Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DemiPOV

“Eu não sei o que está acontecendo.” Confessei calmamente, apesar de estar sentindo um caos enorme dentro de mim.

“Hey, conte-me do início, senão não vou poder ajudar.” Eu estava feliz por Miley estar ali. Fazia tanto tempo que não a via. Seu cabelo curto estava bagunçado, como se ela só tivesse se levantando e atendido ao meu pedido de ir para minha casa.

Suspirei. “Por onde começar?” Ri. Um riso sem humor, meio desesperado. Engoli em seco um nó que subiu repentinamente em minha garganta. “Acho que estou me apaixonando.”

Ela arregalou os olhos e se afastou um pouco, como se aumentando o espaço as palavras seriam diferentes. “O que?” Ela perguntou depois de alguns segundos. “Do começo, lembra? Do começo.”

Sorri suavemente. “Conheci uma pessoa a alguns meses. Começamos a conversar. Eram coisas banais no começo, então partilhamos nossos problemas e histórias. Mas... Eu não sei como posso estar sentindo isso em tão pouco tempo. Demorei quase um ano para falar para Joe que o amava e Wilmer então...”

“O amor não tem tempo.” Miley falou sabiamente. “Um dia, um ano, uma década. Não importa para o amor. Ele apenas acontece.”

“Leu isso em algum livro de romance?” Retruquei, apesar de concordar.

Ela revirou os olhos. “Você sabe que é verdade e que eu sou um gênio. Agora me conta. Quem é? Como sua amiga eu tenho que avaliar e dar meu aval.”

Mordi meu lábio e olhei para minha calça de moletom cinza rasgada no joelho. “Você não deve conhecer.”

“Me diz que não é o Nick. Por favor.”

“O que? Não! Claro que não! Você sabe que ele é como um irmão pra mim! Meu Deus, é nojento até cogitar essa ideia.”

Miley balançou a cabeça. “Muito dramática, não? Agora fala. Conhecendo ou não eu quero saber quem roubou o coração da minha amiga.”

“Eu disse que acho que estou apaixonada.”

Ela pegou minha mão entre as dela. “Você devia ver como seus olhos brilham.”

Engoli em seco ao me lembrar das palavras que ouvi pelo telefone mais cedo, então enxuguei uma lágrima solitária que descia pela minha bochecha. “Por que agora? Por que alguém tão inacessível?”

“Começar com os “por quês” não vai ajudar. O amor não tem tempo e não tem explicação. Ele acontece e ele se sente.”

“Mas não é amor.”

“Não ainda.” Ela corrigiu com um sorriso. “Poderia ser.”

“Mas eu não quero que seja.”

“Ele é morador de rua? Da máfia? Assassino? Ladrão? Pedófilo? Louco por gibis? Se masturba vendo desenhos em quadrinhos?”

“O que?” Franzi a testa. “Não, eu...”

“Então você não tem motivos para não querer se apaixonar.”

“Não querer me machucar de novo é um bom motivo para mim.”

Ela revirou os olhos. “Quem disse que você vai se machucar?”

“Eu. E do que você está falando? Você nem a conhece.”

“Porque você não quer me falar. Além disso... peraí.” Antes mesmo dela falar eu já sabia o que era. Um pequeno deslize meu. Droga. “A conhece? Ai meu Deus!”

“Não é o que você está pensando.”

“Meu Deus, eu nunca esperaria que você tivesse preconceito justo com isso.”

“Mas eu não...”

“Agora tudo faz sentido! Porque todo seu desespero e sua negação!” Ela balançou a cabeça, parecendo horrorizada. “Demetria, isso é ultrajante.”

“Eu não tenho preconceito. Eu não me importo se é uma mulher ou não.”

Miley levantou uma sobrancelha. “Então o que é?”

“Eu só não quero me apaixonar. Quero ficar longe do amor, obrigada. Estou feliz com minha carreira e com minha vida. Vou fazer 21 anos em algumas semanas e continuar com tudo. Estou feliz assim, obrigada.” Balancei a cabeça.

“Mas o amor só vai melhorar isso.” Ela suspirou. “Quem é? Me diz pelo menos o nome.”

Hesitei por quase um minuto inteiro. “Dulce.”

“Doce? Ela é latina?”

“Mexicana.”

“Ah. Bem, o nome é meio estranho, mas, a menos que ela use Black Power, tenha uma tatuagem no olho e a língua dividida, não sei qual o motivo para você se negar ao amor.”

Suspirei e abracei minhas pernas com força. “Ela não sente nada por mim.”

“Ela é idiota se não sentir nada por você. Uma completa babaca. Você é linda.”

Dei um sorriso triste ao me lembrar de minhas palavras para ela. “A maioria das pessoas para no linda.” Bom, ela é a exceção. Ela é a única exceção. A exceção de praticamente tudo. Ela me faz rir sobre as coisas mais idiotas, me faz sorrir só de ouvir sua voz. É a única que já me deu aquele friozinho na barriga. Você pode pensar que estou apaixonada. Mas não estou. Pelo menos não ainda. Sei que se continuar falando com ela, não vai demorar muito para me apaixonar. E então terei meu coração partido novamente. Acho que deveria existir uma lei onde você só pode ter seu coração partido uma vez e deve saber com antecedência.

Devo ter ficado muito tempo em silêncio, porque quando voltei a realidade Miley estava assistindo TV. “Você viu isso? Aquela garota que fazia parte de uma banda mexicana se assumiu gay essa manhã. É meio louco, não acha? O jeito que ela fez isso, quer dizer. Mas foi legal. E eu adorava ela na banda mexicana. Dulce, o nome dela.”

Miley não demorou tanto para ligar os pontos do que ela mesmo havia falado. Em menos de dez segundo, seus olhos se arregalaram e ela olhou para mim como se um terceiro olho tivesse aparecido na minha testa.

“Miley.”

“Demetria Devonne Lovato!” Ela exclamou. “Você está apaixonada pela ruiva gostosa!”

“Hey! Eu já disse que não estou apaixonada! E não use termos depreciativos!”

“Você está caidinha por ela.”

“Não estou não!” Exclamei.

“Então por quê está tão na defensiva?”

“Estou na defensiva porque você não está falando coisa com coisa!” Balancei a cabeça. “Você não sabe do que está falando.”

“Você não sabe o que está falando.” Ela sorriu. “Aposto que vocês ficam se falando o dia inteiro.”

“Não.” Mentira básica para evitar mais piadas. “E já chega disso. Você não sabe o que fala.”

Depois de mais duas horas, me incomodando, devo dizer, Miley foi embora porque tinha um compromisso com o namorado, deixando-me sozinha com meus pensamentos.

E eram muitos.

Eles corriam, confundiam, me deixavam tonta. Eram muitas coisas para pensar e eu não estava preparada para aquela bomba em cima de mim. E eu não conseguia parar. Os pensamentos corriam, se cruzando, se interrompendo, e eu não conseguia parar, organizá-los ou mudá-los. Fazia muito tempo que isso não acontecia comigo. Ok, talvez não tanto tempo, mas com aquela intensidade fazia sim muito tempo.

Eu me sentia vazia, perdida e sozinha. Incapaz de acabar com meu próprio dilema, incapaz de cuidar da minha própria vida. Me sentia triste, infeliz. Sentia medo, terror. Eram muitas coisas ao mesmo tempo, não sei ao certo tudo que senti e pensei.

Lembro-me de subir as escadas e remexer em todas as gavetas, armários, caixas e cantos no banheiro. Eu sabia que tinha deixado um para trás, não porque queria deixá-lo como reserva, apenas porque me esqueci de onde estava e então sempre me esquecia de jogá-lo depois. Mas vasculhei minha mente atrás de pistas e, depois de revirar quase todo o banheiro, achei uma única lâmina suja e de aparência muito velha.

Sentei em cima do vaso e puxei a manga do casaco. Só dessa vez. Depois você para. Só precisa de um alívio agora. Ficava repetindo isso em minha mente. Do mesmo jeito que fazia antes. Era um alívio. Ia aliviar a dor mental com a dor física. Só um corte, ninguém ia ver.

Mas então meu celular tocou no meu bolso e, no susto, deixei o pequeno pedaço de metal cair. Xinguei quando me levantei e tentei localizá-lo no chão do banheiro, ao mesmo tempo que pegava meu celular.

“Alô.”

“Wow, que bicho te mordeu?”

Congelei. Meus olhos presos na lâmina, ao lado do meu pé esquerdo, a mão no celular, meio curvada. Respirei fundo e balancei a cabeça, me dando conta do que quase havia feito. “Dulce.”

“Agora você parece triste. O que aconteceu?”

“Nada.”

“E eu sou o Aladim. Algo aconteceu, posso ouvir na sua voz isso.”

“Você não me conhece.” Resmunguei, me arrependendo logo depois. Fechei os olhos e passei a mão livre pelo meu rosto. “Desculpa, eu só...” Suspirei. “Está tudo bem, eu juro.”

“Quer se livrar de mim, não?”

“Óbvio que não. É só... Eu quase fiz algo idiota.”

“Você estava irritada, então triste, então irritada, então arrependida e antes disso tudo ia fazer algo idiota. Quer me contar o que aconteceu?”

“Não.” Admiti, mordendo o lábio.

“Tudo bem, vou respeitar isso. Quer falar sobre outra coisa ou precisa de um tempo?”

Sorri levemente. É claro que, além de tudo, ela seria compreensiva e respeitosa. “Eu estava tendo um mini ataque de pânico.” Confessei. “E quase fiz uma besteira. Você me impediu de fazer isso.”

“Eu senti que algo podia estar errado. Falo com os espíritos, sabe? Tem um que me segue o tempo inteiro chamado Spike.”

“Você fala com um espírito de cachorro?”

Ela riu e eu sorri. “O que posso fazer? Foi o primeiro nome que me veio à mente. Precisa conversar?”

Hesitei. Não podia falar com ela, pois ela era o motivo do ataque. Mas não queria falar com mais ninguém. Com ela eu sei que posso falar sobre qualquer coisa, mesmo sem conhecê-la muito bem. É como se nos entendêssemos de uma forma que ninguém poderia fazer. Eu entendo seu vício, ela entende meu problema. Ela não me culpa e eu não a culpo. Eu confio nela para dizer coisas que jurei nunca contar a ninguém. Talvez seja melhor contar, poder conversar com ela, me sentir melhor.

“Eu quase me cortei.” Sussurrei tão baixo que duvido que ela tenha ouvido, mas então a ouvi suspirar.

“O que aconteceu? Por que?”

“Eu não... Eu não sei. Minha mente estava correndo, meus sentimentos pareciam uma mistura de bolo. Acho que... Eu só...” Sufoquei um soluço repentino.

A ouvi falar alguma coisa, mas estava longe do telefone, então não devia estar falando comigo, mas um segundo depois consegui ouvir que ela andava rapidamente e jogava coisas pelo ar.

“O próximo vôo para os Estados Unidos sai em meia hora. Com minha sorte, vou atrasar para esse, mas pego o próximo que saí em quarenta minutos. Vou direto para sua casa.”

Ela desligou e eu fiquei lá parada, sem entender o que havia acontecido.