isso era um pouco cômico.

Quando ouvi as crianças dos meus vizinhos no corredor, decidi que já era hora de acabar com aquilo. Nos anos anteriores, a maioria não vinha até o meu apartamento, já que não era novidade para ninguém quem morava no último andar. Eu acabava comendo o doce que sobrava, então, já que eu tinha que descer de qualquer jeito, eu ia distribuindo para quem eu encontrasse no caminho.

Descobri que era mais difícil falar do que fazer. Alejandro ocupava meus dois braços e a abóbora de plástico com os doces era meio pesada para carregar apenas em um dedo. Por isso, no primeiro grupo de crianças que encontrei, dividi os doces entre os cinco e deixei a abóbora com um deles. Primeira parte do plano original estava no lixo, mas as crianças estavam muito felizes e pediram para a mulher que os acompanhava para tirar uma foto nossa. Passado este obstáculo, entrei no elevador para o andar de baixo.

Alejandro estava começando a ficar animado e estava se contorcendo nos meus braços, por isso coloquei-o apoiado nos meus pés, segurando seus braços e fui andando lentamente pelo corredor até o primeiro apartamento. Ele estava rindo e parecia verdadeiramente feliz. Isso trouxe um sorriso ao meu rosto. Bati na primeira porta com um pouco de dificuldade, mas ela se abriu e revelou um homem na casa dos 30 anos, segurando um pacote azul.

Ele sorriu. “Olhem este homenzinho.” Ele comentou. “Um lindo e corajoso leão.”

Lamentei não saber o seu nome, ele parecia legal o suficiente. Depois de colocar algumas balas no saquinho que Alejandro segurava, ele ajeitou um dos bigodes que estava meio caído. “Diga obrigado, Ale.”

“Obi.” Alejandro murmurou.

O homem riu. “De nada, tenha um ótimo Halloween.”

Quando nos afastamos, levantei Alejandro nos meus braços e beijei-o. “Olhe só, você é um garoto educado.” Brinquei. “Quase uma palavra completa.”

Fomos a mais dois apartamentos, antes de eu decidir que já estava bom o suficiente para ele. Alejandro não podia comer os doces que estava ganhando e já havia tido sua experiência de doces ou travessuras. Mas no caminho para o elevador, um grupo de crianças que eu tinha certeza que não era do prédio, passou por nós, gritando, provavelmente com muito açúcar no sangue. Alejandro começou a chorar quase imediatamente, assustado com os gritos e a fantasia de vampiro de um dos meninos.

Peguei-o no colo. “Está tudo bem, homenzinho. Você está bem.” Sussurrei em uma tentativa desesperada de acalmá-lo. Eu não fui treinada para aquele tipo de coisa.

“Está tudo bem, Ale.” Virei-me e vi Dulce parada ao meu lado. Ao ouvir a voz dela, Alejandro se jogou em seus braços. “Eles já foram embora, ok?” Ela beijou sua cabeça, ou, bem, sua juba falsa.

Suspirei de alívio. “Como você nos encontrou?”

“Estava subindo para o nosso apartamento e o elevador parou para um bando de crianças muito animadas. Eu vi vocês dois.” Ela explicou, balançando Alejandro para cima e para baixo. Ele esfregou os olhinhos, parando de chorar. “Viu? Está tudo bem.”

Sorri para a visão na minha frente. “Você parece tão à vontade.” Comentei. Dulce me olhou um pouco em dúvida. “Você é natural.”

“Sério?” Ela franziu o nariz de maneira adorável.

“Sério.” Assegurei-a. Era verdade. Ela estava passando a mão sobre as bochechas coradas de Alejandro, secando as lágrimas e, ao mesmo tempo, acalmando-o. “Você vai ser uma ótima mãe.” Naquele momento, eu tinha certeza que minha idade não importava, mais uma vez. Dulce seria uma mãe maravilhosa e eu queria estar lá para ver e fazer parte daquilo.

“Você também, Dems.”