Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DulcePOV

Estávamos deitadas na cama, observando o teto, com um silêncio pesado. O assunto ainda pairava no ar, mas eu não queria ser a primeira a começá-lo. Maite a muito tempo havia buscado Alejandro, deixando os doces para trás, e a pequena conversa no corredor ainda permanecia na minha mente.

Era um sinal? Uma forma de dizer que estava pronta para ter filhos comigo? É tudo muito confuso, na verdade.

Estávamos casadas a pouco mais de um ano e, cacete, eu estaria mentindo se dissesse que não me preocupo com a idade de Demi. Ela ainda tem muita coisa pela frente e, pior ainda, sua carreira inteira bem na sua frente. Ter um filho, com certeza, não iria facilitar as coisas para ela. E se tivéssemos um filho e outra tournée como a última surgisse? Não sei se eu conseguiria lidar com aquilo novamente, ainda mais com uma criança. Seria perturbador, para dizer o mínimo.

“Você quer ter filhos?”

Olhei-a lentamente. A pergunta veio do nada. A menos que eu estivesse pensando em voz alta, ela não tinha como encaixar aquela pergunta no momento. Mas o olhar em seu rosto deixava claro que ela apenas decidiu ser a primeira a comentar o assunto antes de perder a coragem. “Por que tenho que ser a primeira a responder?”

“Porque eu fui a primeira a perguntar.” Ela sorriu suavemente.

Suspirei e virei-me de lado, abraçando meu travesseiro. “É algo que eu venho pensando ultimamente.” Respondi com calma. Não vamos nos comprometer tão rapidamente.

“Lembro-me que você disse que iria me avisar quando isso acontecesse.”

Revirei os olhos. “E eu prometi isso em uma conversa a tempos atrás, onde isso nem me passava pela cabeça. Já faz tempo, as coisas mudaram.”

Demi afastou uma mexa do meu cabelo para trás da minha orelha com carinho. “Então, sim?”

Mordi meu lábio inferior. E aqui estamos, na questão de um milhão de dólares. Eu deveria ser honesta, afinal, ela é a minha esposa, se eu não posso falar a verdade com ela, estou fud*da. “Sim.” Admiti suavemente. “Eu estive pensando sobre isso e, sim, eu quero ter filhos com você.”

“Comigo?”

“Não, com o vizinho do andar de baixo, ele me pareceu simpático ontem.” Revirei os olhos novamente. “É claro que é com você. Com quem mais seria?”

“Com o vizinho do andar de baixo que lhe pareceu simpático ontem.”

“Agora você está brincando comigo.” Bufei e empurrei seu ombro de brincadeira. Demi sorriu e segurou minha mão. “E você?” Perguntei depois de uma breve hesitação.

Ela suspirou e beijou meus dedos, o que só aumentou minha ansiedade. Talvez ela estivesse tentando me acalmar para a resposta negativa ou algo do tipo. “Admito que eu venho pensando nisso também. No começo, pensei que podia ser muito cedo, que não estava pronta, que não podia fazer isso.” Demi respirou fundo. “Mas vê-la hoje com Alejandro...” Ela balançou a cabeça e um novo sorriso surgiu em seus lábios. “Pensei como seria quando fosse o nosso, sabe? E percebi que não havia nada que me deixaria mais feliz do que ter uma família com você.”

Sorri, meio aliviada meio animada com a perspectiva, e beijei seu queixo. “Não precisa ser agora...” Fiz uma pausa. Eu queria agora. Porém, não podia forçá-la a nada. Eu iria esperar o tempo que fosse preciso, mesmo que fossem anos.

“Eu sei. E não pode ser exatamente agora.” Ela concordou. “Ainda tenho que falar com Mitchell e organizar minha agenda, vamos ter que conversar um pouco mais, e talvez uma casa nova não seja uma má ideia. Afinal, este apartamento não me parece ser um lugar muito confortável para um bebê.”

“Eu te amo.” Sussurrei.

Demi sorriu e se inclinou para me beijar. “Eu também te amo.”

DD-DD-DD

A manhã começou de uma forma muito confusa. Eu ainda estava grogue de sono, mas havia vozes no apartamento. Nunca é um bom sinal, sério. Além do motivo óbvio (esquizofrenia), nunca era possível voltar a dormir com os murmúrios por aí.

Fui saindo da neblina do sono lentamente, até conseguir identificar as vozes. Demi, graças a Deus, e Maddie, tudo bem, e... Dianna? Ah, cacete.

Demorei o máximo considerado normal antes de sair do quarto, passando muito mais tempo no chuveiro que o necessário, mas, por fim, fui obrigada a sair (até fiquei quinze minutos sentada na cama, mas as vozes continuavam ali, então eu não tinha outra escolha). Demi estava sentada em uma das cadeiras da ponta com Maddie parcialmente sentada em seu colo, mostrando algo em seu celular. Dianna estava falando – aparentemente sozinha – do outro lado da mesa.

“Bom dia.” Cumprimentei com um leve sorriso.

“Bom dia, Darling.” Demi sorriu para mim, então voltou sua atenção até o celular de Maddie.

“Bom dia, D.” Maddie também sorriu.

A mãe de Demi apenas olhou para cima para reconhecer minha presença. Controlei a vontade de revirar os olhos para ela e fui até a cafeteira, enchendo uma xícara do super-homem até a boca. Sentei na cadeira mais próxima de Demi e peguei uma de suas torradas.

“Então... O que fazem aqui?” Perguntei.

“Faz tempo que a gente não se vê.” Maddie deu de ombros. “Eu não tinha nada para fazer hoje, mamãe também não, então decidimos vir.”

Peguei a última torrada e tomei um gole de café, então deslizei a xícara até Demi, que, imediatamente, pegou-a e começou a beber. Eu podia sentir os olhos de Dianna em mim, mas preferi ignorar.

“Você já contou a novidade para ela?” Dianna perguntou de repente, quebrando o silêncio.

Demi olhou por cima do celular para sua mãe, depois para mim, então de volta para o aparelho. Maddie lançou um olhar para sua mãe, então colocou o celular em cima da mesa e fingiu estar estudando alguns potes de condimentos em cima do armário.

Levantei uma sobrancelha para Demi. “Você tem uma novidade?”

Demi limpou a garganta. “Bem...”

“Dallas vai se casar.” Dianna interrompeu.

Olhei para ela, parecendo presunçosa do outro lado da mesa, e acenei com a cabeça. “Ótimo. É bom saber que Jack teve coragem de pedi-la em casamento. Apesar de ser cedo, muito cedo. Bom, não posso falar nada. Estávamos todos esperando ansiosamente.” Respondi educadamente.

“Ele veio pedir a minha permissão.” Declarou orgulhosamente.

Olhei para Demi, que estava fazendo círculos na mesa. “Estou sentindo algum ressentimento aqui. Gostaria de lembrá-la que foi Demi que me pediu em casamento.”

“Ah, eu sei disso.” Um longo e desconfortável silêncio se seguiu, onde os olhares de todo mundo eram evitados. “Mas não faria mal pedir.”

“Mãe!” Demi exclamou exasperada. “Pelo amor de Deus.”

“Só dizendo, querida! Eu estou ficando velha e quero netos.”

Os olhos de Demi se arregalaram comicamente. “O que uma coisa tem a ver com a outra?”

“Só dizendo.” Dianna repetiu.

Respirei fundo. Havia sido assim nos últimos meses. Depois que Demi viajou, minha relação com Dianna não estava muito boa. Eu não me comuniquei durante os meses que minha esposa ficou fora, porque eu estava muito ocupada lidando com a dor, então fiquei ressentida por Dianna conseguir ir com ela e eu não. De alguma forma, isso pareceu fazer com que eu descesse alguns degraus em seu nível de consideração. Ainda mais depois que Demi contou sobre minha “ansiedade”. Aos olhos de Dianna, eu era uma mulher dependente e fraca e, por isso, não muito digna de sua atenção. Mas ela ainda não havia perdido as esperanças de ter um neto.

Estou considerando deixá-la saber apenas em seu nascimento. Ou batizado.

“Você se divertiu no Halloween, M?” Mudei o rumo da conversa rapidamente.

“Mais ou menos.” Maddie suspirou.

“O que aconteceu?”

“Bom...” Ela olhou para Demi, hesitando por um segundo, antes de continuar. “Demi e eu costumávamos passar todos os Halloween juntas.”

O olhar triste que se apoderou do rosto de Demi foi o suficiente para querer dar meu rim para Maddie. Eu não sei o que ela faria com isso – talvez fosse vender – mas faria com que eu me sentisse melhor. Não sabia o que falar. Era parcialmente minha culpa que Demi não havia passado o feriado com a irmã. Eu tive que trabalhar até tarde – todos os atores sem filhos tiveram – e Demi teve que cuidar de Alejandro, e não pode ir para a casa de sua mãe passar pelo menos algumas horas comendo doces com a irmã.

Às vezes eu esqueço que Maddie tem apenas 13 anos. Com 13 anos, eu só saia de perto das minhas irmãs para ir ao banheiro. Elas eram como rainhas para mim.

“Eu realmente sinto muito, Maddie.” Demi murmurou, beijando-a na bochecha. “Mas eu tive que cuidar de Alejandro porque Dulce estava trabalhando.” Outro motivo para sua mãe me odiar no momento.

“Eu sei, eu entendo.”

“Levanta a sua bunda da cadeira, Demetria.” Ordenei, interrompendo mais desculpas que viriam dela. Todos me olharam um pouco confusos e espantados. “Não fique aí me olhando. Sobrou bastante doce de Alejandro aqui e você se esqueceu do chocolate no armário de cima. Vá sentar no sofá com Maddie e acabar com tudo isso. Você sabe o que doce faz comigo, eu não posso comer essas coisas. Escolham um filme e passem duas horas se entupindo de porcarias.”

“O que...” Demi balançou a cabeça.

“Agora. Não faz muito tempo que o Halloween acabou.”

“Nove horas e vinte e quatro minutos.” Dianna anunciou friamente.

Ignorei-a. “Vocês deveriam se divertir. Finjam que é Halloween. Se fantasiem de algo ridículo, comam doces e assistam a um filme. Eu acho que “O Exorcista” ainda está no DVD.”

Demi me olhou como se outra cabeça estivesse surgido dos meus ombros, mas Maddie parecia animada de repente. “Podemos fazer isso, Demi?”

Minha esposa olhou para sua irmã e sorriu largamente ao ver sua felicidade. “É claro que podemos, Maddie! ‘O Exorcista’ ou ‘O Exorcismo de Emilly Rose’?”

“Emilly Rose!” Maddie exclamou enquanto corria para a sala.

Demi pegou uma tigela e os doces e seguiu-a. Foi só depois que elas saíram que eu percebi o erro no meu plano. Eu estava sozinha com Dianna.

Respirei fundo e tamborilei meus dedos na mesa por alguns segundos, antes de criar coragem para falar algo. “Dia bonito, não?”