Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DulcePOV

“Você vai se atrasar.” Comentei enquanto terminava de abotoar uma camisa velha. Demi estaria de volta ao estúdio naquele dia. A primeira vez em um ano. Seu quinto álbum estava pronto para ser gravado e todos os fãs e os produtores estavam quase morrendo de ansiedade, por motivos diferentes, óbvio.

“A culpa é sua.” Ela respondeu da cama. Havíamos acordado a mais de uma hora, mas ela ainda não tinha feito nenhum movimento para sair de lá. “Você é uma bela visão.”

Sorri levemente. “Você pretende ficar aí o dia inteiro e me observar? Porque isso é um pouco assustador.”

Demi suspirou e jogou os lençóis de lado. Ela se levantou após esticar as pernas um pouco e começou seu caminho ao banheiro, só para parar na porta e voltar a me olhar. Até então, eu já havia começado a colocar calças. “Você é absurdamente linda.”

Isso me fez corar. “Você se levantou só para me olhar de outro ângulo? Porque isso não deixa de ser assustador. E você ainda vai se atrasar.”

Demi se aproximou e me abraçou por trás. “Alguns minutinhos de atraso não vão fazer mal. Acho que eles vão até entender. Com uma mulher como você na minha frente, é difícil parar de admirar.”

“Ou você quer alguma coisa ou fez alguma besteira.” Brinquei.

Ela riu baixinho contra minha orelha e beijou meu pescoço. Seus dedos eram pequenos fantasmas de toques enquanto percorriam meu braço, contornando minha tatuagem, até, por fim, se entrelaçarem com os meus. “Só acho difícil sair. Sair e deixar você, não te ver o dia inteiro, não falar com você o dia inteiro. É difícil voltar para a rotina antiga quando essa se encaixou tão bem já.”

Apertei sua mão como forma de apoio. “O dia vai passar rápido, você vai ver. Vai se distrair com os equipamentos e as músicas e logo vai estar voltando para casa. Dani e eu vamos estar esperando.”

Ela suspirou e beijou minha bochecha. “Eu te amo.”

“Eu também te amo, mi amor.” Afastei-me dela e sorri. “Agora vai se arrumar. Mitchell vai arrancar minha pele se você não chegar na hora.”

“Ah, ele pode tentar, mas não vai conseguir.” Achei que ela fosse dizer algo sobre me proteger ou mantê-lo longe, mas percebi que estava errada quando seu sorriso maroto apareceu. “Ela já descama sozinha.”

Soltei um grito indignado enquanto Demi gargalhava até o banheiro. “ESTÁ ME CHAMANDO DE COBRA, SUA VAGABUNDA?!”

Ouvi sua risada se tornar ainda mais alta e não pude deixar de sorrir. Momentos como aquele, onde agíamos como adolescentes sem nenhuma preocupação no mundo, me deixavam com ainda mais certeza que fomos feitas para estar juntas.

Deixei-a se arrumando sozinha no quarto e fui até o quarto de Danielle, que já estava acordada e pronta para começar o dia. Eu não conseguia acreditar que estaria fazendo um ano em três meses. O tempo passou muito rápido.

Levei-a até a cozinha, onde a coloquei na cadeirinha e comecei a fazer o café. Panquecas e café preto forte. Algumas coisas nunca mudam. Cortei uma banana para Danielle ir comendo – vulgo fazer bagunça – e arrumei as panquecas em um único prato. Pouco depois, Demi desceu, beijou a cabeça de Danielle, e me abraçou por trás mais uma vez.

“Como vai minha cobra favorita?” Brincou.

Revirei os olhos. “Descamando em cima do café.”

“Ew.” Podia ouvir o sorriso em sua voz. “Esse é o segredo das panquecas do paraíso?”

“Isso e um pouquinho de veneno destilado logo na parte da manhã.”

Demi beijou minha bochecha. “Você sabe que eu te amo.”

“É claro que sei.” Brinquei com uma leve cotovelada contra seu estômago. “E não sei da onde surgiu essa brincadeira, mas é melhor não sair daqui de dentro.”

Demi riu. “Ah, eu não posso ser uma daquelas pessoas que se queixa da esposa?”

“Você pode, mas aí vai ter que se queixar da ex-esposa.” Virei-me e lhe entreguei o prato. “O café está pronto.”

“Mama.” Danielle murmurou quando Demi sentou ao seu lado com o prato.

“Bom dia, Cupcake. Pronta para um dia super animado com tua mami? Aposto que vão se divertir bastante.”

“Vamos dar uma volta no parque, não é, Danielle?” Sentei-me do seu outro lado com duas xícaras de café na mão. “Buddy precisa se exercitar.”

Como se esperasse ser chamado, Buddy entrou na cozinha cambaleando nas patinhas fracas. Ele ainda era um filhote, afinal. Ele tentou pular na cadeira de Danielle, mas perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Isso não o desanimou, ele continuou tentando, até eu servir um pouco daquela ração para filhotes especial e fedida.

“Mal posso esperar para essa coisa ficar com um cheiro melhor.” Comentei enquanto voltava a me sentar. Fui tomar um gole do meu café, mas a xícara estava vazia. “Sério?” Demi deu de ombros tentando parecer inocente. Revirei os olhos e puxei o prato para mim.

“Hey!”

“Não me venha com ‘hey’.” Bufei. “Você pode comer minhas panquecas quando eu tomar meu café.”

Foi a vez dela de revirar os olhos. Ela me entregou sua xícara, que ainda tinha um último gole, e fez beicinho. Tomei o café, não apreciando muito o gosto amargo, e deixei o prato entre nós. “Muito melhor, obrigada.”

Depois de um café da manhã com poucos incidentes – Danielle só derramou suco uma vez e Buddy conseguiu manter sua comida quase inteira em cima do jornal – Demi partiu para seu primeiro dia de trabalho do ano. Danielle estava achando estranho, afinal, Demi só saia de casa sozinha quando ia ao mercado ou visitar sua mãe, mas sempre voltava logo depois. Daquela vez, porém, Dani teria que encarar o fato que só a veria em 12 horas.

Bom, não foi muito legal. Ela se distraiu no parque e adorou poder tirar um cochilo com Buddy, mas acabou se recusando a comer o almoço quietinha e ficava chamando Demi. Aquilo estava acabando comigo. Tentei me manter firme e lidar com as lágrimas como alguém madura que não se desesperava quando a filha começava a chorar e não parava mais. Demi não ligou, assim como havíamos combinado. Ela tinha que retomar sua vida profissional sem ficar constantemente presa em preocupações com sua vida pessoal. Parecia tudo uma grande ladainha quando o relógio marcou quatro da tarde e Danielle ainda tinha que parar de chorar.

Buddy estava tentando animá-la também, arrastando brinquedos até ela e lambendo sua mão, mas até ele parecia derrotado quando nada parecia adiantar. Depois de um tempo, ele apenas ficou deitado do nosso lado, não dormiu, mas também não queria brincar mais. Eu estava sentada no chão da sala com Danielle, tentando entretê-la com um filme qualquer, mas nada parecia funcionar. Chapeuzinho vermelho, Cinderela, Bela e a Fera, Toy Story, Procurando Nemo, Rei Leão. Isso funcionava com a minha sobrinha, vamos lá! Mas, surpreendentemente, ela só se acalmou quando coloquei o último DVD infantil que restava na casa. Frozen. Eu odiava aquele filme. Bom, não o filme em si, mas a musiquinha irritante. Não, não quero brincar na neve, obrigada.

Porém, Danielle parou de chorar pouco depois de ouvir a menina irritante cantando essa música irritante. Demorei um tempo para entender. Demi cantou aquela música na manhã de Natal enquanto brincávamos na neve do lado de fora. Foi a primeira vez que Danielle viu e mexeu com a neve e parecia encantada. Quando Demi cantou aquela música, lancei-lhe um olhar que dizia ‘pare agora’, mas Danielle estava rindo e deixei de me importar no momento.

Tantas músicas, Demetria... O ciclo da vida teria sido melhor.

Tive que repetir aquela droga por uma hora para conseguir fazê-la dormir. Coloquei-a em seu quarto com Buddy e suspirei de alívio do lado de fora. A única coisa que uma mãe não quer é ver seu filho triste. E, caramba, ver Danielle chorar o dia inteiro havia despedaçado meu coração.

Fiquei com a babá-eletrônica na minha mão o tempo inteiro enquanto, finalmente, conseguia comer. Foi impossível no almoço, porque Danielle não queria comer e estava chorando, e não tive um momento de descanso desde então, então estava faminta. Por fim, fiquei sentada na sala. Não liguei a TV ou o rádio, apenas apreciei o silêncio. Foi um dia exaustivo, mas Danielle dormiu até a hora que Demi chegou em casa com um sorriso alegre. Eu estava na cozinha tentando fazer um jantar decente apesar do meu cansaço quando ela entrou.

“Boa noite, querida.” Ela se aproximou e beijou minha bochecha.

“Boa noite.” Tentei lhe dar um sorriso, mas provavelmente saiu como uma careta.

Ela percebeu isso, é claro. “O que foi?”

Respirei fundo quando senti minha garganta fechar. “Foi um longo dia, só isso.”

“Você está chorando?” Neguei, mas era uma grande mentira. Havia lágrimas escorrendo pelo meu rosto, então era óbvio que eu estava chorando. “O que foi, querida? Está tudo bem?”

“É só... Danielle sentiu sua falta hoje.” Dei de ombros, tentando fechar o assunto, mas é claro que ela queria explicações para a afirmativa. “Quando você não voltou... Ela começou a chorar e chamar por você. E ela não parou, Demi.” Larguei a colher dentro da panela e tentei secar minhas lágrimas. “Ela chorou a tarde inteira.”

“Amor...”

“Está tudo bem. Consegui colocá-la dormir. Acho que o cansaço teve mais sucesso que eu, mas...”

“Qual o problema?” Impressionante como ela pode me ler como um livro aberto.

“Não consegui fazê-la parar, Demi. Isso cortou meu coração de um jeito que...” Funguei e segurei um soluço. “Não consegui acalmar minha própria filha.”

Demi me puxou para um abraço apertado e eu continuei chorando contra seu ombro. “Está tudo bem, querida. Foi uma experiência nova para todo mundo. Eu não queria ir e deixar vocês duas. Chorei no meu carro o caminho inteiro. E Danielle está acostumada a ter nós duas em cima dela 24 horas por dia, ela acabou estranhando. Mas está tudo bem.”

Enxuguei minhas lágrimas e me afastei quando consegui recuperar o controle. “Eu sei, eu sei. Só acho que eu deveria ter conseguido lidar com a situação.”

“E você conseguiu. Acabou de me dizer que colocou-a dormir.”

“Depois de chorar por 5 horas.” Zombei.

“Você é uma excelente mãe, nunca duvide disso.” Seus olhos estavam presos nos meus, sua sinceridade era avassaladora, eu estava presa ali por vários segundos.

“Eu te amo tanto.” Murmurei.

Demi sorriu e me beijou. “Por que você não vai descansar um pouco? Eu vou ligar e pedir comida chinesa e você dorme enquanto isso.”

Eu queria protestar, mas não tinha forças. Também estava exausta do longo e traumático dia. “Ok.”

“Eu já subo também, querida.” Prometeu enquanto pegava o telefone.

Depois da tempestade, um arco-íris. Alguém disse isso uma vez. Bom, espero que esteja correto.

DD-DD-DD

O segundo dia não foi melhor, nem o terceiro. Demi chegou a sugerir esperar mais um pouco antes de voltar a trabalhar, mas descartei essa ideia rapidamente. Eu deveria conseguir lidar com nossa filha sem ter que estar ao seu lado o tempo inteiro.

No quarto dia, inventei uma brincadeira qualquer, o que ajudou Danielle a se distrair por alguns minutos. No dia cinco, dei-me por vencida e deixei o DVD de Frozen passando a tarde inteira. No sábado, que Demi só iria trabalhar metade do dia, Danielle já estava bem mais calma. Quando a outra segunda chegou, ela não chorou. Foi como conquistar o Oscar.

Quando Demi chegou naquela noite, Danielle estava sentada na sala com Buddy, cercada por brinquedos e folhas que ela havia arrancado da lista telefônica. Não me importei realmente, ninguém mais usa lista telefônica e isso a distraiu o suficiente. Ela podia rasgar um documento histórico se quisesse, contanto que não chorasse no processo.

“Então...” Demi sorriu quando me viu sentada no sofá completamente relaxada. Não que o dia não tenha sido cheio, Danielle ainda era uma criança hiperativa, mas eu estava feliz por seu choro ter cessado. “As coisas foram melhores hoje, han?”

“Incrivelmente melhores.” Suspirei de alívio. “Ela não chorou nem uma vez... Bom, além da vez que ela pediu uma calça nova.”

Demi franziu o nariz. “Adorável. Então posso continuar trabalhando?”

“Meu amor, você pode dar a volta ao mundo agora. Tenho tudo sobre controle.” Deitei a cabeça no braço do sofá e exalei lentamente. “Sério.”