Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DulcePOV

Minha carta de explicação à imprensa ficou chata, objetiva e clássica. Nenhuma frase de efeito ou coisa do tipo. Só o mesmo de sempre, sobre negação, aceitação, negação, aceitação, medo e blabla. Mas, se você quer ver mesmo assim...

            “A toda minha família, peço desculpas por expô-los desta maneira, mas já não podia esconder meu verdadeiro eu. Sei que vocês me apóiam, mas acho que podia ter sido diferente. Não me arrependo do que fiz. Na verdade, estou muito feliz por ter feito.

            Sim, eu sou gay. Mantive isso em segredo por medo. Medo pela minha carreira, pela minha família, pelos meus amigos e por mim. Mas chega uma hora que guardar algo tão importante a sete chaves começa a te afetar. Meu trabalho estava sendo afetado, meu estado emocional, e minha felicidade também.

            Estou feliz por não ter mais que esconder minha sexualidade e peço a compreensão de todos neste momento, e que respeitem minha família e amigos sobre o assunto.

            Agradeço a todos que me deram o apoio tão necessário ao longo dos anos e agradeço às mensagens de apoio que chegam a toda hora. Vocês são incríveis.”

Eu disse que não era nada emocionante. De qualquer forma, foi o suficiente para me deixarem em paz por algum tempo. Peguei meu vôo como o planejado e fui direto para o hotel, onde ficaria presa por um bom tempo até todo mundo sair da rua. Meus compromissos só começavam no dia seguinte, então eu tinha um tempo para descansar e atender a todas as ligações irritantes.

Minhas irmãs falaram o que eu já esperava, minha mãe chorou no telefone, meu pai apenas falou que eu fui corajosa. Desde que meu problema com drogas começou, a minha relação com meu pai não é a das melhores. Anahi me pediu todos os tipos irritantes de perguntas, Maite pediu se eu estava bem e o motivo por ter decidido fazer aquilo agora, e Christian berrou por alguns minutos sobre quão incrível eu era e me ligou muitas vezes por “esquecer de falar algo”.

Não interessa, na verdade.

Fazia duas horas que eu estava no hotel, encarando o teto do quarto, quando meu celular tocou novamente. “O que foi, Christian?! Já te disse que...”

“Agora entendo porque minha mãe disse que eu deveria ter tido aulas de espanhol.”

Congelei, com os olhos arregalados e a boca prestes a formam um palavrão para Christian. Demorei alguns segundos para me recuperei. Limpei a garganta e tentei parecer normal ao voltar para meu inglês improvisado. “Oi.”

“Eu espero que você não estava gritando comigo.”

“Não, claro que não. Achei que tinha sido Christian e seu irritante falatório. Me desculpa.”

“Acho que você recebeu muitas ligações hoje, não é?” Ouvi-a suspirar. “Posso ligar outro dia, se for melhor.”

“Claro que não. Eu gosto de falar com você, sabe. E isso vai manter meu celular ocupado para Christian.”

Eu podia ouvir o sorriso em sua voz quando ela voltou a falar. “Vou tentar dizer algo não tão clichê... Bom, foi um bom plano.”

Sorri. “É, bem, eu fiz planos a noite inteira.”

“E seu agente teve um ataque cardíaco?”

“Não, mas esteve a um passo de se demitir. Já viu minha incrível carta para a imprensa?”

“Você copiou aquilo de alguém que já fez anteriormente, não?”

Ri. “É tudo da minha mente brilhante. Infelizmente, meu agente não me deixou colocar algumas piadas básicas no meio. Teve que ser apenas o óbvio.”

“Não ficou tão ruim assim. Só acho que já vi aquilo em algum lugar antes. Acho que todo mundo pensa isso, mas vão superar.”

Revirei os olhos. “Oh, me desculpe, grande princesa de cartas para a imprensa. Quantas você já escreveu? Nenhuma?”

“Uma, muito obrigada.”

“Nunca vi alguém que escreveu tantas cartas na vida. Não cansou?”

“Ainda não sinto meus dedos.” Começamos a rir logo depois por causa do absurdo daquilo. “Não conseguimos ser sérias nem por um minuto?”

“Hey, eu era muito séria até te conhecer, obrigada, você me estragou.” Defendi-me.

“Não te estraguei coisa nenhuma! Você parece muito bem agora.”

“Só não consigo ficar séria por mais de dez segundos.”

“Bem vinda ao meu mundo.”

“É um mundo divertido. Eu meio que gosto dele.” Sorri.

Ela riu. “Você vai achar incrível. Hey, tive uma ideia!”

“O que?”

“Vamos brincar de verdade ou desafio?”

Ergui uma sobrancelha. “Voltamos aos dez anos? Só para avisar que eu não gostei dos meus dez anos, não quero voltar para lá.”

“Há-há. Vai ser divertido. Você primeiro.”

“Qual o objetivo disso?”

“Passar o tempo.” Sua voz dizia que aquilo era óbvio. Só na cabeça dela. “Não quero desligar, então vamos jogar.”

“Não quer parar de ouvir minha linda voz, han?” Brinquei. “Verdade.”

“Droga, estava esperando que você dissesse desafio.”

“Você nem pode ver se eu vou realizar o desafio.”

“Bom, talvez eu confie em você. De qualquer forma... Já se apaixonou?”

“Nossa, direto para as perguntas constrangedoras.” Ouvi-a rir e apenas aproveitei o som por alguns segundos. “Sim. Uma vez.”

“Quem?”

“Isso foram duas perguntas, então eu jogo duas vezes também. Uma garota que conheci nas aulas de piano.”

“Por algum motivo acho que você está trapaceando.”

Eu ri. “A senhorita que está trapaceando, senhorita Lovato. Você pediu duas perguntas, o que conta como duas rodadas, então eu também tenho duas rodadas. Não é minha culpa que você decidiu jogar com a rainha do Verdade ou Desafio.”

“Tudo bem, tudo bem, rainha do Verdade ou Desafio. Verdade.”

“Você já se apaixonou?”

“Repetindo perguntas? Quanta criatividade. Sim, Joe Jonas e Wilmer, antes que você pergunte.”

“Você realmente acha que eu ia desperdiçar minha segunda pergunta com isso? Eu sabia que você ia falar na primeira pergunta. Minha segunda pergunta é: Já transou em um local público?”

“Defina local público.”

“Qualquer lugar com mais de três pessoas, sem contar você e seu namorado.”

“Não.”

“Droga.”

“O que?”

“Eu esperava que você falasse que sim.” Ela riu e eu sorri. “Verdade.”

“Medo do desafio?” Ela provocou.

“Medo de você.” Corrigi.

Demi riu novamente, então hesitou por alguns segundos. “Com quem foi sua primeira experiência sexual?”

“Um garoto, amigo do meu primo. Me arrependo de ter perdido a virgindade daquela maneira bêbada e tosca, mas o que está feito, está feito. Sua vez.”

“Desafio.”

“Te desafio a me falar sobre sua primeira experiência sexual.”

Ela riu. “Isso não parece justo.”

“Hey, apenas responda.”

“Ok. Eu tinha 16, ele tinha 19, a gente já namorava a um mês, estávamos conversando na minha cama e... aconteceu. Verdade ou desafio?”

“Verdade.”

“Você sabe que é sua última rodada com verdade, certo?” Ela comentou, antes de suspirar. “Já traiu alguma de suas namoradas?”

“Não. Verdade ou desafio?”

“Você sempre oculta detalhes?”

“Sim. E foram duas perguntas de novo.”

“Droga.” Ela resmungou, me fazendo rir levemente. “Verdade.”

“Qual é a coisa com o cabelo colorido?”

“Eu acho legal. Muda um pouco da cor preta sem graça dele de verdade. Por que? Você não gosta?”

“Adoro. E isso seriam mais duas perguntas, mas vou te poupar disso, porque sou legal. “Já se arrependeu de ter se envolvido com alguém? Não necessariamente em um relacionamento, pode ser amizade ou algo do tipo.”

“Não, eu não costumo me envolver com qualquer pessoa que eu sei que vá me decepcionar depois. E agora, finalmente, minha vez. Como você já falou verdade três vezes, hora do desafio. Te desafio a cantar uma música para mim.”

“Tá falando sério?”

“Sim. Gosto da sua voz.”

“Pelo telefone?” Perguntei, só para ter certeza.

“Se você quiser fazer uma serenata...”

Revirei os olhos. “Que música?”

“Sua escolha. Pode ser só o refrão.”

Não sei porquê, deve ter sido porque foi a primeira música que eu lembrei, mas incorporei Troublemaker. Bom, o refrão dela.

“Acabou de dizer que eu sou um problema?”

“Hey, isso é injusto. Eu tive cinco segundos para pensar em alguma coisa! Não significa nada.”

“Ahan, vou fingir que acredito. Sua vez. Verdade.”

“Quantas tatuagens?”

“14, eu acho.”

“Sem detalhes? Uau, está pegando o jeito.” Sorri.

“Haha. Verdade ou desafio?”

“Verdade.”

“Qual é a parte do meu corpo que você mais gosta?”

“Eu... O... Eu não... O que?” Esses tipos de perguntas não devem ser feitos, é por isso que eu não gosto desse jogo!

“Eu acho que você entendeu. Lembrando que não se pode mentir nesse jogo.”

“Ok, eu... Deixe-me pensar.”

Agora vou pensar nos motivos dela estar perguntando isso. Viu, essa é uma das coisas ruins de se assumir, porque todo fica te zoando de alguma forma. Quando Anahi descobriu, ficava me perguntando toda hora se aquele vestido a deixava “comível”, o que me deixava em uma posição muito constrangedora. Tipo agora.

“Eu poderia dizer que há um empate.”

“Minha bun.da e meus peitos?”

Revirei os olhos. “Por favor, não sou tão ligada nas coisas físicas. Seu sorriso, seus olhos, seu queixo bifurcado e... Ok, sua bun.da, sim.” Houve um momento de silêncio e eu comecei a pensar em tudo que eu disse que pode ter sido errado. Aquilo podia ser interpretado como um ‘estou apaixonada’? Não, eu podia fazer melhor. E eu nem estou apaixonada... Quer dizer, ela é linda, talentosa, inteligente, engraçada, compreensiva e... Foco! Eu estava pensando sobre... Eu não me lembro. Ok, sem pânico. Não há necessidade para pânico. Por que você está entrando em pânico? “Hm, eu, ãn...”

“Essa foi a coisa mais doce que já me falaram.” Ah, graças a Deus!

“Você disse que todo mundo fala sobre sua bun.da.” Ok, alivie o clima pesado. Isso foi péssimo, tente de novo na próxima.

“Você... Você reparou... nos meus olhos?”

“Ãn, sim?”

“Isso foi uma pergunta ou uma resposta?”

“Uma resposta? Não, quer dizer, sim. Uma resposta. Foi uma resposta.” Belo jeito de parecer uma idiota. Concerte isso. “Eu, ãn, sim, reparei nos seus olhos. Eles têm essa cor meio avelã com café e brilham quando você fala sobre música. Eles te denunciam, sabe. Parecem um espelho para sua alma.” Você não concertou isso, você deixou isso ainda mais estranho.

“E meu sorriso?”

Acho que não estamos mais brincando de Verdade ou Desafio... “Eu... Não sei. Ele é lindo, sabe, pode deixar uma sala inteira alegre só de vê-lo. E quando ele é sincero o canto de seus olhos forma umas ruguinhas super fofas e seu nariz franze um pouco. Acho que seu sorriso poderia parar guerras, mas eu não tentaria a sorte se fosse você. Não deve ser muito seguro.”

“E meu queixo?”

“Ãn, ele é... bifurcado e... fofo. Quando você sorri de verdade essa entrada fica bem mais aparente. É uma marca sua, apenas sua. Como seu cabelo colorido e sua tatuagem no braço. É lindo. E você vai me perguntar sobre sua bun.da, não vai? Eu realmente não quero falar sobre ela, vai ficar dez vezes mais constrangedor e eu já fui muito constrangida nessa última hora.”

“Quando você volta?”

“Ok, mudança brusca. Tudo bem. Obrigada por não perguntar sobre sua bun.da. Eu só ia dizer que ela é grande, mas não muito grande, meio que do tamanho perfeito e... Eu estou divagando e me constrangendo ao mesmo tempo.” Ela riu, o que me fez sorrir largamente. “Em duas semanas.”

“É muito tempo.”

“Não tanto. O tempo anda passando rápido. Eu nem acredito que já faz três semanas que eu saí dos Estados Unidos.”

“É muito tempo para esperar.”

“Esperar o que?”

Ela suspirou. “Eu... Vou desligar agora. Tenho um compromisso daqui a pouco e, bem, a gente se fala depois.”

Demi desligou antes que eu pudesse falar outra coisa, me deixando perdida em pensamentos e confusa.