Fanfic: Made In The USA (DulcexDemi) - Finalizada | Tema: Dulce Maria, Demi Lovato

DemiPOV

A brisa fresca que vinha do mar e o cheiro inconfundível das ondas não estavam ajudando como eu pensei que iria. Eu estava sentada na areia, com os joelhos puxados contra o peito e o queixo descansando em cima deles. O baque dos últimos dias ainda pesava meus ombros como uma bigorna.

Não sei como ela encontrou, mas, novamente, minha mãe nunca respeitou minha privacidade muito bem desde que descobriu sobre meu problema com drogas todos aqueles anos atrás. Eu estava preparando, ou melhor, tentando preparar o jantar para Dulce que estava ocupada tentando colocar Danielle para dormir, quando voltei para a sala para tentar achar o site que havia visto a receita. Minha mãe estava lá, parada no meio, e mais uma vez me arrependi de lhe dar uma chave para emergências. Ela estava segurando uma folha na mão e, imediatamente, percebi o que era.

“O que é isso?”

Uma pausa.

“Um teste de gravidez.”

“Deu negativo.”

Outra pausa.

“Eu sei.”

Não deveria ser uma grande surpresa. Foi assim com Dulce também. Mas acho que secretamente imaginávamos que, por eu ser mais nova, a primeira tentativa daria certo. Foi uma grande idiotice pensar isso. Entendi como Dulce se sentiu nas vezes que via o resultado dos testes, senti o que ela sentiu e, finalmente, entendi porque ela não queria mais fazer os testes de novo e de novo. Porque aquela palavra no meio da página vazia perceber que não havia ninguém crescendo dentro de mim.

O olhar no rosto da minha mãe me deixou saber que ela estava surpresa e magoada. Foram meses de mais segredos. Ela havia entendido com Dulce, era nosso primeiro filho e estávamos com medo de algo dar errado. Não era a sua filha. Mas agora era e ela foi mantida no escuro mais uma vez.

“Dulce está tentando engravidar de novo?” Era sua última esperança. Se fosse Dulce talvez ela considerasse não ficar chateada.

“Não.” A esperança saiu de seu rosto. “Sou eu que estou tentando.” Ela estava chateada.

Sons de risos atraíram minha atenção para frente. Punta Cana estava tão linda quanto eu me lembrava. Em dois dias seria o aniversário de Danielle. Ela já estava fazendo dois anos e era tão esperta. Apesar de ainda falar enrolado, formava frases completas e que, na maioria das vezes, até faziam sentido. E sabia falar espanhol quase melhor do que eu mesma.

Dulce estava vindo com Danielle pela areia e vi que seguravam algo nas mãos. A curiosidade afastou as más lembranças de mim por um tempo.

“Mamãe!” Danielle exclamou assim que parou na minha frente depois de uma breve corrida. “A gente pegou algo pra você.” Ela abriu as mãos e vi uma pequena conchinha contra sua palma. Dulce se agachou ao seu lado e repetiu o gesto mostrando uma concha quase idêntica.

Peguei os ‘presentes’ e sorri. “Bem, obrigada. Foi muito gentil terem se lembrado de mim.”

Danielle sorriu largamente ao ver que eu havia gostado e saiu correndo. A praia estava vazia, não era bem a época de passeios. “Não vá para a água!” Dulce lembrou-a enquanto se sentava ao meu lado.

Deitei minha cabeça em seu ombro e suspirei. “Este lugar ainda é incrível.”

“Eu sei.” Ela beijou o topo da minha cabeça. “Podemos tentar de novo.”

“Por que as coisas não podem ser fáceis?”

“Quando se trata de nós duas, quando elas foram fáceis?”

Sorri apesar da verdade em suas palavras. “Era fácil quando eu era criança.”

“Ah, para mim também, bom, além do meu pai tentando me obrigar a comer os legumes e colocando só eles no meu prato para me irritar.”

Ri. Sim, algo que meu sogro definitivamente faria. “Depois de tudo que nós duas tivemos que enfrentar, problemas com drogas e bebida, problemas de saúde, pessoas dizendo coisas más, e tantos remédios por dia, pensei que pelo menos uma coisa poderia ser fácil. Só uma, sabe. Uma espécie de férias.”

Dulce suspirou. “Quando nós estávamos tentando ter Dani... Eu tive o mesmo baque que você. Sei o que está sentindo. Acha que é injusto que isso aconteça com você quando milhares de adolescentes ficam grávidas por acidente todos os dias. E esse sentimento de derrota não vai embora. Acostume-se com ele, porque, acredite, ele vai ficar aí por um longo tempo. Talvez não tenhamos férias nunca, acho que é algo com o qual vamos ter que lidar.”

“Nós ainda temos Cupcake.”

“Exatamente. E eu não trocaria o que nós temos por nada.” Ficamos vários minutos em silêncio, até Danielle correr de volta para nós e se jogar no meu colo. “O que eu disse sobre ir na água, Danielle Lovato?” Dulce ralhou ao perceber que as pernas dela estavam molhadas.

Dani me abraçou como se buscasse proteção e eu sorri. “Você tem que escutar sua mãe, Cupcake. Você sabe que ela está certa.”

“Como quando ela manda eu sentar na cadeirinha?” Danielle perguntou com curiosidade.

Sorri para suas palavras meio enroladas. “Isso. E tem que colocar o cinto.”

“Senão eu fico dodói.” Ela comentou com a voz meio grave.

“Isso.”

“E eu poderia ficar bem dodói e ficar esmagada como uma panqueca.”

“Mais ou menos isso. Que tipo de panqueca você seria?”

Ela pensou por alguns segundos. “Chocolate!”

Dulce e eu rimos. “Eu também pensava que eu era uma panqueca de chocolate, querida.” Comentei.

“Não. Você é de baunilha, mamãe.”

“E eu?”

“Morango.”

“Baunilha e morango dá chocolate?” Brinquei com Dulce, que riu e deu de ombros.

“Pelo jeito sim.”

“Podemos comer panquecas, mami?”

Dulce fingiu pensar. “Acho que sim, mas só se você me prometer que não vai mais me desobedecer.”

“Eu prometo.”

DD-DD-DD

“Nós temos que ir para esta rádio hoje, Demi.” Mitchell insistiu pela décima vez.

Suspirei. “Mitch, eu já tenho compromissos, ok? Você deveria ter marcado tudo antes, não posso simplesmente cancelar o que tenho que fazer.”

“Posso ligar para Dulce e explicar. Ou é a sua mãe? Não tem problema,ok? Eu ligo e tudo...”

“Não, Mitchell. Eu sinto muito mesmo, mas eu tenho uma filha agora. Desculpe-me se não estou mais tão animada por ficar até tarde trabalhando, mas temos algo muito importante para fazer.”

“O que poderia ser mais importante que uma entrevista bombástica na melhor rádio da América?”

“A futura escola de Danielle.” Bufei. “Temos um horário marcado para uma visita às seis, ou seja, tenho que estar em casa até as cinco. Se eu for nesta entrevista, não existe nenhuma maneira que eu vá chegar antes das oito. Sinto muito, Mitchell, mas eu não vou.”

“Olha quem está lá, Dani.” Virei-me ao ouvir a voz conhecida e sorri ao ver Dulce caminhando pelo corredor com Danielle segurando sua mão.

Assim que me viu, Danielle correu na minha direção e me abraçou com força. Abaixei-me para pegá-la no colo e beijei sua bochecha. “Como está minha filha favorita?”

“Eu sou sua única filha.” Danielle comentou um pouco tímida por causa da presença de Mitchell.

Sorri e me inclinei para beijar Dulce quando ela se aproximou. “Como foi hoje?”

“Oi, Mitchell. Sua mãe teve um compromisso de última hora com seu pai e não pode ficar com ela, o que significa que eu tive que levá-la comigo para o estúdio. O que significa...”

“Que você não conseguiu trabalhar porque todo mundo se apaixonou por ela.” Completei.

“Eu coloco a culpa no queixo.”

Ri e abracei-a mais forte. “Você só tem dois anos e meio e já está destruindo corações, Cupcake. Quando crescer, não vai ter chance pra ninguém.”

Dulce sorriu e pegou Danielle no colo quando ela começou a se mexer demais. “Acabei atrasando no estúdio e, já que estava no caminho, resolvi parar para te pegar. Pronta para ir?”

Olhei para Mitchell com um olhar significativo. Ele suspirou e acenou em acordo. “Tudo bem, pode ir. Eu dou um jeito.”

Quando chegamos em casa, enquanto Danielle escolhia sua própria roupa – pensamos que seria uma boa ideia dar a ela essa liberdade – Dulce se aproximou de mim e me beijou corretamente.

“O que foi aquele olhar?” Sussurrou.

“Mitchell arranjou um compromisso de última hora para mim e eu disse que não podia ir.” Respondi.

“Acho que ele está finalmente percebendo o quanto uma criança pode mudar as prioridades, não é?”

“Acho que ele vai perceber ainda mais.” Meu tom era sugestivo e Dulce sorriu ao colocar a palma de sua mão contra meu estômago.

“Não posso acreditar que deu certo na segunda vez.” Ela beijou minha testa. “Nossa família vai aumentar.”

“Só mais sete meses.”

“Serão os sete meses mais longos de sua vida, acredite.”